quarta-feira, 31 de março de 2021

FÉLIX: UM ÍDOLO DA LUSA E DO TRICOLOR CARIOCA

 


Félix Mielli Venerando nasceu na capital paulista no dia 24 de dezembro de 1937. Goleiro ágil, de boa colocação e muito calmo. Apesar de sua estatura abaixo dos padrões para a posição – 1,79m – também ficou conhecido por seus milagres, principalmente em partidas decisivas, algumas memoráveis, como os jogos contra Inglaterra, Uruguai e Itália pela Copa do Mundo de 1970.

 

Por razões distintas e sem querer fazer nenhuma comparação entre eles, Barbosa e Félix de vez em quando têm seus nomes menosprezados por alguns setores. Os goleiros renomados, sem exceção, ao longo de suas carreiras também cometem falhas e nem por isso são “perseguidos” por parte da imprensa e torcedores. Em alguns casos a implicância é nítida. Termino esse parágrafo afirmando: o Félix merece respeito!

 

Félix iniciou bem cedo a sua carreira nas categorias de base do Juventus, do bairro da Mooca, onde nasceu. Ainda garoto, chegou a ser reserva do grande Oberdan Cattani, no próprio Juventus. De lá partiu para Portuguesa de Desportos em 1955, mas só assumiu a vaga de titular em 1960, depois de um período de empréstimo ao Nacional, também da capital paulista. Até 1963 reinou absoluto no gol da Portuguesa e de 1964 até 1968 revezou na posição com Orlando. Vestiu a camisa Rubro-Verde em 305 jogos. A sua passagem foi marcante e virou ídolo.

 

Chegou ao Fluminense já experiente, aos 30 anos, e nas Laranjeiras viveu a melhor fase de sua carreira, ficando no clube até 1978, quando encerrou a carreira. No Tricolor foi campeão carioca em 1969/71/73/75 e 76, e do Roberto G. Pedrosa em 1970). Atuou em 319 jogos e sofreu 260 gols, com a impressionante marca de 316 partidas como titular. Foi apelidado de “Papel” por ser magro e por seus saltos espetaculares. Deixou o seu nome marcado na história do Fluminense.

 

Participou da Copa do Mundo de 1970, sendo campeão da mesma. Disputou 47 jogos e sofreu 47 gols, sendo 39 oficiais e 37 gols. Ainda defendia a Lusa quando foi convocado pela primeira vez para defender o Brasil.

 

Félix sofria de enfisema pulmonar e depois de ficar internado por alguns dias, faleceu depois de parada cardiorrespiratória, em São Paulo, aos 74 anos, em 24 de agosto de 2012.

 

segunda-feira, 29 de março de 2021

ARMANDO NOGUEIRA: UM POETA DA CRÔNICA ESPORTIVA

 


ARMANDO NOGUEIRA nasceu no dia 14 de janeiro de 1927, em Xapuri, no Acre. Chegou ao Rio de Janeiro em 1944, onde logo começou a trabalhar.

Iniciou a carreira de jornalista no “Diário Carioca”, em 1950, no qual trabalhou como repórter, redator e colunista. Em 1954, cobriu a sua primeira Copa do Mundo, na Suíça. Lá, flagrou aquela confusão entre os jogadores em que o técnico da Seleção, Zezé Moreira, arremessou uma chuteira que acertou o ministro de Esportes da Hungria. Desde então, participou da cobertura dos 13 Mundiais seguintes.

Após passagem pela revista “Manchete”, trabalhou como repórter fotográfico na revista “O Cruzeiro”. Por lá ficou dois anos, transferindo-se depois para o “Jornal do Brasil”, onde foi relator e colunista, no período de 1961 a 1973, responsável pela coluna “Na Grande Área.”

Foi para a Rede Globo em 1966, tendo papel fundamental no desenvolvimento do telejornalismo da emissora e do Brasil, atuando ativamente na criação do Jornal Nacional.  

Participou pela primeira vez da cobertura de uma Olimpíada em 1980, em Moscou. Acompanhou os Jogos Olímpicos em mais seis edições. Sua única ausência aconteceu em 2008, em Pequim, por problemas de saúde.

Em 1990 deixou a Rede Globo e passou a se dedicar exclusivamente ao esporte. Escreveu para diversos jornais, foi comentarista da TV Cultura e da TV Bandeirantes, onde participou do programa Apito Final. No SporTV, participou dos programas Papo com Armando NogueiraEsporte Real e Redação SportTV, entre 1995 e 2007. Foi comentarista também da Rádio CBN.

