“Não há povo
sem tradição. Pode o progresso modificá-la e adaptá-la às novas realidades da
vida, mas não deve suprimi-la sob pena de pôr em risco os liames secretos que
ligam as gerações umas às outras.”
(Austregésilo
de Athayde)
Uma cidade que não preserva a sua história acaba perdendo sua
identidade. Preservá-la, é resgatar nomes, perpetuar valores, é permitir que as
novas gerações não vivam sob as trevas do anonimato. É importante entender que
quando se homenageia pessoa já falecida, busca-se enaltecer o legado que o
homenageado deixou para que sirva de exemplo às novas gerações. Quando é
possível fazer em vida, naturalmente é muito mais representativa. Um povo que
não guarda suas histórias, suas memórias, seu patrimônio, não sabe quem
realmente é.
Mensagem...
Para aqueles que amam a nossa cidade, não
só os que aqui nasceram, mas também os que a adotaram, pois somos uma cidade
acolhedora desde os tempos da chegada de diversos imigrantes, temos que unir
forças e continuar na luta diária por uma cidade de "Paz e Harmonia".
Aqui vivemos e escolhemos essa terra para também criarmos nossos filhos, por
isso temos a obrigação de abraçar e apoiar toda e qualquer causa que seja
benéfica e em prol do município. Como também temos a obrigação de ir contra
tudo e a todos, que de uma maneira ou de outra, queiram aproveitar-se de
situações adversas e tirar vantagens em benefício próprio.
Fontes:
* Revista
comemorativa de 66 anos de Miracema – Ano 1 – Edição Especial – Junho de 2002;
* Revista
comemorativa do 67º aniversário – Miracema 1936/2003;
* Folder
Miracema e Liberdade: Os Caminhos da Emancipação – Publicação do Centro
Cultural Melchíades Cardoso, por ocasião do septuagésimo aniversário de
emancipação político-administrativa de Miracema;
*
Jornal Dois Estados/Mauricio Monteiro e acréscimos;
Nota:
menção especial aos nomes de Roberto Monteiro R. Coimbra Lopes e Marcelo Salim
de Martino. Esse último, curador do Centro Cultural Melchíades Cardoso e
merecedor de nosso reconhecimento por tanta dedicação e cuidado com o Patrimônio
Público, assim como os demais funcionários.
MIRACEMA,
ASSIM TUDO COMEÇOU...
Foi por volta do início dos anos 40 do século XIX, que
Dona Ermelinda Rodrigues Pereira aqui chegou, encantando-se por estas terras,
que eram virgens e cobertas de árvores centenárias e entrecortadas por riachos
cristalinos. Aqui fundou uma pequena colônia onde construiu uma capela
dedicada ao culto de Santo Antônio, onde atualmente existe a praça que leva o
seu nome. Era intenção de Dona Ermelinda transformar suas propriedades em bens
de uma paróquia, que pretendia entregar, mais tarde, a um de seus filhos, de
nome Manoel, que estudava em um seminário de Mariana-MG.
Prosseguindo com seu intento, a referida senhora doou 25 alqueires de terra,
dos 2.000 que possuía, para a formação da futura freguesia de Santo Antônio,
posteriormente, Santo Antônio dos Brotos.
Deve-se a mudança de nome ao seguinte fato: um dos
sólidos esteios da capela, feito de madeira seca, não resistindo à luxúria
daquela terra, brotou, semeando entre os que habitavam a sua volta, a crendice
popular do milagre da vida. Assim como brotou, o vilarejo cresceu e se
multiplicou, dando origem a um povoado – Santo Antônio dos Brotos. Esse
crescimento do povoado motivou a criação do Distrito Policial de Santo Antônio
dos Brotos, em 26 de janeiro de 1880. No ano seguinte, no dia 9 de setembro foi
criado o Distrito de Paz. Até então, o povoado pertencia a São Fidélis.
Santo Antônio dos Brotos desvinculou-se de São Fidélis
e passou a pertencer a Santo Antônio de Pádua em 1882, quando o vice-presidente
da Província do Rio de Janeiro, Paulo José Pereira de Almeida Torres sancionou
o Decreto Provincial nº 2597, de 2 de janeiro, aprovado pela Assembleia
Provincial, considerando a freguesia de Santo Antônio de Pádua, que pertencia
ao território de São Fidélis, um município.
Em 7 de abril de 1883, a Câmara do novo município muda
o nome de Santo Antônio dos Brotos para Miracema, proposta feita pelo vereador
José Carlos Moreira, sugerido por Dr. Francisco Antunes Ferreira da Luz, dos
termos indígenas Tupi-Guarani – ybira (pau, madeira) e cema (brotar) –
trocando-se apenas “Yb” por “M”, ficando assim MIRACEMA – pau que brota, gente
que nasce.
Com suas terras virgens e férteis – sendo sua
população acrescida pelos imigrantes italianos, libaneses, espanhóis e os
bandeirantes mineiros, que formaram o que compõe a maior parte das famílias
miracemenses – era uma mãe com seios fartos para com seus novos filhos. A
produção crescia a olhos vistos, o que permitiu que os produtos da terra fossem
comercializados em outros centros urbanos. Devido às dificuldades para escoar o
excedente, em 1883 foi inaugurada a estrada de ferro, que trouxe consigo não só
essa facilidade como também inúmeros outros benefícios.
