terça-feira, 28 de abril de 2020

DE SANTO ANTÔNIO DOS BROTOS À EMANCIPAÇÃO: UM BREVE RESUMO DA HISTÓRIA DE MIRACEMA



“Não há povo sem tradição. Pode o progresso modificá-la e adaptá-la às novas realidades da vida, mas não deve suprimi-la sob pena de pôr em risco os liames secretos que ligam as gerações umas às outras.”
(Austregésilo de Athayde)

Uma cidade que não preserva a sua história acaba perdendo sua identidade. Preservá-la, é resgatar nomes, perpetuar valores, é permitir que as novas gerações não vivam sob as trevas do anonimato. É importante entender que quando se homenageia pessoa já falecida, busca-se enaltecer o legado que o homenageado deixou para que sirva de exemplo às novas gerações. Quando é possível fazer em vida, naturalmente é muito mais representativa. Um povo que não guarda suas histórias, suas memórias, seu patrimônio, não sabe quem realmente é.


Mensagem...

Para aqueles que amam a nossa cidade, não só os que aqui nasceram, mas também os que a adotaram, pois somos uma cidade acolhedora desde os tempos da chegada de diversos imigrantes, temos que unir forças e continuar na luta diária por uma cidade de "Paz e Harmonia". Aqui vivemos e escolhemos essa terra para também criarmos nossos filhos, por isso temos a obrigação de abraçar e apoiar toda e qualquer causa que seja benéfica e em prol do município. Como também temos a obrigação de ir contra tudo e a todos, que de uma maneira ou de outra, queiram aproveitar-se de situações adversas e tirar vantagens em benefício próprio. 


Fontes:
* Revista comemorativa de 66 anos de Miracema – Ano 1 – Edição Especial – Junho de 2002;
* Revista comemorativa do 67º aniversário – Miracema 1936/2003;
* Folder Miracema e Liberdade: Os Caminhos da Emancipação – Publicação do Centro Cultural Melchíades Cardoso, por ocasião do septuagésimo aniversário de emancipação político-administrativa de Miracema;
* Jornal Dois Estados/Mauricio Monteiro e acréscimos;

Nota: menção especial aos nomes de Roberto Monteiro R. Coimbra Lopes e Marcelo Salim de Martino. Esse último, curador do Centro Cultural Melchíades Cardoso e merecedor de nosso reconhecimento por tanta dedicação e cuidado com o Patrimônio Público, assim como os demais funcionários.



MIRACEMA, ASSIM TUDO COMEÇOU...

Foi por volta do início dos anos 40 do século XIX, que Dona Ermelinda Rodrigues Pereira aqui chegou, encantando-se por estas terras, que eram virgens e cobertas de árvores centenárias e entrecortadas por riachos cristalinos.  Aqui fundou uma pequena colônia onde construiu uma capela dedicada ao culto de Santo Antônio, onde atualmente existe a praça que leva o seu nome. Era intenção de Dona Ermelinda transformar suas propriedades em bens de uma paróquia, que pretendia entregar, mais tarde, a um de seus filhos, de nome Manoel, que estudava em um seminário de Mariana-MG. Prosseguindo com seu intento, a referida senhora doou 25 alqueires de terra, dos 2.000 que possuía, para a formação da futura freguesia de Santo Antônio, posteriormente, Santo Antônio dos Brotos.

Deve-se a mudança de nome ao seguinte fato: um dos sólidos esteios da capela, feito de madeira seca, não resistindo à luxúria daquela terra, brotou, semeando entre os que habitavam a sua volta, a crendice popular do milagre da vida. Assim como brotou, o vilarejo cresceu e se multiplicou, dando origem a um povoado – Santo Antônio dos Brotos. Esse crescimento do povoado motivou a criação do Distrito Policial de Santo Antônio dos Brotos, em 26 de janeiro de 1880. No ano seguinte, no dia 9 de setembro foi criado o Distrito de Paz. Até então, o povoado pertencia a São Fidélis.

Santo Antônio dos Brotos desvinculou-se de São Fidélis e passou a pertencer a Santo Antônio de Pádua em 1882, quando o vice-presidente da Província do Rio de Janeiro, Paulo José Pereira de Almeida Torres sancionou o Decreto Provincial nº 2597, de 2 de janeiro, aprovado pela Assembleia Provincial, considerando a freguesia de Santo Antônio de Pádua, que pertencia ao território de São Fidélis, um município.

Em 7 de abril de 1883, a Câmara do novo município muda o nome de Santo Antônio dos Brotos para Miracema, proposta feita pelo vereador José Carlos Moreira, sugerido por Dr. Francisco Antunes Ferreira da Luz, dos termos indígenas Tupi-Guarani – ybira (pau, madeira) e cema (brotar) – trocando-se apenas “Yb” por “M”, ficando assim MIRACEMA – pau que brota, gente que nasce.