Em agosto de 2007, afastou-se da televisão após o diagnóstico de um câncer no cérebro, que o levou a óbito em 29 de março de 2010, aos 83 anos, na capital carioca.  

Ao longo da carreira, Armando Nogueira escreveu dez livros, todos eles sobre esporte. Ainda em vida recebeu duas homenagens: a Suderj (Superintendência de Desportos da Cidade do Rio de Janeiro) inaugurou o Espaço Armando Nogueira, no acesso à tribuna de imprensa do Maracanã, em 2008 (não sei informar se após a “demolição” do velho Maracanã a homenagem continua de pé); o Botafogo homenageou Armando Nogueira, em 2009, nomeando a sala de imprensa do Centro de Treinamento de General Severiano com o nome dele.  

Ao ser homenageado na Suderj, e já apresentando lentidão para falar, ele assim descreveu o caminho que viveu as maiores emoções em 58 anos de vida no futebol: “Meu maior prazer no Maracanã não vem de nenhum jogo, mas de subir até a tribuna de imprensa e ver o estádio lotado.”

Considerado um dos maiores jornalistas esportivos, o botafoguense apaixonado e com uma escrita de fácil leitura e poética, apresentou novos significados à crônica esportiva.

 

domingo, 28 de março de 2021

DELÉM : BRASILEIRO QUE VIROU ÍDOLO DO RIVER PLATE E REVELOU MUITOS CRAQUES ARGENTINOS


 

Vláden Quevedo Lazaro Ruiz, o DELÉM, nasceu na capital paulista em 15 de abril de 1935, mas foi criado no estado gaúcho. Atacante de futebol elegante e muito técnico, que iniciou sua carreira nas categorias de base do Grêmio e chegou ao time profissional antes de ser negociado com o Vasco. Foi bicampeão gaúcho em 1956/57 e carioca em 1958. Marcou 76 gols em 135 jogos pelo Vasco. Na Seleção foram 8 jogos e 5 gols, sendo 7 oficiais.


Após cumprir duas boas atuações pelo Brasil contra a Argentina, em jogos válidos pela tradicional Copa Roca, foi contratado pelo River Plate em 1961 e ficou até 1967. Poucos brasileiros conseguiram fazer sucesso no futebol argentino, um destes é o Delém, mesmo sem conquistar nenhum título nacional. Já no final de carreira foi jogar no futebol chileno, ficando uma temporada no Colo Colo e outra no Universidad Católica. Em 1969, retornou ao Brasil para jogar no América do Rio. Encerrou a carreira no ano seguinte. Fez curso de técnico e trabalhou como auxiliar de Didi no River Plate. Em 1973, assumiu o comando técnico do time argentino e ficou até 1975.


Trabalhou por outros clubes da Argentina e foi técnico do Diego Maradona na equipe principal do Argentino Juniors, em 1979. Muito querido e respeitado no River Plate, retornou ao clube em 1990 para assumir o cargo de diretor geral das categorias de base, revelando diversos jogadores, tais como: Aimar, Saviola, Crespo, Gallardo, Ortega, D’Allesandro, Cavenaghi, Mascherano, Maxi Lopes e Matias Almeyda.


Delém faleceu em 28 de março de 2007, aos 71 anos, depois de passar mal numa confeitaria em Buenos Aires, na Argentina, onde residia.

 

 

sábado, 27 de março de 2021

MOACIR BARBOSA: O INJUSTIÇADO

 


Moacir BARBOSA é paulista de Campinas, onde nasceu em 27 de março de 1921. Apesar de baixo, fora dos padrões de um goleiro, era muito ágil e tinha uma elasticidade incomum para o seu tamanho. Excelente senso de colocação, arrojado e capaz de defesas impossíveis. Recebeu o apelidado de “Homem Borracha” pelos milagres que fazia embaixo das traves. O maior goleiro de seu tempo e um dos melhores do futebol brasileiro de todos os tempos.


Acabou ficando marcado negativamente na história – injustamente, que fique bem claro! – por ter sofrido o segundo gol uruguaio na decisão da Copa do Mundo de 1950. Após essa derrota só voltou a jogar mais uma vez pela Seleção, em 1953, e só não foi para o Mundial de 1954 porque estava machucado. Veja esse depoimento amargurado de Barbosa:

O futebol me propiciou as melhores e as piores emoções de minha vida. Nos meus 26 anos de carreira, fui campeão várias vezes. Viajei pelo mundo, fiz alguns amigos. Mas ao perdermos para o Uruguai passei a ser o brasileiro mais criticado da história. Nunca consegui me livrar da sensação de fracasso.


