terça-feira, 29 de maio de 2018

O BILHETE - POR JOSÉ ERASMO TOSTES


Alfredo Roças era vendedor de bilhetes de loteria, usava sempre paletó, um guarda-sol já branco de tanto uso, um relógio de pulso amarelado que exibia a todo o momento. Tinha um olho vazado e para enxergar, levava o bilhete na altura do nariz.

Alfredo vendera um bilhete para o Anastácio, que vinha sempre no sítio todos os sábados. Anastácio estava com a tropa de burros carregada de mercadorias, pronta para partir. Alfredo avisou: cuidado para não rasgar e não molhar o bilhete, porque se ganhar não recebe.

Anastácio, chegando em casa, lembrou da advertência do Alfredo. Pegou o grude e passou nas costas do bilhete, e pregou-o atrás da porta. Passado os dias, voltou à Miracema e soube pelo Alfredo que o bilhete que havia comprado tinha sido premiado.


Ao começar a descolar o bilhete, o mesmo começou a rasgar. Como resolver o problema? Alguns dias depois, chega Anastácio em Miracema, na casa lotérica do Neném Amaral, com a porta nas costas, onde pregara o bilhete, para receber o prêmio.


sábado, 26 de maio de 2018

O CHAPÉU E O BARBEIRO - POR JOSÉ ERASMO TOSTES


Nas décadas de 20 e 30 o uso do chapéu era generalizado, quase todos os homens usavam. A Casa Marcellino, que ficava na praça que hoje tem o seu nome, a Casa Cacheado, onde até há pouco tempo ficava o bar da Gracinha, a Casa Aguiar, na esquina da Rua Deodato Linhares eram os vendedores de chapéu, que naquela época tinha muita saída. As marcas eram Ramenzoni, Prado, Cury e Mangueira, que vinham em caixas de papelão em formato circular. A numeração seguia a seguinte ordem: 3, 3 ½, 4, 4 ½ e 5.

Podemos ver nesses filmes antigos que quase todos os personagens usavam chapéu. No filme Casa Blanca, Hunfer Bogar está sempre de chapéu, entre muitos outros filmes e artistas como Dick Trace, Johon Wayne; todos os mocinhos sempre lutavam de chapéu, e eles nunca caiam da cabeça.

Nas fotografias antigas podemos constatar que a maioria dos homens usava chapéu, assim também como as mulheres, que tinham vários modelos e desfilavam no Jokey Club do Rio de Janeiro. Havia também o famoso chapéu panamá e o palhinha. Hoje em dia vemos uns que são feitos de schantung, de pano, de palha, outros com aba curta, tipo Indiana Jones e de boiadeiro.

Em Miracema víamos sempre de chapéu o Jair Polca, o Ariosto, que até apelidaram de Santos Dumont, o Arlindo Azevedo, o Leninho e o Dengo, este para tapar a careca.

Havia diversos barbeiros naquela época (só usavam navalha). Timóteo, um negro que carregava uma valise igual à dos médicos, João Caetano, Tõezinho, Zé Lucas, Jeová, que tinha uma barbearia em frente ao Hotel Braga, onde trabalhava o Wantuil. Netinho, onde hoje é a Miramóveis, onde trabalhavam o Geraldo Lasqueta e o Geraldo Belote. Na barbearia do Gérson trabalhavam o Ely, Edil, Rui, Adail Carangola e o Eloy. Em frente à igreja o Oziel e na Rua Padilha o José Maria, que morreu de desastre. Um barbeiro que não recordo o nome, disse certa vez que tinha visto um disco voador. Começaram a dizer que ele era doido. No dia seguinte desapareceu e nunca mais soubemos notícias. 

Alfeu Abrantes possuía um canário belga e quando o canário começava a cantar ele parava de fazer a barba do freguês, tocava violão e cantava. Na Rua Deodato Linhares, um outro que se chamava Severo (este nome era por ser muito severo com tudo). O freguês sentava na cadeira e ele não dava conversa, pegava a cabeça do freguês com força e virava para um lado e para o outro. Perto da sua barbearia o Murilo Rocha possuía uma estrebaria, onde é hoje a marcenaria do Amim Amim. Como era perto, o Murilo ia a sua barbearia e deixava o seu chapéu Ramenzoni de cor marrom, era todo peludo, dizia que era para marcar o lugar. O Severo foi fazendo a barba do freguês e não respeitou as exigências do Murilo. Chega o Murilo e diz: “estando aí o meu chapéu, é como se eu estivesse”. Passam-se os dias e volta o Murilo marcando o seu lugar novamente com o chapéu, e saiu. Ao voltar, constatou que o Severo pôs o seu chapéu peludo na cadeira, meteu a navalha e pelou todo ele. Diz o Severo: “Você não estava, fiz a barba do chapéu”.


DIFERENÇA ENTRE ÁRABES E MUÇULMANOS


A diferença entre árabes e muçulmanos acontece porque um termo se refere a um tronco etnolinguístico, ao passo que o outro faz referência a uma religião.

Muitas pessoas, ao ouvirem as expressões “árabe”, “muçulmano” ou “islâmico”, pensam que se trata de uma mesma coisa. Isso faz parte de um problema que atinge não apenas os povos ligados a esses termos, mas também várias culturas, o que está ligado ao hábito que grande parte das pessoas tem de construir preconceitos a partir daquilo que pouco conhecem.

Qual é a diferença entre árabes e muçulmanos?

A diferença entre árabes e muçulmanos está no fato de um termo referir-se a uma composição étnica e o outro ser o nome dado aos praticantes de uma religião. Embora uma mesma pessoa possa ser árabe e muçulmana ao mesmo tempo, é importante verificar que os dois termos são totalmente distintos entre si.

O árabe é um idioma e também uma composição étnica que possui, em torno de si, uma grande variedade de troncos etnolinguísticos interligados. Já muçulmano é o nome dado a quem pratica o Islamismo, a religião fundamentada nos princípios estabelecidos pelo profeta Maomé. Existem povos, portanto, que são árabes e não são muçulmanos e existem muitos muçulmanos que não são árabes.

Estima-se que existam, no norte da África e no Oriente Médio, cerca de 15 milhões de árabes cristãos, embora esse número venha diminuindo pela constante batalha religiosa entre os povos e também pelas emigrações que os cristãos muitas vezes fazem dessas regiões.

