domingo, 19 de outubro de 2025

DARÍO PEREYRA: RAÇA E TÉCNICA A SERVIÇO DO FUTEBOL

 


Alfonso DARÍO PEREYRA Bueno é uruguaio de Sauce, onde nasceu em 19 de outubro de 1956. Zagueiro voluntarioso, técnica refinada, raça acima da média, forte espírito de liderança. Jogava de cabeça erguida, com muita firmeza e seriedade. Ótimo na cobertura e na antecipação, sempre bem colocado e um gigante no jogo aéreo. Se fosse preciso atuava em outras posições. Um dos mais completos zagueiros que vi jogar.

 

Entrou para a história do São Paulo, sendo considerado um dos seus melhores zagueiros. Chegou ao Tricolor para jogar como apoiador, sua posição de origem, para resolver os problemas do meio-campo do São Paulo. No entanto, acabou como mestre da defesa.

 

Quando o zagueiro Oscar desembarcou no Morumbi, vindo do Cosmos de Nova York, em 1980, estava formada uma das mais perfeitas duplas defensivas de todos os tempos na história do São Paulo. O talento de Darío e a garra de Oscar se completavam, conforme descrito no Almanaque do São Paulo, por Alexandre da Costa, em 2005.

 

Sua adaptação ao futebol brasileiro não foi imediata, e o uruguaio não conseguia repetir as boas atuações que o consagraram pelo Nacional e pela seleção do seu país. O problema foi resolvido quando, numa emergência, o técnico Rubens Minelli decidiu improvisar o apoiador como quarto-zagueiro. Ele se saiu muito bem e não deixou mais a posição até 1988, quando saiu do São Paulo.

Atuou no Nacional (campeão uruguaio em 1976), São Paulo – 451 jogos e 38 gols (campeão paulista em 1980/81, 1985, 1987, e do brasileiro em 1977 e 1986), Flamengo – 12 jogos, Palmeiras – 32 jogos e 1 gol, e Matshushita/Japão (campeão da Copa do Imperador), onde encerrou a carreira em 1992.

 

Disputou a Copa do Mundo de 1986 e vestiu a camisa da Celeste em 34 jogos e marcou 14 gols.

 

 

quarta-feira, 3 de setembro de 2025

DULCE ROSALINA: PRIMEIRA-DAMA DAS ARQUIBANCADAS

 


DULCE ROSALINA Ponce Leon nasceu na capital carioca em 07 de março de 1934. Começou a frequentar os estádios desde nova, e por sua assiduidade, foi convidada, em 1956, para comandar a Torcida Organizada do Vasco (TOV), na época um fato inédito, tornando-se a primeira mulher a chefiar uma torcida. As histórias mostram que Dulce, realmente, cumpriu bem a sua missão no comando de uma organizada. Apesar do preconceito, aceitou o desafio e caracterizou sua participação pela presença nos estádios, independentemente do lugar, e pelas brincadeiras sadias que a faziam sempre respeitada pelos torcedores de outros clubes.


Em 1976, deixou a Torcida Organizada do Vasco, já que o grupo apoiava, na eleição presidencial do clube, o candidato Agathyrno da Silva Gomes, enquanto ela apoiava Medrado Dias, o candidato da oposição. Ao deixar a TOV criou a Renovascão, outra torcida organizada.


Folclórica, uma de suas mais saborosas histórias dava conta de que, seu marido, o ex-jogador Ponce Leon, na época de jogador de Bonsucesso, Botafogo e São Paulo, não poderia vencer o Vasco, sob pena de apanhar quando chegasse em casa. 


A mais antiga chefe de torcida do país, conhecida como a “primeira-dama das arquibancadas”, morreu aos 69 anos, de insuficiência cardíaca, em 19 de janeiro de 2004, no Rio de Janeiro. O Vasco perdeu a sua torcedora símbolo.


A prefeitura do Rio de Janeiro decidiu homenageá-la ao dar seu nome a uma rua próxima ao Estádio de São Januário. Ela foi um exemplo de pioneirismo na luta das mulheres por espaço e voz dentro do futebol.

quinta-feira, 28 de agosto de 2025

ESTÁDIO MUNICIPAL PLÍNIO BASTOS DE BARROS - MIRACEMA-RJ

 


 

 

Em dezembro do corrente ano completará 70 anos. Será que o mesmo estará em condições de jogo? Ao longo dos últimos anos o descaso do poder público com o estádio é uma aberração. Como desportista e miracemense apaixonado por essa terra, procuro e não encontro palavras para expressar minha indignação.

 

As obras para a construção do estádio foram iniciadas em 27 de março de 1954. Quase dois anos depois, em 23 de dezembro de 1955, ocorreu a inauguração do Estádio Municipal Plínio Bastos de Barros, em Miracema. O jogo inaugural foi entre a seleção de Miracema e o Americano, de Campos, que derrotou o time local por 3 a 1.

 

Antes da inauguração do novo estádio, o campo de futebol era cercado por bambus e localizado no terreno onde hoje se encontra instalada a escola Prudente de Moraes.

 

Plínio Bastos de Barros foi prefeito de Miracema entre outubro de 1951 e janeiro de 1955. Dentro desse período, afastou-se do cargo por 10 dias, entre 12 e 22 de dezembro de 1954, sendo substituído por Odilon Barroso Botelho. Quando da inauguração do estádio, o prefeito era o Dr. Moacyr Junqueira.

 

Na gestão do prefeito Jamil Cardoso foi inaugurado os refletores, numa época em que só os grandes centros do país possuíam esse privilégio. Em 03 de maio de 1964, no aniversário de 28 anos de emancipação do município, foi realizada uma grande festa e o primeiro jogo noturno na cidade, entre os rivais Miracema e Tupan, que terminou empatado em 2x2. Há de se registrar que a 1ª Exposição Agropecuária e Industrial foi realizada em maio de 1965, no estádio municipal.