Esperto, costumava usar camisa preta à noite para dificultar os atacantes. Faz parte da galeria histórica do Vasco, sendo o goleiro do famoso “Expresso da Vitória”, time que marcou época no final da década de 40. Foram 431 jogos defendendo o Vasco.


Começou no Ypiranga (SP), e brilhou no Vasco (campeão carioca em 1945/47/49/50/52 e 58, do sul-americano em 1948 e do Rio-São Paulo em 1958), Santa Cruz (PE), Bonsucesso e Campo Grande, onde encerrou a carreira em 1962. Participou da Copa do Mundo de 1950 e foi campeão do Sul-Americano de 1949. Pela Seleção foram 22 jogos e 31 gols sofridos, sendo 20 oficiais com 24 gols.


Morreu pobre e passando dificuldades, aos 79 anos, dependendo da ajuda de amigos, em 7 de abril de 2000, em Praia Grande-SP, onde vivia com uma filha adotiva. A causa de sua morte foi problemas respiratórios, após complicações de um AVC.


Um fato ocorrido em 1953 serviu para mostrar ao Barbosa o quanto ele era querido pelos torcedores. Assim ele descreveu: “Constatei no dia em que quebrei a perna contra o Botafogo no Rio-São Paulo, em 1953. A depressão foi incrível, mas me recuperei do trauma ao descobrir que faziam filha no Hospital dos Acidentados para me visitar. Pela informação de um médico, só o presidente Getúlio Vargas tinha recebido um número maior de visitas. Não é uma felicidade?”



A respeito de Barbosa, assim escreveu o cronista Armando Nogueira: “Certamente, a criatura mais injustiçada na história do futebol brasileiro. Era um goleiro magistral. Fazia milagres, desviando de mãos trocadas bolas envenenadas. O gol de Ghiggia, na final da Copa de 50, caiu-lhe como uma maldição. E quanto mais vejo o lance, mais o absolvo. Aquele jogo o Brasil perdeu na véspera.”

 

quinta-feira, 25 de março de 2021

SR. ABDO E D. OLÍVIA: UM CASAL QUE DEIXOU SAUDADE EM NOSSA TERRA

  


Falar do Sr. Abdo aguça a lembrança do kibe e do homus maravilhosos, de um picolé sem igual e de tantas outras iguarias deliciosas. E a vaca preta? Inesquecível para quem teve o privilégio de vivenciar aquela época. Mais um libanês que fincou raízes, formou família e abraçou essa terra como se aqui tivesse nascido.


Não se pode falar apenas das iguarias, há de se reverenciar aquele jeito único e especial de tratar o próximo. A fisionomia para quem não o conhecia mais de perto demonstrava seriedade, de pouca conversa, mas logo era quebrada após o início da prosa. Eu adorava o picolé de flocos, o que mais comprava. Ele conhecia muito o meu pai e depois foi se acostumando comigo. Ao chegar à sorveteria, só ou acompanhado, ele já dizia: “Vai de picolé de flocos”. Não tem como esquecer esses momentos maravilhosos da adolescência.


São esses e outros personagens inesquecíveis que ajudaram a escrever a história dos bons tempos da nossa tradicional Rua Direita. Naquele reduto da Marechal Floriano o tempo deveria ter parado... Nada contra o mundo moderno, mas convenhamos, bate uma saudade daquele picolé de flocos. rsrs


Quando o casal saiu de Miracema foi morar perto de seus familiares, em Bom Jesus do Itabapoana, cidade próxima e que também faz parte da Região Noroeste do estado do Rio. Residiram por muitos anos, até que o Sr. Abdo veio a falecer em 2014.

 

Abaixo transcrevo na íntegra a mensagem recebida de Gisela Nasser, filha do casal.

 

Estou compartilhando com os amigos, esta foto, já em Bom Jesus e gozando de merecido descanso depois de muitos anos dedicados ao trabalho. Junto vai um texto escrito por meu filho logo após seu falecimento, no ano de 2014. Orgulhosa de sua sensibilidade ao homenageá-lo, compartilho com vocês!