Com suas terras virgens e férteis – sendo sua população acrescida pelos imigrantes italianos, libaneses, espanhóis e os bandeirantes mineiros, que formaram o que compõe a maior parte das famílias miracemenses – era uma mãe com seios fartos para com seus novos filhos. A produção crescia a olhos vistos, o que permitiu que os produtos da terra fossem comercializados em outros centros urbanos. Devido às dificuldades para escoar o excedente, em 1883 foi inaugurada a estrada de ferro, que trouxe consigo não só essa facilidade como também inúmeros outros benefícios.

O povoado de Miracema passou por grandes transformações a partir da construção do ramal ferroviário ligando o distrito até São Fidélis, em 1883, e que foi saudada em versos pelo médico/poeta Dr. Ferreira da Luz: “Rodante máquina viva... Salve! Oh locomotiva Rei do progresso, a vapor”! Essa conquista foi liderada por Joaquim de Araújo Padilha, que visava melhorar o transporte que, até então, era feito por tropas de burro e carros de boi até a principal cidade da região: São Fidélis. E para comemorar essa conquista, homens de fraques e cartolas, mulheres com vestidos de gala, banda de música e grandes oradores. A locomotiva foi recebida com todas as pompas. Foi graças ao serviço e a pontualidade dessa Locomotiva, que Miracema chegou a ter uma lavanderia automática, que prestava serviços para grandes hotéis da capital.

No ano seguinte, por iniciativa do vereador Antônio Firmino de Carvalho, finalmente foi aprovado a indicação no sentido de que fossem instalados doze Lampiões Belgas, a querosene, que ficariam fincados um a cada 30m. O combustível seria fornecido pelos particulares beneficiados pela iluminação pública. Naquele mesmo ano, foi aprovada a taxa de iluminação pública e a Câmara Municipal passou a arcar com as despesas de iluminação.

Só em 1912 os Lampiões Belgas foram substituídos por lâmpadas de acetileno, que deram um resultado deslumbrante, já que os focos de carbureto produziam uma claridade superior “cinco vezes mais” que a luz dos Lampiões. A iluminação no Brasil data de 1879, quando foi inaugurada, na Estação Central da Estrada de Ferro Dom Pedro II, atual Central do Brasil, no Rio, seis lâmpadas do tipo Jablochoff; oficialmente o Imperador inaugurou em 1883, em Campos, o primeiro serviço público municipal de iluminação elétrica do Brasil e da América do Sul. No início do ano de 1913, o assunto predominante no distrito de Miracema era a construção da Usina Hidrelétrica que estava sendo construída em Comendador Venâncio, distrito de Itaperuna, pelo engenheiro francês Julien Derene.

A Estação Ferroviária era muito frequentada pela manhã e à noite quando chegavam o Expresso, com encomendas, passageiros e o jornal “O Monitor Campista” com notícias do estado e da nação. Uma nova locomotiva, uma Rocket, fazia o percurso Miracema a Niterói num só dia, era um sucesso! Em frente à Estação ficava a Fábrica de Tecidos São Martino, e o proprietário Francisco Bruno de Martino já estudava a substituição do Locomóvel – aparelho alimentado por lenha para tocar os teares – pela energia elétrica. O Cel. Alfredo Moreira depois de morar alguns anos em Paraoquena, pela sua importância como entroncamento ferroviário, voltou a residir em Miracema, ao lado da Estação, e reabriu a Pharmácia com o seu inseparável Dicionário de medicina popular do Dr. Chernoviz. Os filhos mais velhos, Zezé e Aymoré, gostavam de jogar bola e o ponto de encontro dos jogadores era a Sapataria Granato. Era o time da Rua de Cima contra o time da Rua de Baixo.

Em meio àquela vida interiorana, existiam também grandes cabeças pensantes, que enxergavam muito além daquele universo limitado. Em 1906, foi um jovem, de apenas 16 anos – Melchíades Cardoso – que lançou a semente da separação, inconformado com os mandos e desmandos daqueles que geriam a terra, fundou um jornal denominado O Grupo, com o objetivo de esclarecer a população para que essa tivesse condição de se posicionar. Foi através desse jornal que o desejo da emancipação deixou de ser apenas uma vontade.

Com o passar dos anos os sinais de movimentação da população do então distrito em relação a cobranças de investimentos e melhorias pelo município de Santo Antônio de Pádua foram crescendo e as reclamações mais constantes eram: a falta de iluminação adequada, os abusos das tarifas cobradas pela Estrada de Ferro da Leopoldina, a limpeza e a irrigação das ruas e a construção da Praça Dona Ermelinda.

Já em 1918, após 12 anos do lançamento da campanha para a criação do município, Miracema viveu um grande período de desenvolvimento agrícola – com destaque para a produção de café, que era o ápice da economia da época – e de uma intensa atividade comercial e industrial.  Apesar disso, pouco da renda tributária arrecadada no distrito era usada em seu benefício, ficando, desta forma, carente de vias de comunicação, de saneamento e de urbanização.  A maior parte era utilizada na sede do município, em Pádua, ou gerida pelos Coronéis – grandes senhores da terra que dominavam a região pela lei do mais forte. Estes educavam seus filhos nas capitais para serem futuros senhores, ou futuros advogados ou médicos de família. Aos pobres e sem terra restavam a obediência e subserviência, além do analfabetismo e a mais completa ignorância política.

