continuação...
Francisco inicia uma grande empreitada: dotou o então
distrito de Miracema da maior fábrica de tecidos do norte do Estado. Já no
alvorecer do século XIX, ele encomenda nove teares da Holanda movidos à lenha. O
locomóvel produzia o vapor, o apito, símbolo da industrialização. Vieram também
operários italianos especializados. Em 1906, a Fábrica de Tecidos São Martino
começou a funcionar.
Em 1905, foi batizado seu filho Bruno de Martino, a
enteada Olava casou-se com Rodolfo Rodrigues e o governador Nilo Peçanha e o
deputado federal Themístocles de Almeida vieram prestigiar o início da obra e
voltaram para inaugurar a Fábrica.
Em 1907, a Fábrica de Tecidos conquistou o título de
Campeã Nacional de Tecelagem numa exposição no Campo de São Cristóvão, no Rio
de Janeiro. Era uma fábrica tão produtiva que, ao morrer de colapso aos 55
anos, em 1918, Francisco de Martino deixou para “Sinhá Dona”, como Brasileira
era chamada, duzentos contos de réis em algodão estocado, três fazendas (Baú,
Ubá e Conde) e mais de 60 casas de operários à beira da linha férrea.
Francisco de Martino não realizou seu último desejo:
instalar uma filial da São Martino em Juiz de Fora. Mas foi por sua iniciativa
que a Sociedade Operária de Miracema foi fundada. Ele era amigo de Ricardo do
Valle, de ideias socialistas e dono de uma Olaria nos arredores da cidade.
Com a morte de Francisco, a Fábrica passou a ser
dirigida por seu irmão Miguel de Martino, que iniciou uma nova fase, com mais
20 teares, graças à instalação da luz elétrica em 1915. A indústria recebeu
novas máquinas para fiação e passou a chamar-se Fiação e Tecelagem São Martino.
Miguel convidou o desenhista Francisco Lemos Junior para projetar a efígie de
São Martino – um antigo Bispo francês, que era protetor dos pobres.
A Revolução Industrial promovida na Inglaterra por
James Watt, que inventou a máquina à vapor, se espalhou para o mundo; o Brasil
chegou a ter a segunda malha ferroviária da América Latina. Depois, veio Henri
Ford fabricando carros em série e provocou uma nova revolução industrial no
mundo.
Francisco de Martino é um nome gravado para sempre na
história de Miracema e do Estado do Rio, por ser o homem visionário que
implantou uma grande fábrica no então distrito de Miracema, na época dos
lampiões belgas. Na ocasião, Miracema tinha duas ruas mal traçadas e apenas a
via férrea como marca de civilização. Sempre zelou pelo conforto de seus
empregados. Construiu para eles uma vila residencial e a Sociedade Operária,
oito anos após a Revolução Russa.
Por esse passado de lutas, trabalho e glórias,
Francisco de Martino deve ser reverenciado como um benemérito do município,
pois foi um dos grandes impulsionadores do progresso de Miracema. Poderia ter
realizado muito mais se a morte não cortasse as suas asas tão cedo.