Nota: gostaria de agradecer ao Deni pela
atenção e gentileza desde o primeiro contato, quando solicitei uma entrevista
para o blog. Foi mais do que solícito e isso só reforçou a minha grande
admiração pelo profissional que acompanho desde o final dos anos 70, na época
pelas ondas da Rádio Nacional, com a sua participação nos programas diários –
No Mundo da Bola, era um deles – e nas transmissões esportivas como um dos “trepidantes”,
que o transformou no melhor repórter esportivo do rádio brasileiro.
Posso dizer,
Deni, que você é manauara de nascimento e Fluminense (carioca) de coração? Rsss
- Pode. Nasci em Manaus em 14/9/1939 e cheguei ao Rio
em 23/1/1958. Em 2018 completarei 60 anos na Cidade Maravilhosa, mas nunca
deixei de manter contato com Manaus. Já não são muitos, mas ainda tenho bons
amigos na terrinha querida e sempre lembrada. Um deles é Josué Filho,
diretor-geral da Rádio Difusora, meu compadre e amigo muito querido.
No seu tempo
de juventude na capital amazonense, as transmissões esportivas chegavam através
das emissoras do Rio e São Paulo? Quem era o seu ídolo no rádio?
- Ouvia muito a Rádio Nacional, com Jorge Curi e
Antonio Cordeiro. As transmissões de SP eram da Pan-Americana, hoje Jovem Pan,
com Pedro Luis, o grande narrador dos anos 50 e 60 do rádio paulista. Edson
Leite, de estilo mais lento de narrar para os padrões paulistas, também era bom
na Rádio Bandeirantes. Dos que convivi e fiz algumas viagens com a seleção pela
Europa, Fiori Giglioti, da Bandeirantes.
A paixão
pelo rádio começou ainda criança?
- Aos 14 anos, ouvindo os jogos do Fluminense no
torneio de Montevidéu, sempre à noite. Faltava energia na hora em que mais se
precisava e eu ia à casa de um amigo que ligava o rádio à bateria do carro e aí
não havia mais problema. Ouvi também a Copa de 54 na Suíça e quando o Brasil
foi eliminado (4 x 2, em 27/6, no estádio Wankdorf, em Berna), disse a mim
mesmo: um dia vou fazer uma Copa. Deus me ajudou muito: fiz oito consecutivas,
de 70 a 98.
Quando
chegou ao Rio, no final dos anos 50, depois de já ter trabalhado em rádios no
Amazonas, foi com o firme propósito de trabalhar no meio radiofônico e
esportivo?
- Vim para o Rio atraído pelo futebol e para conhecer
o Maracanã. Na Rio Mar, a rádio em que eu trabalhava no oitavo andar do
edifício do Iapetec - construído pelo presidente do Flamengo, Hilton Gonçalves
dos Santos, em 1954 -, que também era residencial, morava um amigo, Estácio das
Neves, de uma família muito rica. Ele vinha de avião ao Rio na sexta e voltava
na segunda, só para ver o Vasco nos grandes clássicos. Ele me estimulou muito a
vir e eu, no início de 58, decidi.
Na Rio Mar, conheci André Rosito, locutor paulista,
que era da Rádio Mundial, no antigo edifício Cineac Trianon, no Centro do Rio.
Vendo meu empenho no trabalho, ele disse que o procurasse se um dia viesse ao
Rio porque tentaria me ajudar. Certo final de tarde, saímos a pé a Rio Branco
toda e entramos na Mairink Veiga, onde conheci Oduvaldo Cozzi, um dos grandes
narradores da época. Não havia vaga.
Fomos à Nacional, bem perto, no edifício de A Noite, e
lá o Rosito me apresentou a Heron Domíngues, locutor do Repórter Esso,
noticioso como não houve igual no rádio. Quando havia uma notícia realmente
importante, as pessoas perguntavam: Você ouviu no Repórter Esso. E só então
acreditavam.
O Heron nos levou ao Antonio Cordeiro, que apresentava
No Mundo da Bola, das 19h 15m às 19h30m, quando começava a Voz do Brasil, com
apenas 30 minutos de duração. Dividi várias vezes a apresentação do programa
com o Antonio Cordeiro, baita profissional.