O povoado de Miracema passou por grandes
transformações a partir da construção do ramal ferroviário ligando o distrito
até São Fidélis, em 1883, e que foi saudada em versos pelo médico/poeta Dr.
Ferreira da Luz: “Rodante máquina viva... Salve! Oh locomotiva Rei do
progresso, a vapor”! Essa conquista foi liderada por Joaquim de Araújo Padilha,
que visava melhorar o transporte que, até então, era feito por tropas de burro
e carros de boi até a principal cidade da região: São Fidélis. E para comemorar
essa conquista, homens de fraques e cartolas, mulheres com vestidos de gala,
banda de música e grandes oradores. A locomotiva foi recebida com todas as
pompas. Foi graças ao serviço e a
pontualidade dessa Locomotiva, que Miracema chegou a ter uma lavanderia
automática, que prestava serviços para grandes hotéis da capital.
No ano seguinte, por iniciativa do
vereador Antônio Firmino de Carvalho, finalmente foi aprovado a indicação no
sentido de que fossem instalados doze Lampiões Belgas, a querosene, que ficariam
fincados um a cada 30m. O combustível seria fornecido pelos particulares
beneficiados pela iluminação pública. Naquele mesmo ano, foi aprovada a taxa de
iluminação pública e a Câmara Municipal passou a arcar com as despesas de
iluminação.
Só em 1912 os Lampiões Belgas foram
substituídos por lâmpadas de acetileno, que deram um resultado deslumbrante, já
que os focos de carbureto produziam uma claridade superior “cinco vezes mais”
que a luz dos Lampiões. A iluminação no Brasil data de 1879, quando foi
inaugurada, na Estação Central da Estrada de Ferro Dom Pedro II, atual Central
do Brasil, no Rio, seis lâmpadas do tipo Jablochoff; oficialmente o Imperador
inaugurou em 1883, em Campos, o primeiro serviço público municipal de
iluminação elétrica do Brasil e da América do Sul. No início do ano de 1913, o
assunto predominante no distrito de Miracema era a construção da Usina
Hidrelétrica que estava sendo construída em Comendador Venâncio, distrito de
Itaperuna, pelo engenheiro francês Julien Derene.
A Estação Ferroviária era muito
frequentada pela manhã e à noite quando chegavam o Expresso, com encomendas,
passageiros e o jornal “O Monitor Campista” com notícias do estado e da nação.
Uma nova locomotiva, uma Rocket, fazia o percurso Miracema a Niterói num só
dia, era um sucesso! Em frente à Estação ficava a Fábrica de Tecidos São
Martino, e o proprietário Francisco Bruno de Martino já estudava a substituição
do Locomóvel – aparelho alimentado por lenha para tocar os teares – pela
energia elétrica. O Cel. Alfredo Moreira depois de morar alguns anos em
Paraoquena, pela sua importância como entroncamento ferroviário, voltou a
residir em Miracema, ao lado da Estação, e reabriu a Pharmácia com o seu
inseparável Dicionário de medicina popular do Dr. Chernoviz. Os filhos mais
velhos, Zezé e Aymoré, gostavam de jogar bola e o ponto de encontro dos
jogadores era a Sapataria Granato. Era o time da Rua de Cima contra o time da
Rua de Baixo.
Em meio àquela vida interiorana, existiam também
grandes cabeças pensantes, que enxergavam muito além daquele universo limitado.
Em 1906, foi um jovem, de apenas 16 anos – Melchíades Cardoso – que lançou a
semente da separação, inconformado com os mandos e desmandos daqueles que
geriam a terra, fundou um jornal denominado O Grupo, com o objetivo de
esclarecer a população para que essa tivesse condição de se posicionar. Foi
através desse jornal que o desejo da emancipação deixou de ser apenas uma
vontade.
Com o passar dos anos os sinais de movimentação da
população do então distrito em relação a cobranças de investimentos e melhorias
pelo município de Santo Antônio de Pádua foram crescendo e as reclamações mais
constantes eram: a falta de iluminação adequada, os abusos das tarifas cobradas
pela Estrada de Ferro da Leopoldina, a limpeza e a irrigação das ruas e a
construção da Praça Dona Ermelinda.
Já em 1918, após 12 anos do lançamento da campanha
para a criação do município, Miracema viveu um grande período de
desenvolvimento agrícola – com destaque para a produção de café, que era o
ápice da economia da época – e de uma intensa atividade comercial e
industrial. Apesar disso, pouco da renda tributária arrecadada no distrito
era usada em seu benefício, ficando, desta forma, carente de vias de
comunicação, de saneamento e de urbanização. A maior parte era utilizada na sede do
município, em Pádua, ou gerida pelos Coronéis – grandes senhores da terra que
dominavam a região pela lei do mais forte. Estes educavam seus filhos nas
capitais para serem futuros senhores, ou futuros advogados ou médicos de família.
Aos pobres e sem terra restavam a obediência e subserviência, além do
analfabetismo e a mais completa ignorância política.