 

"Creio que se houvesse alguma maneira de o meu avô voltar pra esse mundo, ele seria desta vez uma árvore. Um Cedro do Líbano, com certeza. Raízes profundas, representando força e eternidade. Creio que essa seria sua escolha, dando-me o luxo de dizer que até onde eu o conhecia, ele daria um jeito de fazer tudo igual, só que diferente. Digo diferente apenas pela diferença física entre homem e Cedro, mas ao mesmo tempo igual, pois enquanto homem ele foi Cedro.

 

Veio de longe, deixou a família em busca de uma vida melhor. Não teve os resultados esperados e mesmo assim fincou suas raízes, que cada vez mais profundas, formavam um alicerce forte para acolher a família que ele criaria, numa demonstração de força e perseverança.

 

Trabalhou. E se é verdade que o trabalho dignifica o homem, posso dizer o quão digno este homem foi. Como dono de bar, deu conforto para a mulher e os filhos, e apesar de trabalhar em uma profissão considerada pouco gloriosa, conseguiu sua fama: modesta, porém concreta. Foi filho, marido, pai, avô.

 

Assim como o Cedro do Líbano, suas raízes não interromperam seu crescimento ao encontrarem a rocha. Abraçaram-na, tornando-se ainda mais fortes. A falta da mãe, dos irmãos e parentes e da vida que ele possuía no Líbano, só o fez se dedicar ainda mais à família que ele construiu no Brasil.

 

Mais uma vez como Cedro, viveu muitos anos. Agora, no auge da sua vida e com a certeza de missão cumprida, apenas ensinou. Foi sábio, carinhoso, companheiro. Talvez por isso ele gostasse tanto do Cedro, por se identificar com ele. Talvez por isso eu goste tanto de árvores.

 

Para mim, ele se imortalizou no legado que deixou. Haverá Abdo enquanto houver Cedro. E ouso dizer que sempre haverá Cedro, pois como se soubesse que estava fazendo tudo certo, ele semeou para perpetuar. A semente que caiu no meu coração farei questão de cultivar."

 

BALTAZAR: O CABECINHA DE OURO

 


Osvaldo da Silva, mais conhecido como BALTAZAR, nasceu na cidade de Santos-SP, em 14 de janeiro de 1926. Atacante de ótima impulsão, excelente colocação, precisão e força nas finalizações de cabeça, que fizeram dele um dos maiores cabeceadores do futebol brasileiro de todos os tempos. Daí ficou conhecido pela torcida como “Cabecinha de Ouro”. No início da década de 50, não havia lista de artilheiros que não começasse com o nome de Baltazar. Bola alçada na área era sinônimo de gol nos anos em que vestiu a camisa do Corinthians. 


O apelido "Baltazar" surgiu por sua semelhança com o irmão mais velho que jogava na várzea e se chamava Baltazar. 

 

Escreveu seu nome na história do Corinthians e faz parte do seleto grupo dos grandes atacantes do nosso futebol. É o segundo maior artilheiro do Corinthians, com 269 gols marcados (sendo 150 de cabeça) em 404 jogos. Assim ele descreveu a sua principal qualidade: “Nunca fui muito bom com os pés, mas, pelo alto, nem Pelé foi tão eficiente”.

 

Atuou no Jabaquara (SP), Corinthians (campeão do Rio-São Paulo em 1950/53 e 54, e do paulista em 1951/52 e 54), Juventus (SP) e União Paulista (SP). Participou das Copas do Mundo de 1950 e 54. Disputou 31 jogos e marcou 17 gols, sendo 27 oficiais e 15 gols. Baltazar é mais um ídolo corintiano que tem um busto em sua homenagem no Parque São Jorge.

 

No final de sua vida lamentava a falta de apoio dos clubes para com seus antigos atletas. Encontrou esse apoio na Portuguesa de Desportos, clube no qual nunca jogou. O que o magoava não era a falta de ajuda financeira, mas sim a falta de reconhecimento e consideração com seu passado glorioso, conforme relatos em algumas reportagens. O ex-atacante chegou a trabalhar por quatro anos como carcereiro do extinto presídio do Carandiru.

 

Baltazar morreu na capital paulista em 25 de março de 1997, aos 71 anos, em decorrência de seus múltiplos problemas físicos.