Por outro lado, é interessante observar que, embora a maioria dos árabes seja muçulmana, o maior país islâmico existente, em número de adeptos, não é árabe. A Índia, que ultrapassou a China e se tornou o país mais populoso do mundo, consegue ter uma quantidade de muçulmanos equivalente a cerca de 16% de sua população, que é majoritariamente hindu. 


sexta-feira, 25 de maio de 2018

25 DE MAIO: DIA NACIONAL DO RESPEITO AO CONTRIBUINTE


Parece até brincadeira, mas é verdade e foi instituído pela lei federal no 12.325, de 15 de setembro de 2010, o projeto foi criado pela Confederação Nacional dos Jovens Empresários (Conaje) com o intuito de promover o debate sustentável do sistema tributário brasileiro, informando a população da alta tributação a que são expostos todos os dias.

Segundo o texto da lei ordinária, desde a sua aprovação, o dia 25 de maio passa a ser o Dia Nacional do Respeito ao Contribuinte. Uma data de conscientização cívica a ser celebrada anualmente, com a finalidade de mobilizar a sociedade e os poderes públicos para a conscientização e a reflexão sobre a importância do respeito ao contribuinte. Estudos revelam que até as proximidades desta data o brasileiro trabalha apenas para arcar com as suas obrigações perante o fisco.

Será?

quarta-feira, 23 de maio de 2018

O APITO - POR JOSÉ ERASMO TOSTES

Fábrica de Tecidos São Martino
Nesta noite fui acordado com o apito do guarda noturno. Ao ouvir aquele apito, veio-me à lembrança que, quando jovem, ouvia todas as manhãs o apito da Fábrica de Tecidos São Martino, chamando os seus operários para o trabalho. Daí a pouco, ouvia o matraquear dos tamancos passando debaixo de minha janela para começarem a lide nos teares.

A Estação da Leopoldina ficava em frente à fábrica de tecidos e o apito do trem anunciava a chegada e a partida das pessoas. Alguns que partiam, talvez não mais voltassem. Os viajantes que chegavam vestidos em seus guarda-pós e com várias malas de mostruários de suas mercadorias, depois se ajuntavam no Hotel Assis ou no Braga, afamado em toda a região pelo seu tratamento de primeira qualidade. Mais tarde, após o jantar, sentavam-se nas cadeiras de vime em frente ao hotel para apreciarem as moças e rapazes que desfilavam do Bar do Sr. Osvaldo até o hotel. E, naqueles pensamentos, vi a figura do Farid, um libanês que mantinha o seu boteco aberto a noite toda, servindo sopa e sanduíche de carne de porco. Ficava o pernil pendurado em cima o fogão de lenha; do Cacheado, sempre cochilando no Bar do Pinheiro; da época das eleições, em que ouvíamos embevecido o Adumont Monteiro com seus discursos e comparações - era um verdadeiro cavalheiro da eloquência; do Cinema Sete com seus faroestes - ficávamos sentados sempre na parte de cima, que era apelidado de poleiro; do Chico Violeiro, sempre de roupa preta, gravata e colete, fumando charuto ou cigarro com piteira; do gerente de banco, João Rosa Damasceno, na sua pose impecável, com os cabelos lisos e partidos, com terno de linho engomado; do futebol no seu apogeu, onde víamos o Neném Fachada sentar na bola, o Paulo Sodré fazer gol com a bunda, o Jair Polaca, dono do time e da ponta direita; da Praça Ary Parreiras, onde se armavam circos, dançava-se caxambu e jogavam-se peladas - mais tarde construíram a Prefeitura no local.

Ouvi mais uma vez o apito do guarda noturno, e dessa vez lembrei-me da Usina Santa Rosa, com a chaminé soltando fumaça, fabricando açúcar cristal, os caminhões da época, Ford 46, Studback, Internacional e Chevrolet, na fila da descarga da cana, o cantar dos carros de bois e dos carroções que chegavam antes do amanhecer.

E nesse quase despertar, viu o rosto da namorada, com os cabelos pretos e lisos partidos ao meio, com duas tranças a pender pelos ombros, dois brincos de argola adornando as orelhas, com a saia azul e blusa branca de uma colegial.

E, no despertar, vejo o mesmo rosto, não com o mesmo viço, os cabelos já não têm mais as tranças, já brancos, marcados pelo tempo, pois já se passaram 42 anos, e já é avó.

-Vamos levantar, já são seis horas.
Levanto, e começa tudo outra vez.

terça-feira, 22 de maio de 2018

NUNES: O ARTILHEIRO DAS GRANDES DECISÕES


Nascido em Cedro de São João, SE, em 20 de maio de 1954, João Batista NUNES de Oliveira jogou nas categorias de base do Flamengo desde os 14 anos e foi dispensado com 19 anos, recebendo um atestado liberatório. Voltou posteriormente para deixar o seu nome na história do clube, marcando gols decisivos nos títulos brasileiros de 1980 e 1982, e na conquista do mundial interclubes de 1981. Tornou-se um ídolo da nação rubro-negra.

Não possuía o requinte de um craque com a bola nos pés, tratava a pelota sem reverência. No entanto, tinha um faro de gol apurado, sangue frio no momento de decidir e uma raça incomum pelos clubes que defendeu, e que não foram poucos. Ele estava sempre no lugar certo, na hora certa. Não por acaso, ficou conhecido como o “artilheiro das grandes decisões."

Começou profissionalmente no Confiança, de Sergipe, e foi um dos destaques no ótimo time do Santa Cruz na segunda metade dos anos 70. No time Cobra Coral foram 152 jogos e 86 gols (campeão pernambucano de 1976 e 1978). Posteriormente jogou por Fluminense - 58 jogos e 40 gols, Monterrey/México, Flamengo – com idas e vindas, 214 jogos e 99 gols (campeão brasileiro 1980/82 e 87, campeão carioca em 1983 e 1986, da Taça Libertadores e do Mundial Interclubes em 1981, Botafogo - 7 jogos e 3 gols, Náutico - 17 jogos e 8 gols (campeão pernambucano em 1985), Santos, Atlético - 58 jogos e 39 gols (campeão mineiro em 1986), Boavista/Portugal, Volta Redonda - 8 jogos e 1 gol, Tiburones/El Salvador e Flamengo de Varginha (MG).  

João Danado não havia ainda chegado ao Flamengo e nem se destacado no eixo Rio-São Paulo quando foi lembrado pela primeira vez para a Seleção. Isso aconteceu em 1978, às vésperas da Copa do Mundo da Argentina, quando o atacante defendia o Santa Cruz. Nunes jogou alguns amistosos preparativos, marcou gols, foi incluído na lista dos 40 convocados do técnico Cláudio Coutinho, mas acabou de fora do Mundial da Argentina, pois se contundiu seriamente durante o período de treinamento. Pela Seleção disputou 13 jogos e marcou 8 gols, sendo 6 oficiais e 3 gols.   


sábado, 19 de maio de 2018

E O POVO CONTINUA PAGANDO A CONTA...


