Ao contrário do que muitos pensam e ao inverso,
igualmente, do que alguns teimam em dizer, Aymoré é um cidadão alegre,
comunicativo, delicado, calmo e, acima de tudo, compreensivo. Isso ele
demonstrou, sem fazer qualquer esforço nesse sentido, na recente Copa do Mundo,
quando se tornou uma das figuras mais queridas e mais populares da seleção
brasileira. A bem da verdade deve ser dito que a lenda que corria sobre o
treinador campeão mundial tinha suas origens no sul-americano de 1953, quando
seu nome andou envolvido em alguns casos. De lá pra cá, muito se disse e muito
se escreveu sobre o mau gênio e a irritabilidade do técnico. Entretanto, no
Chile, Aymoré, apesar de estar sob o peso de tremenda responsabilidade, provou,
agradavelmente, que é justamente o oposto do que se dizia.
Na concentração do escrete brasileiro, em Quilpuê,
Aymoré Moreira não foi apenas o técnico de um excelente plantel. Foi o amigo
dedicado, o companheiro extremoso, que desejava tomar conhecimento dos
problemas de cada um, procurando resolvê-los com dedicação paterna. Muitas
vezes ele foi surpreendido servindo cafezinho a um dos seus pupilos, sem que
isso fosse para ele um gesto de subserviência. Em outras ocasiões, ele fazia
questão de entregar o material a determinado jogador, para verificar se tudo
estava em ordem. Finalmente, quando o time estava em campo, ele se mostrava atento
a todos os detalhes, para que os seus comandados pudessem fazer o melhor no
gramado. É um excelente estrategista.
Aymoré fazia tudo isso sem que os jogadores não o
tratassem com o devido respeito. E ainda encontrava tempo para tratar com a
maior atenção e delicadeza, sem atitudes estudadas, os que dele se acercavam,
mesmo às vésperas dos grandes compromissos da seleção brasileira, fossem
jornalistas, turistas ou simples torcedores.
Assim, no Chile, na mesma ocasião em que se fazia justiça ao futebol brasileiro
como o melhor do mundo, no momento, também se fazia justiça ao competente e
dedicado Aymoré Moreira, como uma das personalidades mais destacadas e
simpáticas do nosso escrete.
Com a mesma boa estrela que marcou a atuação de
Vicente Feola à frente do escrete brasileiro, Aymoré Moreira ajudou o Brasil a
ser bicampeão. Sua tarefa como treinador foi mais difícil, porque, reconhecendo
o poderio do nosso futebol, tudo fizeram os adversários para que a Taça Jules
Rimet não permanecesse em nosso poder por mais quatro anos. Aymoré, por sinal,
também chegou a ser combatido e sofreu o rude golpe de ser dispensado pelo São
Paulo depois de ser bicampeão mundial. Mas, com o passar do tempo, seus méritos
passaram a ser reconhecidos, como, também, o importante papel que desempenhou
no comando da seleção na jornada do Chile.
Nota: matéria especial da Revista do Esporte, de 1962, após
a Copa do Mundo, com reportagem de Milton Salles.
Esse tem o meu respeito. Parabenizo o blogueiro por nos proporcionar matérias desse tipo. Acompanho o seu blog há pouco tempo e estou me deliciando com tantas reportagens elucidativas.
ResponderExcluirObrigado e estamos juntos!
ExcluirGrande Aimoré Moreira!
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