A vontade cívica de alguns intelectuais da época,
aliada às rixas dos clãs familiares que detinham o poder político e econômico e
a obstinação daqueles que acreditavam que somente através da liberdade se
alcançaria a prosperidade almejada, fez ressurgir o movimento separatista. Além
disso, a questão do estabelecimento dos nossos limites territoriais já havia
sido solucionada, uma vez que o Estado de Minas Gerais reconheceu a jurisdição
fluminense sobre Miracema, o que liquidou de vez o impasse entre os dois
estados.
Isso fez com que os senhores José Giudice, José Carlos
Moreira, Barroso de Carvalho e outros, interpretando os sentimentos cultivados
pelos miracemenses, pleiteassem do então Presidente do Estado do Rio de
Janeiro, Dr. Raul Veiga, quando em visita a Miracema no ano de 1920, a
emancipação política e administrativa do 2º distrito. O pedido em apreço não
foi atendido. Considerando que os sentimentos separatistas era sonho que se
intensificava cada vez mais na alma dos miracemenses, o Deputado Raul
Nascimento, em 1922, baseado num manifesto com a assinatura de quase todos os
habitantes, apresentou um projeto à Assembleia Legislativa do Estado do Rio de
Janeiro propondo, oficialmente, a emancipação do distrito de Miracema. O
projeto Raul Nascimento, entretanto, não foi aprovado.
Os miracemenses decididos como estavam em suas
aspirações organizaram um movimento que chamaram de “Campanha Separatista”,
posteriormente denominado “Partido Separatista”, cuja primeira reunião foi
realizada, com a presença de 159 miracemenses, na residência do Dr. Américo
Homem, em 10 de janeiro de 1926. Nesta reunião convocada pelo Dr. Theóphilo
Junqueira, pelo Dr. Américo Homem e pelo Cel. José Carlos Moreira, presidida
pelo primeiro e secretariada por Gilberto Barroso de Carvalho, foi eleita por
aclamação a primeira Comissão Executiva da Campanha, composta por 30 membros,
que organizou o programa de ação em favor da emancipação política e
administrativa de Miracema.
No dia 4 de novembro de 1926, na residência do Cel.
José Carlos Moreira, a Comissão Diretora do Partido Separatista, presidida pelo
Dr. Theóphilo dos Reis Junqueira e secretariada pelo Dr. Hipólito Gouvêa Souto,
se reuniu para tratar de vários assuntos de interesse do movimento,
oportunidade em que foi aprovada, por unanimidade, o lançamento da candidatura
do miracemense Antônio Ventura Coimbra Lopes ao cargo de prefeito do município
de Pádua.
Em 7 de janeiro de 1927, foi realizado um acordo
político entre representantes da política situacionista, chefiado pelo Cel.
Custódio de Araújo Padilha e representantes do Partido Separatista, Cel. José
Carlos Moreira e Dr. Theóphilo Junqueira, tendo concordado plenamente com as
cláusulas do acordo proposto pelo Dr. Feliciano Sodré – Presidente do Estado, para
um perfeito entendimento na orientação política municipal, onde assumiam o
compromisso de se apoiarem mutuamente em todas as questões políticas
municipais, estaduais e federais, tendo sempre por orientação as deliberações
do Partido Republicano Fluminense. O referido acordo previa dentre outras, a
aplicação de 50% das rendas do distrito, exclusivamente em obras públicas,
nomeação de Agente Distrital mediante indicação do Diretório Distrital de
Miracema, inclusão na chapa de vereadores de três nomes indicados pelo
Diretório, e do nome de Antônio Ventura Lopes para concorrer ao cargo de
Prefeito.
Eleito Prefeito do município de Santo Antônio de Pádua
para um mandato de três anos, num de seus primeiros atos de governo, Ventura
Lopes, atendendo a velha aspiração dos miracemenses, criou conforme o acordo
político, a Subprefeitura de Miracema e nomeou, de acordo com a indicação do
Diretório Distrital para exercer o cargo de Subprefeito, o miracemense Virgílio
Damasceno. Com a criação da Subprefeitura – a primeira instalada no Brasil – a
maior parte das rendas tributárias do distrito de Miracema passaram a ser
aplicadas em inúmeras obras públicas, tais como a abertura de estradas, a
urbanização e o início do calçamento das principais ruas (Mal. Floriano,
Francisco Procópio e Cel. Josino). Sendo assim, o distrito conheceu uma fase de
visível progresso.
Em 1929, Miracema ganhou o apoio dos distritos de
Paraíso, Ibitiguaçu, Monte Alegre e o povoado de Campelo, formando o “Bloco do
Norte”, durante um grandioso comício na Praça Dona Ermelinda. O comitê feminino
lançou um boletim conclamando as mulheres miracemenses para comparecerem à
manifestação, e diziam que “o separatismo era de todos que amam Miracema”. Após
o comício, foi realizada a convenção separatista, onde as delegações assinaram a
respectiva ata, cuja cópia foi encaminhada ao Presidente do Estado Dr. Manuel
Duarte, pelo deputado Arnaldo Tavares.