A verdade nua e crua é que o nosso país não tinha a mínima condição de sediar os Jogos Pan-Americanos de 2007, imagine uma Copa do Mundo e, muito menos, uma edição dos Jogos Olímpicos. Sobre esses gastos exorbitantes, não temos noção de até quando pagaremos a conta, e nunca saberemos o valor real. 

Sobre a Copa do Mundo, sediar um evento desse porte, assim como as Olimpíadas, foi mais uma das loucuras e com apoio irrestrito da classe política, principalmente do governo Lula, que certamente “trabalhou” muito bem nos bastidores pensando nas altas comissões em cima de tantas obras faraônicas em um país de 3º mundo. Os nossos problemas internos são antigos e graves – vêm de longa data –, e não podemos esquecer e deixar de lado as questões em que se encontram a saúde, a educação e a segurança pública. A falta de recursos para essas três áreas específicas, é um crime contra a humanidade.

Em um país onde os políticos enchiam o peito e só falavam em "crescimento da economia", e outros afirmavam que a crise econômica que atingiu a Europa e os Estados Unidos aqui não chegaria, ela chegou! Tivemos o dissabor de enfrentá-la junto com o rombo da Petrobrás e uma crise política e institucional que envergonha o país de norte a sul, somados com muitos outros desvios de dinheiro público que chegam a valores inimagináveis.  

O estado do Rio, que recebeu os maiores valores de investimentos, passa a maior crise de sua história. O ex-governador Sérgio Cabral, atualmente "hóspede de luxo” de uma cadeia pública, foi outro que nadou em um mar de “joias” com a farra de distribuição de propinas ao longo do seu governo.

Como é difícil e triste conviver com algumas situações de abandono e que são primordiais para o ser humano. Não temos dinheiro público para acabar com os mais de 40% da população que não tem acesso ao saneamento básico, mas o dinheiro apareceu para gastar na construção de estádios e "reformas" de outros para atender todas as exigências da dona FIFA. Sem contar a imposição de isenção de impostos para a entidade durante a realização da Copa. Os fatos apurados contra a FIFA após a realização do mundial todos nós já sabemos.

O legado que ficou do Pan realizado no Rio de Janeiro é um exemplo de como o dinheiro público foi mal aplicado. Instalações abandonadas em que a maioria – pode-se dizer que mais de 90% - não foi utilizada para os Jogos Olímpicos. Alguém foi responsabilizado por tal absurdo? Ninguém. O presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, chegou a ser preso em 2017, mas dias depois foi libertado com a proibição de deixar o país. Como consequência desse imbróglio, ele também foi afastado da presidência do COB. Quase todos aqueles que participaram da organização do Pan fizeram parte da comissão organizadora das Olimpíadas. Resumindo: uma verdadeira MÁFIA! 

Reformaram o Maracanã para o Pan e praticamente construiu um novo estádio pra Copa do Mundo. Para completar o serviço, mais algumas reformas e adaptações foram feitas para as Olimpíadas. E o Comitê Olímpico, responsável pelo Maracanã durante os jogos, devolveu o mesmo em estado lastimável de conservação.

O Engenhão, então, nem se fala. Parece que foi um estádio construído para a Copa de 50, tamanha a quantidade de reformas contundentes em sua estrutura. A Cidade Olímpica, que foi projetada pensando em um “legado” pós-jogos, já é uma certeza quanto ao seu futuro: abandonada. 

Sobre o “legado” da mobilidade urbana, diversas obras inacabadas e outras que ainda nem começaram. É verdade amigos, em alguns estados que sediaram jogos pra Copa de 2014, as promessas ainda não saíram do papel. Será que as verbas, antecipadamente, saíram dos cofres públicos? Enquanto isso... O cidadão continua na sua luta diária de sobrevivência.

Coitado do “pacato cidadão brasileiro” que paga seus impostos em tudo que se compra e não tem nenhum retorno em seu beneficio! Para andar de carro em estrada decente – tem que pagar o pedágio; para ter acesso a um atendimento médico – tem que ter plano de saúde; se quiser uma boa educação para o seu filho – tem que pagar colégio particular.

Em Brasília, somente na capital federal, pois nas cidades satélites as condições de vida são desumanas e precárias, parece que estamos em um país de primeiro mundo. A realidade da Capital Federal é suíça. 

sexta-feira, 18 de maio de 2018

LUÍS ANTÔNIO PIMENTEL: UM MIRACEMENSE DE NASCIMENTO QUE ADOTOU NITERÓI NO CORAÇÃO



Aqui ele nasceu em 29 de março de 1912, e ainda criança mudou-se para Niterói. Na escola, aprendeu o ofício de entalhador e marceneiro, desenvolvendo uma placa comemorativa feita na infância que hoje adorna a escadaria da Biblioteca Pública de Niterói. Sobrinho do literato Figueiredo Pimentel, de quem sempre reconheceu a influência da obra sobre os primeiros trabalhos literários, o professor começou a trabalhar como jornalista em 1935. Sempre se mostrou engajado nas causas a favor da história da cidade de Niterói, colaborando decididamente para a consolidação das instituições culturais locais.

Referência para muitas gerações nas áreas em que atuou, Luís Antônio Pimentel foi ao longo de sua vida um ativo militante de sua profissão, de suas bandeiras e principalmente da cultura. Jornalista dedicado, fotógrafo, pesquisador e poeta, além de ser um dos precursores do haicai no Brasil, foi membro da Academia Fluminense de Letras – AFL, da Academia Niteroiense de Letras - ANL e presidente de honra no Grupo Mônaco de Cultura, além de um dos fundadores da Sociedade Fluminense de Fotografia.

Num plantão de carnaval na Gazeta de Notícias, viu o anúncio de uma bolsa de estudo no Japão. Foi para lá em 1937, único brasileiro em um bairro só de japoneses. Esteve fora entre 1937 e 1942. Na volta, trouxe seu livro “Namida no Kito”, de 1940, o primeiro de um poeta de língua portuguesa traduzido e publicado em japonês. Trouxe também a paixão pelo haicai, pequenos poemas típicos do país. No Brasil, o jornalista tornou-se um dos precursores desse estilo, ao lado de Olga Savary e Helena Kolody.

Formou-se em 1952, na terceira turma do curso de Jornalismo no Brasil. Seu patrono na formatura é o mesmo da cadeira que ocupou na Academia Niteroiense de Letras, desde 1973, José do Patrocínio. Foi um dos jornalistas mais antigos a exercer a atividade, como colunista da área de cultura fluminense do jornal A Tribuna desde a década de 1950. Ao longo de sua vida, o escritor teve sua obra poética traduzida também para o inglês, o alemão, o francês, o espanhol e o sueco.