 

Por esse gramado já desfilou diversos craques do futebol brasileiro em partidas amistosas e festivas. Jogadores em início de carreira e outros já aposentados – que nos brindaram com sua presença em Miracema:

Gerson Canhota, Germano, Beirute, entre outros, com o juvenil do Flamengo, em 1960; ainda em 1960, o Canto do Rio, de Niterói, que disputava o campeonato carioca, jogou contra o Flamengo de Miracema e empatou por 3 a 3; Zezé Moreira trouxe um time misto do Fluminense no início dos anos 60; Ademir Menezes, o Queixada, também deixou seus gols; Amaro, ex-América e Corinthians; o artilheiro botafoguense Quarentinha; o gênio Garrincha com a Seleção de Master no final dos anos 70, na cia de Brito, Djalma Dias, Nei Conceição, Afonsinho e o atacante Michey, entre outras feras; o folclórico Fio Maravilha; o artilheiro Bebeto, após a conquista do Mundial de Juniores no México, em 1983, esteve por aqui defendendo a Seleção Carioca da categoria ao lado de Mamão e Clóvis (Vasco), Eduardo e Ricardo Gomes (Fluminense), Hugo e Adalberto (Flamengo), Helinho (Botafogo), Demétrio (Campo Grande); o master do Flamengo com Zé Carlos e País (goleiros), Rondinelli, Andrade, Adílio, Leandro Ávila, Nélio, Beto, Julio César Uri Geller, Nunes, entre outros; a Seleção Carioca Master com Carlos Germano, Pimentel, Mauro Galvão, Odvan, Túlio, Donizete Pantera, Athirson, Sorato, Iranildo, Duílio e etc... Parei por aqui para não ser injusto com outros tantos jogadores.

 

Jogando nesse estádio, no amistoso do Miracema contra o Goytacaz, em 1976, Orlando Fumaça recebeu o convite para treinar no time campista. Célio Silva, antes de se apresentar ao Americano, fez seu último jogo pelo Vasquinho contra o Operário pelo campeonato municipal, em fevereiro de 1986. Não preciso mencionar quantos craques da “Santa Terrinha” – parodiando o amigo e conterrâneo José Maria de Aquino – que também desfilaram por esse gramado fazendo a galera vibrar e cada um escrevendo sua história no futebol miracemense.

Ainda sobre esse estádio, também foi um dos pioneiros da região na construção do túnel de acesso do vestiário ao campo de jogo, e que durante muitos anos ficou desativado por motivos que desconheço. Após uma ampla reforma, no governo do prefeito Gutemberg Damasceno, o túnel foi reaberto para a alegria de todos.

 

Esse estádio é um patrimônio da cidade e merece todos os cuidados devidos do poder público. Há de se ressaltar que o mesmo vem perdendo parte de sua área. Primeiro para a construção de uma quadra, denominada Jair Nascimento (Jair Polaca), que, convenhamos, é merecedor de uma homenagem bem mais representativa. Recentemente, um espaço muito maior foi designado para a instalação de um cinema. E, por último, um espaço próximo à quadra foi cedido a um grupo de torcedores do Botafogo (como sede), que se reúnem em dias de jogos. Espero que esse desmembramento tenha se encerrado.

 

A bem da verdade, o futebol local, e não é de hoje, praticamente inexiste em nível de competição. O Paraíso Esporte Clube, do 2º distrito de Paraíso do Tobias, ultimamente vem representando o município em competições regionais. Por sinal, o Estádio Francisco Chacour se encontra em boas condições e sob os cuidados de dois ex-jogadores que honraram a camisa do Paraíso Esporte Clube em seus bons tempos: Osni Prudêncio e Marcus Assad.

 

quarta-feira, 27 de agosto de 2025

PARABÉNS AO ESPORTE CLUBE RIBEIRO JUNQUEIRA!

 


Tradicionalíssimo clube de Leopoldina, da Zona da Mata mineira, completa 114 anos de sua fundação neste dia 27 de agosto.

 

O melhor momento do Dragão da Zona da Mata foi no final dos anos 80 e início dos anos 90, quando conquistou a terceira divisão do Campeonato Mineiro e foi vice-campeão da segunda divisão do Estadual.

 

No ano de 1991 o Ribeiro Junqueira chega à elite do futebol mineiro, estando compreendido a chave 2 daquele campeonato. O clube ficou na mesma chave do Atlético Mineiro e o Democrata de Governador Valadares. Mais a fraca campanha fez com que o clube fosse eliminado. Disputou o Grupo da Morte, onde os dois últimos foram rebaixados para o Módulo II do Campeonato Mineiro de 1992.

 

Nota: transcrevo a seguir dois parágrafos exemplificando a forte ligação do Ribeiro Junqueira com um craque miracemense, e a história do clube com Telê Santana.

 

A juventude chegou e com ela Maninho partiu para realizar o sonho de criança. Miracema ficou pequena e a cidade mineira de Leopoldina, na Zona Mata, recebeu de braços abertos o jovem jogador que, aos 21 anos, começou a sua trajetória defendendo as cores do E. C. Ribeiro Junqueira, um time quase imbatível naquela época em toda a região. Até hoje tem o seu nome reverenciado na história do clube, junto aos demais companheiros que formaram, senão o melhor, um dos maiores esquadrões do Ribeiro Junqueira. Em 2011, nas comemorações do centenário, Maninho foi homenageado pelo clube mineiro. Representado pelo seu filho – Celso – foi entregue uma placa comemorativa pela sua atuação no “ESCRETE DE OURO”, na década de 40. São poucos os clubes profissionais do Brasil que reverenciam e prestam homenagens aos seus ídolos. O clube mineiro tem por tradição tratar com muito carinho e respeito seus ex-jogadores.

