terça-feira, 31 de maio de 2022

JANUÁRIO DE OLIVEIRA: O CRUEL

 


Januário de Oliveira nasceu em Alegrete-RS, em 12 de fevereiro de 1940. Foi um locutor e narrador esportivo que ficou famoso por conta de vários bordões usados em suas narrações. Januário era torcedor do Internacional e exerceu a sua profissão até 1998, quando foi obrigado a se aposentar devido a uma cegueira causada por diabetes. 

O seu quadro de saúde foi se agravando ano após ano e ele veio a óbito em 31 de maio de 2021, aos 81 anos, em Natal-RN, vitimado por uma parada cardíaca. Já se encontrava internado há onze dias para tratar de uma pneumonia. Residiu por muitos anos em Goiânia e sempre recebeu muito carinho dos fãs. Os anos 90 foram de muito sucesso e reconhecimento por seu trabalho na  televisão. Seus bordões viraram marcas registradas na voz dos torcedores.

Começou na Rádio Farroupilha, de Porto Alegre, e também trabalhou na Rádio Cultura de Bagé, interior gaúcho. No Rio de Janeiro construiu a sua história na Rádio Mauá, Rádio Nacional, TVE (1982/1992) e TV Bandeirantes (1992/1997). Antes de se aposentar, narrou algumas partidas da Copa do Mundo de 1998, pela já extinta Rede Manchete.

Januário foi responsável também por dar apelidos a muitos jogadores, entre eles o atacante Ézio como "Super Ézio", o atacante Sávio como "Anjo Loiro da Gávea", o atacante Túlio como "Tá, Té, Tí, Tó, Túlio...", o atacante Valdir Bigode como "matador de São Januário", o atacante Valdeir (ex-Botafogo) como "The Flash", o atacante Charles (ex-Bahia e Flamengo) como "Príncipe Charles", o volante e lateral Charles (Flamengo) como "Charles Guerreiro".


Outros Bordões:

- "Eee o Gol…" - o momento mágico do futebol.

- "Taí o que você queria, bola rolando…" - quando o juiz apitava o início da partida ou do segundo tempo.

- "Tá lá um corpo estendido no chão" - para o jogador que caía machucado no gramado.

- "Lá vem Geraldo e Enéas para mais um carreto da tarde", quando os maqueiros do Maracanã, Geraldo e Enéas, entravam em campo para retirar um jogador machucado.

- "Vai sair o primeiro carreto da noite" - quando um jogador contundido era levado pela maca para fora do campo.

- "Sinistro, muito sinistro…" - para falha grave de jogador ou árbitro.

"Cruel, muito cruel…" - para elogiar o jogador após o gol ou um lance bonito.

- "É disso (Fulano), é disso que o povo gosta" - para o jogador (Fulano) que acabara de estufar as redes, marcando o gol.

- "Olhos nos olhos, se passar fica na boa…" - quando o jogador com a posse da bola ficava frente a frente com um defensor.

- "Pintou em cores vivas" - quando uma chance clara de gol era perdida.

- "Tá na área, é agora, bateu..." - quando o jogador tinha uma chance de finalizar em gol.

- "Tem cartão? Tem cartão? Não! Cartão de crédito para o jogador (Fulano)…" - quando um jogador cometia uma falta dura e o árbitro não lhe aplicava nenhuma punição.

- "O(a) primeiro(a) só serviu como ensaio!" - quando ocorria a repetição de um lance (chute, cruzamento ou cobrança de falta) em sequência. Exemplo: escanteios cobrados consecutivamente; uma bola alçada na área duas ou mais vezes seguidas.

- "Pega, não larga mais, não dá rebote pra ninguém!" - quando o goleiro fazia uma defesa firme, segura, sem rebote.

- "Escancarou, escancarou legal (Fulano)..." - quando o jogador tinha um feito um gol.

- "Eu vi, eu vi…" - para algum lance que ninguém viu, somente ele.

- "Acabou o milho, acabou a pipoca, fim de papo." - quando o juiz apitava o fim do jogo.