O professor, folclorista, pesquisador, historiador, fotógrafo, haicaísta, jornalista, poeta e, principalmente, apaixonado por Niterói, escreveu aproximadamente 15 livros, entre eles estão: “Contos do velho nippon”, de 1940, “Tankas e haicais”, de 1953, “14 Igrejas que contam a história de Niterói”, de 1986, “Topônimos Tupis de Niterói”, um glossário de verbetes em tupi, de 1980, “Cem haicais eróticos e um soneto de amor nipônico”, de 2004, e “Haicais Onomásticos”, de 2007.

Memorialista e biógrafo, sendo carinhosamente chamado de "homem-enciclopédia", Pimentel foi homenageado em seu centenário pela Secretaria Municipal de Cultura e pela Fundação de Arte de Niterói, por meio da editora Niterói Livros, com a reedição, em um volume, de dois de seus mais importantes livros: "Eles Nasceram em Niterói" e "Topônimos Tupis de Niterói", obras básicas para se conhecer a história da cidade. 

Aos 103 anos, depois de um quadro de pneumonia, veio a falecer em 6 de maio de 2015, em Niterói, cidade que o acolheu como filho e por quem nunca escondeu sua grande paixão. O Brasil ficou órfão de um dos seus maiores intelectuais e uma figura ímpar da cultura nacional.


Ainda em 2015, poucos meses após sua morte, mais precisamente em 22 de novembro, ele foi homenageado com a implantação de um busto de bronze na Praça Getúlio Vargas, em Icaraí.

Fonte/Pesquisa: Cultura Niterói e Mapa de Cultura RJ. Fotos extraídas da internet. 

terça-feira, 15 de maio de 2018

SERÁ QUE AINDA TEM JEITO?


No dia 31 de maio de 2009 a Fifa escolheu as doze sedes para a Copa do Mundo de 2014. A manchete do jornal dizia o seguinte: "2014 É AGORA".

Cinco anos exatos seria suficiente para arrumar a casa? Claro que sim! Dois anos antes, em 2007, já havia sido escolhido o Brasil como sede.

Tive o cuidado de guardar a referida edição do jornal Extra na certeza de que os problemas de corrupção que presenciamos já eram previsíveis. Isso prova a nossa incompetência e descaso com o dinheiro público, e nos dá a certeza que não tínhamos condições de realizar o torneio, por mais que o brasileiro ame o futebol, pois antes de tudo, deveríamos pensar na real situação da maioria da população que necessita de serviços primordiais no seu dia a dia, serviços esses para sua subsistência, principalmente na área de saúde, segurança e transporte público.

Todos os envolvidos nesse imbróglio vislumbraram somente as vultosas propinas das obras. E o legado? Isso mais parece um palavrão quando sai da “boca” de um político.

A realidade na mente dos políticos é que vivemos em um país "sem" problemas: nos hospitais públicos sobram vagas; os corredores dos mesmos vazios; medicamentos que nunca faltam; sobrando dinheiro para educação; índice de criminalidade zero; transporte público eficiente, população protegida de toda e qualquer violência; juros baixos; economia controlada; dívida pública zerada; e por aí vai...  

Sobre a corrupção escrachada no meio político: É TUDO MENTIRA!  

Quanta utopia, não é amigos?

NOSSOS HOTÉIS - POR JOSÉ ERASMO TOSTES

HOTEL BRAGA

Miracema hoje prima por estar bem servida de um hotel à altura de receber os seus visitantes ilustres, assim como os viajantes que por aqui pernoitam. Trata-se do Hotel Varandas, novo e moderno, agora sob nova direção, proporcionando aos seus hóspedes uma boa acomodação.
 
HOTEL VARANDAS 
O Hotel Bela Vista, recentemente inaugurado, funciona na Avenida Antônio Mendes Linhares, onde, na parte de baixo, de propriedade de um libanês, serve-se comida árabe de primeira qualidade.

Na Rua Direita, fica situado o Palace Hotel, que foi construído por Romero Braga, no mesmo local onde funcionava a antiga Agência Ford, prestando bons serviços; na parte de baixo, um estacionamento rotativo. Mas Romero, por sua morte prematura, não teve tempo de usufruir dos seus serviços.

O Hotel Braga foi construído em 1918, com 14 janelas de frente para a rua e 12 colunas romanas, pelo italiano Salvador Ciufo, que também construiu o prédio da antiga Força e Luz em 1915, e o da Sociedade Musical Sete de Setembro, juntamente com o primeiro cinema da cidade, além de muitas casas na proximidade da Estação da Leopoldina. Além disso, Ciufo fornecia água a todas as suas casas, vinda do Vale do Cedro, onde existia máquina de arroz, de café e fábrica de aguardente. O hotel sempre manteve uma clientela muito grande nos seus áureos tempos, por prestar serviços de primeira qualidade. Seu refeitório servia como sala de convenções para receber visitantes ilustres, como um, por nome Peixoto, indo se banhar, não encontrando o sabonete, enrolou-se numa toalha, e, chegando ao topo da escada para pedir um, escorregou, indo parar nu dentro do salão de convenções, onde haviam muitos convidados. Peixoto nunca mais voltou à Miracema. Hoje, a parte de baixo foi dividida em dez lojas para comércio. Um dos primeiros a gerenciar o hotel foi João Shimit Barbosa, depois foi Antônio Rego e mais tarde foi explorado por Dona Eliza, uma portuguesa que tinha como auxiliares o Sr. Antoninho, um negro que tinha uma perna dura, o Sr. Edson e o Maleiro Tomás.

O Hotel Assis ficava quase de frente à Estação da Leopoldina, onde hoje, em seu lugar, fica um supermercado. Também teve seus dias de glória. Teve como proprietário o Sr. Aristeu Barros, que mais tarde transferiu para Dona Ermínia, esposa do Berto Barros. Na época de muito movimento, Dona Ermínia sempre improvisava um quarto nos fundos, que era dividido ao meio por um tapume de madeira. Certa madrugada, um rapaz que ia viajar ao amanhecer, e que estava lá hospedado, ouviu do outro lado uma voz que dizia: “abre bem que vou enfiar; abre mais um pouco que vou colocar tudo dentro. Agora está bom, vou trepar em cima, vamos trepar os dois.” O rapaz, ouvindo aquilo, começou a ficar curioso. Trepou numa cadeira para olhar, para ver o que estava acontecendo, e viu um casal de velhinhos pelejando para fechar uma mala de couro para viajar.