 

Com relação a esse time do Ribeiro Junqueira, o Brasil ficou conhecendo sua fama através dos depoimentos de Telê Santana. Na preparação para a Copa do Mundo de 82, na Espanha, nas páginas da revista Placar, o ex-técnico lembrou aquele time que tanto marcou a vida do menino Telê – com técnica e talento ao lado de tática e preparo físico. Doze anos depois, precisamente em 28 de agosto de 1994, em uma entrevista concedida ao Jornal do Brasil, Telê voltou a citar que foi inspirado nesse time que brilhou no interior de Minas, na década de 40, que ele montou a Seleção de 82 e o São Paulo campeão mundial interclubes de 92: Manganga, MANINHO e Baptista; Itim, Domício e Quadrado; Vicente, Geraldinho, Daher, Caturé e Elair. Assim ele descreveu: “Eu digo que, aos 11 anos de idade, vi um time jogar lá na minha terra, em Itabirito, e nunca mais esqueci a sua escalação. Fiquei abismado ao ver um time jogar tão bem, eles jogavam por música. O time era o Ribeiro Junqueira, de Leopoldina, no interior de Minas Gerais, e tinha a camisa parecida com a do Flamengo. Esse time jogou em todo o interior de Minas e ganhou de todo mundo”. Essa história ficou tão marcante em sua vida, que na sua biografia “Fio de Esperança”, tem um tópico dedicado ao Ribeiro Junqueira.

 

segunda-feira, 11 de agosto de 2025

YASHIN: O ARANHA NEGRA

 


O ex-goleiro Lev Ivanovich YASHIN, mais conhecido pelo apelido de “Aranha Negra”, nasceu na cidade de Moscou, na Rússia, no dia 22 de outubro de 1929. Em 1984 teve uma perna amputada devido a um problema circulatório e em 1986 teve um derrame cerebral. Em 1990, o exagero no cigarro e na vodka o acometeu de um câncer no estômago que acabou levando-o à morte, em 20 de março, aos 60 anos, em Moscou. É considerado por muitos especialistas o maior goleiro de todos os tempos. Tinha ótima colocação e muita segurança na área.

 

Yashin se destacava pela antevisão dos lances. Pela posição do adversário, a maneira como enquadrava o corpo, ou mesmo a forma como batia na bola, Yashin já começava o movimento de defesa. “A maior qualidade de um goleiro é intuir as ações do atacante. Desse modo pode-se destruí-lo psicologicamente”, costumava dizer. Sua colocação também era lendária. Os punhos e as mãos grandes amorteciam os chutes mais potentes, sem espalhafato ou acrobacias. Era ainda favorecido pela boa estatura (1,88 m) e pelos longos braços.

 

Não só pelas roupas pretas que usava que lhe deram o apelido de “Aranha Negra”, mas também porque revolucionou a maneira de jogar no gol. Ele foi o primeiro a sair jogando além da pequena área e às vezes até mesmo fora da área.

 

O lendário goleiro soviético disputou 326 partidas pelo Dínamo de Moscou, seu único clube, de 1951 a 1970. Pela Seleção Russa – estreou em 1952 – atuou em 78 partidas e disputou três Copas do Mundo: 1958, 1962 e 1966.

 

Em 1963, Yashin foi o primeiro jogador soviético a receber o prêmio de Melhor Jogador Europeu, dado pela revista France Football. Em 1998, foi eleito o goleiro da seleção européia de todos os tempos por 130 jornalistas do continente.

 

Por muito pouco o futebol não perdeu Yashin. Antes de jogar futebol, o atleta era goleiro de hóquei no gelo. Fã do futebol brasileiro, em 1965 ele conseguiu uma licença para visitar o país. Escolheu o Rio de Janeiro. Passava as manhãs na praia e as tardes no Flamengo, onde mantinha a forma e treinava os goleiros do clube. Foi chamado para Moscou antes que começasse a pensar bobagens...

 

 

O DESUNIDO E CONFUSO FUTEBOL FLUMINENSE

 


Nota: transcrito da Revista Placar edição nº 270, de 30 de maio/1975. “Garoto do Placar” – Pesquisa Mauro Pinheiro.

 

O futebol, no antigo Estado do rio, sempre foi complexo. Principalmente pela desorganização e desunião entre as Ligas que dominam o futebol fluminense.

 

Assim, existem campeonatos isolados reunindo clubes de uma mesma cidade ou região. E as principais Ligas estão em Campos, Friburgo, Petrópolis, Volta Redonda, Niterói e Barra do Piraí.

O primeiro campeonato oficial do Estado começou em 1928 como Campeonato Fluminense de Seleções. Mas, a cada ano, perdia ainda mais sua suposta importância. Em 1930, 1932, 1933, 1937, 1946, 1949, 1957 e 1959, não foi disputado. De 1941 as 1945, os municípios foram representados por clubes campeões. Em 1952 surgiu um campeonato paralelo que durou a te 1966. E, a partir de 1962, passou a ser disputado de dois em dois anos.

 

Neste campeonato fluminense de seleções sagraram-se campeões: 1928, 29 e 31, Niterói; 1934, Barra do Piraí; 1935, Niterói; 1936, Campos; 1938, Niterói; 1939, Campos; 1940, Campos e Friburgo; 1941, Niterói (Icaraí); 1942, Barra do Piraí (Royal); 1943, Niterói (Icaraí); 1944 e 45, Petrópolis (Petropolitano e Serrano, respectivamente); 1947, Campos; 1948, Petrópolis; 1950, 51 e 52, Barra do Piraí; 1953 e 54, São Gonçalo; 1955, Três Rios; 1956, Friburgo; 1958, Itaperuna; 1960 e 61, Friburgo; 1962, Barra Mansa; 1964 e 66, Macaé; 1968 e 70, Petrópolis; 1972, Friburgo e 1974, Campos.

 

Em 1952, a Federação organizou um novo campeonato reunindo os principais clubes de cada cidade. O primeiro campeão foi o Adrianino, de Paulo de Frontin. Mas este novo campeonato também não vingou. E, 14 anos depois, ele acabaria para a volta dos campeonatos isolados das Ligas que até hoje imperam no futebol fluminense.