 

quarta-feira, 24 de março de 2021

FLEITAS SOLICH: O FEITICEIRO

 




Manuel Augusto FLEITAS SOLICH nasceu no Paraguai, em 30 de dezembro de 1900. Meia de origem que atuou no Nacional (campeão paraguaio em 1924 e 1926) e no Boca Juniors, onde foi campeão argentino de 1927. Neste mesmo ano sofreu uma lesão muito grave que comprometeu sua carreira. Jogou 99 partidas e marcou 15 gols pelo time argentino.

 

Foi jogador e técnico da Seleção paraguaia por muitos anos. Dirigiu a Seleção do Paraguai na Copa do Mundo de 1950. Depois de ganhar a Copa América pelo Paraguai em 1953, em cima do Brasil, veio dirigir o Flamengo e conquistou o tricampeonato carioca em 1953/54/55. Trabalhou ainda no Bahia, Palmeiras, Corinthians, Atlético Mineiro e Fluminense. Na Europa, dirigiu o Real Madrid na temporada 1959/60. Também foi treinador da Seleção Peruana e dos clubes argentinos Newell’s Old Boys e Quilmes. No Paraguai dirigiu o Libertad e Nacional.

 

Chamado de “Feiticeiro” esteve no Brasil pela primeira vez em 1922, como jogador da Seleção Paraguaia que seria vice-campeã sul-americana. Retornou para trabalhar em abril de 1953, quando assumiu o Flamengo e se tornou um ídolo para o torcedor rubro-negro.

 

Seu êxito no comando do Paraguai levou o Flamengo a contratá-lo como técnico. Aos poucos implantou sua maneira de trabalhar e logo conquistou a confiança dos jogadores. Pendurava camisas nas traves e mandava os atacantes acertá-las em chutes de longa distância. Usava também caixotes, onde as bolas deveriam entrar. Outra de suas manhas era colocar várias cadeiras ao longo do campo, obrigando os jogadores a correr entre elas com a bola sempre junto dos pés, para apurar a técnica. Na tática, substitui o antigo sistema WM (basicamente, dois zagueiros, três médios e cinco atacantes, com os meias voltando) pelo 4-2-4.

 

Com o seu estilo de jogo cada vez mais aperfeiçoado pelo grupo, Solich partiu para o lançamento de novos jogadores. Entre outros, promoveu Zagallo, Dida (maior artilheiro do Flamengo até o surgimento de Zico), Evaristo de Macedo, Moacir e o pequeno ponta-esquerda Babá. Após trabalhar em outros clubes (e no próprio Flamengo em outras duas oportunidades), retornou ao time da Gávea em 1971 – uma breve passagem de um treinador em fim de carreira – e foi o responsável por escalar pela primeira vez como titular um atacante franzino chamado Zico. É o segundo treinador que mais vezes comandou o Flamengo, em 527 jogos, perdendo apenas para Flávio Costa, com 777 partidas no currículo.

 

Morreu vitimado por um câncer, aos 83 anos, no Rio de Janeiro, em 24 de março de 1984, onde foi enterrado.

 

 

domingo, 21 de março de 2021

JAIR ROSA PINTO: O JAJÁ DE BARRA MANSA

 


Apesar de franzino e pernas finas, o fortíssimo chute de canhota de Jair foi o terror dos goleiros por duas décadas. Era dono de um dos mais poderosos chutes de pé esquerdo da história do futebol brasileiro. A raça que demonstrava em campo contagiava a todos. Possuía todas as qualidades de um craque e foi um dos grandes jogadores das décadas de 40 e 50.


Destacou-se por onde jogou, mas foi no Palmeiras que viveu o seu melhor momento. Estava no Santos quando lá surgiu o garoto Pelé. Jogou em uma época que o Brasil produzia craques em quantidade absurda. Era carinhosamente chamado de “Jajá de Barra Mansa”, em alusão à sua cidade natal, onde hoje o distrito em que nasceu, em 21 de março de 1921, emancipou-se com o nome de Quatis.


Surgiu para o futebol com 17 anos, formando no Madureira um trio de atacante famoso, com Lelé e Isaías. Foi ainda jogando pelo Madureira que chegou à Seleção Brasileira, em 1940. Em 1943, “Os Três Patetas”, como eram chamados Jair, Isaías e Lelé, foram comprados pelo Vasco. No time cruzmaltino atuou em 92 jogos e marcou 28 gols (campeão carioca em 1945). Posteriormente jogou no Flamengo – 87 jogos e 62 gols, Palmeiras – 241 jogos e 71 gols (campeão paulista em 1950), Santos – 196 jogos e 34 gols (campeão paulista em 1956/58 e 60, e do Rio-São Paulo em 1959), São Paulo – 31 jogos e 2 gols e Ponte Preta, onde encerrou a carreira em 1963, aos 42 anos.