Nota: imagens retiradas da internet. 

domingo, 13 de maio de 2018

BOM DIA ESPECIAL PARA TODAS AS MAMÃES, NO DIA DAS MÃES!


Mamães, minha irmã; minhas tias; minhas primas; minhas irmãs de coração; minha sogra; minhas amigas; e as mamães que estão comigo diariamente no face e aqui no blog.

Mãe é força que tudo aguenta e que tudo suporta por amor. É sublime conforto onde se aninham desesperos, desgostos, corações quebrados ou apenas desencontrados.

Mãe é pilar seguro, colo de amor incondicional, sorriso e palavra que acalmam e orientam. Para todas as mães, que na Terra representam o maravilhoso milagre da criação; que geram com o seu ventre e amam com o coração; um bom dia na data que por excelência as celebra: o Dia das Mães!

sexta-feira, 11 de maio de 2018

VIDA E OBRA DO MIRACEMENSE DIRCEU CARDOSO



Texto de 2001 de autoria de Rogério Medeiros.
Sugerido por Dr. Maurício Monteiro.

Dirceu Cardoso nasceu em Miracema em 4 de janeiro de 1913, filho do jornalista e político Melchíades Cardoso e Adalgisa Cardoso Leite. Melchíades foi Prefeito de Miracema por dois mandatos. Período em que Miracema e Pádua eram iluminadas pelos famosos lampiões belgas. Formou-se em direito pela Universidade Federal Fluminense, especializando-se em direito criminal. Retornando a Miracema lecionava no Colégio Miracemense. Nesta época, no internato do Colégio de Pádua havia uma grande quantidade de alunos oriundos da cidade de Muqui (ES), grande produtora de café. O Professor Lavaquial Biosca recebeu na ocasião um pedido da cidade capixaba para indicar um professor que iria dirigir o recém-criado Ginásio em Muqui. Lavaquial, conhecendo a capacidade do jovem advogado e professor Dirceu Cardoso, lhe fez o convite, prontamente atendido. Foi o seu primeiro desafio. Em pouco tempo transformou o Colégio de Muqui na maior e melhor escola do Sul do Espírito Santo. Líder inconteste e iniciando a sua extraordinária carreira política, foi eleito prefeito de Muqui, Deputado Estadual por duas vezes, Deputado Federal por mais dois mandatos e Senador da República. Foi ele quem leu na tribuna do Senado a carta de renúncia do presidente Jânio Quadros. No Espírito Santo foi ainda Secretário de Educação e Secretário de Segurança Pública. Faleceu aos 90 anos de idade, em 6 de maio de 2003, na cidade do Rio de Janeiro, mas foi enterrado em Muqui, onde iniciara sua carreira política.

Como os grandes felinos da Mata Atlântica, que chegam às margens dos rios e das lagoas na velhice à espera da morte, a figura mais lendária da política capixaba refugiou-se numa pequena cidade ao sul de Vitória com o mesmo propósito: “Estou esperando a morte aqui como compensação pela vida. Mas ela está demorando, já deveria ter chegado. O corpo fraqueja, a dor chega. Além do mais, eu quero ir dormir com a minha querida companheira, enterrada no cemitério daqui.”

Quem almeja a morte com tanta ansiedade é a própria figura da decência e da honestidade do político capixaba: o ex-deputado e ex-senador Dirceu Cardoso. Aos 88 anos de idade, ele voltou para Muqui, onde iniciou a sua vida pública, com este propósito, mas relativamente esquecido na memória do Estado e até na própria localidade que escolheu para homenagear com o seu cadáver.

Mas é difícil acreditar que o corpanzil que ele ainda ostenta hoje esteja já na hora de ir para o cemitério. O seu corpo com os devidos descontos do tempo é quase o mesmo que botou muita gente para correr nos seus cinquenta e tantos anos de vida pública. Bravo como uma onça, não foi, aliás, sem sentido que o repórter usou a imagem dos felinos para compará-lo. Dr. Dirceu, como sempre foi chamado na intimidade, resolveu muitos casos no muque.

Sua trajetória política é povoada de cenas de valentia. Quando líder do governo na Assembleia Legislativa, nos anos 50, ele acabou com a obstrução da oposição, feita por tenazes deputados, entre eles um célebre orador, Eurico Rezende, pegando o projeto das mãos dos adversários, rasgando-o como um brutamonte, pois era volumoso, lançando-o pela janela do plenário, numa época em que as janelas eram abertas, pois não havia ainda ar-refrigerado na Assembleia.

O forte do Dr. Dirceu sempre foi a honestidade e o seu zelo por ela. Construiu uma história neste ramo. Se em favor dela fosse necessário acabar com alguém, ele não pestanejava, fez inimigos às pencas. Seu lema era: “Para pôr fim a um corrupto, era necessário acabar com ele”. De temas como este, ele construiu sua vida pública, mas dando belos exemplos de honestidade. Tanto que vive hoje da renda de uma pequena propriedade agrícola, que lhe oferece, nos seus melhores anos, uma minguada safra de 200 sacos de café, que complementas sua aposentadoria.

Mora numa antiga casa no centro de Muqui (ES), herança da sua esposa, na companhia de um cozinheiro e um acompanhante, que o vigia como um cão de guarda. Dr. Dirceu é pai de quatro filhas, mas todas elas moram fora do Estado. Raramente o visitam. A que aparece é Liana, professora universitária, residente no Rio de Janeiro. Quando ela chega, ele vive doces momentos de carinho: Paizinho pra cá, Paizinho pra lá; A velha carranca se desmancha diante das manifestações de afeto da filha.

Mas a maior parte do tempo ele está sozinho, agarrado a uma leitura no porão da casa, onde conta com uma velha biblioteca e uma centenária cadeira, que faz parte do rol das suas preferências na casa. Mas todos os dias pela manhã, com uma pontualidade britânica, sai de casa para ir a agencia do Banco do Brasil conferir sua conta. Veste-se com o mesmo apuro de quando se dirigia ao Congresso Nacional. Coloca um velho terno de linho. Única mudança no traje está no chapéu que foi obrigado a usar para proteger sua vista deficiente.

À tardinha ele dá uma volta inteira no quarteirão da sua casa. Aos domingos, ele veste com o melhor traje, munido de um buquê de flores, visita o túmulo da sua mulher. A visita ao cemitério ocorre invariavelmente muito cedo. Costuma sair de casa as 5h 30 da manhã. No mês passado, protagonizou, por causa desta sua pontualidade, uma cena de alto risco: não tendo achado a chave do cadeado do portão, resolveu pular o muro. A sorte é que os vizinhos viram e o socorreram.