- "riririkakakaka, o Juiz despirocou…" - para um lance em que o juiz marcou algo de outro mundo.

Fonte Wikipédia com acréscimos

 



RUBENS JOSUÉ DA COSTA: DOUTOR RÚBIS

 


RUBENS Josué da Costa é paulista da capital, onde nasceu em 04 de novembro de 1928. Doutor Rúbis, como era carinhosamente chamado pela torcida do Flamengo, foi um meia clássico, de dribles curtos, chute forte e colocado, ótimo cobrador de faltas. Apesar de magro e baixo, tinha um estilo refinado e atrevido dentro de campo. Sua passagem foi marcante pelos rivais Flamengo e Vasco. Depois de só jogar amistosos em 1956, foi emprestado ao Santa Cruz. Em 1957, fez uma única partida pelo Flamengo e não foi mais aproveitado.  Comprou seu próprio passe e aceitou o convite para defender o Vasco ainda no 2º semestre daquele ano.


Atuou no Ypiranga (time já extinto de São Paulo), Portuguesa de Desportos, Flamengo – 170 jogos e 82 gols (campeão carioca em 1953/54 e 55), Santa Cruz (PE), Vasco – 115 jogos e 37 gols (campeão do Rio-São Paulo e carioca em 1958) e Prudentina (campeão da Segunda Divisão paulista em 1961), onde encerrou a carreira. Pela Seleção foram 2 jogos, sendo 1 oficial. Fez parte do grupo que conquistou o campeonato Pan-Americano de 1952, no Chile, o primeiro título do Brasil obtido fora do país, sob o comando do técnico Zezé Moreira.


Morreu em 31 de maio de 1987, aos 58 anos, no Rio de Janeiro, vítima de câncer no pulmão. O cigarro foi um mal que o acompanhou ao longo de sua vida, desde quando ainda jogava. Inclusive, no Flamengo teve problemas com o técnico Fleitas Solich em decorrência do vício.


O historiador Ivan Soter assim o descreveu em seu livro “Quando a bola era redonda”: “Sim, a bola já foi protagonista. Quando ela ficava com Rubens, o doutor Rúbis, ficava feliz. Rubens tinha um elástico mágico que a prendia a seus pés. Os adversários, hipnotizados, olhavam a bola nos pés de Rubens. Parados. Rubens se mexia, todos se mexiam para o lado que Rubens tinha se mexido. Ele só esperava que alguém ousasse roubá-la. Até que um sujeito do outro time, mas desavisado, avançasse desequilibrando a natureza morta pintada no gramado. Era o momento do drible. Só então a bola saía do lugar. Para continuar nos pés de Rubens”.

quarta-feira, 25 de maio de 2022

WASHINGTON: O TRISTE FIM DE UM ÍDOLO DO TRICOLOR CARIOCA E DO RUBRO-NEGRO PARANAENSE

 

WASHINGTON César dos Santos nasceu em Valença-BA, em 03 de janeiro de 1960. Atacante grandalhão, de movimentos lentos, boa técnica e muito oportunista. Colocava-se bem dentro da área e a ótima impulsão era uma de suas “armas” para suplantar o sistema defensivo adversário. A sua melhor fase foi no Fluminense, formando uma dupla perfeita com Assis, chamada de “Casal 20”. No Atlético Paranaense eles também fizeram muito sucesso.




Começou nas categorias de base do Galícia-BA – lançado pelo técnico Aymoré Moreira, em 1980 –, e jogou por Corinthians – 17 jogos e 4 gols, Operário (MS), Internacional (campeão gaúcho em 1981), Atlético (campeão paranaense em 1982), Fluminense – 303 jogos e 120 gols (tricampeão carioca em 1983/84 e 85, e campeão brasileiro em 1984), Guarani (SP), Botafogo (campeão carioca em 1990), União São João (SP), Desportiva (campeão capixaba em 1992), Santa Cruz (campeão pernambucano em 1993), Filgueiras/Portugal, Fortaleza, Foz do Iguaçu (PR), Batel (PR) e Guarapuava (PR). Pela Seleção foram 5 jogos e 2 gols, sendo 4 oficiais e 1 gol.




