quarta-feira, 30 de agosto de 2023

MODESTO BRIA: PARAGUAIO QUE MARCOU ÉPOCA NO FLAMENGO

 


Modesto Bria nasceu em Encarnación, no Paraguai, em 03 de agosto de 1922. Bria iniciou sua carreira no Nacional, do Paraguai, e chegou ao Flamengo em 1943, sendo peça importantíssima na conquista dos títulos carioca de 1943 e 1944. Fez o seu último jogo pelo Flamengo, por coincidência, também em setembro de 1953, atuando em 369 jogos e marcando 8 gols. Em 1954, foi vice-campeão pernambucano pelo Santa Cruz.

 

Bria fez parte de uma linha média que marcou época no Flamengo ao lado de Biguá e Jaime. No início dos anos 40 o compositor, jornalista e locutor esportivo Ari Barroso fazia um show no Teatro Nacional de Assunção, no Paraguai. Apaixonado por futebol aproveitou a sua presença na capital paraguaia e foi assistir a um amistoso da seleção da casa contra a Argentina. Ficou encantado com o jogo do apoiador, que apesar de ainda novo, já era destaque em seu país. Assim que retornou ao Brasil o compositor solicitou que a diretoria do Flamengo observasse esse jovem paraguaio, o que foi prontamente atendido.




Quando parou de jogar, em 1955, foi convidado pelo técnico Fleitas Solich, também paraguaio, para ser seu auxiliar. Sempre que o Flamengo ficava sem treinador os dirigentes recorriam a Bria. O ex-jogador exerceu o cargo interinamente em várias oportunidades. Ao todo, foram mais de 50 anos de serviços prestados ao clube carioca.

 

Em 1967, quando treinava o time juvenil, Bria foi apresentado a um menino franzino cujo apelido era Zico, levado para a Gávea pelo radialista Celso Garcia. Titubeou por conta do físico do garoto, mas permitiu que fizesse um teste. Antes do final do treino, depois de algumas belas jogadas, o futuro “Galinho de Quintino” já havia impressionado a todos. O restante da história todo mundo conhece.

 

Modesto Bria faleceu aos 74 anos, em 30 de agosto de 1996, na capital carioca, vítima de uma esclerose.

 

quinta-feira, 24 de agosto de 2023

CLAUDIOMIRO: O "BIGORNA" COLORADO

 


Claudiomiro Estrais Ferreira nasceu na capital gaúcha em 03 e abril de 1950.  Era conhecido como Bigorna por conta de seu peso, mas isso não o impediu de fazer grandes exibições com a camisa do Internacional. Baixinho, escapava sempre em alta velocidade, ajeitando a bola para o pé direito, ou o esquerdo, antes de soltar a bomba. Claudiomiro foi o dono absoluto da camisa 9 do Colorado entre 1967 e 1973. 


Após 424 jogos e 210 gols marcados defendendo o time gaúcho, ainda jogou por Botafogo (RJ), Flamengo (5 jogos entre maio e julho de 1976), Caxias e Novo Hamburgo. Em 1979, retornou ao Internacional para encerrar a carreira, abreviada pela luta contra o sobrepeso e um problema crônico no joelho mal operado. 


Claudiomiro foi o autor do primeiro gol do Beira-Rio, no jogo inaugural contra o Benfica, de Portugal, na vitória de 2 a 1, em 06 de abril de 1969. Claudiomiro chegou ao Inter com apenas 13 anos. Estreou nos profissionais com 16 anos, e tinha 18 quando fez o histórico gol contra o Benfica de Portugal, na inauguração do Gigante, em 1969. Fez parte, no início da carreira, de um ataque que tinha outros jogadores jovens - como Sérgio, Dorinho e Bráulio.


Além de suas ótimas características como centroavante, era também um excepcional cavador de pênaltis. Sempre em alta velocidade, ajeitando a bola para o pé direito - ou o esquerdo - antes de soltar a bomba, Claudiomiro foi o dono absoluto da camisa 9 do Internacional entre 1967 e 1973. Foi Hexacampeão Gaúcho entre 1969 e 1974. Com os 210 gols marcados, é o terceiro maior artilheiro do Colorado, ficando atrás apenas de Carlitos (485) e Bodinho (235).


Seu nome chegou a ser cogitado pelo técnico João Saldanha, da Seleção Brasileira, durante as eliminatórias para a Copa do Mundo de 1970. Fez 5 jogos oficiais e marcou um gol pela Seleção, todos em 1971.


O ex-jogador tinha 68 anos quando foi encontrado sem vida em sua residência, na cidade de Canoas, no interior gaúcho, em 24 de agosto de 2018.

terça-feira, 8 de agosto de 2023

O SOBERBO ADEMIR MENEZES – POR GERALDO ROMUALDO DA SILVA

 


Nota: crônica transcrita do Jornal dos Sports, de 08 de novembro/1992, homenageando o Queixada no seu aniversário de 70 anos. Ademir faleceu em 11 de maio de 1996, aos 73 anos.

 

Seus números dentro de campo comprovam que não é para qualquer mortal. Mas, esperem, não é somente esse fantástico recorde, que atesta a miraculosa força atlética e todo o genial talento desse nosso caro e mitológico Ademir Marques de Menezes, em seus venturosos, às vezes, também atribulados e sofridos anos de profissionalismo de vintém.