Em 3 de novembro de 1929, uma comissão de senhoras
composta por: Marieta D’angelo, Sotera Cardoso, Graziella Carvalho, Hilda Pinto
e Julieta Damasceno, que faziam intensa campanha pela separação foi a Niterói
com o fim de expor ao governo e aos líderes do legislativo estadual os motivos
dos ideais que abraçavam.
Realizadas as eleições municipais de 1929, o candidato
a Prefeito indicado e apoiado pelos separatistas foi derrotado nas urnas.
Entretanto, foi eleito para exercer o cargo um ilustre miracemense (Pedro da
Silva Bastos), de forma que àquela ocasião fazia parte de uma coligação de
partidos, cujos membros em sua maioria se opunham à separação de Miracema. A
primeira exigência feita ao novo Prefeito pelos membros dos partidos que o
apoiaram, foi no sentido de tornar sem efeito o ato que criara na administração
Ventura Lopes a Subprefeitura do distrito de Miracema. A Subprefeitura foi
extinta. O fato criou um mal estar muito grande no espírito dos miracemenses e
reacendeu, com redobrado estímulo, os sentimentos emancipacionistas cultivados
há longos anos pela maioria dos habitantes do distrito.
O Presidente do Estado do Rio de Janeiro, Dr. Manuel
Duarte, grande amigo de Miracema, que se sensibilizou cabalmente com os
sentimentos emancipacionistas dos miracemenses, a partir do conhecimento do
desenvolvimento e do progresso do distrito, e também por saber da insatisfação
reinante em Miracema, em virtude dos acontecimentos noticiados. Quando os
documentos exigidos para a criação do município de Miracema, já no palácio,
encaminhados pelos miracemenses integrantes da Campanha Separatista, o Governo
Manuel Duarte, que se comprometera com a aprovação do projeto da criação do
município, às vésperas da concretização da sonhada separação foi destituído
pela Revolução de 1930.
Sucedido Manuel Duarte no Governo do Estado pelo
interventor nomeado, Plínio Casado, o objetivo da Campanha Separatista, mais
uma vez não pode se concretizar porque o novo Governo ficou frontalmente contra
as pretensões emancipacionistas, a ponto de ameaçar com prisão os líderes da
campanha que foram ao Palácio tratar do assunto com o interventor.
Após a Revolução o Capitão Altivo Mendes Linhares foi
nomeado interventor no município de Santo Antônio de Pádua. Por mais incrível
que possa parecer, essa intervenção não foi boa para a causa separatista, pois
Altivo era contrário à emancipação de Miracema. Razões políticas e econômicas
eram as justificativas do líder político para não abraçar essa causa. Não se
pode deixar de mencionar que no período em que foi prefeito de Pádua, Altivo
Linhares realizou várias obras no 2º distrito de Miracema, tais como: a reforma
completa da Praça Dona Ermelinda, da Igreja Matriz, vários calçamentos de
nossas ruas e a abertura da estrada Pádua a Miracema. Em 1933, por motivos
pessoais, Altivo Linhares foi obrigado a se afastar da prefeitura e indicou o
também miracemense Cícero Bastos para ocupar o seu lugar.
Com a convocação da Constituinte, que veio a dar ao
Brasil a nova Constituição Federal de 16 de julho de 1934, o regime de exceção
instalado no país em 1930 se abrandou e o povo brasileiro em geral, e os
emancipacionistas de Miracema em especial, puderam novamente viver em clima de
liberdade e voltar a externar e também voltar a colocar, novamente, as suas
antigas reivindicações. Com o novo clima reinante, a Campanha Separatista,
tendo em vista que os motivos pelos quais foi iniciada continuaram ainda vigorando,
foi reiniciada com redobrado ardor. Assim é que os elementos que compunham o
antigo Partido Separatista voltaram a se reunir e, em 1933, a sua Comissão
Executiva, composta por Antônio Ventura Coimbra Lopes, Artur Monteiro Ribeiro
da Silva, Oscar Barroso Soares, Edgar Moreira, Armando Monteiro Ribeiro da
Silva, Flávio Condé e Antônio Carlos Moreira, lança em 11 de maio do mesmo ano
um boletim intitulado “AOS AMIGOS DE MIRACEMA”, reiniciando a campanha e
estabelecendo a sua nova estratégia.
O movimento, que continuava povoando o espírito dos
miracemenses, reiniciou-se com redobrado entusiasmo, passando a ser assunto
permanente nas conversas, na imprensa e nas manifestações públicas, que então
faziam parte da vida do distrito. Ainda em 1934, Altivo Linhares acabou se
rendendo às causas de seus conterrâneos, apesar de muito timidamente, a favor
do movimento separatista.
Convocada em abril de 1934 uma convenção do Partido
Separatista, a fim de adotar novas estratégias para o movimento, eis que chega
ao conhecimento das autoridades de Santo Antônio Pádua, deturpada notícia que a
população do distrito de Miracema estaria em “pé de guerra”. O resultado
foi a chegada de força policial às vésperas da referida convenção. Com
isto, Melchíades Cardoso, José Naegele, Bruno de Martino e Dirceu Cardoso
fizeram circular um boletim onde diziam que o movimento era pacífico, tanto que
assumiam publicamente a responsabilidade por tudo que pudesse ser interpretado
como sendo subversão da ordem pública, surgindo assim, “OS QUATRO DIABOS”,
inspirado no título de um filme em exibição cinema XV. A população em virtude
do boletim noticiado passou a denominá-los de “OS QUATRO DIABOS.”