 

No final do ano passado, quando a CBD manifestou a ideia de colocar um clube fluminense no Campeonato Brasileiro, a Federação do Estado do Rio resolveu reorganizar o campeonato estadual de clubes. Abriu inscrições, mas apenas seis agremiações se apresentaram para o torneio: Barbará, de Barra Mansa; Fluminense, de Friburgo; Flamengo, de Volta Redonda; Tiradentes, que é de São Gonçalo, mas joga na Liga de Niterói; e Americano e Sapucaia, de Campos.

 

E o campeonato começou dia 16 de fevereiro deste ano com o objetivo de indicar o representante fluminense no Brasileiro. O segundo turno mal começara e a CBD resolveu convidar o Americano de Campos. O campeonato perdeu a graça e o Sapucaia acabou vencendo-o. Hoje defende seu direito conquistado em campo: representar o Estado do Rio no Brasileiro de 1975.

 

O Americano, convidado pela CBD como campeão da Liga de Campos e que tem como estrela principal o atacante Messias, chegou às finais do campeonato fluminense com o Sapucaia. Ambos com 14 pontos ganhos e 6 perdidos. Partiram, então, para uma série melhor de quatro pontos.

 

Na primeira partida, dia 27 de abril, o Americano perdeu por 1 a 0. Mas ganhou a segunda pelo mesmo resultado, dia 1º de maio. Na terceira, dia 4 de maio, um melancólico empate de 0 a 0 forçou a quarta partida. E, nessa, o Sapucaia venceu por 4 a 2 e conquistou o título. Mesmo assim, o Americano está com sua participação garantida pelo convite no próximo Campeonato Brasileiro.  

 

Minhas considerações: Messias (foto que ilustra a postagem), do Americano, citado no penúltimo parágrafo, é um dos grandes ídolos da história do time campista. Nascido em Porciúncula, na região Noroeste do estado do Rio de Janeiro, Messias já não está mais entre nós.

 

quarta-feira, 16 de julho de 2025

GHIGGIA: AUTOR DO GOL QUE SILENCIOU O MARACANÃ EM 1950

 


O uruguaio Alcides Edgardo GHIGGIA Pereyra morreu em 16 de julho de 2015, aos 88 anos, em Las Piedras, no Uruguai. Ele foi vitimado por uma parada cardíaca, justamente no dia do 65° aniversário do “Maracanazo”.

 

O ex-atacante nasceu em 22 de dezembro de 1926, em Montevidéu, e começou sua trajetória no Atlante. De lá, foi para o Sul América até chegar ao Peñarol, clube que seria a base da seleção do Uruguai que deixou o Brasil como vice-campeão mundial. Na Itália, vestiu as camisas de Roma e uma rápida passagem pelo Milan. Retornou ao Uruguai para jogar no Danúbio e novamente no Sul América, onde encerrou sua carreira em 1968. Por incrível que pareça, jogou pouco pela seleção do Uruguai – 12 jogos e 5 gols marcados, entre 1950 e 1952 – e também vestiu a camisa da Itália – 5 jogos e 1 gol, entre 1957 e 1959.

 

Em 29 de dezembro de 2009 foi homenageado no Maracanã, colocando seus pés na Calçada da Fama. O uruguaio que silenciou o Maracanã em 1950 deixou mais uma marca no estádio. Ao se deparar com dezenas de visitantes e uma legião de jornalistas brasileiros à sua espera, o uruguaio procurou conter sua emoção. Após posar para fotos com visitantes, ser aplaudido e retribuir com acenos, ele ganhou um exemplar do livro “Os grandes jogos do Maracanã”, com sua foto logo nas primeiras páginas. “Muito bonito”, disse, sem um pingo de provocação. Num rápido discurso, com olhos marejados, agradeceu o carinho dos brasileiros e não quis responder perguntas. Tampouco falou sobre o lance fatídico, aos 34 minutos do segundo tempo, diante de um público de 173.850 pagantes.

- É uma honra muito grande e agradeço ao Brasil pelo carinho. Nunca pensei que seria homenageado no Maracanã. Emociona-me muito. Agradeço de coração. Felicidades a todos no Ano Novo. Viva o Brasil!

 

A última vez que Ghiggia esteve no Brasil foi durante o sorteio para a Copa do Mundo de 2014, na Bahia. Com a sua morte não restou mais nenhum remanescente da histórica tarde do dia 16 de julho de 1950.

 

Ghiggia estragou a festa dos brasileiros na Copa de 1950.  Faltavam dez minutos para o fim do jogo, que estava empatado em 1 a 1. O resultado garantia o título inédito para o Brasil, que abrira o placar aos dois minutos do segundo tempo. Aos 21 minutos, Juan Alberto Schiaffino empatou. Ghiggia virou o jogo em lance pela direita num chute de misericórdia entre o goleiro Barbosa e a trave. O silêncio tomou conta do Maracanã às 16h50 do dia 16 de julho de 1950. Eram 200 mil pessoas paralisadas, parecendo não acreditar no que acontecia. O Brasil precisava de um empate. Saiu ganhando e perdeu de 2 a 1 para o Uruguai. Tempos depois da conquista, Ghiggia disse o seguinte: “O silêncio era tão grande que, se uma mosca estivesse voando por lá, ouviríamos seu zumbido”. 

 

Desolados, os torcedores demoraram mais de meia hora para deixar o estádio. O choro era livre, enquanto os uruguaios recebiam a Copa do Mundo das mãos do presidente da FIFA, Jules Rimet. 


O time brasileiro criou 30 lances de gol (17 no primeiro tempo e 13 no segundo). Mas os jogadores, traídos pelos nervos, cometeram quase o dobro de faltas, um total de 21, contra apenas 11 do Uruguai.