Após encerrar a carreira, Washington fixou residência em Curitiba e foi na capital paranaense que, aos 54 anos, foi encontrado morto em sua casa na manhã de 25 de maio de 2014. O ex-atacante sofria de uma doença rara, a esclerose lateral amiotrófica, que vai degenerando o corpo gradativamente.

terça-feira, 24 de maio de 2022

24 DE MAIO É O DIA DO DETENTO. MAIS UMA ABERRAÇÃO DE NOSSOS LEGISLADORES


Explicitamente é uma homenagem ao crime e à contravenção. Com isso nosso legislador equiparou a condição de prisioneiro, à de profissionais nobres, como o médico, o professor, o bombeiro, a enfermeira e muitos outros...

A cada crime, corresponde, no mínimo, uma família sofrendo. Será que haveria também o dia da vítima? Aqui no Brasil, não! Na nossa deturpada escala de valores, é claro que não! Na Europa, sim! 22 de fevereiro é o "Dia Europeu da Vítima". Em nosso país as vítimas são apenas "detalhes". Triste constatação!

Sobre as precárias condições dos presídios, isso é outra coisa, deve ser revista e adequada para um mínimo de condições de reeducação do indivíduo. Mas isso parece um sonho.

Uma atualização do Código Penal poderia ser o início de uma mudança para diminuir as impunidades e aplicar as leis com mais rigor, pois os crimes crescem em números exorbitantes em nosso país. O Código Penal vigente foi instituído em dezembro de 1940, pelo então presidente Getúlio Vargas.

Nota: essa data foi criada com o intuito de reinserir ex-presidiários ao mercado de trabalho. A intenção até pode ser boa, mas o modelo de sistema prisional em nosso país é ultrapassado em todos os sentidos. São raríssimas as exceções pelo Brasil afora.

 

 

segunda-feira, 23 de maio de 2022

DINO SANI: UM VOLANTE DE EXCELÊNCIA

 


DINO SANI nasceu na capital paulista em 23 de maio de 1932. Com suas roubadas de bolas e seus passes milimétricos, foi um dos maiores volantes da história do São Paulo, Milan e Corinthians. No início da carreira jogava mais avançado, mas depois se tornou um volante que ajudava na organização das jogadas. Sobrava inteligência e classe no domínio da bola, sabia como poucos virar o jogo com lançamentos precisos. E ainda balançava as redes também.


Iniciou sua carreira no Palmeiras – 15 jogos e seis gols – onde se tornou profissional em 1950 e campeão paulista do mesmo ano. Jogou por empréstimo no XV de Novembro de Jaú e no Comercial, esse da capital paulista, antes de chegar ao São Paulo, em 1954, e brilhar com a camisa do Tricolor. Foi campeão paulista em 1957 e marcou 108 gols em 322 jogos. Foi um grande parceiro do artilheiro Gino nos anos 50.


Antes de chegar e brilhar no futebol italiano teve uma rápida passagem pelo Boca Juniors. No Milan foi campeão italiano na temporada 1961/62, e da Taça dos Campeões da Europa em 1962/63. Retornou ao Brasil, em 1965, e atuou no Corinthians até 1968, assinalando 32 gols em 116 jogos, e campeão do Torneio Rio-São Paulo em 1966. Quando chegou ao Parque São Jorge, surgiu um boato que já estava velho. Mas, com a camisa alvinegra, mostrou tarimba de veterano e vitalidade de juvenil. Confirmou sua fama de grande jogador com um futebol inteligente e facilidade em organizar jogadas. 


Após pendurar as chuteiras, iniciou no próprio time do Parque São Jorge a carreira de técnico. Até o início dos anos 90 comandou vários times do Brasil e alguns do exterior. Foi tricampeão gaúcho dirigindo o Internacional em 1971/72/73, e o craque Falcão surgiu no time campeão de 1973.


