sábado, 20 de abril de 2019

A DIÁSPORA DA FAMÍLIA DE MARTINO – POR MAURÍCIO MONTEIRO (2ª PARTE/FINAL)



continuação... 

Francisco inicia uma grande empreitada: dotou o então distrito de Miracema da maior fábrica de tecidos do norte do Estado. Já no alvorecer do século XIX, ele encomenda nove teares da Holanda movidos à lenha. O locomóvel produzia o vapor, o apito, símbolo da industrialização. Vieram também operários italianos especializados. Em 1906, a Fábrica de Tecidos São Martino começou a funcionar.

Em 1905, foi batizado seu filho Bruno de Martino, a enteada Olava casou-se com Rodolfo Rodrigues e o governador Nilo Peçanha e o deputado federal Themístocles de Almeida vieram prestigiar o início da obra e voltaram para inaugurar a Fábrica.

Em 1907, a Fábrica de Tecidos conquistou o título de Campeã Nacional de Tecelagem numa exposição no Campo de São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Era uma fábrica tão produtiva que, ao morrer de colapso aos 55 anos, em 1918, Francisco de Martino deixou para “Sinhá Dona”, como Brasileira era chamada, duzentos contos de réis em algodão estocado, três fazendas (Baú, Ubá e Conde) e mais de 60 casas de operários à beira da linha férrea.

Francisco de Martino não realizou seu último desejo: instalar uma filial da São Martino em Juiz de Fora. Mas foi por sua iniciativa que a Sociedade Operária de Miracema foi fundada. Ele era amigo de Ricardo do Valle, de ideias socialistas e dono de uma Olaria nos arredores da cidade.

Com a morte de Francisco, a Fábrica passou a ser dirigida por seu irmão Miguel de Martino, que iniciou uma nova fase, com mais 20 teares, graças à instalação da luz elétrica em 1915. A indústria recebeu novas máquinas para fiação e passou a chamar-se Fiação e Tecelagem São Martino. Miguel convidou o desenhista Francisco Lemos Junior para projetar a efígie de São Martino – um antigo Bispo francês, que era protetor dos pobres.

A Revolução Industrial promovida na Inglaterra por James Watt, que inventou a máquina à vapor, se espalhou para o mundo; o Brasil chegou a ter a segunda malha ferroviária da América Latina. Depois, veio Henri Ford fabricando carros em série e provocou uma nova revolução industrial no mundo.

Francisco de Martino é um nome gravado para sempre na história de Miracema e do Estado do Rio, por ser o homem visionário que implantou uma grande fábrica no então distrito de Miracema, na época dos lampiões belgas. Na ocasião, Miracema tinha duas ruas mal traçadas e apenas a via férrea como marca de civilização. Sempre zelou pelo conforto de seus empregados. Construiu para eles uma vila residencial e a Sociedade Operária, oito anos após a Revolução Russa.

Por esse passado de lutas, trabalho e glórias, Francisco de Martino deve ser reverenciado como um benemérito do município, pois foi um dos grandes impulsionadores do progresso de Miracema. Poderia ter realizado muito mais se a morte não cortasse as suas asas tão cedo.



quinta-feira, 18 de abril de 2019

A DIÁSPORA DA FAMÍLIA DE MARTINO – POR MAURÍCIO MONTEIRO (1ª PARTE)


Nota: transcrito de uma edição do jornal “O Tempo”, de maio de 2004. Por ser um texto grande, dividi o mesmo em duas partes.

San Guivan Piro, uma pequena cidade situada na Província de Palermo, na Itália, e de lá que são oriundos os de Martinos, que imigraram para o Brasil no século XIX. O primeiro deles foi o padre Francesco de Martino, que chegou a ser responsável pela Capela de Santo Antônio dos Brotos, em 1867. O outro, Bruno, continuou em Piro. Sustentava a família como pescador. Seus quatro filhos adolescentes passaram também a seguir os passos do pai no comércio de peixes, em pequena embarcação que deixava a sua esposa aflita, quando se distanciava muito da terra com os filhos menores.

Francisco, o filho mais velho de Bruno, aconselhado pela mãe, resolve deixar o povoado, vindo para o Brasil em companhia dos irmãos menores: Geraldo, Miguel e Pepito. O primeiro, com 15 anos, fica com o pároco da Capela e os outros dois se dirigem para o Uruguai. Francisco inicia a sua vida em Miracema como camareiro da Pensão Braga, uma pequena hospedagem. No resto do dia faz entregas nas casas com uma pequena carroça. Depois, comprou mais uma e outra mais. Era conhecido como “Chico Carroceiro”.