A vontade cívica de alguns intelectuais da época, aliada às rixas dos clãs familiares que detinham o poder político e econômico e a obstinação daqueles que acreditavam que somente através da liberdade se alcançaria a prosperidade almejada, fez ressurgir o movimento separatista. Além disso, a questão do estabelecimento dos nossos limites territoriais já havia sido solucionada, uma vez que o Estado de Minas Gerais reconheceu a jurisdição fluminense sobre Miracema, o que liquidou de vez o impasse entre os dois estados.

Isso fez com que os senhores José Giudice, José Carlos Moreira, Barroso de Carvalho e outros, interpretando os sentimentos cultivados pelos miracemenses, pleiteassem do então Presidente do Estado do Rio de Janeiro, Dr. Raul Veiga, quando em visita a Miracema no ano de 1920, a emancipação política e administrativa do 2º distrito. O pedido em apreço não foi atendido. Considerando que os sentimentos separatistas era sonho que se intensificava cada vez mais na alma dos miracemenses, o Deputado Raul Nascimento, em 1922, baseado num manifesto com a assinatura de quase todos os habitantes, apresentou um projeto à Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro propondo, oficialmente, a emancipação do distrito de Miracema. O projeto Raul Nascimento, entretanto, não foi aprovado.

Os miracemenses decididos como estavam em suas aspirações organizaram um movimento que chamaram de “Campanha Separatista”, posteriormente denominado “Partido Separatista”, cuja primeira reunião foi realizada, com a presença de 159 miracemenses, na residência do Dr. Américo Homem, em 10 de janeiro de 1926. Nesta reunião convocada pelo Dr. Theóphilo Junqueira, pelo Dr. Américo Homem e pelo Cel. José Carlos Moreira, presidida pelo primeiro e secretariada por Gilberto Barroso de Carvalho, foi eleita por aclamação a primeira Comissão Executiva da Campanha, composta por 30 membros, que organizou o programa de ação em favor da emancipação política e administrativa de Miracema.

No dia 4 de novembro de 1926, na residência do Cel. José Carlos Moreira, a Comissão Diretora do Partido Separatista, presidida pelo Dr. Theóphilo dos Reis Junqueira e secretariada pelo Dr. Hipólito Gouvêa Souto, se reuniu para tratar de vários assuntos de interesse do movimento, oportunidade em que foi aprovada, por unanimidade, o lançamento da candidatura do miracemense Antônio Ventura Coimbra Lopes ao cargo de prefeito do município de Pádua.

Em 7 de janeiro de 1927, foi realizado um acordo político entre representantes da política situacionista, chefiado pelo Cel. Custódio de Araújo Padilha e representantes do Partido Separatista, Cel. José Carlos Moreira e Dr. Theóphilo Junqueira, tendo concordado plenamente com as cláusulas do acordo proposto pelo Dr. Feliciano Sodré – Presidente do Estado, para um perfeito entendimento na orientação política municipal, onde assumiam o compromisso de se apoiarem mutuamente em todas as questões políticas municipais, estaduais e federais, tendo sempre por orientação as deliberações do Partido Republicano Fluminense. O referido acordo previa dentre outras, a aplicação de 50% das rendas do distrito, exclusivamente em obras públicas, nomeação de Agente Distrital mediante indicação do Diretório Distrital de Miracema, inclusão na chapa de vereadores de três nomes indicados pelo Diretório, e do nome de Antônio Ventura Lopes para concorrer ao cargo de Prefeito.

Eleito Prefeito do município de Santo Antônio de Pádua para um mandato de três anos, num de seus primeiros atos de governo, Ventura Lopes, atendendo a velha aspiração dos miracemenses, criou conforme o acordo político, a Subprefeitura de Miracema e nomeou, de acordo com a indicação do Diretório Distrital para exercer o cargo de Subprefeito, o miracemense Virgílio Damasceno. Com a criação da Subprefeitura – a primeira instalada no Brasil – a maior parte das rendas tributárias do distrito de Miracema passaram a ser aplicadas em inúmeras obras públicas, tais como a abertura de estradas, a urbanização e o início do calçamento das principais ruas (Mal. Floriano, Francisco Procópio e Cel. Josino). Sendo assim, o distrito conheceu uma fase de visível progresso.

Em 1929, Miracema ganhou o apoio dos distritos de Paraíso, Ibitiguaçu, Monte Alegre e o povoado de Campelo, formando o “Bloco do Norte”, durante um grandioso comício na Praça Dona Ermelinda. O comitê feminino lançou um boletim conclamando as mulheres miracemenses para comparecerem à manifestação, e diziam que “o separatismo era de todos que amam Miracema”. Após o comício, foi realizada a convenção separatista, onde as delegações assinaram a respectiva ata, cuja cópia foi encaminhada ao Presidente do Estado Dr. Manuel Duarte, pelo deputado Arnaldo Tavares.

