sábado, 10 de novembro de 2018

A BORBOLETA E SUA NATUREZA – POR BEBETO ALVIM



A borboleta negava-se a voar.
A natureza, porém, insistia que ela o fizesse;
Afinal, voar era a sua prerrogativa.
Mas, relutante, a borboleta dizia não,
Privando a todos do seu voo de majestade asas,
Multicoloridas, em tons e nuances.
Arrebatava suspiros,
Atentos olhares,
Bocas entreabertas.
A admiração se espalhava,
Tomava conta pela magia de sua beleza,
E todos pediam, rogavam e até choravam,
Conclamando que ela realizasse o tão esplêndido voo.
Mas ela dizia não.
E o impasse começou.
E continuou perpetuando pelo tempo de seu arbítrio.
E a alegria de sua alegoria sumiu das pessoas, que,
Em histeria geral, entravam em terrível desespero.
E a revoada nos ares,
Quais efemérides, desapareceu do céu e deixou todo mundo triste.
Ela própria amuou.
Dizia estar exausta, por tanto voar.
Alegava velhice e doença.
Mas o certo era que, além da cadeia alimentar,
Que a natureza se houve por bem administrar,
A terrível mão Homem
Encarregava-se da execução
Da pior e mais nociva parte.
Provocando impactos letais aos aspectos finais.
Privando o Mundo de esfuziante beleza.
Até que um inesperado dia...
A borboleta novamente alçou voo.
E voou, voou, voou...
Dias e dias sem parar.
Apesar da admiração que causou
Parecia estar se punindo tal o incessante voar.
Mas, assim como voltou a voar,
O belo inseto voltou a parar,
Como se sua vida esvaísse.
Fixou-se em uma parte do tronco
Em que seu mimetismo melhor funcionava
E lá ficou... até secar.
Por que a borboleta parou de voar?
Por que a borboleta voltou a voar?
Por que a borboleta voou até morrer?


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