Fonte: livro
da paduana – PICCININI, Rita Amélia Serrão – 2005. “A Casa da Águia – crônicas
paduanas”, destaca o seguinte trecho dessa bibliografia sobre o povoamento do
distrito.
Um dos primeiros a chegar na região (Pádua), em 1832,
foi Francisco Tomaz Leite Ribeiro, mais tarde comendador. Logo depois veio seu
cunhado Plácido Antonio de Arroz, e os dois formaram, respectivamente, as
fazendas Cachoeira Alegre, a cinco quilômetros acima da cidade de Pádua e a
Fazenda Paraíso, que deu origem ao distrito de Paraíso do Tobias.
O acréscimo do nome Tobias veio, mais tarde, de Tobias
Joaquim Rodrigues, nome do português casado com uma das netas do fazendeiro
Plácido. Tobias constituiu família grande, viveu ali muitos anos, contribuiu
para o desenvolvimento e o progresso da localidade e se empenhou na criação do
distrito de Paraíso, pertencente ao município de Pádua, que atualmente (1998) é
distrito de Miracema. Pela sua permanência, ali, durante muitos anos é que se
acrescentou, com o rolar do tempo, o nome Tobias.
E prossegue:
Não se sabe ao certo se a esposa de Tobias era filha
ou neta de Plácido Antonio de Barros. Mas a história de dedicação do Tobias
para o desenvolvimento da localidade, conforme descrito pela autora é narrado
pelos moradores de Paraíso do Tobias como uma história de amor. Contam os atuais
habitantes do distrito, sejam os mais velhos ou os jovens, que sendo apaixonado
por aquele local, repetia freqüentemente: “esse é o meu paraíso”. Até hoje,
dizem que Tobias freqüentemente volta ao seu “paraíso” para visitá-lo com
chapéu na cabeça e montado em seu belo cavalo branco, exatamente como costumava
fazer quando vivia naquelas terras. Muitos são os moradores que ouvem nas
noites desertas de Paraíso do Tobias o trotar de seu cavalo. Contam que
eventualmente caminha pelas ruas não para assustar os moradores, mas apenas
admirar seu “paraíso”.
Com a doação de alguns alqueires de terra da Fazenda
Paraíso por Plácido de Barros à igreja, iniciou-se o povoamento da área. Os
portugueses sesmeiros desmembraram sua fazenda em pequenos sítios que foram vendidos
às novas famílias que passaram a habitar o local.
Nos últimos anos do século XIX, os imigrantes
italianos foram atraídos para a região, que chegavam para o trabalho nas
lavouras de café. Chegaram ao Paraíso do Tobias os Derossi, Rossi, Benedicto, Sentinelli,
Zanco, Mugi, Utrini, Grippa, entre as mais numerosas atualmente. Já no inicio
do século XX, os sírio-libaneses chegam para o trabalho no comércio, para
“mascatear”: os Chacour, Amim, Assad.
Para a região do noroeste fluminense, a chegada das
primeiras famílias italianas ocorre por volta de 1890, com vistas ao trabalho
na cafeicultura. É importante destacar que o café no Brasil semeou núcleos
populacionais em todos os estados por onde passou, assim como estimulou
investimentos privados e governamentais. A cafeicultura tinha posição de
destaque dentro da economia do território fluminense. Na década de 1920, o
Brasil era o maior produtor de café do mundo e o Estado do Rio de Janeiro, o
maior produtor do Brasil (Piccinini, 2005): Itaperuna foi seu maior produtor,
enquanto Santo Antonio de Pádua ficava em segundo lugar.
É neste contexto econômico que chegam as famílias
italianas para esta região. A partir dos primeiros anos do século XX, Paraíso
Tobias recebe as famílias sírio-libanesas. Mesmo não sendo atraídos ou
absorvidos pela lavoura, esses imigrantes encontraram outras oportunidades de
emprego na região que se desenvolvia. Com o desenvolvimento trazido pelo café,
as famílias de origem árabe encontraram um ambiente propício para a venda de
produtos industrializados, como “mascates”, e mais tarde implantando casas
comerciais. A família Assad, por exemplo, estabeleceu em Paraíso Tobias uma das
primeiras “vendas” de “secos e molhados” do atual distrito. Antes do
estabelecimento comercial, o Senhor Assad “mascateava” nas roças “vendendo de
tudo: pó de arroz, espelhos, pente, batom, perfumes, seda, tecidos para terno”,
afirma uma de suas filhas. A família chegou ao Brasil em 1904.
Nota: fotos que ilustram a postagem de Emerson Assad (2), Norma Chacour (1), Alexandre Assad (1), Lucas Titoneli (1) e Tadeu Miracema (1).