Em 3 de novembro de 1929, uma comissão de senhoras composta por: Marieta D’angelo, Sotera Cardoso, Graziella Carvalho, Hilda Pinto e Julieta Damasceno, que faziam intensa campanha pela separação foi a Niterói com o fim de expor ao governo e aos líderes do legislativo estadual os motivos dos ideais que abraçavam.

Realizadas as eleições municipais de 1929, o candidato a Prefeito indicado e apoiado pelos separatistas foi derrotado nas urnas. Entretanto, foi eleito para exercer o cargo um ilustre miracemense (Pedro da Silva Bastos), de forma que àquela ocasião fazia parte de uma coligação de partidos, cujos membros em sua maioria se opunham à separação de Miracema. A primeira exigência feita ao novo Prefeito pelos membros dos partidos que o apoiaram, foi no sentido de tornar sem efeito o ato que criara na administração Ventura Lopes a Subprefeitura do distrito de Miracema. A Subprefeitura foi extinta. O fato criou um mal estar muito grande no espírito dos miracemenses e reacendeu, com redobrado estímulo, os sentimentos emancipacionistas cultivados há longos anos pela maioria dos habitantes do distrito.

O Presidente do Estado do Rio de Janeiro, Dr. Manuel Duarte, grande amigo de Miracema, que se sensibilizou cabalmente com os sentimentos emancipacionistas dos miracemenses, a partir do conhecimento do desenvolvimento e do progresso do distrito, e também por saber da insatisfação reinante em Miracema, em virtude dos acontecimentos noticiados. Quando os documentos exigidos para a criação do município de Miracema, já no palácio, encaminhados pelos miracemenses integrantes da Campanha Separatista, o Governo Manuel Duarte, que se comprometera com a aprovação do projeto da criação do município, às vésperas da concretização da sonhada separação foi destituído pela Revolução de 1930.

Sucedido Manuel Duarte no Governo do Estado pelo interventor nomeado, Plínio Casado, o objetivo da Campanha Separatista, mais uma vez não pode se concretizar porque o novo Governo ficou frontalmente contra as pretensões emancipacionistas, a ponto de ameaçar com prisão os líderes da campanha que foram ao Palácio tratar do assunto com o interventor.

Após a Revolução o Capitão Altivo Mendes Linhares foi nomeado interventor no município de Santo Antônio de Pádua. Por mais incrível que possa parecer, essa intervenção não foi boa para a causa separatista, pois Altivo era contrário à emancipação de Miracema. Razões políticas e econômicas eram as justificativas do líder político para não abraçar essa causa. Não se pode deixar de mencionar que no período em que foi prefeito de Pádua, Altivo Linhares realizou várias obras no 2º distrito de Miracema, tais como: a reforma completa da Praça Dona Ermelinda, da Igreja Matriz, vários calçamentos de nossas ruas e a abertura da estrada Pádua a Miracema. Em 1933, por motivos pessoais, Altivo Linhares foi obrigado a se afastar da prefeitura e indicou o também miracemense Cícero Bastos para ocupar o seu lugar.
Abertura da estrada Pádua/Miracema

Com a convocação da Constituinte, que veio a dar ao Brasil a nova Constituição Federal de 16 de julho de 1934, o regime de exceção instalado no país em 1930 se abrandou e o povo brasileiro em geral, e os emancipacionistas de Miracema em especial, puderam novamente viver em clima de liberdade e voltar a externar e também voltar a colocar, novamente, as suas antigas reivindicações. Com o novo clima reinante, a Campanha Separatista, tendo em vista que os motivos pelos quais foi iniciada continuaram ainda vigorando, foi reiniciada com redobrado ardor. Assim é que os elementos que compunham o antigo Partido Separatista voltaram a se reunir e, em 1933, a sua Comissão Executiva, composta por Antônio Ventura Coimbra Lopes, Artur Monteiro Ribeiro da Silva, Oscar Barroso Soares, Edgar Moreira, Armando Monteiro Ribeiro da Silva, Flávio Condé e Antônio Carlos Moreira, lança em 11 de maio do mesmo ano um boletim intitulado “AOS AMIGOS DE MIRACEMA”, reiniciando a campanha e estabelecendo a sua nova estratégia.

O movimento, que continuava povoando o espírito dos miracemenses, reiniciou-se com redobrado entusiasmo, passando a ser assunto permanente nas conversas, na imprensa e nas manifestações públicas, que então faziam parte da vida do distrito. Ainda em 1934, Altivo Linhares acabou se rendendo às causas de seus conterrâneos, apesar de muito timidamente, a favor do movimento separatista.

Convocada em abril de 1934 uma convenção do Partido Separatista, a fim de adotar novas estratégias para o movimento, eis que chega ao conhecimento das autoridades de Santo Antônio Pádua, deturpada notícia que a população do distrito de Miracema estaria em “pé de guerra”.  O resultado foi a chegada de força policial às vésperas da referida convenção.  Com isto, Melchíades Cardoso, José Naegele, Bruno de Martino e Dirceu Cardoso fizeram circular um boletim onde diziam que o movimento era pacífico, tanto que assumiam publicamente a responsabilidade por tudo que pudesse ser interpretado como sendo subversão da ordem pública, surgindo assim, “OS QUATRO DIABOS”, inspirado no título de um filme em exibição cinema XV. A população em virtude do boletim noticiado passou a denominá-los de “OS QUATRO DIABOS.”