Entrei na Nacional dia 1/4/58 e até novembro recebia 5
mil cruzeiros de cachê. Em novembro, minha primeira carteira profissional foi
assinada. Passei a ganhar 8 mil cruzeiros. Um refrigerante de garrafa custava
40 centavos e o almoço, na pensão da Rua Dom Gerardo - bife, arroz, feijão,
ovos fritos e farofa - 5 cruzeiros.
São quase 40
anos de profissão dentro das Rádios Nacional e Globo, duas das maiores
emissoras do nosso país. Tinha alguma diferença da maneira de exercer o seu trabalho
de uma para outra?
- Ambas eram muito sérias. Só me permita dizer: quando
fui ao Rosito, mostrei uma carta que trouxe de Manaus para Plínio Gesta, discotecário
da Rádio Globo. O Rosito me disse apenas: Guarda. Não quero que você comece por
baixo, garoto. Vou te levar à Mairink e à Nacional.
O que é para
você a objetividade da notícia?
- Heron Domingues fez o decálogo do radio jornalista e
o afixou na parede da sala do jornalismo da Nacional, no vigésimo andar. O item
1 superou todos os outros nove e dele nunca mais esqueci: "Informe
primeiro, mas primeiro informe certo". No item 2, Heron recomendava:
"Ao dar a notícia, diga logo: quando, como, onde e por que. O resto é
conversa fiada".
Qual foi a
partida ou acontecimento que mais te marcou no meio esportivo?
- Muitos jogos e acontecimentos marcantes: não esqueço
da maior vaia da história do Maracanã e até o dia nunca mais esqueci: 13 de
maio de 1959. Amistoso, Brasil 2 x 0 Inglaterra. Primeiro jogo da seleção no
Brasil, quase um ano depois do 29/6/58, quando ganhou a Copa pela primeira vez.
Vitório Gutemberg, que criou "A Suderj informa"... fez uma pausa
antes e disse: número 7... Julinho. A vaia se prolongou e quase ele não
conseguia anunciar o restante da seleção. Claro, todo mundo queria ver o
Garrincha, não o Julio Botelho, que havia saído da Portuguesa de Desportos para
o Palmeiras. Resumo: Julinho entrou vaiado, muito vaiado mesmo. Logo no início
do jogo, ele - era um ponta notável, maravilhoso - fez fila. Driblou quatro
ingleses e deu com açúcar para o Henrique Frade, do Flamengo, fazer 1 x 0. E o
próprio Julinho marcou o segundo gol. Os torcedores da arquibancada se
levantaram para aplaudi-lo, o que me fez citar na transmissão da Nacional,
trecho de uma das poesias do maranhense Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac.
Olavo Bilac disse: "A mão que afaga é a mesma que apedreja".
Marcante e inesquecível foi ter visto Pelé!!!
Garrincha!!! Nilton Santos!!! Didi!!! Castilho!!! Hoje, quando me
perguntam: o Pelé jogaria no futebol de hoje? Sempre respondo: Claro que não.
Teria vergonha.
O que você
pensa sobre os jornalistas que muitas vezes escondem o time de coração, de
certa forma, até com receio do relacionamento com as outras torcidas?
- Coisa do passado. Hoje a maioria escancara. Eu, por
exemplo, nunca escondi: sou Tricolor porque Castilho, Píndaro e Pinheiro, e o
Telê, que até ser técnico era só Telê, sem o Santana, me ensinaram a ser
Tricolor. Na noite em que entrei no vestiário do Maracanã pela primeira vez e
vi o Castilho de perto, tremi. Um goleirão!
Pinheiro ficou meu amigo. O time treinava sexta de
manhã e ia para a concentração. Ele me dava a chave do apartamento dele no
edifício Sultana, na Rua Senador Vergueiro 98, no Flamengo, e eu devolvia
domingo no Maracanã. Conheci e me tornei amigo também de outros
"monstros" tipo Barbosa, Danilo, Zizinho, Ademir, Jair. Uma geração
de ouro, injustiçada na perda da Copa de 50. Eu ligava para a casa do Nilton
Santos e ele me atendia. Hoje se você quiser falar com o Negueba e outros
medíocres, tem que passar por quatro, cinco assessores...
Como um
repórter que sempre teve acesso aos treinos e vestiários após os jogos, você é
a favor do modelo adotado pelos clubes a respeito da coletiva de imprensa?