No dia 22 de abril de 1934, sob a presidência do
separatista Antônio Ventura Lopes, com a presença do Aspirante e do Delegado,
responsável pelo comando da força militar, foi realizada a grande Convenção do
Partido Separatista na Sociedade Musical XV de Novembro. Com a presença de
quase toda a população, incluindo mulheres, operários, estudantes, literatos,
banqueiros, comerciantes, lavradores e industriais, após vários discursos, a
reunião foi encerrada num clima de entusiasmo, de entendimento e da mais
absoluta ordem, conquistando, inclusive, a simpatia das autoridades enviadas
pelo interventor Ary Parreiras.
Nesta grande Convenção de 22 de abril, nomeou-se por
aclamação, o nome de 42 separatistas que deveriam compor uma Comissão destinada
a solicitar, em nome do movimento, uma audiência com o interventor Ary
Parreiras para tratarem das pretensões emancipacionistas do Distrito. No dia 6
de maio de 1934, sob a presidência de Antônio Ventura Coimbra Lopes, seguiu
para Niterói a Comissão encarregada de se encontrar com Ary Parreiras, recebida
por este no Palácio do Ingá, no dia 8 de maio de 1934. Na oportunidade, usaram
da palavra Ventura Lopes, dizendo ao interventor os motivos da presença da
Comissão, o Cônego José Thomaz de Aquino, orador indicado pelos membros da
Comissão que advogou com raro brilho e maior persuasão a causa da Separação, a
Srtª Carmem Lemos e o próprio Ary Parreiras, que se dizendo contrário à criação
de novas unidades administrativas no Estado, confessava-se vencido com relação
ao caso de Miracema, prometendo aos presentes decretar em breve a emancipação
político-administrativa da antiga Santo Antônio dos Brotos, desde que a
pretensão viesse a ser aprovada pelo Conselho Consultivo.
Retornando a Miracema, a Comissão, através de boletim
convoca a população separatista para uma reunião na atual Praça Ary Parreiras,
a fim de se prestar um manifestação de apreço e admiração o Cônego José Thomaz
de Aquino, tal o brilhantismo com que o mesmo sustentara no Ingá as razões da
necessidade da emancipação.
Realizado o plebiscito e reunidos os demais documentos
exigidos, uma comissão composta por Ventura Lopes, Melchíades Cardoso, Dr.
Octávio Tostes, Alberto Lontra, Waldemar Torres e José Naegele, foi encarregada
de fazer a entrega em Niterói. A comissão saiu de Miracema no dia 19 de junho
de 1935, e regressou no dia 23 de junho, já agora, com a reiterada promessa de
Ary Parreiras no sentido de decretar a emancipação.
Ventura Lopes, em agosto de 1935, envia telegrama a
Ary Parreiras reiterando os anteriores apelos dos separatistas no sentido de
conceder a emancipação de Miracema. Cumprindo a promessa que fizera aos
miracemenses, Ary Parreiras, através do Decreto 3.401, de 7 de novembro de
1935, criou o município de Miracema, composto pelos distritos de Miracema e
Paraíso do Tobias, então 2º e 7º distritos de Santo Antônio de Pádua,
estabelecendo que a data da instalação da nova unidade criada seria marcada
pelo Poder Legislativo, juntamente com a homologação do laudo que se referia o
Artigo 4º, da Lei nº 2316, de 30/01/1929 – Lei de Organização Municipal.
Conduzido em 1936 ao Governo do Estado do Rio de
Janeiro, por eleições realizadas em novembro de 1935, em substituição a Ary
Parreiras, o Almirante Protógenes Pereira Guimarães, no início de março de 1936
concedeu audiência ao então Presidente do Partido Separatista, Antônio Ventura
Lopes, que demonstrou ao Governador conveniência de se instalar o Município de
Miracema antes das eleições municipais já marcadas. Na oportunidade,
sensibilizado, Protógenes Pereira Guimarães assumiu o compromisso de interferir
junto às lideranças de seu governo na Assembleia Legislativa, no sentido de
designarem para um dos próximos dias, daqueles em que dera a audiência
noticiada, a data para a instalação da nova unidade administrativa, declarando
na oportunidade, que iria pessoalmente instalar o município de Miracema antes
das eleições municipais que estavam próximas.
Com a interferência do Governador Protógenes Pereira
Guimarães, através da Lei nº 09, de 02/04/1936, a Assembleia Legislativa do
Estado do Rio de Janeiro, presidida pelo Dr. Arnaldo Tavares, grande amigo e
incansável colaborador da Campanha Separatista, designou o dia 3 de maio de
1936 para instalar o município de Miracema, e autorizou o Poder Executivo a praticar
todos os atos necessários à efetivação dessa instalação. No dia 10 de abril de
1936, Ventura Lopes recebia telegrama do Palácio solicitando sua presença para
combinar autoridades a serem nomeadas no município.