No dia 22 de abril de 1934, sob a presidência do separatista Antônio Ventura Lopes, com a presença do Aspirante e do Delegado, responsável pelo comando da força militar, foi realizada a grande Convenção do Partido Separatista na Sociedade Musical XV de Novembro. Com a presença de quase toda a população, incluindo mulheres, operários, estudantes, literatos, banqueiros, comerciantes, lavradores e industriais, após vários discursos, a reunião foi encerrada num clima de entusiasmo, de entendimento e da mais absoluta ordem, conquistando, inclusive, a simpatia das autoridades enviadas pelo interventor Ary Parreiras.
Convenção do dia 22 de abril no Clube XV. 

Nesta grande Convenção de 22 de abril, nomeou-se por aclamação, o nome de 42 separatistas que deveriam compor uma Comissão destinada a solicitar, em nome do movimento, uma audiência com o interventor Ary Parreiras para tratarem das pretensões emancipacionistas do Distrito. No dia 6 de maio de 1934, sob a presidência de Antônio Ventura Coimbra Lopes, seguiu para Niterói a Comissão encarregada de se encontrar com Ary Parreiras, recebida por este no Palácio do Ingá, no dia 8 de maio de 1934. Na oportunidade, usaram da palavra Ventura Lopes, dizendo ao interventor os motivos da presença da Comissão, o Cônego José Thomaz de Aquino, orador indicado pelos membros da Comissão que advogou com raro brilho e maior persuasão a causa da Separação, a Srtª Carmem Lemos e o próprio Ary Parreiras, que se dizendo contrário à criação de novas unidades administrativas no Estado, confessava-se vencido com relação ao caso de Miracema, prometendo aos presentes decretar em breve a emancipação político-administrativa da antiga Santo Antônio dos Brotos, desde que a pretensão viesse a ser aprovada pelo Conselho Consultivo.

Retornando a Miracema, a Comissão, através de boletim convoca a população separatista para uma reunião na atual Praça Ary Parreiras, a fim de se prestar um manifestação de apreço e admiração o Cônego José Thomaz de Aquino, tal o brilhantismo com que o mesmo sustentara no Ingá as razões da necessidade da emancipação.

Realizado o plebiscito e reunidos os demais documentos exigidos, uma comissão composta por Ventura Lopes, Melchíades Cardoso, Dr. Octávio Tostes, Alberto Lontra, Waldemar Torres e José Naegele, foi encarregada de fazer a entrega em Niterói. A comissão saiu de Miracema no dia 19 de junho de 1935, e regressou no dia 23 de junho, já agora, com a reiterada promessa de Ary Parreiras no sentido de decretar a emancipação.

Ventura Lopes, em agosto de 1935, envia telegrama a Ary Parreiras reiterando os anteriores apelos dos separatistas no sentido de conceder a emancipação de Miracema. Cumprindo a promessa que fizera aos miracemenses, Ary Parreiras, através do Decreto 3.401, de 7 de novembro de 1935, criou o município de Miracema, composto pelos distritos de Miracema e Paraíso do Tobias, então 2º e 7º distritos de Santo Antônio de Pádua, estabelecendo que a data da instalação da nova unidade criada seria marcada pelo Poder Legislativo, juntamente com a homologação do laudo que se referia o Artigo 4º, da Lei nº 2316, de 30/01/1929 – Lei de Organização Municipal.

Conduzido em 1936 ao Governo do Estado do Rio de Janeiro, por eleições realizadas em novembro de 1935, em substituição a Ary Parreiras, o Almirante Protógenes Pereira Guimarães, no início de março de 1936 concedeu audiência ao então Presidente do Partido Separatista, Antônio Ventura Lopes, que demonstrou ao Governador conveniência de se instalar o Município de Miracema antes das eleições municipais já marcadas. Na oportunidade, sensibilizado, Protógenes Pereira Guimarães assumiu o compromisso de interferir junto às lideranças de seu governo na Assembleia Legislativa, no sentido de designarem para um dos próximos dias, daqueles em que dera a audiência noticiada, a data para a instalação da nova unidade administrativa, declarando na oportunidade, que iria pessoalmente instalar o município de Miracema antes das eleições municipais que estavam próximas.

Com a interferência do Governador Protógenes Pereira Guimarães, através da Lei nº 09, de 02/04/1936, a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, presidida pelo Dr. Arnaldo Tavares, grande amigo e incansável colaborador da Campanha Separatista, designou o dia 3 de maio de 1936 para instalar o município de Miracema, e autorizou o Poder Executivo a praticar todos os atos necessários à efetivação dessa instalação. No dia 10 de abril de 1936, Ventura Lopes recebia telegrama do Palácio solicitando sua presença para combinar autoridades a serem nomeadas no município.