Participou da Copa do Mundo de 1958, sendo campeão da mesma. Defendeu o Brasil em 24 jogos e marcou 2 gols, sendo 15 oficiais e 1 gol.

sábado, 21 de maio de 2022

A IMPORTÂNCIA DE SER UM DOADOR DE MEDULA


O transplante de medula óssea pode beneficiar o tratamento de cerca de 80 doenças em diferentes estágios e faixas etárias. O fator que mais dificulta a realização do procedimento é a falta de doador compatível, já que as chances de o paciente encontrar um doador compatível são de 1 em cada 100 mil pessoas, em média.

Além disso, o doador ideal (irmão compatível) só está disponível em cerca de 25% das famílias brasileiras – para 75% dos pacientes é necessário identificar um doador alternativo a partir dos registros de doadores voluntários, bancos públicos de sangue de cordão umbilical ou familiares parcialmente compatíveis (haploidênticos). O voluntário pode ser chamado para efetuar a doação com até 60 anos de idade.

Como é feita a doação:
– A doação é um procedimento que se faz em centro cirúrgico, sob anestesia peridural ou geral, e requer internação de 24 horas.
– A medula é retirada do interior de ossos da bacia, por meio de punções.
– O procedimento leva em torno de 90 minutos.
– A medula óssea do doador se recompõe em apenas 15 dias.
– Nos primeiros três dias após a doação pode haver desconforto localizado, de leve a moderado, que pode ser amenizado com o uso de analgésicos e medidas simples.
– Normalmente, os doadores retornam às suas atividades habituais depois da primeira semana após a doação.

Há outro método de doação chamado coleta por aférese. Neste caso, o doador faz uso de uma medicação por cinco dias com o objetivo de aumentar o número de células-tronco (células mais importantes para o transplante de medula óssea) circulantes no seu sangue. Após esse período, a pessoa faz a doação por meio de uma máquina de aférese, que colhe o sangue da veia do doador, separa as células-tronco e devolve os elementos do sangue que não são necessários para o paciente. Não há necessidade de internação nem de anestesia, sendo todos os procedimentos feitos pela veia.

A decisão sobre o método de doação mais adequado é exclusiva dos médicos assistentes, tanto do paciente quanto do doador, e será avaliada em cada caso.

Fonte: Instituto Nacional de Câncer 

terça-feira, 17 de maio de 2022

GÉRSON: A MORTE CERCADA DE MISTÉRIO DO ARTILHEIRO

 


GÉRSON Pereira da Silva iniciou sua carreira no Santos e foi um dos destaques e artilheiro da Copa São Paulo de Juniores de 1984. Nascido em Santos, em 23 de setembro de 1965, após uma breve passagem pelo time profissional, jogou também por Guarani, Paulista de Jundiaí, Atlético (campeão mineiro em 1989 e 1991) e Internacional (campeão gaúcho e da Copa do Brasil em 1992). Foi o artilheiro máximo da Copa do Brasil de 1989, 1991 e 1992. Pela Seleção foi campeão Mundial Sub-20, em 1985. 


O ex-centroavante morreu em 17 de maio de 1994, em Guarujá, no litoral paulista, aos 28 anos, depois de ficar internado por 52 dias ininterruptos. De acordo com a informação do hospital, à época, ele sofria de neurotoxoplasmose. Essa doença é uma paralisia provocada por um protozoário. Gérson deixou a viúva, grávida – com o parto marcado para o dia 17 de maio – e mais duas filhas.


O fato é que em abril de 1992, dois anos antes de sua morte, quando atuava no Internacional de Porto Alegre, um diretor do clube afirmou que Gérson era portador do vírus da AIDS, o que sempre foi negado pelo jogador e demais familiares.


Posteriormente médicos declararam que o centroavante provavelmente nunca teria recebido o devido tratamento na época por falta de avanços na área, e que estava aparentemente com o estado psicológico abalado, possivelmente por problemas pessoais ou pelo seu estado de saúde. Por estes fatores, a doença poderia ter avançado mais rapidamente. 