 

Não se pode deixar de mencionar que o time uruguaio era muito bom e o oba-oba em torno da Seleção pode ter sido um fator determinante no emocional dos jogadores. Depois de tantos anos ainda procuramos motivos para justificar uma derrota que parecia pouco provável. Bastava o empate. No entanto, Ghiggia escreveu seu nome na história do futebol naquele 16 de julho.

 

sexta-feira, 11 de julho de 2025

HUGO SÁNCHEZ: O MAIOR ÍDOLO DO FUTEBOL MEXICANO

 


Hugo Sánchez Márquez nasceu na Cidade do México em 11 de julho de 1958. Atacante dono de uma canhota de excelência e extremamente ágil, difícil de ser marcado. Sua técnica, impulsão e elasticidade não demoraram a chamar a atenção.

 

Aos 15 anos ele já estava convocado para a seleção amadora do México e conquistou uma sólida reputação. Aos 17 anos foi campeão do Torneio Juvenil de Cannes, na França, e medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos. No ano seguinte foi o artilheiro dos Jogos Olímpicos de Montreal. Estava aberto o caminho para as redes do mundo. Em 1978, com apenas 20 anos, já disputava sua primeira Copa do Mundo, na Argentina.

 

Hugo Sánchez começou no Unam e logo depois teve uma breve passagem pelo futebol norte-americano, jogando no San Diego Shockers, entre 1979 e 1980. Retornou ao Unam e a Espanha foi seu destino seguinte, em 1981, atuando pelos rivais Atlético e Real Madrid até a temporada de 1992. Foram onze anos de uma passagem marcante pelo futebol espanhol.  A seguir jogou no América do México, Rayo Vallecano/Espanha, Atlante/México, Linz/Áustria, Dallas Burn/Estados Unidos, e Atlético Celaya/México, onde encerrou sua carreira em 1997.  

 

Foi campeão mexicano (1977 e 1981), da Copa do México (1975) e da Copa da Concacaf (1981) pelo Unam; da Copa do Rei (1985) pelo Atlético de Madrid; espanhol (1986/87/88/89/90), da Copa do Rei (1989) e da Copa da Uefa (1986) pelo Real Madrid. Tornou-se ídolo do Real e um dos maiores artilheiros da história do clube com 164 gols.

 


A artilharia sempre foi uma rotina na carreira de Hugo Sánchez. O atacante foi artilheiro do Campeonato Mexicano de 1979, com 26 gols, quebrando o recorde de gol na competição. Foi para o Atlético de Madrid, onde começou uma incrível sequência. Comandou a artilharia em 1985, 86, 87, 88 e 90 – quando quebrou o recorde do campeonato, com 38 gols, e recebeu a Chuteira de Ouro de maior artilheiro da Europa, empatando com Stoichkov.  Hugo impressionava com seus inúmeros gols de cabeça, voleio e bicicleta. No entanto, também tinha uma característica que chamava a atenção: a constante provocação aos adversários.

 

Hugo Sánchez disputou duas Copas do Mundo: 1978 e 1986. Na Copa de 86, no México, estava no auge de sua carreira e era a maior esperança de um improvável título mexicano. Mas o time da casa foi eliminado nas quartas-de-final. Vestiu a camisa da Seleção em 58 jogos e marcou 29 gols.

 

Maior ídolo do futebol mexicano, Hugo Sánchez se consagrou com seus gols e saltos mortais. A comemoração era uma homenagem à irmã ginasta que representou o México nas Olimpíadas de 1976.

 

segunda-feira, 7 de julho de 2025

DI STÉFANO: MESTRE DA BOLA



Alfredo Di Stéfano Lauthe nasceu na capital argentina em 04 de julho de 1926. O atacante foi um dos maiores jogadores hermanos da história e se tornou uma lenda ao defender o Real Madrid, da Espanha. Sem se importar com as comparações com Pelé, Di Stéfano brilhou defendendo equipes da Argentina (River Plate, onde iniciou a carreira, e Huracán), Colômbia (Milionários) e Espanha (Real Madrid e Espanhol, onde encerrou a carreira em 1966) fazendo o que mais gostava: gols, muitos gols. Só pelo Real Madrid foram 454.

 

Desembarcou na Espanha para se juntar a outros craques na formação de um time que dominou a Europa e disputou palmo a palmo com o Santos de Pelé o título de melhor do mundo. Foram anos de ouro. De todos os talentos que chegaram, como Puskas, Kopa, Del Sol e Didi, o argentino foi o único que participou das cinco campanhas vitoriosas na Copa dos Campeões.

 

Com 789 gols marcados na carreira, fez fama no Real Madrid, onde jogou entre 1953 e 1964 e foi o grande responsável pela conquista de cinco Ligas dos Campeões, um Mundial de Clubes, oito títulos do Campeonato Espanhol e uma Copa da Espanha. Foi escolhido o melhor da Europa em 1957 e 1959.

 

Faltou ao craque disputar uma Copa. Quando defendeu a Argentina (5 jogos e 5 gols marcados), no fim dos anos 40, não houve Mundial, devido à Segunda Guerra. Já no Real, ele se naturalizou, mas a Espanha (31 jogos e 23 gols marcados) ficou fora da Copa de 1958. Na Copa de 1962 ele era presença certa no ataque da Fúria. No entanto, pouco antes de o Mundial começar, o craque se machucou. Só estaria em condições de jogo na segunda fase da competição. A Espanha caiu frente ao Brasil ainda na primeira fase e o artilheiro voltou para casa sem o gostinho de jogar uma Copa.

 

Di Stéfano morreu em Madrid, em 07 de julho de 2014, três dias após completar 88 anos. Ele estava internado quando sofreu uma para cardíaca. Em 2005, o ídolo já havia sofrido um infarto e teve que fazer cirurgia para implantação de ponte de safena.