A LUTA EFETIVA PELA EMANCIPAÇÃO MIRACEMENSE DUROU LONGOS 18 ANOS, ATÉ O DESFECHO FINAL COM A INSTALAÇÃO DO MUNICÍPIO.  

Cumprindo a promessa, aos três dias do mês de maio de 1936, Protógenes Pereira Guimarães, Governador eleito do Estado do Rio de Janeiro, acompanhado do Dr. Arnaldo Tavares e de outras autoridades, no Salão nobre da Prefeitura Municipal de Miracema, na presença de um grande número de pessoas representativas de todas as classes sociais, decretou instalado o novo Município e nomeou o seu primeiro Prefeito, o Dr. Mário Pinheiro Motta, de acordo com o ato de 28 de abril de 1936. As palavras do Governador foram recebidas com grande entusiasmo pelo povo, em calorosa salva de palmas, encerrando assim, vitoriosamente, a Campanha Separatista. A instalação do último município no Estado do Rio de Janeiro, que se dera no ano de 1889, por si só demonstra a oposição dos governos de então à criação de novas unidades administrativas no Estado, mas, sobretudo, o espírito de determinação, a força da representatividade dos miracemenses e a importância que foi a Campanha Separatista de Miracema.
Dr. Mário Pinheiro Motta (Prefeito) discursando. 

Poucas cidades por esse Brasil afora tiveram uma luta tão árdua e duradoura para conseguir sua emancipação político-administrativa. Dezoito anos não são dezoito dias. Nunca é demais lembrar esses miracemenses que, com muita bravura e determinação, idas e vindas correndo atrás de um objetivo que parecia cada vez mais distante, não fraquejavam após as quedas e mais fortes ficavam para a próxima batalha tão sonhada de ver Miracema livre e independente. A persistência foi fator fundamental para conseguir a almejada emancipação. Muitos foram os interesses políticos e o jogo de poder que dificultaram a caminhada da Campanha Separatista. Esses homens arrojados escreveram seus nomes na história e cada um teve a sua importância na vitória final: Antônio Ventura Coimbra Lopes – o general da luta separatista – Alberto Lontra, Antônio Carlos Moreira, Américo Homem, Armando Monteiro Ribeiro Da Silva, Artur Monteiro Ribeiro Da Silva, Bruno De Martino, Dirceu Cardoso, Edgar Moreira, Flávio Condé, Gilberto Barroso De Carvalho, Hipólito Gouvêa Souto, José Carlos Moreira, José Giudice, José Naegele, José Thomaz de Aquino, Melchíades Cardoso, Octávio Tostes, Oscar Barroso Soares, Theóphilo Junqueira, Virgílio Damasceno, Waldemar Torres... e até mesmo Altivo Linhares, que foi contra a emancipação até ser convencido pela maioria, mas que trouxe, no entanto, muitos benefícios ao município que até hoje são usufruídos pela comunidade.

Particularmente gostaria de fazer um adendo especial ao Jofre Geraldo Salim, um dos maiores oradores que essa terra já produziu. Uma memória fantástica e que bradava com muito orgulho e emoção, com detalhes minuciosos, o que foi relatado acima, pois era um profundo conhecedor da nossa história emancipacionista. Deixou uma lacuna difícil de ser preenchida e ficamos órfãos de um intelectual do mais alto nível. Parodiando sua frase: “Precisamos manter viva a história de nossos conterrâneos ilustres”. E o cidadão Jofre Geraldo Salim, certamente é um deles!

CRONOLOGIA DO PROGRESSO NO DISTRITO DE MIRACEMA

1883 – Estrada de Ferro Santo Antônio de Pádua – Ramal Miracema.  Possuíam, inicialmente, duas locomotivas, dois carros de passageiros e 10 carros pra cargas.
                                                  
1896 – Sociedade Musical XV de Novembro - Associação que teve como seu 1º presidente Francisco Cardoso.

1898 – Sociedade Musical Sete de Setembro – Associação que teve como fundadores: Ricardo Barroso, Arcanjo Abrantes e João Paes.
                                                 
1906 – Fábrica de Tecidos – Fiação e Tecelagem São Martinho Ltda. – Criada por Francisco Bruno de Martino, constituía uma das principais fontes de renda pelo número de operários que abrigava.

1912 – Luz Elétrica – Como nas demais cidades, antigamente a luz era a gás ou a lampião. Em 1912, foi implantada no distrito, tendo seus serviços planejados pela Cia Força e Luz do Norte Fluminense.

1917 - Grupo Escolar Dr. Ferreira da Luz – Criado com as contribuições totais e espontâneas do povo. Teve sua construção iniciada em 14 de julho de 1916, na Rua Marechal Floriano Peixoto (Rua Direita). Foi inaugurado em 1917 e mais tarde doado ao Estado. No ano de 1935, o Cel. Armando Ribeiro doou um terreno na Rua Matoso Maia, também no centro, com a finalidade da construção pelo Governo do Estado da sede nova para o Grupo Escolar Dr. Ferreira da Luz. Devido à instalação do Município em 1936, o antigo prédio do Grupo Escolar Dr. Ferreira da Luz, passou a ser sede da Prefeitura Municipal.    