Em uma reportagem do ESPN.com.br, de setembro de 2014, para Andréa, a viúva que teve de se virar e até trabalhar como faxineira, Gérson não morreu no dia 17 de maio de 1994, quando fechou os olhos pela última vez. Morreu bem antes, ainda com vida: “A vida acabou para ele não foi quando ele morreu, mas quando ele foi abandonado pelo clube e amigos, ali acabou o Gerson da Silva, centroavante".


Nota: a terceira filha de Gérson nasceu três dias após sua morte.

domingo, 15 de maio de 2022

O RACISMO NO FUTEBOL VEM DESDE OS PRIMÓRDIOS...

 

                                                                                      Foto: Arte GloboEsporte.com                                                                                         

O Vasco da Gama passou para a Série A da Divisão Principal em 1923 e nesse mesmo ano conquistou o título carioca, assinalando uma campanha admirável. O quadro principal vascaíno obteve 12 vitórias, 1 empate e uma derrota nos 14 jogos do certame.


Havia um segredo: ao contrário das demais equipes que disputavam os torneios de futebol, o Vasco arrebanhava para o seu time trabalhadores comuns e negros que, misturados aos portugueses, formaram a estrutura que mudaria os rumos do futebol brasileiro. Na época, Flamengo, Fluminense, Botafogo e América, os chamados grandes, só permitiam jogadores brancos em seus times. O Paysandu e o Rio Cricket iam mais longe: só aceitavam jogadores descendentes de ingleses.


Apavorados com o crescente prestígio vascaíno, especialmente depois da conquista do título de 1923, os clubes grandes de então se reuniram para exigir que o Vasco e os demais pequenos se submetessem a uma investigação em torno das posições sociais de seus atletas. A ordem era que se eliminassem os jogadores profissionais ou que não fossem capazes de assinar a súmula das partidas.


O Vasco contava com vários analfabetos no time e, numa iniciativa pioneira, costumava ofertar a seus jogadores galinhas, porcos e patos quando vencia seus jogos. Esse tipo de premiação acabaria apelidada de “bicho” e que ganharia outros contornos na fase do profissionalismo explícito. Desesperados, os grandes partiram para uma alternativa, onde ocorreu a primeira dissidência no futebol do Rio. Clubes na época aristocráticos, como Flamengo e Fluminense abandonaram a Liga Metropolitana de Desportos Terrestres (LMDT) e criaram a Associação Metropolitana de Esportes Amadores (AMEA), sob condições baseadas em discriminação racial e social. Outros clubes foram admitidos na AMEA. O Vasco tentou filiar-se, mas foi impedido sob o argumento de que não possuía um campo apropriado – o clube disputava seus jogos no campo da Rua Moraes e Silva. Não era bem esse o problema. Tanto que foi proposto ao Vasco eliminar doze de seus jogadores, exatamente os negros e operários, por não atenderem aos requisitos impostos pela AMEA, para que o aceitasse na nova entidade. Não havia mais dúvida: era racismo mesmo.


Diante do ultimato, o presidente do Clube, José Augusto Prestes, assinou um ofício no dia 07 de abril de 1924, que ficou famoso na história do futebol carioca e brasileiro, desistindo de participar da nova liga criada. Campeão do ano anterior recusou-se a satisfazer estas condições indignas e preferiu não se filiar à AMEA, permanecendo na LMDT ao lado de outros clubes pequenos. No ano seguinte, entretanto, a AMEA abandonou o preconceito e os clubes da divisão principal da LMDT ingressaram na AMEA. Este episódio foi decisivo para a extinção do racismo no futebol carioca. Os campeões de 1924 foram o Fluminense (AMEA) e o Vasco (LMDT).

 

Nota: a título de esclarecimento, o Vasco não foi o primeiro clube a contar com jogadores negros em seu elenco. No entanto, o clube é muito lembrado pela grande resistência em defender seus jogadores negros e demais trabalhadores comuns, no início dos anos 20, o que é louvável e deve ser feito esse registro. Inclusive, em 1905 foi eleito um presidente negro, Cândido José de Araújo. Ao longo de sua história o Vasco sempre levantou a bandeira contra o racismo.