Mas há quem diga em Muqui, com alguma ironia política, é claro, que o Dr. Dirceu vai de madrugada ao cemitério para não ver a sepultura de seu principal inimigo político, que, por obra do destino, foi enterrado próximo à sepultura da sua mulher. A mágoa com o defunto vizinho é realmente grande, pois, como prefeito da cidade, ele mandou derrubar os pavilhões que formavam o conjunto do colégio do Dr. Dirceu. Foi inclusive, em seu tempo, anos 40/50, o maior educandário do sul do Espírito Santo. O colégio chegou a ter 430 alunos internos.

Arrependimento: ter trocado a vida de professor pela de político. Feitos que notabilizaram sua carreira política, lembrados na hora da entrevista pelo repórter, não foram, sequer, capazes de livrá-lo da angústia da renúncia do educador. E olha que na política ele contabiliza feitos memoráveis. Em certo momento, parou o Senado sozinho, impedindo que fossem votados inúmeros empréstimos externos. Foi uma luta titânica, ainda por cima temerária, pois foi feita em pleno regime militar. Dr. Dirceu foi senador de oposição pelo MDB.

Ao lembrar essa sua vitoriosa luta no Senado, o repórter mexeu com a sua memória e ele foi buscar outras imagens guardadas de sua trajetória política. Entre elas a de ter conseguido com o presidente Juscelino Kubitschek criar a Universidade Federal do Espírito Santo. Foi o último ato que o presidente assinou: “briguei até o fim para conseguir que o Espírito Santo também tivesse a sua universidade pública.”


Ele também foi um grande orador. É célebre seu discurso, no salão nobre da Assembleia Legislativa, na cerimônia de despedida de um colega deputado morto. Diante de uma plateia silenciosa e de uma família entristecida, ele finalizou sua fala dizendo: “e a política é assim, minha senhora (dirigindo-se à viúva), quando devolve o político à família, é dentro de um caixão. Leve-o que é seu.”

Mas hoje ele acha que a política não é bem assim. Já há muita gente tirando proveito dela. A honestidade que marcou a sua conduta não é mais tão primordial para os políticos de hoje. Provavelmente o barro que fez Dirceu Cardoso não é encontrado mais, escreveria, com certeza, um bom biógrafo. A grandeza do Dr. Dirceu está em transcender o papel do político honesto. Ele foi, sobretudo, um político que se lançou numa luta sem trégua pela moralidade pública, como o festejou, em recente encontro (aliás, um dos raros políticos que ainda o visita), o ex-deputado Roberto Valadão.

A trajetória política do Dr. Dirceu fez com que se acumulassem muitos ódios contra ele. O episódio do colégio é um, assim como terem matado de inanição financeira o seu jornalzinho, que, por quase 30 anos, editou, com o nome de "Município", numa modestíssima gráfica. Era um semanário com o qual incomodou gregos e troianos. Hoje os restos da antiga gráfica enferrujam no fundo do seu terreno, corno uma lembrança cruel do seu combativo período de jornalista. 

O episódio do Colégio, bem como o do seu jornal, são duas lembranças terríveis. Ele fala deles com o sentimento da mágoa. Não mais como um leão rugindo, como foi a sua marca na carreira política. Seu único desejo, além da morte, é voltar ao Senado para repovoar a mente dos lances que viveu lá. Mas cadê dinheiro para a passagem? O político que tinha tudo à disposição nunca fez uso das facilidades e muito menos acumulou para o fim de vida. É pobre. 

Mas um pobre que vive em solidão com os seus pensamentos, sem ter praticamente com quem conversar. Daria até para parafrasear, apesar da angustiante comparação, um dos primeiros contos de Gabriel Garcia Marquez: Ninguém Escreve ao Coronel. Não é sem razão que ele vive a rogar a chegada logo da morte, mas observando alguns desejos seus. Por exemplo, não quer banda de música nos seus funerais, mas sim uma Folia de Reis (belo folclore da região) acompanhando o caixão. 

Sua expectativa ainda para esta hora é que possa se comportar como um legitimo cavalo árabe: que não baixa a cabeça e vai olhando para o céu.

Abaixo descrevo alguns tópicos de sua Biografia encontrada no site da Câmara Municipal de Muqui:

* Foram seus irmãos Nadeje, Danilo, Liége, Evelyn, Brissac e Expedito. Gostava de jogar bola e banhar-se no Ribeirão Santo Antônio e vendia goiabada pelas ruas para ajudar seus pais. Cursou o primário no Ginásio Estadual Dr. Ferreira da Luz, o secundário no Ginásio de Miracema.
* Formou-se aos 16 anos e manifestou desejo de estudar Direito. Foi para Niterói onde cursou os 4 anos de Universidade e aos 20 anos formou-se advogado. Sem dinheiro não pôde comprar o terno para a formatura, o que não lhe permitiu participar das solenidades. Voltando a Miracema, lecionou História Natural e Biologia no Ginásio de Miracema nos idos de 1933.
* Ao iniciar-se a Campanha Separatista (para separar Miracema de Pádua) já aos 20 anos tornou-se uns dos principais oradores dos comícios em cada esquina e com outros oradores formou um grupo chamado "Os Quatro Diabos", sendo um deles seu pai, um proeminente jornalista, entre outras atividades. Em 1934, o Interventor do Estado do Rio cedeu ao movimento e deu a Dirceu a incumbência de entregar uma carta ao Almirante Ary Parreiras onde concordava com a separação de Miracema da cidade de Pádua.
* Foi considerado pela Imprensa como o Senador mais atuante em 1980 e eleito O Senador do Ano em 1981 especialmente pela sua "luta de um homem só" contra a inflação, a corrupção, as mordomias e o desperdício de dinheiro público, sendo verdadeiro paladino da instituição parlamentar. Reeleger o grande senador capixaba foi um ato de justiça do povo do Espírito Santo.
* A idade já pesava e não concorreu a Governador do Estado do Espírito Santo. Foi convidado por Tancredo Neves para ser subchefe da Casa Civil, afirmando que não cederia Dr. Dirceu ao Estado. Depois de cumprir seu mandato de Senador, foi Secretário de Segurança Pública e Presidente do Porto de Vitória de 1985 a 1990. Voltou a Muqui, sua terra adotiva, neste meio século de vida política, raramente usava um carro oficial, não empregava familiares ou amigos e terminou seus dias em Muqui praticamente sozinho com uma modesta aposentadoria.
* A Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo em Vitória deu seu nome ao plenário, hoje Plenário Dirceu Cardoso, assim como Miracema, sua cidade natal, em 2005, ao prédio da Câmara Municipal, cujos móveis maciços, no local até os dias de hoje, foram entalhados por seu pai, Melchíades, além de jornalista e escritor, um excelente carpinteiro.