 

Em qualquer relação com os maiores jogadores de todos os tempos do futebol mundial, Di Stéfano é presença certa entre os dez primeiros. Sua vitoriosa carreira pode ser assim resumida: fome de gols e quase impossível pará-lo no ataque. A “Flecha Loira” esteve perto da perfeição dentro das quatro linhas.  

  

quarta-feira, 25 de junho de 2025

PARAÍSO DO TOBIAS: O POVOAMENTO DO DISTRITO

 



Fonte: livro da paduana – PICCININI, Rita Amélia Serrão – 2005. “A Casa da Águia – crônicas paduanas”, destaca o seguinte trecho dessa bibliografia sobre o povoamento do distrito.

 


Um dos primeiros a chegar na região (Pádua), em 1832, foi Francisco Tomaz Leite Ribeiro, mais tarde comendador. Logo depois veio seu cunhado Plácido Antonio de Arroz, e os dois formaram, respectivamente, as fazendas Cachoeira Alegre, a cinco quilômetros acima da cidade de Pádua e a Fazenda Paraíso, que deu origem ao distrito de Paraíso do Tobias.


O acréscimo do nome Tobias veio, mais tarde, de Tobias Joaquim Rodrigues, nome do português casado com uma das netas do fazendeiro Plácido. Tobias constituiu família grande, viveu ali muitos anos, contribuiu para o desenvolvimento e o progresso da localidade e se empenhou na criação do distrito de Paraíso, pertencente ao município de Pádua, que atualmente (1998) é distrito de Miracema. Pela sua permanência, ali, durante muitos anos é que se acrescentou, com o rolar do tempo, o nome Tobias.


E prossegue:

Não se sabe ao certo se a esposa de Tobias era filha ou neta de Plácido Antonio de Barros. Mas a história de dedicação do Tobias para o desenvolvimento da localidade, conforme descrito pela autora é narrado pelos moradores de Paraíso do Tobias como uma história de amor. Contam os atuais habitantes do distrito, sejam os mais velhos ou os jovens, que sendo apaixonado por aquele local, repetia freqüentemente: “esse é o meu paraíso”. Até hoje, dizem que Tobias freqüentemente volta ao seu “paraíso” para visitá-lo com chapéu na cabeça e montado em seu belo cavalo branco, exatamente como costumava fazer quando vivia naquelas terras. Muitos são os moradores que ouvem nas noites desertas de Paraíso do Tobias o trotar de seu cavalo. Contam que eventualmente caminha pelas ruas não para assustar os moradores, mas apenas admirar seu “paraíso”.


Com a doação de alguns alqueires de terra da Fazenda Paraíso por Plácido de Barros à igreja, iniciou-se o povoamento da área. Os portugueses sesmeiros desmembraram sua fazenda em pequenos sítios que foram vendidos às novas famílias que passaram a habitar o local.


Nos últimos anos do século XIX, os imigrantes italianos foram atraídos para a região, que chegavam para o trabalho nas lavouras de café. Chegaram ao Paraíso do Tobias os Derossi, Rossi, Benedicto, Sentinelli, Zanco, Mugi, Utrini, Grippa, entre as mais numerosas atualmente. Já no inicio do século XX, os sírio-libaneses chegam para o trabalho no comércio, para “mascatear”: os Chacour, Amim, Assad.


Para a região do noroeste fluminense, a chegada das primeiras famílias italianas ocorre por volta de 1890, com vistas ao trabalho na cafeicultura. É importante destacar que o café no Brasil semeou núcleos populacionais em todos os estados por onde passou, assim como estimulou investimentos privados e governamentais. A cafeicultura tinha posição de destaque dentro da economia do território fluminense. Na década de 1920, o Brasil era o maior produtor de café do mundo e o Estado do Rio de Janeiro, o maior produtor do Brasil (Piccinini, 2005): Itaperuna foi seu maior produtor, enquanto Santo Antonio de Pádua ficava em segundo lugar.


É neste contexto econômico que chegam as famílias italianas para esta região. A partir dos primeiros anos do século XX, Paraíso Tobias recebe as famílias sírio-libanesas. Mesmo não sendo atraídos ou absorvidos pela lavoura, esses imigrantes encontraram outras oportunidades de emprego na região que se desenvolvia. Com o desenvolvimento trazido pelo café, as famílias de origem árabe encontraram um ambiente propício para a venda de produtos industrializados, como “mascates”, e mais tarde implantando casas comerciais. A família Assad, por exemplo, estabeleceu em Paraíso Tobias uma das primeiras “vendas” de “secos e molhados” do atual distrito. Antes do estabelecimento comercial, o Senhor Assad “mascateava” nas roças “vendendo de tudo: pó de arroz, espelhos, pente, batom, perfumes, seda, tecidos para terno”, afirma uma de suas filhas. A família chegou ao Brasil em 1904.  


Nota: fotos que ilustram a postagem de Emerson Assad (2), Norma Chacour (1), Alexandre Assad (1), Lucas Titoneli (1) e Tadeu Miracema (1).  

 

domingo, 22 de junho de 2025

PLATINI: UMA LENDA DO FUTEBOL FRANCÊS

 


Michel François Platini nasceu em Joeuf, na França, em 21 de junho de 1955. Platini sempre estava por perto da ação, recebendo a bola com profundidade, fazendo passes longos e curtos com precisão. Sua inteligência e seus dribles também fizeram história. Meio de campo artilheiro e exímio cobrador de faltas. Um enorme talento que transformou Platini num gigante do futebol.

 

Aos 16 anos, jogando na equipe Sub-18 do Joeuf, de sua cidade natal, fez uma partida espetacular, com direito ao golaço que decidiu o jogo contra o Metz, clube da primeira divisão francesa. Levado para o Metz foi reprovado pelos médicos, que diagnosticaram “corpo franzino e capacidade respiratória insuficiente”. Acabou indo para o Nancy, clube da segunda divisão, onde aos 18 anos já era titular da equipe principal e liderou o time na subida à primeira no ano seguinte.

