NOTA:
TRANSCRITO NA ÍNTEGRA DA REVISTA DO ESPORTE DE 1963
Houve um tempo em que Ari Barroso escandalizou os
ouvintes – e os próprios companheiros de profissão – ao confessar em pleno
microfone sua grande simpatia pelo Flamengo. Isto porque a grande maioria de
locutores e comentaristas esportivos sempre gostou de fazer mistério em torno
de suas simpatias clubísticas, alegando que ela é autêntica faca de dois gumes,
podendo dar-lhe popularidade num meio e queimar-lhes em outros... A Revista do
Esporte, porém, sabe o clube de coração de cada locutor e comentarista
esportivo do Rádio Carioca. E divulga a preferência de cada um, sem o intuito
de lançá-los contra os torcedores, é evidente, porque todos têm as suas
preferências, mas portam-se de maneira imparcial ao microfone.
VALDIR AMARAL (locutor principal e chefe do Departamento de Esportes da Rádio Globo)
– Veio de Goiás torcendo pelo Botafogo, mas mudou quando passou a fazer esporte
pela Rádio. Embora continue botafoguense, o fato de lidar diariamente com o
futebol e sua gente fez com que ele passasse a adotar uma posição de absoluta
neutralidade diante das ocorrências no esporte.
ORLANDO BAPTISTA (locutor principal e chefe do Departamento de Esportes da Rádio Mauá)
– Era torcedor do Fluminense quando garoto, mas mudou ao ingressar no Rádio.
Fez grandes amizades no Vasco da Gama e dá extraordinária cobertura às figuras
e aos fatos do clube cruzmaltino. Às
vezes se inflama e chega a parecer torcedor do Vasco. Mas o clube de sua
simpatia é o Fluminense.
JORGE CURI
(locutor principal da Rádio Nacional) – Não faz segredo, em pleno microfone, de
que simpatiza com o Flamengo. Sem atingir o grau de ironia de Ari Barroso, às
vezes não perdoa mesmo uma exibição má do Flamengo e faz críticas aos seus
jogadores ou técnico, de acordo com o caso. Mas, sua opinião não chega ao ponto
de prejudicar a sua atividade como relator de jogos.
DOALCEI CAMARCO (locutor principal e chefe do Departamento de Esportes da Rádio
Guanabara) – É adepto do América desde o tempo em que iniciou sua atividade no
rádio, em São Paulo. Não é de ter ligação com dirigentes nem adota posição de
hostilidade quando o seu clube não está realizando boa campanha. Gosta, porém,
de falar sobre o América e seus problemas com outros.
CLÓVIS FILHO (locutor principal da Rádio Continental) – Antes de ingressar na Rádio
Mayrink Veiga, onde começou, era torcedor do Fluminense. Na Continental, por
ser amigo do técnico Marinho, passou a gostar do Botafogo. Este ano, por ser
dos grandes amigos do Cel. Luís Renato, está querendo o êxito do Bangu. Apesar
disso, o Fluminense continua morando em seu coração.
ODUVALDO COZZI (locutor principal e chefe do Departamento de Esportes da Rádio
Mayrink Veiga) – Sempre gostou de fazer mistério em torno do clube de sua
simpatia, no futebol carioca. É sabido, porém, que simpatiza com o Fluminense,
embora não figure no rol dos que mostrem paixão ou azedume diante dos
resultados obtidos pelo tricolor. Encara os resultados com naturalidade.
JOÃO SALDANHA (comentarista da Rádio Guanabara) – Foi jogador de basquete do
Flamengo, mas, apesar disso, não nega que o Botafogo mora realmente no seu
coração. Já foi técnico, aliás, do clube alvinegro, pelo qual foi campeão em
1957. Nos seus comentários, no entanto, esquece sua condição de botafoguense,
mostrando-se sempre espirituoso, seja qual for o resultado do jogo.
CID RIBEIRO
(locutor principal e Chefe do Departamento de Esportes da Rádio Tupi) – Sabe se
controlar e não demonstra amargura quando é obrigado a descrever os lances de
um jogo em que o Fluminense esteja perdendo. É admirador da agremiação tricolor
desde muito tempo antes de ingressar no Rádio. Gosta de falar sobre a campanha
do seu clube, porém longe do microfone.
BENJAMIM WRIGHT (comentarista da Rádio Globo) – Durante muito tempo alimentou a dúvida
em torno do clube de sua predileção, julgando muitos que ele fosse torcedor do
Botafogo. Gosta, efetivamente, do Fluminense, como provou, não faz muito,
chegando a chefiar a embaixada do clube na Europa. Além disso, é um dos
dirigentes do Departamento de Atletismo do Flu.
RUI PORTO
(comentarista da Rádio Continental) – Jamais ocultou sua condição de adepto do
Fluminense, embora, nos seus comentários, faça questão fechada de mostrar que
não veste a camisa de qualquer clube. Há algum tempo colaborou num dos
departamentos do clube tricolor, onde desfruta de grande prestígio. Não torce
nos seus comentários, mostrando-se sempre comedido.
ADEMAR PIMENTA (comentarista da Rádio Mauá) – Dos mais antigos comentaristas, sempre
fez mistério em torno do clube do seu coração, que é para muitos o São
Cristóvão, pelas suas ligações, no passado, como clube alvo. Ele, entretanto, é
admirador do Botafogo figurando no bloco dos moderados, já que recebe os
resultados adversos com a mesma naturalidade, sem preocupações.
ANTÔNIO CORDEIRO (comentarista e Chefe da Seção de Esportes da Rádio Nacional) – Desde
que está no Rio, procedente do Recife, simpatiza com o Fluminense. E depois que
passou a fazer esportes não mudou. Porém, de uns tempos para cá, por força de
uma série de demonstrações de carinho que recebeu de dirigentes do Flamengo, passou
a admirar igualmente o clube dirigido por Fadel Fadel.
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