- Entrevista coletiva não existe. Sou do tempo em que
o jogador atendia, após o treino e o jogo, o tempo que você quisesse e, depois
de fazer ao vivo, ainda gravava para o dia seguinte, atualizado: "No jogo de
ontem..."
O Santos, quando vinha jogar no Maracanã, nos anos 60,
com aquele "timeco" que tinha Gilmar, Zito, Dorval, Mengálvio,
Coutinho, Pelé e Pepe, o vestiário ficava aberto, antes e depois dos jogos,
para entrevistas. Faltando meia hora para o jogo começar, o Lula - técnico -
pedia "por gentileza" que saíssemos porque estava na hora do
aquecimento. A diferença da palavra assessor, escrita no Brasil, para a
que se escreve em Portugal - acessor - é porque lá se dá ao acessor, acesso.
Aqui, o assessor dificulta o acesso.
O que deixa
você mais irritado no mundo que vivemos atualmente?
- Os ladrões com foro privilegiado para roubar o
dinheiro do povo que os elege. Cadeia especial, para quem tem curso
superior, é outra imoralidade. Tem que criar mais vagas para pôr essa
pilantragem na cadeia. O que fazem com os nordestinos, que não têm água, também
deveria ser motivo para "trancar" esses pilantras.
O legado
esportivo da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos foi um tiro no pé dos
brasileiros?
- Pode até ter sido, mas a mim não surpreendeu. Tenho
77 anos e desde antes dos 10, quando meu pai recebia os amigos em casa, a seca
do Nordeste já era tema. Aqui nada mais surpreende. Quando surge a "Lava
Jato", os pilantras de Brasília - tipo Renan e Sarney - querem acabar
porque vão perder a chance de continuar roubando. Cana neles.
Qual o seu
sentimento com relação ao que fizeram com o Maracanã?
- De muita dor interior. O que fizeram com o Maracanã
é de estraçalhar o coração.
Um time
inesquecível?
- O primeiro do Fluminense que vi ser campeão carioca
em 1959, um ano depois de chegar ao Rio: Castilho, Jair Marinho e Pinheiro;
Edmilson, Clóvis e Altair; Maurinho, Paulinho, Waldo, Telê e Escurinho. Mas o
do bi, no tri de 83-84-85, com os dois gols do Assis no Fla-Flu de 83 e 84,
também me encantou. Quando o Assis entrou no vestiário, após a final de 84, eu
já estava lá e anunciei: está chegando o carrasco do Flamengo. Nunca
reivindiquei, mas o termo CARRASCO foi criado por mim, então na Rádio Nacional.
Depois de
Pelé...
- Nenhum outro casal conseguiu repetir a fórmula do
seu Dondinho e da dona Celeste... A fábrica fechou.
Pelé tem até gol que nunca marcou que é comentado.
Hoje, quase 50 anos depois que ele parou, ainda dizem: fulano tentou o gol que
o Pelé não fez. O drible no Mazurkiewicz - goleiro uruguaio - e a defesa do
inglês Gordon Banks depois da cabeçada são irreais, coisas de filme de ficção.
Já tentaram estabelecer comparação com Puskas,Di
Stéfano, Cruyff, Maradona... Junta todos e inclui o Messi, que talvez, na soma,
dê meio Pelé...
Escale o seu
time dos sonhos...
- Difícil. O do Fluminense de 59, o do bi do Botafogo
61-62, o do outro bi do Botafogo 67-68, o do Flamengo campeão do mundo de 81,
que cobri no Japão, nos 3 x 0 no Liverpool. A seleção de 58-62, a seleção de 70
e a seleção de 82. É difícil não sonhar com tantas equipes que me encantaram.
Miracema,
meu caro Deni, é a terra dos irmãos Aymoré, Airton e Zezé Moreira, três
personalidades do futebol brasileiro. Acredito que você tenha tido mais contato
com o Aymoré e o Zezé. O que pode nos falar sobre eles?
- Sim, sei que Miracema é a terra dos irmãos Moreira.