A Ponte Preta, em 1900, com Miguel do Carmo, um jogador negro que também era presidente e foi um dos fundadores do clube; o Bangu, em 1905, com Francisco Carregal, o primeiro jogador negro do futebol carioca; o Campos Atlético Associação, de Campos dos Goytacazes, que teve como característica o fato de ser fundado por e para os negros, em 1912, com as cores roxa, preta e branca, simbolizando a união das raças, são equipes que merecem ser citadas por essas iniciativas pioneiras no esporte brasileiro. Há de se destacar que o Fluminense – contra o Rio Cricket pelo Campeonato Carioca de 1910 – teve em seu quadro atuando apenas nesse jogo oficial, o atleta negro Alfredo Guimarães.


DOIS EXEMPLOS DE PRECONCEITO NO FUTEBOL NO INÍCIO DO SÉCULO PASSADO

 - Nota oficial da Liga Metropolitana, publicada no jornal “Gazeta de Notícias” de 14 de maio de 1907:

“Comunicamos-vos que o Diretório da Liga, em sessão hoje, resolveu por unanimidade que não sejam registrados como atletas pessoas de cor.”

 

- ARTIGO 4: sobre registros de jogadores na Lei do Amadorismo, divulgada no Diário Oficial de 20 de dezembro de 1917:

“Não poderão ser registrados os que tirem os meios de subsistência de profissão braçal, aqueles que exerçam profissão humilhante que lhes permitam o recebimento de gorjetas, os analfabetos e os que embora tendo profissão estejam, a juízo do Conselho Superior, abaixo do nível moral exigido.” 

 


quarta-feira, 11 de maio de 2022

O MARACANÃ DOS VELHOS TEMPOS – POR SERGIO PUGLIESE

 

                                                                                        Foto acervo Sergio Pugliese

Nota: Sergio Pugliese é jornalista e fundador do Museu da Pelada, que retrata a memória do futebol. Essa crônica maravilhosa foi escrita em janeiro de 2021.

 

O velho Maracanã era abarrotado de personagens, era como se você mergulhasse em um livro de contos e fábulas. Havia o torcedor que cobria o corpo inteiro com pó de arroz, Dona Dulce Rosalina, que comandava a galera vascaína, o sósia do Obama, o carinha que vivia rezando com um galho de arruda acomodado na orelha, o alvinegro Russão, o Mr. M, o árbitro Armando Marques cheio de caras e bocas, o comentarista Mário Vianna gritando “errooooou!!!”, o locutor da Suderj anunciando as escalações, o velhinho das embaixadas, enfim, o Maracanã era uma espécie de ilha da fantasia, um mundo encantado que amenizava nossas dores e coloria nossas emoções. Mike Tyson, o maqueiro fortão, era mais uma dessas tantas figuras que ilustravam nossas tardes/noites e guardamos na memória até hoje.

 

O cara era um guarda-roupas e virou atração turística porque passou 20 anos entrando e saindo de campo carregando gênios, como Zico e Maradona, e grandalhões, como Júnior Baiano e Manguito. Quando sentia que a contusão era mais grave, nem esperava por Geraldo, seu grande parceiro de trabalho, entrava correndo em campo, colocava o atleta no ombro e voltava correndo com ele. A galera endoidava! Certa vez, tropeçou, caiu e a Geral pegou no seu pé... ”negão, tá na hora de se aposentar!”.

 

Quando o locutor Januário de Oliveira anunciava “tá lá um corpo estendido no chão, vem aí o primeiro carreto da noite”, ele entrava em ação, era seu estrelato. Vascaíno, o primeiro jogador a carregar foi Zico. Ficaram muito amigos. Malhava como um louco e nas horas vagas atuava como segurança de boates, clubes e para a família do Galinho de Quintino. Nos finais de semana de folga, para condicionar-se fisicamente, corria de Brás de Pina, subúrbio carioca, até a Praia de Copacabana. Na chegada triunfal, o filho acenava, orgulhoso, da areia. Durante o trajeto, muita gente o reconhecia e pedia autógrafos. O “negão da maca” fez história no Maraca, foi um de seus reis, como Romário, Túlio, Renato Gaúcho e Papai Joel. Claro, que tanto peso lhe rendeu problemas graves na coluna, mas o glaucoma, que o deixou cego, é o que mais o aflige.