1918 – O “Grande Hotel” foi construído na Rua Direita por Salvador Ciuffo. Posteriormente, Arthur Braga, arrendatário do mesmo, alterou o nome para Hotel Braga.

1922 – Instituto Afrânio Peixoto (Colégio Miracemense) – Primeira Instituição Educacional de grande porte em Miracema, foi criado pelo Professor José Paulino Alves Júnior, em 1921.  Dele se originou em 1922, o Ginásio de Miracema e a Escola Normal (na época foi a 3ª Escola de Formação de professores do Estado), e mais tarde Colégio Miracemense. Em 1987, foi adquirido pelo Governo do Estado, passando a denominar-se Colégio Estadual de Miracema.  

1926 – Telégrafo – Instalado no dia 12 de abril de 1926 e ligou Miracema ao “mundo”. Ainda em 1926, foi inaugurado o primeiro calçamento, do Hotel Braga até a Estação e os carros de boi foram proibidos de circular neste trecho em face de uma lei votada na Câmara Municipal.
                                                     
1934 – Jardim de Infância Clarinda Damasceno – Inaugurado em 13 de outubro de 1934, teve como idealizador Altivo Mendes Linhares, auxiliado por Dona Zina Queiroz Linhares, sua primeira esposa e dona Lucy Lamy, que foi também a primeira Diretora.  O idealizador contou com o apoio de várias pessoas da sociedade Miracemense que organizavam festas para arrecadar donativos para as obras do Jardim.  Foi o segundo Jardim de Infância a ser criado no Estado do Rio de Janeiro, seguindo o modelo do primeiro Jardim de Niterói.  O nome foi em homenagem a grande educadora miracemense, Dona Clarinda Damasceno.

CRONOLOGIA DA EMANCIPAÇÃO DE MIRACEMA

1920
- Visita Miracema o presidente do Estado do Rio de Janeiro, Raul Veiga. Os senhores José Giudice, José Carlos Moreira, Barroso de Carvalho, entre outros, pleiteiam a emancipação de Miracema, então 2º distrito de Santo Antônio de Pádua.  O pedido em apreço não foi atendido. 

1922
– O deputado Raul do Nascimento apresenta um projeto à Assembleia Legislativa do Estado, propondo oficialmente a emancipação de Miracema. O projeto Raul Nascimento, entretanto, não foi aprovado.

1926
– Com a presença de 159 miracemenses, na residência do Dr. Américo Homem, é organizado um movimento que denominaram de “Campanha Separatista”, posteriormente “Partido Separatista”.
- É lançado como candidato do Partido Separatista ao cargo de prefeito de Pádua o Cap. Antônio Ventura Coimbra Lopes.
- Composta a marcha separatista “LIBERTAS”, de Clenório Bastos e Alberto Gomes Pessanha.

1927
- O Capitão Antônio Ventura Lopes é eleito prefeito de Santo Antônio de Pádua para um mandato de três anos.
- É criada e instalada a Subprefeitura de Miracema e nomeado para exercer o cargo de subprefeito o Cap. Virgílio Damasceno.

1928
- Ventura Lopes reiterada vezes solicitou ao Almirante Benjamim Sodré – presidente do Estado, a emancipação de Miracema, ficando o mesmo insensível à pretensão emancipacionista. 

1929
- Realizadas as eleições municipais, o candidato do Partido Separatista é derrotado.
- É extinta pelo prefeito de Pádua, a Subprefeitura de Miracema.
- Eleito para presidente do Estado o Dr. Manuel Duarte, que sensibilizado pela causa miracemense, compromete-se com a emancipação do município.

1930
- Com a Revolução de 30, desvaneceram-se as ideias da separação de Miracema.
- É nomeado interventor do Estado o Sr. Plínio Casado, frontalmente contra as pretensões emancipacionistas, a ponto de ameaçar com prisão os líderes da campanha que foram ao Palácio do Ingá.

1933
- A campanha separatista é reiniciada e o Partido Separatista se reorganiza e lança um boletim intitulado “AOS AMIGOS DE MIRACEMA”.

1934
- Com a nova Constituição Federal de 16 de julho de 1934, os emancipacionistas de Miracema puderam novamente viver em clima de liberdade e se dedicaram às suas antigas reivindicações.

1935
- Através do Decreto 3.401, de 7 de novembro de 1935, fica criado o município de Miracema. Cumprindo a promessa que fizera aos miracemenses, Ary Parreiras criou o município de Miracema, composto pelos distritos de Miracema e Paraíso do Tobias, então 2º e 7º distritos de Santo Antônio de Pádua.

1936
- É instalado festivamente o município de Miracema, primeira unidade administrativa instalada entre os anos de 1889 e 1936.


A IMPRENSA DE MIRACEMA NO PERÍODO QUE AINDA ERA DISTRITO

Miracema sempre teve força e atitude na área de comunicação, e já em 1939 era exaltada pelos seus ilustres profissionais, como o jornalista e escritor Bruno de Martino, em seu artigo “Origem e projeção da Imprensa Miracemense”, publicado no jornal Estado Novo, nº 59, assim: “Miracema desde a idade em que engatinhava, deu-se por inteira aos surtos das letras. O seu número reduzido de intelectuais se contrastava com a alentada quantidade de homens da lavoura e do comércio, a todo o momento inquietado pelos facínoras que a faziam de doce refúgio".  