A
LUTA EFETIVA PELA EMANCIPAÇÃO MIRACEMENSE DUROU LONGOS 18 ANOS, ATÉ O DESFECHO
FINAL COM A INSTALAÇÃO DO MUNICÍPIO.
Cumprindo a promessa, aos três dias do mês de maio de
1936, Protógenes Pereira Guimarães, Governador eleito do Estado do Rio de
Janeiro, acompanhado do Dr. Arnaldo Tavares e de outras autoridades, no Salão
nobre da Prefeitura Municipal de Miracema, na presença de um grande número de
pessoas representativas de todas as classes sociais, decretou instalado o novo
Município e nomeou o seu primeiro Prefeito, o Dr. Mário Pinheiro Motta, de
acordo com o ato de 28 de abril de 1936. As palavras do Governador foram
recebidas com grande entusiasmo pelo povo, em calorosa salva de palmas,
encerrando assim, vitoriosamente, a Campanha Separatista. A instalação do
último município no Estado do Rio de Janeiro, que se dera no ano de 1889, por
si só demonstra a oposição dos governos de então à criação de novas unidades
administrativas no Estado, mas, sobretudo, o espírito de determinação, a força
da representatividade dos miracemenses e a importância que foi a Campanha
Separatista de Miracema.
Poucas cidades por esse Brasil afora tiveram uma luta
tão árdua e duradoura para conseguir sua emancipação político-administrativa.
Dezoito anos não são dezoito dias. Nunca é demais lembrar esses miracemenses
que, com muita bravura e determinação, idas e vindas correndo atrás de um
objetivo que parecia cada vez mais distante, não fraquejavam após as quedas e
mais fortes ficavam para a próxima batalha tão sonhada de ver Miracema livre e
independente. A persistência foi fator fundamental para conseguir a almejada emancipação.
Muitos foram os interesses políticos e o jogo de poder que dificultaram a
caminhada da Campanha Separatista. Esses homens arrojados escreveram seus nomes
na história e cada um teve a sua importância na vitória final: Antônio
Ventura Coimbra Lopes – o general da luta separatista – Alberto Lontra, Antônio
Carlos Moreira, Américo Homem, Armando Monteiro Ribeiro Da Silva, Artur
Monteiro Ribeiro Da Silva, Bruno De Martino, Dirceu Cardoso, Edgar Moreira,
Flávio Condé, Gilberto Barroso De Carvalho, Hipólito Gouvêa Souto, José Carlos
Moreira, José Giudice, José Naegele, José Thomaz de Aquino, Melchíades Cardoso,
Octávio Tostes, Oscar Barroso Soares, Theóphilo Junqueira, Virgílio Damasceno,
Waldemar Torres... e até mesmo Altivo Linhares, que foi contra a emancipação
até ser convencido pela maioria, mas que trouxe, no entanto, muitos benefícios
ao município que até hoje são usufruídos pela comunidade.
Particularmente gostaria de fazer um adendo especial
ao Jofre Geraldo Salim, um dos maiores oradores que essa terra já produziu. Uma
memória fantástica e que bradava com muito orgulho e emoção, com detalhes
minuciosos, o que foi relatado acima, pois era um profundo conhecedor da nossa
história emancipacionista. Deixou uma lacuna difícil de ser preenchida e
ficamos órfãos de um intelectual do mais alto nível. Parodiando sua frase: “Precisamos manter viva a história de
nossos conterrâneos ilustres”. E o cidadão Jofre Geraldo Salim, certamente
é um deles!
CRONOLOGIA
DO PROGRESSO NO DISTRITO DE MIRACEMA
1883 – Estrada de Ferro Santo Antônio de Pádua –
Ramal Miracema. Possuíam, inicialmente, duas locomotivas, dois carros de
passageiros e 10 carros pra cargas.
1896 – Sociedade Musical XV de Novembro -
Associação que teve como seu 1º presidente Francisco Cardoso.
1898 – Sociedade Musical Sete de Setembro –
Associação que teve como fundadores: Ricardo Barroso, Arcanjo Abrantes e João
Paes.
1906 – Fábrica de Tecidos – Fiação e Tecelagem
São Martinho Ltda. – Criada por Francisco Bruno de Martino, constituía uma das
principais fontes de renda pelo número de operários que abrigava.
1912 – Luz Elétrica – Como nas demais cidades,
antigamente a luz era a gás ou a lampião. Em 1912, foi implantada no distrito,
tendo seus serviços planejados pela Cia Força e Luz do Norte Fluminense.
1917 - Grupo Escolar Dr. Ferreira da Luz – Criado
com as contribuições totais e espontâneas do povo. Teve sua construção iniciada
em 14 de julho de 1916, na Rua Marechal Floriano Peixoto (Rua Direita). Foi
inaugurado em 1917 e mais tarde doado ao Estado. No ano de 1935, o Cel. Armando
Ribeiro doou um terreno na Rua Matoso Maia, também no centro, com a finalidade
da construção pelo Governo do Estado da sede nova para o Grupo Escolar Dr.
Ferreira da Luz. Devido à instalação do Município em 1936, o antigo prédio do
Grupo Escolar Dr. Ferreira da Luz, passou a ser sede da Prefeitura
Municipal.