Tive mais tempo de contato com Zezé. Com Aymoré, só quando cobria os jogos da
seleção, depois que ele substituiu o Feola, campeão em 58. Do Airton tenho uma
foto, em Montevidéu, 1967, quando ele, com o Cruzeiro na Libertadores, e Aymoré,
com a seleção na Copa Rio Branco que o Brasil ganhou no estádio Centenário,
estavam no mesmo hotel, o Victoria Plaza, na Plaza Victoria. Airton era um
pouco menos introvertido que Zezé, o mais fechado dos três. Aymoré era muito
expansivo. Os colegas mais velhos o chamavam de seu biscoito, devido aos
biscoitos Aymoré, que eram deliciosos.
Zezé me atendeu várias vezes, domingo de
manhã, na concentração do Fluminense, na Rua das Laranjeiras, onde eu ia gravar
Firestone nos Esportes, dois flashes que entravam na programação matinal,
falando sobre o jogo principal da tarde, dentro do programa Paulo Gracindo, que
lotava o auditório da Praça Mauá. Ele me atendia bem, mas tive que descobrir o
certo para chegar para gravar com ele. Quem me deu a dica foi o Pinheiro:
"Olha, não vem de 10 às 11, que seu Zezé está ouvindo no radinho as
informações sobre as corridas da tarde no Jóquei". Ele gostava de
apostar nos cavalinhos... Fui também amigo do Wilson Moreira, filho do
Zezé, atacante que jogou no Vasco e foi dirigido pelo próprio pai.
O Zezé era
muito sério e competente, dos técnicos mais capazes que conheci. O primeiro que
vi de paletó e gravata na boca do túnel do Maracanã. Nilton Santos me falou
algumas vezes muito bem do Zezé Moreira, que o dirigiu no primeiro título, em
1948, no Botafogo: "Com seu Zezé não tinha meu pé me dói, não. Ele sabia
exigir e se impor. Ai de quem não cumprisse". Zezé me deu a alegria do
título de 1959, o primeiro do Fluminense que acompanhei no Rio. Ele já havia
sido campeão de 1951, mas eu ainda não vivia aqui. A Taça Rio de 1952 - sem
derrota - foi outra grande conquista dele no clube. Jairzinho também me falou
muito bem do Zezé. Ele comandou o Cruzeiro, campeão da Libertadores 75, e na
final do Mundial de clubes, 76, com o Bayern. Na neve, em Munique, 2 x 0
Bayern. No Mineirão, 0 x 0, com o Sepp Maier - goleiraço - fazendo defesas
inacreditáveis.
Que conselho
você daria a alguém que acaba de sair da faculdade e quer se introduzir na
profissão?
- Que procure ter aulas práticas e se apoie em boas
orientações, sobretudo dos mais experientes. Jornalismo é vocação e observo que
hoje boa parte dos que querem ser profissionais, seja em que área for, apenas o
fazem por achar que é bonito aparecer na televisão ou falar no rádio.
Como surgiu
a expressão “Trepidante”?
- Foi um termo criado pelo Celso Garcia, narrador da
Globo, no meu tempo de repórter. O repórter tinha acesso a tudo, inclusive à
sala de arrecadação do Maracanã. Eu ia ao vestiário do árbitro, eu ia à entrada
do vestiário quando o time chegava ao estádio, eu acompanhava o aquecimento, ao
lado do vestiário, eu ia ao estacionamento entrevistar figuras relevantes que
chegavam, ia à sala de arrecadação checar a expectativa de renda e público.
Como chamava o narrador de diversos lugares, o Celso Garcia criou: fala,
trepidante.
Nessa época, tudo era importante para o ouvinte.
Muitos que iam de arquibancada levavam radinho e apostavam em tudo. Que time ia
entrar primeiro em campo; de que lado o time ia jogar; que time daria a saída;
e até os números de7 a 11 eram apostados sobre quem faria o primeiro gol.
Apostavam na renda e no público também. Tanto que o Waldir Amaral me dizia:
chama assim que sair a renda. Eu passei a substituir "Alô, Waldir"
pelo "Renda!!!" . Tinha que dar pausado e repetir. Justino
Soares, coordenador financeiro da Federação, entrava comigo na sexta-feira para
dar um panorama da venda antecipada e da provável renda/público.
Muito
obrigado pela entrevista e faça suas considerações finais.
