terça-feira, 20 de junho de 2017

TOSTÃO: O MINEIRINHO DE OURO



Inteligente, habilidoso, oportunista e driblador, o doutor Eduardo Gonçalves de Andrade foi um dos grandes jogadores da história do futebol mundial. 

Um gênio e um drama. Durante nove anos, o Mineirão assistiu às duas faces do futebol de Tostão. Os toques sutis de perna esquerda, que encantavam o mundo nos anos 60, pareciam fadados à eternidade até 1º de agosto de 1969. Nesse dia, num amistoso do Brasil contra a Colômbia, em Bogotá, em uma dividida com o zagueiro Castaños, Tostão sofreu uma lesão no olho que, naquele momento, não parecia ser tão séria.  


O pior ocorreu em 24 e setembro do mesmo ano, no Pacaembu, quando o zagueiro Ditão, do Corinthians, ao tentar afastar a bola, acertou a mesma no rosto de Tostão, atingindo violentamente  o olho esquerdo, que imediatamente foi retirado de campo com fortíssimo derrame. O primeiro diagnóstico não fez por menos: deslocamento de retina e urgente necessidade de intervenção cirúrgica, que obrigou o craque, à época com 22 anos, a fazer uma cirurgia de alto risco que poderia afetar sua visão. O processo cirúrgico foi um sucesso e, após ficar afastado por cerca de seis meses, retornou às vésperas da Copa do Mundo. Tostão foi peça importantíssima na conquista do mundial pela Seleção Brasileira, no México, em 1970. 

Atuou mais dois anos no Cruzeiro antes de encerrar a carreira no Vasco, em 1973, para o qual foi vendido por dois milhões e meio de cruzeiros, um valor recorde para o futebol da época. Não ocorreu o acerto com o Cruzeiro para a renovação de seu contrato e seu passe foi colocado à venda. Outro fator determinante para sua saída, talvez o principal, foi a contratação do técnico Yustrich, após a demissão de Orlando Fantoni. Vários clubes demonstraram interesse. Fluminense e Vasco brigaram por último. Os portugueses mais abastados bancaram a transação e o Vasco levou a melhor. No dia 12 de abril de 1972, o craque desembarcava no Rio, em um Galeão tomado por cerca de 10 mil pessoas, e seguiu de carro aberto até São Januário. No entanto, as expectativas não foram justificadas e Tostão marcou apenas 6 gols em 45 jogos disputados. Fez seu último gol em 10 de fevereiro, na vitória de 1 x 0 do Vasco sobre o Flamengo. Os problemas na retina voltaram e um nova cirurgia no olho foi necessária. Seguindo os conselhos médicos, Tostão optou por encerrar a carreira, aos 27 anos.    

Tostão e Dirceu Lopes
Em Belo Horizonte, Tostão, nascido em 25 de janeiro de 1947, jogou apenas até os 25 anos, mas deixou sua marca. De 1963 a 1972 disputou 373 jogos e marcou 242 gols, sendo o maior artilheiro da história cruzeirense. Conquistou o pentacampeonato mineiro (1965/66/67/68/69), e a Taça Brasil (1966), entrando na história como o maior nome do futebol das Alterosas. De 1965 a 1969, foi artilheiro do Campeonato Mineiro. O craque, por tudo isso, foi uma figura importante para firmar o nome do Cruzeiro no cenário nacional. Formou uma dupla infernal com Dirceu Lopes.

Pela Seleção, com apenas 19 anos disputava sua primeira Copa do Mundo, na Inglaterra, em 1966.  Foi artilheiro das Eliminatórias de 1969 - com dez gols -, e eternizou-se  no ano seguinte com o tricampeonato na Copa do México. Vestiu a camisa amarela em 65 jogos e marcou 36 gols, sendo 54 oficiais e 32 gols.

Muitos foram artilheiros como ele. Poucos, pouquíssimos tiveram a sua visão de jogo. Ele sabia demais! 

Como crítico e analista esportivo, virou um craque das letrinhas. Suas crônicas são excelentes e demonstra mais uma habilidade do Dr. Eduardo, que abraçou a medicina após abandonar os gramados e ficou por muito tempo afastado do meio esportivo.                                         

8 comentários:

  1. Genial, um craque, dos melhores que vi.
    Sua juventude( 25 anos) "e a força da grana que destrói coisas belas" talvez, talvez, tenha influencia na péssima decisão de se transferir para o Vasco, deveria ter abandonado a carreia antes disso. Lembro perfeitamente da desilusão dos vascaínos naquela época com a decisão de parar de jogar com apenas uma temporada no time carioca aos 27 anos. O Agathyrno, não posso em nem devo afirmar, ficou no vácuo, afinal foi a maior transação feita naquela época no futebol brasileiro.

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    1. Grande jogador,mas não foi honesto com o Vasco.
      Tudo bem em não jogar mas poderia ter aceito a proposta de ser durante o contrato um relações públicas pelo menos do Vasco mas não aceitou.

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  2. O futebol mundial perdeu um gênio muito cedo.

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  3. Tostão desempenhou um papel brilhante na Copa de 70: ele e Pelé atraiam as defesas adversárias, deixando livres os 'pontas' Jairzinho e Rivelino. Por sinal, Jairzinho fez gol em todos os sete jogos naquela Copa do Mundo, com Rivelino e o próprio Pelé em seguida...

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  4. Caro Youssef...nas memórias e nos livros que ele escreveu consta que ele resolveu sair do Cruzeiro quando a diretoria demitiu o Orlando Fantoni para contratar o truculento Yustrich.Além de gênio da bola,Tostão era um cidadão e atleta de inteligência rara e não concordou com a escolha de um treinador autoritário para dirigí-lo.

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  5. Essa é também minha lembrança: Tostão quis sair do Cruzeiro devido a contratação do truculento Yustrich.
    Faltou dizer que após encerrar a carreira de atleta formou se médico e chegou a ser professor na Faculdade de Medicina em BH.

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  6. Agradeço ao Tostão pelos belos espetáculos que nos proporcionou jogando futebol. DEUS o abençoe rica e abundantemente.

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  7. Apenas um pequeno reparo. Salvo engano, o valor do passe de Tostão,o jogador mais famoso do Brasil, na época,depois de Pelé,foi 3.500.000,00 cruzeiros, o recorde de então.

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