 

Em 1978, jogou sua primeira Copa do Mundo e levou o Nancy ao título da Copa da França.  Em 1979, depois de marcar 98 gols em sete anos como Nancy e já considerado o maior jogador da França, Platini foi para o Saint-Étienne. Ganhou o campeonato nacional em 1981 e foi logo comprado pela Juventus. Na Itália, conquistou dois títulos do Campeonato Italiano, uma Copa da Itália, e Copa dos Campeões e Mundial Interclubes em 1985. Recebeu por três vezes consecutivas a Bola de Ouro de melhor jogador da Europa.

 

Platini encerrou a carreira aos 32 anos. Tornou-se técnico da Seleção Francesa (de 1988 a 1992), depois foi dirigente da federação e presidente do Comitê Organizador da Copa 98. Quando, aliás, viu sua França enfim campeã.

 

Pela Seleção Platini jogou três Copas do Mundo (1978, 1982 e 1986). Em 1976, jogou a Olimpíada de Montreal e no mesmo ano fez seu primeiro jogo pela seleção, contra a Tchecoslováquia, marcando seu primeiro gol. Em 82, ajudou a França a conquistar um quarto lugar, perdendo nas semifinais da Alemanha Ocidental, em um dos jogos mais emocionantes da história das Copas, decidido nos pênaltis. Em 86, também levou sua seleção às semifinais, eliminando o Brasil nas quartas de final, também nos pênaltis. A conquista da Eurocopa, em 1984, até então o maior título do futebol francês e jogando em casa, foi o grande momento de Platini com a camisa da seleção. Com nove gols em cinco jogos, foi o artilheiro e melhor jogador da competição. Vestiu a camisa da França em 71 jogos e marcou 41 gols.

 

Após seu jogo de despedida da Seleção, as laterais do campo do Parque dos Príncipes foram diminuídas em um metro cada. A justificativa? “Não há mais ninguém na França capaz de aproveitar esse espaço para lançamentos”.

 

sexta-feira, 13 de junho de 2025

BECKENBAUER: O IMPERADOR DO FUTEBOL

 


Franz Beckenbauer nasceu em Munique, na Alemanha, em 11 de setembro de 1945. Pela sua incrível habilidade no desarme, quase sempre sem faltas, uma saída de bola com passes precisos – curtos e longos – e sua potência nos chutes de longa distância, o Kaiser é considerado o melhor jogador alemão de todos os tempos. Seu porte físico, a cabeça erguida e as largas passadas deram origem ao apelido do jogador: Kaiser (imperador, em alemão). Seu talento era tão vistoso que, antes de ser o Kaiser, a imprensa o chamava de Brasileiro da Baviera. Era um líder natural, capitão do Bayern desde os 22 anos.  

 

Aos 14 anos, o pequeno Franz foi jogar no Bayern. Aos 19, já era titular do time profissional. Aos 20, foi para a seleção e, aos 21, já seria um dos melhores de uma Copa do Mundo, a de 1966. Em 1970, marcou a história do futebol jogando uma semifinal de Copa e a prorrogação com um braço imobilizado devido a uma luxação na clavícula. Foi eleito o melhor da Europa em 1972 e 1976. Durante onze anos consecutivos Beckenbauer ficou entre os sete primeiros na eleição da Bola de Ouro européia. Em 1977 foi jogar com Pelé no Cosmos de Nova York. Foi uma das poucas vezes que o Rei perdeu alguma eleição. O melhor jogador da temporada americana de 1977 foi Franz Beckenbauer.

 


Antes da aventura americana, o Kaiser havia mudado o destino do Bayern. Com o craque, o clube se tornou uma máquina de títulos (quatro campeonatos nacionais; quatro Copas da Alemanha; tricampeão da Copa dos Campeões da Europa; e um Mundial Interclubes). Ainda venceu o campeonato nacional de 1982, pelo Hamburgo. Pelo Cosmos venceu três campeonatos nacionais.

 

Beckenbauer disputou as Copas do Mundo de 1966, 1970 e 1974 (campeão). Foram dez anos como capitão da seleção alemã. Uma liderança que lhe dava o direito de discutir a escalação e o esquema com os técnicos. Disputou 103 jogos, sendo 50 como capitão, e marcou 14 gols com a camisa da seleção.

 

Mas nem só de sorrisos viveu Beckenbauer. Ele teve uma grande decepção em 1977, quando o técnico Helmut Schoen lhe disse que estava velho para ir à Copa de 1978. O Kaiser foi jogar três anos no Cosmos, mas voltou para a Alemanha em 1980 para atuar no Hamburgo, sonhando com a Copa de 1982. Nova decepção. Depois de duas temporadas sem nem ser sondado para uma possível convocação, resolveu voltar para o Cosmos e encerrar a carreira, em 1983.

 

Depois do sucesso dentro de campo, Beckenbauer estava decidido a provar seu talento também do lado de fora. Assumiu a Seleção Alemã e, já em sua primeira Copa, a de 1986, chegou ao vice-campeonato. Em 1990, conseguiu se tornar o primeiro europeu a ser campeão do mundo como jogador e como técnico. Deixou a Seleção para voltar ao querido Bayern, primeiro como técnico, depois como diretor, e, por fim, como presidente. A elegância e a liderança dos gramados adaptaram-se bem em ternos bem cortados e gravatas sóbrias.

 

Beckenbauer morreu em 07 de janeiro de 2024, aos 78 anos, em Salzburgo, na Áustria. Um comunicado da família foi divulgado sem detalhes sobre a causa, apenas que o ex-jogador faleceu durante o sono. Sabia-se que ele desenvolveu o Mal de Parkinson.  

 

 

 

quarta-feira, 11 de junho de 2025

VAN BASTEN: UM ASTRO PREDESTINADO AO AZAR

 


Marco Van Basten nasceu em Utrecht, na Holanda, em 31 de outubro de 1964. Rápido, habilidoso, inteligente e artilheiro: o que mais esperar de um atacante? Estava sempre no lugar certo, na hora certa. Foi um dos melhores de sua época, uma excelente combinação de talento e força. Era quase imbatível no jogo aéreo e formidável com seu pé direito.