- Tive um grande amigo em Santo Antonio de Pádua, seu
Jaime Simão, botafoguense, comerciante de tecidos em São Cristóvão. Ele me
chamou muitas vezes para cavalgar com ele em Pádua, mas não havia tempo. Talvez
se tivesse ido, tivesse também conhecido Miracema, que é perto e faz parte do
noroeste do estado. Ele era dono da J.Simão Tecidos e patrocinava um programa
que eu apresentava domingo à noite na Globo. Pelo menos uma vez por semana ele
me chamava para almoçar na Saara. Foi um botafoguense dos bons. Tinha uma
cobertura no mesmo prédio na Tijuca em que comprei meu segundo apartamento, mas
nunca morei.
Gostaria de contar uma breve história para os leitores do blog: Em 1964 - de 10 de maio a 13 de junho - fiz uma volta ao mundo com o
Madureira, indicado por Telê Santana, que, em final de carreira, jogava no
clube. Eu escrevia cartas para o Telê e ele me respondia, quando eu ainda
morava em Manaus. Fizemos amizade.
Ele tinha uma sorveteria, a Telê Sorvex, na Rua Guaporé, em Brás de
Pina, bairro da zona norte. E me disse: "Vem aí uma viagem longa e eu não
posso ir", mas você - a menos que não queira ou não possa - já está
convidado para ser o jornalista da delegação. Na época, por lei do Conselho Nacional de Desportos
(CND), o clube era obrigado a levar jornalista na delegação. Eu só estava na
Rádio Nacional e o diretor-geral da emissora era supercomuna, Hemílcio Froes.
Quando ele soube que o time ia jogar na China, logo me liberou.
Fiz a cobertura
- na época era telegrama e nem se pensava em telex - para O Globo, indicado
pelo colega Roberto Garófalo. Na volta da viagem, com as matérias que mandei, o
editor Ricardo Serran perguntou se eu queria entrar para o quadro de repórteres
do jornal. Claro que sim. Um ano depois, Waldir Amaral me chamou para trabalhar
com ele. A rádio era no quarto andar e a redação do Esporte do jornal, no
segundo andar. Subia e descia de escada.
Fiquei de 1964 a 1976, quando voltei
dos Jogos Olímpicos do Canadá, trabalhando em O Globo e aprendendo ainda mais
com quem sabia: Argeu Affonso, até hoje presidente do júri do Estandarte de
Ouro, Julio De Lamare - nome do parque aquático -, jornalista que sabia tudo de
natação e dos demais esportes aquáticos, Jorge Leal, que cobria o Flamengo, e
Carlos Alberto Pinheiro, que depois foi assessor o presidente Havelange ainda
na CBD.Na época, as resenhas de rádio eram escritas, com
cópia com papel carbono (lembra?), e certa vez o redator da resenha da rádio
não foi, o Celso Garcia me pediu para escrever e, quando acabei, ele mostrou ao
Waldir. Não havia sequer uma rasura na redação.
Fui o primeiro jornalista esportivo das Américas a
entrar na República Popular da China, na época de repressão do Mao-tse-Tung
e quando nove chineses estavam presos no Rio pelo governo militar instaurado em
31 de março de 64. Jogamos, sem problema, em Cantão, Pequim e Shangai. Fomos
muito bem tratados. Conheci a famosa Muralha da China.
Antes, em Hong Kong, onde ficamos 15 dias, conheci a
montanha onde foi feito o filme Suplício de uma saudade, sucesso dos cinemas
nos anos 50/60. Na mesma viagem, na Europa, conheci o estádio do Torino, de
onde se podia ver a colina de Superga, onde o avião que trazia o time de volta
da Inglaterra, em 49, se espatifou e não se salvou ninguém. Uma viagem realmente
sensacional!
A partir d Copa de 70, fui correspondente no Brasil do ESTO, principal jornal esportivo do México. Durante a mesma Copa, por meu intermédio, João Saldanha escreveu coluna diária no ESTO e ganhou 10 mil dólares. Era a mesma coluna que ele escrevia para O Globo. Na velha máquina de escrever, ele fazia a coluna com papel carbono e eu traduzia. Depois do ESTO, também escrevi para El Heraldo e Excelsior, que é O Globo de lá. Um jornal completo.
Desculpa
aí por te tomar tanto tempo. Abraços e saudações tricolores. DM