Obrigado, Dr. Dirceu Cardoso! Muqui se sente honrada por tê-lo recebido. 





BOB MARLEY: O REI DO REGGAE


Foi um cantor, guitarrista e compositor jamaicano, o mais conhecido músico de reggae de todos os tempos, famoso por popularizar o gênero. Marley já vendeu mais de 75 milhões de discos. A maior parte do seu trabalho lidava com os problemas dos pobres e oprimidos. Levou, através de sua música, o movimento rastafári e suas ideias de paz, irmandade, igualdade social, preservação ambiental, libertação, resistência, liberdade e amor universal ao mundo. A música de Marley foi fortemente influenciada pelas questões sociais e políticas de sua terra natal, fazendo com que o considerassem a voz do povo negro, pobre e oprimido da Jamaica.

Nascido em 6 de fevereiro de 1945, o cantor foi acometido por um câncer que logo espalhou-se para o cérebro, o pulmão e o estômago. Ele lutou contra a doença durante oito meses buscando tratamento na clínica do Dr. Joseph Issels, na Alemanha, no final de 1980 e início de 1981. Durante algum tempo, o estado de Marley parecia ter se estabilizado com o tratamento naturalista do doutor alemão.

Em maio de 1981, quando o Dr. Joseph Issels anuncia que nada mais poderia ser feito, Bob Marley já abatido pela doença, resolveu retornar para sua casa na Jamaica para passar seus últimos dias junto à família e amigos. Ele não conseguiu completar a viagem, tendo que ser internado em um hospital de Miami. A sua mãe segurava a sua mão aos prantos enquanto Bob a consolava pedindo que secasse as lágrimas dizendo: "Mãezinha não chores. Vou à frente para preparar um lugar.”

Faleceu pouco antes do meio-dia de 11 de maio de 1981, aos 36 anos, menos de 40 horas depois de deixar a Alemanha.

terça-feira, 8 de maio de 2018

PINGA: UM ARTILHEIRO NATO


José Lázaro Robles nasceu no bairro da Mooca, na capital paulista, em 11 de fevereiro de 1924.  Ponta de lança hábil, com ótima visão de jogo e muito eficiente nas finalizações, qualidades que fizeram dele o maior artilheiro da história da Portuguesa de Desportos – 190 gols em 236 jogos, e o quarto maior do Vasco da Gama – 252 gols em 466 jogos, atrás apenas de Roberto, Romário e Ademir Menezes.  

A carreira começou na década de 40, no Juventus, como um ponta de lança que tinha no pé esquerdo um chute forte e praticamente indefensável, que o transformou em artilheiro por onde passou. Em 1944, Pinga se transferiu para a Portuguesa, equipe que defendeu durante oito anos, período no qual seu futebol seguiu uma trajetória ascendente. A Lusa tinha um time que era respeitado e contava no elenco, ente outras feras, com Djalma Santos, Brandãozinho e o ponta Julinho Botelho, todos eles, ao lado de Pinga, com passagens pela Seleção Brasileira. Em 1952, na última temporada do atacante na Portuguesa, sagrou-se campeão do Torneio Rio-São Paulo.

Em 1953, na maior transação do futebol brasileiro à época, foi para o Vasco e os dirigentes não se arrependeram do negócio. Em São Januário, onde permaneceu até 1962, passou a atuar mais avançado, pelo lado esquerdo, mas os gols continuavam a sair da mesma forma.  Uma de suas melhores temporadas foi a de 1958, quando o clube conquistou o “supercampeonato carioca”, em um triangular junto com Flamengo e Botafogo. Conquistou também o título do carioca de 1956. Pinga deixou o seu nome na história dos dois tradicionais clubes de origem portuguesa. Em 1962, retornou às origens para encerrar a carreira no Juventus, da sua Mooca do coração.

Fez parte da Seleção Brasileira que conquistou seu primeiro título no exterior: o Pan-Americano do Chile, em 1952, sob o comando técnico de Zezé Moreira. Participou da Copa do Mundo de 1954, na Suíça, e foi titular nos dois primeiros jogos. Pela Seleção foram 19 jogos e 10 gols, sendo 17 oficiais e  10 gols.  

Pinga faleceu em 08 de maio de 1996, na cidade de Campinas-SP, aos 72 anos. Ele era pai do ex-atacante Ziza, com passagens pelo Guarani, Atlético Mineiro, Botafogo (RJ) e futebol árabe. 

sábado, 5 de maio de 2018

NAPOLEÃO PEDREIRO - POR JOSÉ ERASMO TOSTES



Napoleão era pedreiro e mentiroso de nascença, gostava de frequentar velórios somente para contar anedotas que às vezes até o defunto achava graça. Era um mulato de pele manchada pelo vitiligo, cabelos grisalhos, analfabeto que fingia ler o jornal em voz alta com sua pronúncia nordestina, inventando as mentiras mais descabidas.

Fazia dos seus sapatos chinelos, cortando as partes traseiras. Batininha era seu irmão. Os dois foram fazer um muro para a dona Luzia Cava, uma italiana, e, ao terminarem o muro, Napoleão foi receber pelo serviço. Batininha ficou segurando o muro enquanto Napoleão recebia. Após o recebimento, antes de o galo cantar, o muro já havia caído.

Num desses velórios ele contou que foi pescar na Lagoa Preta, na fazenda do Zé Dono, onde dava muita traíra. Lá ficando horas e mais horas, sem nada pescar, resolveu fazer uma promessa: vou pegar duas traíras, uma para o Sr. Marcellino e outra para o Sr. José de Assis, os dois homens mais ricos da cidade naquela época.

Foi só botar o anzol na água e em poucos minutos pegou duas traíras daquelas bem grandes. Pegou as duas, botou dentro de bornal amarrando bem a boca. Olhou para a lagoa e, cruzando os braços deu uma banana: aqui para você sua puxa-saco, que vou dar os peixes nada!

Napoleão contava que, fazendo uma viagem pela estrada de ferro, veio sentar ao seu lado uma linda morena, cruzando as pernas, deixando aparecer as coxas grossas e rosadas. Ele, não resistindo a tentação, leva a mão devagarzinho para acariciar aquelas pernas, quando de repente a moça sacou uma Bíblia e começou a ler em voz alta o versículo dois, capítulo 23. 
Rapidamente, retirou a mão e saiu do banco em que estava indo sentar em outro lugar. Ao chegar em casa foi verificar o versículo dois, capítulo 23. E teve uma grande surpresa. Dizia: mais em cima entrará no Paraíso.

