O que seria de uma cidade, principalmente do interior,
sem os seus personagens que, ao longo de décadas, fizeram-se presentes marcando
o seu território e sendo lembrados, com alegria e saudade, por aqueles bons
momentos da nossa infância e adolescência. São nomes que o tempo não consegue
apagar da memória. Miracema tem ilustres cidadãos representativos em diferentes
segmentos. Os homenageados da vez representaram – o Sr. Tarcísio ainda
representa – na mais pura simplicidade, o brasileiro honesto e trabalhador que
nunca desiste dos seus ideais. São pessoas que deixam marcas positivas no
coração de todos nós.
TARCÍSIO
Um dos homenageados é o
Sr. Tarcísio, carinhosamente chamado de Tarcísio Pipoqueiro, que, com o seu
tradicional carrinho de pipoca, desde 1974 é presença marcante em nosso jardim,
para a alegria das crianças e também dos adultos.
Esse é referência pra
todos nós, sempre com um sorriso no rosto, carismático e que marcou a infância
e adolescência de muitos miracemenses. Pessoa extremamente do bem, amável e
educado. Um exemplo de caráter e dignidade. Merece nota 10 em simpatia e bom
humor! Estamos sentindo a sua falta naquele cantinho especial da pracinha...
Porque não dizer que o
Sr. Tarcísio é um patrimônio incorporado à nossa Praça.
Não posso deixar de
mencionar a sua esposa, D. Maria, sempre sorridente e presente quando
necessário. D. Maria, que é minha mãe de leite, e Sr. Tarcísio, que já se
encaminham para os sessenta e cinco anos de casados, recebam o meu afetuoso
abraço e respeito.
A mesma praça, o mesmo
jardim e o mesmo e simpático pipoqueiro...
O amigo e conterrâneo Adilson Dutra, em uma crônica de
sua autoria, publicada no seu blog em 22 de novembro de 2017, definiu com muita
propriedade a trajetória do Sr. Tarcísio:
“Tarcísio pode não ganhar um busto no jardim, mas
aquele lugar, onde ele faz a alegria das crianças da cidade, jamais será
esquecido e sempre que um homem ou uma mulher passar por ali se lembrará do
grande personagem do lugar. Mas eu queria ouvir dele a resposta que sempre dá
quando falo em sua alegria: “Devo tudo isto a minha Maria.”
SABINO
Falar do Sabino – que também se chamava Tarcísio – é lembrar
com saudade de um amigo do peito, um cidadão do bem e de uma simplicidade fora
do comum. Um profissional de excelência na atividade que exerceu – pedreiro.
Não consigo descrever em palavras a sua paixão pelo Vasquinho,
time amador que fundou e ao lado de amigos como Joci, Justo e Juca – os três “Jotas”
–, nunca mediu esforços e nem o que tirava do bolso (R$) para colocar o time em
campo.
Quem teve o privilégio de conhecê-lo mais de perto,
através da profissão que exercia ou do esporte, sabe o quanto ele era querido
por todos. O Sabino também pode ser lembrado pelo seu “carrinho de pipoca” e a
sua participação efetiva nos festejos de emancipação de Miracema, com a
tradicional barraca do Sabino, junto com seus familiares.
Essa é uma homenagem que faço ao Sabino, que já não
está mais entre nós. Ele faleceu em 2 de julho de 1998. E o futebol amador de
Miracema ficou órfão de mais um baluarte...
Nota: foi do Vasquinho, à época eu fazia parte do
time, que o ex-zagueiro Célio Silva saiu para o Americano, de Campos
(encaminhado pelo Alcyr Fernandes de Oliveira, o Maninho). De lá também saiu o
ex-goleiro Arilson, irmão de Célio, para o Botafogo (encaminhado pelo Dr. José
Carlos Corrêa).
DELIETE
Quantas crianças, hoje adultos, não comeram a
tradicional pipoca do carrinho do Deliete?
Esse paduano de nascimento, mas miracemense de coração,
por aqui chegou no final dos anos 70 e logo se fez conhecido em toda Miracema.
No bairro Hospital foi a sua primeira moradia e com aquele seu jeito simples e
educado de tratar desde a criança até o mais velho, plantou as amizades e
colheu o carinho dos amigos da terra que o adotou.
Em 2015, já com a saúde debilitada, sua irmã o levou
para Marangatu, distrito de Santo Antônio Pádua, de onde veio e logo depois
acabou falecendo, em 3 de dezembro do mesmo ano. Quis o destino que ele
passasse seus últimos dias de vida e fosse sepultado em sua terra natal.
São personagens que ficam marcados para sempre em
nossa memória. O cantinho da praça em frente ao Colégio Cenecista nunca mais
foi o mesmo após a partida do Deliete. Mais uma personalidade que marcou
gerações.
Com ou sem dinheiro nenhuma criança ficava sem comer
pipoca. Um cidadão de caráter, humilde e de bom coração. Melhor dizendo: UM
CORAÇÃO DE OURO
Com a sua morte eu posso afirmar que perdi um amigo
fiel e de longa data. E o Fluminense, um torcedor apaixonado.
Não posso terminar essa crônica sem deixar de
mencionar mais um personagem que está marcando o seu território na esquina da
Rua Marechal Floriano com a Francisco Procópio. É o amigo de todos, José Carlos
da Silva, mais conhecido e carinhosamente chamado de ZÉ DO DOCE. Pode ser
também o Zé do sorriso, da simpatia, do forte trabalhador. O Zé é um exemplo de
luta e perseverança para todos nós. É o típico brasileiro que não desiste dos
seus ideais. O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em
chegar a um objetivo, não importa o quão difícil o caminho pareça.
Já me falaram que nesse point do Zé
tem o bate-papo mais doce e gostoso de Miracema. Virou um ponto de encontro dos
amigos, e que nos faz lembrar um passado não tão distante do Bar Pracinha e do
Zé Careca, inesquecíveis para quem teve o privilégio de vivenciar aquela época.
Falando em Zé Careca, o Zé do doce fez parte do time de secretários, entre
outros, que tão bem nos atendia atrás do balcão.