 

Aos 80 anos, está frágil e saudoso da grama verde, de sua padiola e do respeitável público daquele circo chamado Maracanã. Em nossa despedida, tentou levantar-se do sofá, mas não conseguiu nem com o apoio de uma velha bengala. Segurei firme em seu pulso e ofereci apoio ao maior reboquista da história do Maracanã. “Quem diria, hein”, comentou. Quem diria. Rimos e caminhamos lentamente até a porta amparados por um abraço e por doces lembranças.

 

sexta-feira, 6 de maio de 2022

JOSÉ CARLOS ARAÚJO: VAI MAIS, VAI MAIS, GAROTINHO

 


José Carlos Lopes de Araújo, conhecido também como Garotinho, nasceu no Rio de Janeiro em 07 de maio de 1940. Aos 14 anos iniciou a carreira trabalhando em programas estudantis na Rádio Nacional e na Rádio Roquete Pinto.

 

Aos 15 anos assumiu o posto de repórter de cidade das rádios Continental e Metropolitana. Seu objetivo era ser locutor esportivo e na Rádio Continental não teve essa oportunidade. Transferiu-se para a Rádio Eldorado e tinha a função de anunciar programas musicais. Quando a Eldorado foi vendida para a Rádio Globo, surgiu a primeira chance para a área esportiva, assumindo o plantão esportivo em 1974. A partir daí exerceu os cargos de repórter, locutor e contato de publicidade. Em 1977, vai para a Rádio Nacional e monta uma equipe de esportes de respeito com outros nomes de destaques, como Washington Rodrigues, Luiz Mendes, Deni Menezes, entre outros. Foram anos de muito sucesso e com toda essa notoriedade a sua carreira deslanchou de vez.

 


Retornou para a Rádio Globo em 1984 e ficou até 2012. Ao sair da Globo passou pelas rádios Bradesco Esporte FM, BandNews FM, Transamérica do Rio de Janeiro e Super Rádio Tupi. Trabalhou também na TV e em jornais do Rio. José Carlos Araújo é um dos grandes nomes do rádio esportivo brasileiro.

 

O que muitos não sabem é que Garotinho é professor de Geografia formado pela UERJ e Oficial da Reserva R/2 do Exército Brasileiro pelo CPOR/RJ.

 

Garotinho é também famoso por suas frases que são marcas registradas, seja durante as partidas, seja nos programas diários.

 

“Seja paciente na estrada, para não ser paciente no hospital. Dirija com cuidado!”

“Voltei!”

“Sou eu!”

“Apontou, atirou, entrou!”

“Golão, golão, golão.”

“Se o jogo tá na tevê a gente se liga em você.”

“Gente que se liga na gente.”

“Apite comigo galera.”

“E o tempo vai passandoooo!” (Rádio Nacional)

“Olha a amarelinha (vermelhinha)! Parou, parou, parou.” (Rádio Nacional)

"Vai mais, vai mais, Garotinho"

"Loonge pra dedéu.... Pra lá de Marrakech!!! Ô xará, assim não dá!" (Rádio Nacional)

“Deu quebra de asa”'

“Você do volante obrigado pela carona que me dá”

“Brasileiro não vive sem rádio, o seu maior companheiro”

"E aí, tá gostando?"

"Garotinho vai bombar." (BandNews e Bradesco)

"Mandou mal. Lá na geral. Que nem perna de pau!"

"E no placar do estádio"

"Dá um cheguinho na meia."

"Tá na grama, tá no pé, tá no ar e a bola vai rolar!"

"Cheguei! Hoje é dia de jogão e jogão é na Tupi!"

"Mandou mal! Lá na geral"

"Ligado na Tupi, você sabe tudo primeiro"

"Terminou!"

"Corrupiou"

"Bom dia/Boa tarde/boa noite à maior plateia esportiva do rádio" (dependendo do horário)

"Só a Tupi tem Garotinho e Apolinho"