Em outro dia, acendeu um cigarro em volta de um caixão e continuou contando que, em certa ocasião, nossa cidade estava muito ruim de serviço. Resolveu sair à procura de emprego. Ia de um lugar para outro e nada, até que chegou a uma fazenda. O fazendeiro disse: o serviço que eu tenho é para amansar animais. Ele nunca tinha montado antes, mas resolveu, por força da necessidade, aceitar o emprego.

O fazendeiro, em seguida, mandou que ele e outros peões fossem buscar o touro chamado Corisco, o mais bravo da propriedade, que havia fugido. E lá foi Napoleão pegar um cavalo vermelho que foi logo murchando as orelhas. Foi pegar outro que foi logo dando coices. Até que viu um burrinho velho e resolveu montar no tal. Atravessou logo uma capoeira e viu o danado do boi bravo. É hoje que estou ferrado, disse para os seus botões. Jogou o laço e pegou o danado do boi, mas o laço estava amarrado na argola da sela e o boi saiu arrastando-o e esfregando o burrinho velho na cerca. Então começou a sentir uma coisa na barriga, as tripas se revolvendo. Daí a pouco desceu o barro e sujou toda a roupa. No mesmo instante chegaram outros peões e sentiram um cheiro danado vindo de cima da sela e começaram a rir. Ele olhou para eles e disse: Eu não sou igual a vocês que param para cagar quando estão pegando um boi.

E, desse dia em diante, passou a ser chamado de Peão Cagão.

sexta-feira, 4 de maio de 2018

ROBERTO DINAMITE: A VOLTA TRIUNFAL AO VASCO EM 1980


Maior artilheiro e ídolo vascaíno, Roberto teve em sua carreira no clube uma infinidade de partidas e conquistas históricas, dentro de campo, é claro! No entanto, há uma particularmente especial, tanto para ele quanto para a torcida do Vasco: a partida contra o Corinthians, em 4 de maio de 1980, que marcou a sua volta ao gramado do Maracanã com a camisa vascaína. Naquele dia, Dinamite estava inspirado e não perdoou: marcou todos os cinco gols da vitória do Vasco sobre o Corinthians.  
Jornal O Globo: acervo particular 
Roberto estava voltando da Espanha, onde não teve o sucesso esperado – a sua passagem pelo Barcelona foi um fracasso – por vários motivos, entre os quais a pouca paciência do técnico Helenio Herrera, que não deu ao atacante o tempo necessário para uma adaptação adequada. O técnico que o indicou saiu após o terceiro jogo de Roberto pelo time espanhol. Sabendo de seus problemas na equipe catalã, o então presidente rubro-negro Márcio Braga acreditou que tinha chegado a hora de levar Dinamite para a Gávea. Diante do interesse apresentado, Jurema, esposa de Roberto, tomou as devidas precauções: telefonou imediatamente para o Vasco e alertou a direção do clube sobre o que estava acontecendo. A tropa de choque do Vasco entrou em ação, com a presença de Eurico Miranda, que, na época, já era um dirigente influente e foi de fundamental importância na volta de Roberto ao time de São Januário.  

No primeiro domingo de maio de 1980, Roberto se reapresentou à torcida vascaína no Maracanã. Estava programada uma rodada dupla, com Flamengo e Bangu na preliminar, e Vasco e Corinthians no jogo principal. O velho Maraca reuniu 107.474 pagantes: de um lado vascaíno e do outro rubro-negros e corintianos, a Fla-Fiel, como foi denominada.

O primeiro tempo terminou 4 a 2 para o Vasco, com Roberto marcando aos 13, 27, 37 e 39 minutos. Um verdadeiro bombardeio do Dinamite em cima da perdida zaga do Corinthians. Todos que estavam no estádio assistiam perplexos a uma atuação de gala do atacante. No início da 2ª etapa, a arquibancada do lado da torcida Fla-Fiel já estava quase vazia: a torcida adversária bateu em retirada e não viu o quinto gol, que completou o massacre na volta triunfal do ídolo ao Brasil, conforme descrito na reportagem do jornal O Globo. 


quinta-feira, 3 de maio de 2018

COMO PROTEGER A SAÚDE RESPIRATÓRIA DAS CRIANÇAS NO INVERNO?



Os resfriados comuns não são virais e costumam apresentar quadros de tosse, escorrimento e secreção nasal.

No inverno, é comum que a circulação de vírus diversos cresça, aumentando consideravelmente o número de casos de infecções respiratórias. Isso pode ser um alerta aos pais, que precisam estar atentos, uma vez que as crianças costumam ser muito afetadas.

Segundo o Dr. Alfonso Eduardo Alvarez, vice-presidente do Departamento de Pneumologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), entre as principais infecções que podem atingir os pequenos no período mais frio do ano estão os resfriados, a gripe e a bronquiolite.

O pneumologista explica que os resfriados comuns não são virais e costumam apresentar quadros de tosse, escorrimento e secreção nasal, necessitando de cuidados mais básicos como bastante hidratação e limpeza nasal. “Com medidas simples, é possível coibir a evolução do caso. Se não cuidada, a secreção pode migrar para o ouvido, causando a sinusite, que precisa de tratamento com antibiótico”, alerta o especialista.

Já a gripe, diferente do resfriado, é provocada pelo vírus influenza e pode ter um comportamento bem mais agressivo. Dr. Alfonso conta que os principais sintomas apresentados pelo paciente são febre alta, tosse, mal-estar, dor no corpo e dificuldade em respirar. Quanto às formas de tratamento, Alvarez destaca a vacina e o medicamento antiviral, conhecido como Tamiflu. “O cuidado nesse caso é fundamental para evitar o desencadeamento de outras complicações graves, como a pneumonia”.

Por último, a bronquiolite pode se manifestar em crises de chiado no peito, sendo provocada pelo vírus sincicial respiratório. Essa infecção pode levar a quadros de insuficiência respiratória e internação, caso não seja tratada corretamente.

Formas de prevenção
A forma mais eficaz de proteger as crianças nesse período do ano é evitar a exposição aos vírus, presentes especialmente em lugares fechados ou com grandes aglomerações – a ser evitados para prevenir o quadro. “Principalmente nos dois primeiros anos de vida, estas doenças podem ser mais perigosas, por isso a atenção deve ser redobrada”, afirma.

Nas escolas, classes com maior quantidade de alunos são mais propensas a transmissão destas patologias, devido ao número de crianças no mesmo ambiente, o que pode facilitar a sua propagação.

“É fundamental manter a imunização atualizada com as vacinas, sobretudo contra a gripe, que pode ser aplicada a partir dos seis meses de idade. O impacto do vírus poderá ser menor e prevenir o agravamento do quadro”, conclui.

BOL Notícias