1918 – O “Grande Hotel” foi construído na Rua Direita
por Salvador Ciuffo. Posteriormente, Arthur Braga, arrendatário do mesmo,
alterou o nome para Hotel Braga.
1922 – Instituto Afrânio Peixoto (Colégio
Miracemense) – Primeira Instituição Educacional de grande porte em Miracema,
foi criado pelo Professor José Paulino Alves Júnior, em 1921. Dele se
originou em 1922, o Ginásio de Miracema e a Escola Normal (na época foi a 3ª
Escola de Formação de professores do Estado), e mais tarde Colégio Miracemense.
Em 1987, foi adquirido pelo Governo do Estado, passando a denominar-se Colégio
Estadual de Miracema.
1926 –
Telégrafo – Instalado no dia 12 de abril de 1926 e ligou Miracema ao “mundo”.
Ainda em 1926, foi inaugurado o primeiro calçamento,
do Hotel Braga até a Estação e os carros de boi foram proibidos de circular
neste trecho em face de uma lei votada na Câmara Municipal.
1934 – Jardim de Infância Clarinda Damasceno –
Inaugurado em 13 de outubro de 1934, teve como idealizador Altivo Mendes
Linhares, auxiliado por Dona Zina Queiroz Linhares, sua primeira esposa e dona
Lucy Lamy, que foi também a primeira Diretora. O idealizador contou com o
apoio de várias pessoas da sociedade Miracemense que organizavam festas para
arrecadar donativos para as obras do Jardim. Foi o segundo Jardim de
Infância a ser criado no Estado do Rio de Janeiro, seguindo o modelo do
primeiro Jardim de Niterói. O nome foi em homenagem a grande educadora
miracemense, Dona Clarinda Damasceno.
CRONOLOGIA
DA EMANCIPAÇÃO DE MIRACEMA
1920
- Visita Miracema o presidente do Estado do Rio de
Janeiro, Raul Veiga. Os senhores José Giudice, José Carlos Moreira,
Barroso de Carvalho, entre outros, pleiteiam a emancipação de Miracema, então
2º distrito de Santo Antônio de Pádua. O pedido em apreço não foi
atendido.
1922
– O deputado Raul do Nascimento apresenta um projeto à
Assembleia Legislativa do Estado, propondo oficialmente a emancipação de
Miracema. O projeto Raul Nascimento, entretanto, não foi aprovado.
1926
– Com a presença de 159 miracemenses, na residência do
Dr. Américo Homem, é organizado um movimento que denominaram de “Campanha
Separatista”, posteriormente “Partido Separatista”.
- É lançado como candidato do Partido Separatista ao
cargo de prefeito de Pádua o Cap. Antônio Ventura Coimbra Lopes.
- Composta a marcha separatista “LIBERTAS”, de
Clenório Bastos e Alberto Gomes Pessanha.
1927
- O Capitão Antônio Ventura Lopes é eleito prefeito de
Santo Antônio de Pádua para um mandato de três anos.
- É criada e instalada a Subprefeitura de Miracema e
nomeado para exercer o cargo de subprefeito o Cap. Virgílio Damasceno.
1928
- Ventura Lopes reiterada vezes solicitou ao Almirante
Benjamim Sodré – presidente do Estado, a emancipação de Miracema, ficando o
mesmo insensível à pretensão emancipacionista.
1929
- Realizadas as eleições municipais, o candidato do
Partido Separatista é derrotado.
- É extinta pelo prefeito de Pádua, a Subprefeitura de
Miracema.
- Eleito para presidente do Estado o Dr. Manuel
Duarte, que sensibilizado pela causa miracemense, compromete-se com a
emancipação do município.
1930
- Com a Revolução de 30, desvaneceram-se as ideias da
separação de Miracema.
- É nomeado interventor do Estado o Sr. Plínio Casado,
frontalmente contra as pretensões emancipacionistas, a ponto de ameaçar com
prisão os líderes da campanha que foram ao Palácio do Ingá.
1933
- A campanha separatista é reiniciada e o Partido
Separatista se reorganiza e lança um boletim intitulado “AOS AMIGOS DE
MIRACEMA”.
1934
- Com a nova Constituição Federal de 16 de julho de
1934, os emancipacionistas de Miracema puderam novamente viver em clima de
liberdade e se dedicaram às suas antigas reivindicações.
1935
- Através do Decreto 3.401, de 7 de novembro de 1935,
fica criado o município de Miracema. Cumprindo a promessa que fizera aos
miracemenses, Ary Parreiras criou o município de Miracema, composto pelos
distritos de Miracema e Paraíso do Tobias, então 2º e 7º distritos de Santo
Antônio de Pádua.
1936
- É instalado festivamente o município de Miracema,
primeira unidade administrativa instalada entre os anos de 1889 e 1936.
A
IMPRENSA DE MIRACEMA NO PERÍODO QUE AINDA ERA DISTRITO
Miracema sempre teve força e atitude na área de
comunicação, e já em 1939 era exaltada pelos seus ilustres profissionais, como
o jornalista e escritor Bruno de Martino, em seu artigo “Origem e projeção da
Imprensa Miracemense”, publicado no jornal Estado Novo, nº 59, assim: “Miracema
desde a idade em que engatinhava, deu-se por inteira aos surtos das
letras. O seu número reduzido de intelectuais se contrastava com a
alentada quantidade de homens da lavoura e do comércio, a todo o momento
inquietado pelos facínoras que a faziam de doce refúgio".