 

Van Basten começou no Ajax como reserva de Cruyff. Mas logo a sua capacidade de fazer gols foi notada. Na sua primeira temporada no Campeonato Holandês, marcou 28 gols em 26 jogos. O feito se repetiria nos quatro anos seguintes. Conquistou três campeonatos nacionais e três Copas da Holanda. Vestiu a camisa do Ajax em 174 jogos e marcou 154 gols. Em 1987, o Milan pagou 2,3 milhões de dólares ao Ajax pelo jovem atacante. Ele chegou discretamente, apesar do preço – a contratação de Gullit foi bem mais badalada. Além disso, os problemas no tornozelo direito começavam a se manifestar e Van Basten demorou um pouco a brilhar. Quando o fez, porém, foi para decidir a liga italiana.  

 

A carreira de Van Bastem chegava ao auge. Sua sintonia perfeita com Gullit e Rijkaard não só fez do Milan o melhor time do mundo, mas levou a Holanda a seu primeiro título europeu, em 1988. Na final contra a União Soviética, fez um fantástico gol de voleio. Eleito melhor jogador da Europa pela primeira vez em 1988, na votação pela revista “France Football”, Van Basten ganharia a Bola de Ouro mais duas vezes, em 89 e 92.

 

Na única Copa do Mundo que disputou, em 1990, na Itália, a Holanda ficou longe do título. Vestiu a camisa holandesa em 58 jogos e marcou 24 gols.

 

Apesar de uma grande decepção na Copa – a Holanda chegou a ser apontada como uma das favoritas – o craque retomou a rotina de títulos com o Milan. Foram três títulos nacionais e o bicampeonato da Copas dos Campeões e do Mundial Interclubes, em 1989/90. Em dezembro de 1992, o velho problema do tornozelo retornou com mais força e acabou com sua carreira. Marcou 128 gols em 206 jogos.

 

Tudo começou em outubro de 1986. Um choque com um zagueiro provocou uma lesão na cartilagem seu tornozelo. A função da cartilagem é impedir o atrito entre os dois ossos, facilitando, no caso, os movimentos do pé. Em novembro de 1986, Van Basten submeteu-se a uma cirurgia que aparentemente solucionou o problema. No entanto, as últimas temporadas foram atrapalhadas por essa complicada lesão. Após sentir novamente em 1992, outras duas operações foram realizadas, sem êxito.

 

Quando jogou pela última vez, na decisão da Copa dos Campeões de 1993, anunciou a sua maior derrota. Van Basten encerrava a carreira aos 28 anos devido a uma lesão crônica no tornozelo. Resultado de anos de pancadas, mas, sobretudo, de cirurgias infelizes. Acabou derrotado por um adversário inesperado: os médicos.

 

Dos atacantes que vi jogar, Van Basten se encontra na primeira prateleira. Era um prazer assistir uma partida de futebol com ele em campo. Ainda tinha muito a nos presentear com suas qualidades. Um astro predestinado ao azar.

segunda-feira, 9 de junho de 2025

GAGLIANO NETO E A ERA DO RÁDIO


 

Brasil e Polônia jogavam em Strasbourg, na França, a 9.416 km do Rio de Janeiro, em 08 de junho de 1938, pela Copa do Mundo. Era a primeira vez que os 1,7 milhões de cariocas podiam acompanhar o destino da Seleção ao pé do rádio. O speaker - como se convencionava chamar os narradores - era Gagliano Netto, contratado em meados dos anos 30 pela Rádio Club do Rio de Janeiro. A Seleção não levantou o caneco, mas Gagliano Neto conquistou uma vitória pessoal: mesmo estando num outro continente, iniciou a era do rádio no Brasil.

 

Pernambucano de Recife, onde nasceu em 24 de dezembro de 1911, Leonardo Gagliano Neto faleceu em 05 de março de 1974, aos 62 anos.

 

Abaixo um resumo de sua trajetória.

Fonte: Wikipédia

 

Formou em Ciências Econômicas pela Faculdade de Contabilidade de Recife. Só migrou para São Paulo em 1935, quando narrou, em março daquele ano, sua primeira partida de futebol na Rádio Cruzeiro do Sul, um jogo entre o Palestra Itália e o Botafogo.

 

Gagliano Neto veio de São Paulo para o Rio de Janeiro, em 1932, a convite da Rádio Mayrink Veiga. Posteriormente, trabalhando já na Rádio Cruzeiro do Sul, realizou a primeira transmissão de um jogo da Seleção Brasileira, durante o Sul-Americano de 1937, na Argentina.

 

Em 1938, destacou-se na comunicação brasileira, na Copa do Mundo de Futebol daquele ano na França, como comentarista esportivo da então Rádio Clube do Brasil, a segunda emissora de rádio criada na cidade do Rio de Janeiro. Por meio de rádios e também de alto-falantes instalados em parques e vias públicas de todo o país, ele emocionou a população brasileira com sua primeira transmissão transatlântica ao vivo de alcance nacional.

 

Em 1946 fez parte da equipe esportiva da Rádio Globo, do Rio de Janeiro, formada por Reis Carneiro, Carlos Portela, Dr. João Lyra Filho, Melo Júnior, Ondino Vieira, Antonio Santasusagna, Alberto Mendes e Levy Kleiman.

 

Na década de 1950 fez parte do elenco da Rádio Continental, na época uma rádio de programas estritamente esportivos.

 

Gagliano Neto aposentou-se das transmissões esportivas na década de 1950. Permaneceu no Rio de Janeiro até 1961, quando foi contratado para trabalhar nas Organizações Victor Costa e na TV Globo em São Paulo. Nesta época, fazia também a narração de corridas de cavalo no Jockey Club de São Paulo.