Um
dos atacantes mais clássicos e brigões que o futebol brasileiro já teve, faleceu
em 08 de novembro de 1959, ainda muito jovem, aos 39 anos, na Casa de Saúde São
Sebastião, na cidade mineira de Barbacena, onde estava internado desde 1954
tratando de uma enfermidade mental – sífilis cerebral. Paralisia geral
progressivo foi a causa de sua morte, constatada no óbito. Ele foi enterrado em
São João Nepomuceno - MG, sua cidade natal.
Atacante
impetuoso e artilheiro nato, deixando-se conduzir pelo entusiasmo, eram constantes os atritos que
provocava em campo, até mesmo com seus próprios colegas, porque não gostava de
conhecer o sabor da derrota. Não aceitava passe errado de companheiros e
cobrava-os a todo momento. Era um profissional com alma de amador e espírito de
menino brigão. Anjo e demônio no futebol.
Quando
começou no juvenil do Fluminense, como médio esquerdo, Heleno já mostrava seu
espírito irrequieto, sendo expulso pela primeira vez. Não chegou a atuar no
time principal do Tricolor, mas conquistou o Campeonato Carioca Juvenil de 1939.
Em 1940 decidiu ingressar no Botafogo, e por lá ficou até 1948, marcando 206
gols em 234 jogos. Faz parte da história do Alvinegro e está na galeria dos
maiores artilheiros do clube. Estreou no selecionado brasileiro em 1944,
atuando em 18 partidas e marcando 11 gols, todas oficiais. O seu melhor momento
na Seleção foi no Sul-Americano de 1945, no Chile. O Brasil ficou em segundo
lugar, mas o futebol mostrado pelo atacante foi suficiente para despertar a
atenção dos dirigentes do Boca Juniors, que mais tarde vieram buscá-lo. Em
abril de 1948 vestiu pela última vez a camisa do escrete, seguindo para o
exterior. Pela Seleção foi campeão da Copa Roca (1945), e da Copa Rio Branco (1947).
Saiu
do Botafogo para o Boca Juniors, na maior transação do futebol brasileiro até
então, onde atuou ao lado de vários nomes respeitáveis e deixou a marca de sua
personalidade contraditória. Voltando ao Brasil, Heleno de Freitas ingressou no
Vasco, em 1949, então sob as ordens de Flávio Costa. Seu futebol ainda era de qualidade
e fez ótimas partidas, ajudando o clube na conquista do Campeonato Carioca
daquele ano. Mas a sua condição de brigão não foi esquecida. Depois de várias
tentativas, deixou São Januário após 24 jogos e a excelente marca de 19 gols,
desgastado com o treinador, e mais uma vez seduzido por uma proposta do
exterior. Jogou no Atlético de Barranquilla, da Colômbia, tornando-se um
verdadeiro ídolo da torcida, como demonstra o fato de ter uma estátua em praça
pública na cidade. Ganhou muito dinheiro
dos argentinos e colombianos.
Quando
foi contratado pelo Santos, em 1951, vestiu a camisa na apresentação e não fez
sequer um jogo oficial. As confusões se tornaram corriqueiras e acabou sendo
demitido. Ninguém mais acreditava no seu retorno ao futebol, quando recebeu e
aceitou um convite para jogar no América. No clube rubro, Heleno fez uma única
partida, sendo essa a primeira (e última) vez que jogou no Maracanã. O América
perdeu por 3 a 1 para o São Cristóvão, Heleno não conteve o seu nervosismo, que
chegou ao extremo, foi expulso mais uma vez e nunca mais apareceu no clube. Mais
tarde, assim descreveu Heleno sobre esse fatídico jogo: “Eu não podia morrer sem jogar no Maracanã”.
Essa sua fama de brigão era somente dentro de campo. Invariavelmente
procurava os companheiros que tinha ofendido para desculpar-se. Heleno era
boêmio e frequentador assíduo dos bares e dos bordeis. Ele gastou a bola, mas
também teve vida social intensa, embora não fosse de beber. Preferia as
mulheres, que conquistava com seu charme e com a elegância que não abria mão de
apresentar. Por conta dessa vida tão desregrada, acabou contraindo a sífilis,
doença altamente contagiosa.
Em
1952, Heleno é internado pela primeira vez, em uma clínica na Tijuca. A sífilis
continuou avançando e consumia a cabeça do jogador, que acabou ficando louco. Declarada
a enfermidade de que era vítima, sua família providenciou seu internamento no
Sanatório de Barbacena, em 1954. Lá começou a engordar e também a ingressar no
time da Casa de Saúde São Sebastião. Mas não esquecera a briga e criava
sucessivos casos em campo, tal como fizera muitos anos antes como atleta
profissional. Aos poucos foi sendo deixado de lado. Sua mania era guardar
recortes que falassem de futebol, assim como discutir táticas e técnica do
esporte que sempre o empolgou.
O
craque era formado em Direito e falava inglês e espanhol fluentemente. Heleno
tinha pinta de ator e ganhou o apelido de “Gilda”, personagem bela e explosiva
interpretada pela atriz Rita Hayworth. Vestia-se com ternos sempre bem
cortados. O ex-jogador deixou um filho de dez anos.
Em
12 de fevereiro de 2012, foi homenageado em sua cidade natal, São João
Nepomuceno, que fica na Zona da Mata mineira, com uma estátua de bronze de
2,30m na praça Barão do Rio Branco, no centro. Homenagem essa efetuada pela
prefeitura municipal, quando seu filho ilustre completaria 92 anos.
Heleno
nasceu bem de vida e terminou precariamente em um sanatório, completamente
louco. A sua trajetória no futebol foi marcada por lances geniais, mas seu
temperamento incontrolável prejudicou e muito a sua carreira.
Resumindo:
Heleno de Freitas faz parte do seleto grupo dos maiores atacantes do futebol brasileiro
de todos os tempos.
Só para enteder o filho de Heleno é vivo?Obr.
ResponderExcluirO "filho ilustre que completaria 92 anos", mencionado no texto, é o próprio Heleno. Filho ilustre de São João Nepomuceno. Foi essa sua dúvida?
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