Jaguaré Bezerra de Vasconcelos nasceu no Rio de
Janeiro em 14 de junho de 1905. Antes de se tornar jogador profissional,
Jaguaré era estivador no cais do porto. Cada vez que estufava o peito para
segurar numa só mão sacos de cinqüenta quilos de farinha de trigo, havia sempre
uma enorme assistência para bater palmas. Jaguaré jogava peladas no bairro da
Saúde, onde era conhecido como “Dengoso”, quando foi descoberto pelo zagueiro
Espanhol, que o levou para um teste em São Januário.
Entrou no clube de tamanco e camisa fora da calça e
num tempo só acabou com o treino. O ataque titular não o venceu nenhuma vez.
Foi imediatamente inscrito na Liga, não sem antes o Vasco empregar um professor
particular para lhe ensinar a assinar o próprio nome nas súmulas. A partir daí,
teve uma carreira fulminante. No mesmo ano em que estreou no Vasco, em 1928, tornou-se
titular da seleção Brasileira. No ano seguinte foi campeão carioca pelo Vasco. Jaguaré
gostava de rodar a bola na ponta do indicador após cada defesa, que muitas
vezes fazia com uma só mão, inclusive nos pênaltis, segundo a lenda. Defendeu o cruzmaltino em 124 jogos.
Em 1931, depois de uma vitoriosa excursão do Vasco a
Portugal e Espanha, foi contratado pelo Barcelona, juntamente com Fausto, o
“Maravilha Negra”. Retornou ao Brasil em 1934 para defender o Corinthians, onde
fez 15 jogos e sofreu 13 gols. Nas temporadas de 1935/36, seu destino foi Portugal,
para jogar no Sporting, e de lá para o Olympique Marseille, da França, onde foi
campeão nacional em 1937 e da Copa da França em 1938. Deixou em solo francês um
rastro luminoso de fama, com o apelido de “Le Jaguar”. Na final da Copa da
França de 1938, o jogo estava empatado em 1 a 1, quando, no segundo tempo, foi
marcado um pênalti para o Olympique. Jaguaré atravessou o campo e se ofereceu
para cobrar o penal que podia valer o título. Bateu e fez o gol da vitória por
2 a 1. Por esse feito é tido como primeiro goleiro a marcar um gol em partida
oficial. Em solo europeu aprontou algumas que fazia no Brasil e não eram
aceitas por lá. Num jogo pela Copa da França, fez uma defesa de bicicleta.
Quase que foi demitido. E outras mais...
Ainda jogou no Acadêmico Futebol Clube, de Portugal.
Acossado pelo perigo da Segunda Guerra, retornou ao Brasil em definitivo e, em
decadência, encerrou tristemente a carreira no São Cristóvão, em 1940. Chegou
sem um tostão. Jaguaré gastou todo o dinheiro que ganhou na Europa, e não foi
pouco, pelas esquinas da vida. Voltou a ser estivador e quando falava do seu
passado, todos riam e não acreditavam no ex-goleiro.
É creditado a Jaguaré o pioneirismo, no Brasil, de ser
o primeiro goleiro a usar luvas. Ele trouxe a inovação após sua passagem pelo
futebol europeu durante os anos 30, conforme conta Paulo Guilherme, autor do
livro “Heróis e Anti-Heróis da Camisa 1”: “Na sua estreia na Europa, Jaguaré
usou luvas feitas de couro. Só que ele não estava preocupado com a melhora de
seu rendimento, apenas não estava acostumado com o frio”. Numa de suas vindas
da Europa ao Brasil, Jaguaré apareceu em São Januário e treinou usando luvas, o
que foi uma novidade inusitada. Por isso alguns dizem que ele introduziu o uso
de luvas para goleiros no Brasil.
Há várias versões para a morte de Jaguaré, sabendo-se
apenas que sua morte foi precoce, em 27 de agosto de 1946, aos 41 anos. Algumas
fontes afirmam que Jaguaré havia se envolvido em uma briga e que foi espancado
até a morte por policiais. Em outra versão, diz que após ser preso, acabou
batendo a cabeça na parede, sendo transferido para o Manicômio Judiciário de
Franco da Rocha (mais conhecido como Juquery), sendo hospitalizado e falecendo
pouco depois. Há ainda, uma terceira versão que diz que Jaguaré foi
esfaqueado. Porém, nenhuma das fontes é dita como verdadeira.
Há divergências também em relação à data de seu
nascimento: algumas fontes apontam para 14 de maio, outras para 14 de julho. Diz-se
que o próprio jogador ignorava o dia em que nasceu.
Fonte: Wikipédia com acréscimos.
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