 

De pique direto, fulminante velocidade e precisão absoluta nos arremates, geralmente por baixo e penteando a grama, quem foi melhor do que ele? Pode parecer até delírio de saudosismo. Mas não é nada disso. Querem ver só? Pessoalmente, tenho visto, ao longo de tantos temporais, aqui e fora, atacantes da mais fina qualidade, possuidores de extrema mobilidade e rushs fatais. Nenhum deles, porém, com o sendo de equilíbrio, a bem dotada noção do momento da explosão e o inacreditável poder de fogo, para fazer a coisa certa. Dir-se-ia o próprio imponderável. Mas, pagou caro tributo. Com seguidas fraturas de demorada recuperação e a sagrada intimidade maculada pelos alvoroçados caçadores de escândalo, que por aí também já existiam.

 

Produto da vitoriosa geração que nos deu Zizinho, nascido e moldado pelo inquieto uruguaio Ricardo Diez, técnico do campeoníssimo Sport Club do Recife, eis que esse fogoso Ademir, após exaltado sucesso pelos estádios do Sul – Rio, São Paulo e Minas –, transforma-se, de repente, em alvo da cobiça de dois pretendentes gananciosos, mas irreconciliáveis: Vasco e Fluminense. Ele até que teria sido mais balançado pelo Fluminense, ainda de Ondino Vieira, que o queria a todo custo, tanto que nele via a mais expressiva descoberta de sua carreira.

 

No entanto, mais esperto e valendo-se da preguiçosa indefinição dos parvos cartolas tricolores, coube-lhe, por destino, os ares mais promitentes de São Januário, para alegria e ufanosa realização do pai e empresário, “Seu” Menezes, o sempre sorridente e lépido “Muriçoca”. E, é claro, porque a grana cruzmaltina era muitíssimo mais generosa. Vem daí, o seu desabrochar para a glória. Como a de afirmar-se artilheiro, sem rival em sul-americanos memoráveis (média de 13 gols). Mais a honra de ser o primeiro, no Mundial de 50, e herói de nada menos de 54 gols em 49 partidas, unicamente, ao curso de 1949.

 

Com Tesourinha, Zizinho, Heleno e Jair Rosa Pinto, vestiu a camisa 11 (só porque não podia ficar fora do bolo de gente tão especial), soube sempre se apresentar com soberba e digna atuação, durante o torneio continental de Santiago do Chile, em 1945. Nos pés e a cada desafio, a marca inconfundível do irresistível rocketing the Ball.

 

De outra feita, agora por influência e clamor de Gentil Cardoso, terminou por bater às portas do Fluminense. O Fluminense – lembram-se – não passava de um risível timinho, a torcida já impaciente à espera do milagre de uma vitória que não vinha nunca. Foi quando ocorreu a Gentil soltar uma de suas tiradas – neste episódio, a que mais e melhor definiu a magia desse craque de mil travessuras com a redonda: - “esse Ademir é só o que nos falta para sairmos de todo o nosso sufoco!” E gritou, profético e temerário:

- Deem-me Ademir e eu vos darei o campeonato.

 

Os que suponham que se tratasse de mais uma potoca do velho marinheiro, quebraram a cara. E não é que aquele time tomou jeito e que, jogando com também Pedro Amorim, que sempre sabia das coisas e fazia gols, ficou com o título. O Fluminense inteiro do pernóstico tênis à vaidosa natação, cantou vitória o ano inteiro. Enquanto Gentil, na sua doce sombra, sorria e falava, de coração aberto:

- Ah, meu craque Ademir! Devemos tudo a ele!

 

E era a mais pura e santa verdade. A mais e eloqüente sincera manifestação de humildade do velho sábio, matreiro e milagroso Preto Velho.

 

 

domingo, 6 de agosto de 2023

ORLANDO: O "PINGO DE OURO"

 


Orlando de Azevedo Vianna nasceu na capital pernambucana, em 04 de dezembro de 1923. Orlando Pingo de Ouro foi um meia talentoso, veloz e ótimo finalizador. Outra de suas características era a facilidade que possuía de deixar os companheiros na cara do gol. Orlando era franzino, bem diferente dos atacantes de sua época, a maioria de físico privilegiado. Por isso recebeu o carinhoso apelido de “Pingo de Ouro”.


Um dos mais habilidosos jogadores de sua geração, esse pernambucano marcou época defendendo o Fluminense – de 1945 a 1954 – anotando 190 gols em 308 jogos, sendo 286 partidas iniciando como titular. É o terceiro maior artilheiro da história do Tricolor, perdendo apenas para Waldo e Fred. Foi campeão carioca em 1946 e 1951, e da Copa Rio de 1952. 


Começou no Náutico (campeão pernambucano em 1945), e depois do Fluminense atuou no Santos – breve passagem, Atlético (bicampeão mineiro em 1954/55), Canto do Rio e Botafogo, onde encerrou a carreira em 1956. Vestiu a amarelinha em 3 jogos e marcou 2 gols, em 1949, na conquista do Sul-Americano.


Morreu na capital carioca, aos 80 anos, em 05 de agosto de 2004, de insuficiência cardíaca.