E neste clima de refúgio da bandidagem que surgiu o
primeiro jornal de Miracema – O DISTRITO – fundado por João Antônio Hassel, em
18 de novembro de 1896. Com sua coragem, Hassel denunciava os terríveis crimes
cometidos em Miracema e a revolta da escassa população.
O MIRACEMENSE circulou seu primeiro número em 4 de
dezembro de 1898, uma propriedade do pai de Barroso de Carvalho, Firmino de
Carvalho. Foi em suas colunas que o jornalista abateu para sempre a ambição dos
mineiros que pleiteavam a todo instante a posse do então segundo distrito de
Santo Antônio de Pádua. Com seu falecimento em 17 de agosto de 1900, o
jornal passou a ser produzido pelo lusitano Adriano do Vale, que veio viver em
Miracema por acaso, pois viajava por várias localidades fluminenses trabalhando
como agrimensor prático. Passou pela porta da tipografia e ficou –
tornando-se o responsável pela edição do periódico.
O MIRACEMA começou no ano de 1901, e A TROMBETA em 14
de abril do mesmo ano. Em 1º de junho de 1902, foi editado A SEMANA, sendo a
redação dos dois últimos do poeta e professor A. Roussiliers, que por problemas
políticos passou a usar o codinome I. Roma.
Em 1902 ainda surgiram A BRISA, O CROMO, A ASA, O
MELRO, A SÁTIRA, O BALUARTE E O BIJOU.
Em 1924, foi fundado por Melchíades Cardoso o Jornal
LIBERTAS – órgão defensor dos direitos de Miracema.
AS
TERRAS DE MIRACEMA ERAM DE SANTO ANTÔNIO
De acordo com a história de Miracema, Dona Ermelinda
cumpriu o prometido depois que os esteios secos brotaram. Construiu
a capela e doou as terras de sua fazenda à margem direita do ribeirão Santo
Antônio para o santo de mesmo nome, lá pelo ano de 1846. Mas muita coisa
aconteceu desde aquela época, com o crescimento e desenvolvimento do distrito,
até sua emancipação em 1936 e sua grande expansão territorial.
Mas apesar de usufruírem das terras acima citadas e de
terem também construídos nessas áreas, os usuários ainda não haviam conseguido
as escrituras dos terrenos em seus nomes até a década de 40. Foi em 1948
que a prefeitura municipal solicitou através de ação na comarca de Miracema, o
domínio das terras à margem direita do ribeirão Santo Antônio – 799.810,75 m2 –
para que fossem repassadas à população que já a utilizava.
O prefeito Altivo Linhares, o governador do Estado do
Rio, Amaral Peixoto, o Bispo Diocesano Dom Octaviano Pereira de Albuquerque e o
Padre Joaquim Thaumaturgo, participaram das negociações, que resultara na
doação oficial das terras para a prefeitura municipal de Miracema, ato
referendado pelo Tribunal de Justiça Estadual e, posteriormente, pelo Supremo
Tribunal Federal.
Aspectos Geográficos e Demográficos de Miracema:
Localizada na Região Noroeste do Estado do Rio de
Janeiro, tem como municípios limítrofes:
* Ao Norte: Itaperuna e Laje do Muriaé
* Ao Sul: Santo Antônio de Pádua
* A Leste: São José de Ubá
* A Oeste: Palma (MG)
Com uma área de 306 km2 de extensão e altitude média
de 137 metros acima do nível do mar (sede), o município de Miracema é composto
por três distritos:
1º Distrito – Miracema (sede)
2º Distrito – Paraíso do
Tobias
3º Distrito - Venda das Flores
Curiosidades:
- Miracema pertenceu a Campos dos Goytacazes, depois a
São Fidélis para só após pertencer a Santo Antônio de Pádua. Depois disso viramos
cidade.
- Paraíso do Tobias, 2º distrito de Miracema era o 9º
distrito de Santo Antônio de Pádua.
- Dona Ermelinda Rodrigues Pereira recebeu as terras,
onde construiu a Capela de Santo Antônio dos Brotos, através do sistema de
Sesmarias, onde a pessoa se quisesse terras, pedia ao governo e ganhava.
- A Banda 7 de Setembro teve suas primeiras raízes no
distrito de Venda das Flores.
- O Cine Sete foi inaugurado no início do século XX.
Aquele espaço teve centenas de noites de glória e glamour com a sociedade
miracemense sempre prestigiando aquela casa de entretenimento. Quando o Cine
Sete estava aberto ao público em dias de sessões, acendia sua iluminação movida
a vapor clareando toda a sua fachada. Até o final dos anos 20 os filmes eram
mudos e no Cine Sete as músicas das películas também eram apresentadas ao
vivo. Quem fazia o fundo musical, que era um show a parte, eram
Pascoalino Granato, que tocava flauta acompanhado de sua esposa, Tita Ciuffo,
que tocava piano.