Prosperou e abriu uma pequena venda. Suas carroças traziam produtos da lavoura para o comércio no povoado. Abriu uma barbearia e com sua tesoura Solingem melhorava o visual de nossos antepassados e tosava cabelo dos índios puris. Deixa de ser conhecido como Chico Carroceiro e torna-se Chico Barbeiro. Nesta época que chega ao distrito uma senhora com a filha Brasileira Lídia Souza Lobo, menor de idade, acompanhada por duas escravas e se instala no final da Rua da Capivara, dedicando-se a criar perus.

Deodato Mendes Linhares era dono da Fazenda Cachoeira Bonita e de muitos escravos. Vinha ao povoado fazer compras e passava em frente à casa de Brasileira, que vivia com sua mãe, a senhora Lobo. Prestava atenção à moça, que ajudava a mãe no comércio de aves e ia ao centro comprar na venda de Francisco de Martino. Daí nasceu um flerte, platônico.

Brasileira acabou aceitando o convite de Deodato para morar na Fazenda Cachoeira Bonita com ele, um quase cinquentão, enquanto ela, uma menina-moça. Deodato tinha hábito de usar um lenço na cabeça, o chamado “lenço quatro pontas”, sob o chapéu.

Da união de Brasileira e Deodato nasceram quatro filhos: Olava, Homero, Antônio e Altivo, o caçula dos Linhares, que era o “barulho”. Deodato e Brasileira viam com os filhos até a Estação Ferroviária, onde embarcavam para visitar os parentes em São Fidélis e Pádua.

De Martino não conseguiu casar-se com seu flerte, Brasileira, mas deixou esses versos:

Debalde o mundo me chama
E eu para o mundo já morri
Perdi o gosto das festas
Desde o dia em que te vi.
Triste a vida de quem ama oculto
Dobrada pena padece
Passando por seu bem,
Fingindo que não conhece.

Ele, então, casou-se com Angélica da Silva Vidal. Ela morreu pouco depois do casamento. Não deixou filhos. Quase dez anos após quem falece é Deodato e seu casamento com Brasileira foi feito às pressas para que os filhos herdassem a Fazenda Cacheira Bonita.

Viúvos, Francisco de Martino e Brasileira finalmente consolidam o antigo namoro e casam-se, ela, então, com 28 anos. Tiveram quatro filhos: Orlando, Maria Itália, Bruno e Maria Emília.

continua... 

quinta-feira, 4 de abril de 2019

NEUROLOGISTA AFIRMA QUE DESORGANIZAÇÃO ATRAPALHA O CÉREBRO E CAUSA ESTRESSE


Se você percebeu que o seu rendimento para realizar tarefas caiu, tem dificuldade para tomar decisões e ainda fica estressado, o problema pode estar na desorganização que está afetando o bom funcionamento do seu cérebro.

O neurologista Leandro Teles, membro da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), disse em entrevista ao jornal Extra que ser organizado facilita o trabalho do cérebro, pois permite que ele tenha previsibilidade para executar tarefas.

“Quando está tudo embaralhado e alguém procura algo, o cérebro gasta tempo e performance para achar o que se quer. Com isso, ele fica cansado e há queda de rendimento em atividades que exigem mais energia, como tomada de decisões, por exemplo. Se o ambiente está arrumado, a pessoa já parte do meio do caminho. Isso traz tranquilidade, gera serotonina (neurotransmissor) e controla o bem-estar."

Veja como se organizar melhor com esta seleção de dicas do neurologista:

Organize-se
1. Busque um motivo para praticar a organização. Comece decidindo o que deve ser descartado.
2. Curta o silêncio: evite ouvir músicas ou ver televisão enquanto organiza para aumentar a concentração.
4. Separe os itens que sobrarem por categorias e doe roupas e objetos que não tenham mais utilidade.

Atenção
5. Identifique as suas prioridades e aprenda a dizer NÃO ao que não é urgente.
6. Escolha começar sempre o quanto antes e arrume todo o espaço em um único momento, deixando todos os objetos visíveis.
7. Evite fazer várias coisas ao mesmo tempo. Em vez de tentar ser multitarefas, o que é prejudicial ao cérebro, procure se envolver com uma atividade de cada vez com mais profundidade, para dar resultados de maior qualidade.

Simplifique
8. Simplifique a vida em vez de complicá-la: agende o pagamento das contas para o débito automático e planeje um caminho para resolver vários problemas em uma única rota, por exemplo.
9. Delegue tarefas para evitar a sobrecarga e consequentemente a desorganização resultante da incapacidade de lidar com todas elas.

Conheça os principais inimigos do nosso cérebro: falta de sono, sedentarismo, rotina, sobrecarga mental, ansiedade, vícios e alimentos e a desorganização. Ele observa que não adianta cobrar desempenho do nosso cérebro sem fazer a nossa parte.

O mesmo vale para as crianças, a desorganização também afeta o aprendizado e a concentração delas. Quanto mais organização, melhor o desempenho e menor é o estresse.

Fonte: Extra