Alagoano de Atalaia, onde nasceu em 09 de agosto de
1931, Mário Jorge Lobo ZAGALLO foi um atacante inteligente e de grande senso
tático, notabilizou-se, sobretudo, por criar um novo estilo: ponta que recuava
para ajudar no meio-campo. Era uma formiguinha, apelido que sintetizava sua
maneira de jogar. Mas sempre que era preciso aparecia com sua categoria e
marcando belos gols. Não que fosse um gênio, de futebol exuberante e
incontestável, mas não se pode negar o valor de Zagallo dentro e fora de
campo.
Teve uma ótima passagem pelo Flamengo, mas foi no Botafogo que marcou época. Foi nas categorias de base do América que Zagallo iniciou sua brilhante carreira. Jogou depois no Flamengo – 205 jogos e 29 gols (tricampeão carioca em 1953/54 e 55), e Botafogo (bicampeão carioca em 1961/62, e do Rio-São Paulo em 1962 e 64). Após encerrar a carreira de atleta, em 1965, iniciou no Botafogo uma trajetória vitoriosa como técnico. Logo de cara conquistou a Taça Guanabara de 1967. Em 1966, já havia conquistado o Campeonato de Juvenil.
Em uma reportagem da Revista do Esporte de 1967, após o título da Taça Guanabara, Zagallo afirmou que "nunca pensou ser técnico". Foi questionado sobre a maior lição que aprendeu durante os 15 anos de carreira como jogador e ele respondeu:
- Aprendi grandes lições, sem dúvida. A principal, talvez, seja esta: sem disciplina, nada pode ser feito. Assim, quando assumi a direção técnica da equipe, pedi a todos que não confundissem amizade com liberdade. Conseguido tudo isso, ficou fácil. Não sou melhor do que ninguém e exijo que todos cumpram seus deveres bem como tenham seus direitos respeitados. A maior dificuldade que pode haver para um treinador é transmitir suas ordens e fazer com que elas sejam compreendidas. A lição aprendida como jogador é o meu lema de todos os dias.
Tem que se respeitar a história do “Velho Lobo” no futebol. O brasileiro tem o péssimo defeito de não reverenciar seus ídolos. Erros e acertos fazem parte da trajetória de qualquer profissional. No entanto, desmerecer o que esse cidadão conquistou é brigar contra os fatos e os números. Você pode não ser simpático a uma pessoa, e até não gostar dela, mas isso não invalida a trajetória profissional que o mesmo conseguiu. Se tiver que criticar, que o faça, mas com respeito. De qualquer maneira, tem que engolir!
Se alguém tem história para contar na seleção brasileira, esse alguém é o Zagallo. Viveu momentos de glórias e de decepções à frente do time canarinho. Pelos títulos que conquistou, seja como jogador ou como técnico, pode-se dizer que as glórias superam com sobras as decepções. O "Formiguinha", como era conhecido na época, participou das Copas do Mundo de 1958 e 62, conquistando o bicampeonato. Foi o comandante do Brasil na conquista do tricampeonato mundial em 1970, no México, e ainda dirigiu a Seleção nas Copas do Mundo de 1974 e 1998. Em 1994, era o auxiliar técnico de Parreira. A maior decepção veio em 1998, na Copa da França, com a derrota na final para os donos da casa.
Pela Seleção atuou em 34 jogos e marcou e 5 gols, sendo
32 oficiais e 4 gols. O retrospecto como técnico da Seleção principal é o
seguinte: 135 jogos (99 vitórias, 26 empates e 10 derrotas).
A sua trajetória de técnico ficou mais restrita no
futebol carioca e mundo árabe. A Portuguesa de Desportos – em 1999 – foi a
única equipe que treinou fora do Rio de Janeiro. Comandou o Botafogo em quatro
oportunidades; o Flamengo em três; o Vasco em duas; Fluminense e Bangu, uma vez
cada. Treinou as Seleções do Kuwait, Arábia Saudita e Emirados Árabes, e o
Al-Hilal, clube da Arábia Saudita, em 1979.
Foi campeão carioca como técnico em cinco
oportunidades: Botafogo (1967 e 1968), Fluminense (1971), Flamengo (1972 e
2001). Em 1984, foi campeão da Copa da Ásia comandando a Arábia Saudita.
Após uma luta de anos com problemas de saúde, mas sempre com lucidez e uma memória privilegiada, Zagallo faleceu em 05 de janeiro de 2024, na capital carioca, aos 92 anos, de falência múltipla de órgãos. Foi se um grande homem e desportista, fica sua história eternizada.
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