E neste clima de refúgio da bandidagem que surgiu o primeiro jornal de Miracema – O DISTRITO – fundado por João Antônio Hassel, em 18 de novembro de 1896. Com sua coragem, Hassel denunciava os terríveis crimes cometidos em Miracema e a revolta da escassa população.

O MIRACEMENSE circulou seu primeiro número em 4 de dezembro de 1898, uma propriedade do pai de Barroso de Carvalho, Firmino de Carvalho. Foi em suas colunas que o jornalista abateu para sempre a ambição dos mineiros que pleiteavam a todo instante a posse do então segundo distrito de Santo Antônio de Pádua.  Com seu falecimento em 17 de agosto de 1900, o jornal passou a ser produzido pelo lusitano Adriano do Vale, que veio viver em Miracema por acaso, pois viajava por várias localidades fluminenses trabalhando como agrimensor prático.  Passou pela porta da tipografia e ficou – tornando-se o responsável pela edição do periódico.

O MIRACEMA começou no ano de 1901, e A TROMBETA em 14 de abril do mesmo ano. Em 1º de junho de 1902, foi editado A SEMANA, sendo a redação dos dois últimos do poeta e professor A. Roussiliers, que por problemas políticos passou a usar o codinome I. Roma.

Em 1902 ainda surgiram A BRISA, O CROMO, A ASA, O MELRO, A SÁTIRA, O BALUARTE E O BIJOU.

Em 1924, foi fundado por Melchíades Cardoso o Jornal LIBERTAS – órgão defensor dos direitos de Miracema. 

AS TERRAS DE MIRACEMA ERAM DE SANTO ANTÔNIO

De acordo com a história de Miracema, Dona Ermelinda cumpriu o prometido depois que os esteios secos brotaram. Construiu a capela e doou as terras de sua fazenda à margem direita do ribeirão Santo Antônio para o santo de mesmo nome, lá pelo ano de 1846. Mas muita coisa aconteceu desde aquela época, com o crescimento e desenvolvimento do distrito, até sua emancipação em 1936 e sua grande expansão territorial. 

Mas apesar de usufruírem das terras acima citadas e de terem também construídos nessas áreas, os usuários ainda não haviam conseguido as escrituras dos terrenos em seus nomes até a década de 40.  Foi em 1948 que a prefeitura municipal solicitou através de ação na comarca de Miracema, o domínio das terras à margem direita do ribeirão Santo Antônio – 799.810,75 m2 – para que fossem repassadas à população que já a utilizava.

O prefeito Altivo Linhares, o governador do Estado do Rio, Amaral Peixoto, o Bispo Diocesano Dom Octaviano Pereira de Albuquerque e o Padre Joaquim Thaumaturgo, participaram das negociações, que resultara na doação oficial das terras para a prefeitura municipal de Miracema, ato referendado pelo Tribunal de Justiça Estadual e, posteriormente, pelo Supremo Tribunal Federal.

Aspectos Geográficos e Demográficos de Miracema:
Localizada na Região Noroeste do Estado do Rio de Janeiro, tem como municípios limítrofes:

* Ao Norte: Itaperuna e Laje do Muriaé
* Ao Sul: Santo Antônio de Pádua
* A Leste: São José de Ubá
* A Oeste: Palma (MG)

Com uma área de 306 km2 de extensão e altitude média de 137 metros acima do nível do mar (sede), o município de Miracema é composto por três distritos:
1º Distrito – Miracema (sede)
2º Distrito – Paraíso do Tobias       
3º Distrito - Venda das Flores

Curiosidades:
- Miracema pertenceu a Campos dos Goytacazes, depois a São Fidélis para só após pertencer a Santo Antônio de Pádua. Depois disso viramos cidade.
- Paraíso do Tobias, 2º distrito de Miracema era o 9º distrito de Santo Antônio de Pádua.
- Dona Ermelinda Rodrigues Pereira recebeu as terras, onde construiu a Capela de Santo Antônio dos Brotos, através do sistema de Sesmarias, onde a pessoa se quisesse terras, pedia ao governo e ganhava.
- A Banda 7 de Setembro teve suas primeiras raízes no distrito de Venda das Flores.
- O Cine Sete foi inaugurado no início do século XX. Aquele espaço teve centenas de noites de glória e glamour com a sociedade miracemense sempre prestigiando aquela casa de entretenimento. Quando o Cine Sete estava aberto ao público em dias de sessões, acendia sua iluminação movida a vapor clareando toda a sua fachada. Até o final dos anos 20 os filmes eram mudos e no Cine Sete as músicas das películas também eram apresentadas ao vivo.  Quem fazia o fundo musical, que era um show a parte, eram Pascoalino Granato, que tocava flauta acompanhado de sua esposa, Tita Ciuffo, que tocava piano.  


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