Foi ainda técnico de clubes como São Paulo, Ponte Preta, Fluminense, Olaria, Santos, Palmeiras, Madureira, Guarani, entre outros, mas sem conseguir alcançar o mesmo sucesso que teve como jogador.


Pela Seleção foram 41 jogos e 24 gols marcados, sendo 39 oficiais e 22 gols. Participou da Copa do Mundo de 1950.


Aos 84 anos, morreu de embolia pulmonar após uma cirurgia, na capital carioca, em 28 de julho de 2005.  

 

 

sexta-feira, 19 de março de 2021

BELLINI: O CAPITÃO QUE VIROU ESTÁTUA

 


Hideraldo Luís BELLINI é paulista da cidade de Itapira, onde nasceu em 7 de junho de 1930. Foi um zagueiro de pura raça e que não se furtava em dar bicão para o alto, quando necessário. Bellini praticava um futebol sério, viril, mas leal. Nunca precisou de violência para barrar atacantes. Sua qualidade mais notável, porém, era a liderança que exercia dentro de campo. O nome de Bellini, indiscutivelmente, figura com destaque em qualquer relação que se faça dos jogadores mais populares do futebol brasileiro. 


Deixou o seu nome marcado na história do Vasco, formando com Orlando Peçanha a melhor zaga de área do clube. Foi um dos grandes zagueiros do Brasil. Ficou marcado como o grande capitão da vitoriosa conquista na Copa do Mundo de 1958, na Suécia. O gesto de Bellini erguendo a taça com as duas mãos foi imortalizado em bronze, numa estátua que pode ser vista em frente ao Maracanã.


Atuou na Esportiva Sãojoanense (SP), Vasco – 430 jogos e 1 gol (campeão carioca em 1952/56 e 58, e do Rio-São Paulo em 1958), São Paulo – 214 jogos e 1 gol, e Atlético (campeão paranaense em 1970). Participou das Copas do Mundo de 1958/62 e 66, sendo bicampeão em 1958/62. Disputou 57 jogos com a camisa do Brasil, sendo 50 oficiais com a impressionante marca de apenas 4 derrotas.


Bellini, que sofria do Mal de Alzheimer nos últimos dezoito anos de sua vida, morreu em decorrência de complicações causadas por parada cardíaca, em 20 de março de 2014, na capital paulista.


Um fato que poucos sabem é que a família doou o cérebro do ex-jogador para uma avaliação que pode dar mais detalhes sobre possíveis danos que teriam sido causados por impactos do esporte.

segunda-feira, 15 de março de 2021

MARINHO CHAGAS: UM JOGADOR À FRENTE DE SEU TEMPO

 


Francisco das Chagas Marinho nasceu na capital potiguar em 08 de fevereiro de 1952. Foi um lateral-esquerdo de ótima técnica, de chute forte, excelente domínio de bola e grande vocação ofensiva. Apesar de ter a lateral esquerda como posição de origem, Marinho era destro.

 

Antes de chegar ao Botafogo, ainda em 1972, Marinho foi oferecido ao Corinthians que recusou o negócio. Também esteve próximo de uma transferência para o Flamengo, mas o técnico do time na época era Zagallo, que não quis esperar a sua recuperação de uma lesão leve e preferiu o lateral Mineiro, do Olaria. O Botafogo não hesitou e levou o “Bruxa” para General Severiano. Mesmo sem conquistar títulos, teve uma passagem de destaque pelo time da Estrela Solitária. É considerado o melhor lateral-esquerdo do Glorioso depois de Nilton Santos. Marinho foi um dos grandes jogadores do futebol brasileiro na década de 70. Sempre teve um comportamento irreverente e não raro polêmico dentro e fora de campo. Taticamente foi um jogador à frente de seu tempo.

 

Começou no Riachuelo (RN) e passou por ABC (RN), Náutico, Botafogo, Fluminense – 93 jogos e 39 gols, Cosmos/Estados Unidos, Strikers/Estados Unidos, São Paulo – 85 jogos e 4 gols (campeão paulista em 1981), Bangu (demorou a entrar em forma e fez apenas um jogo), Fortaleza, América (RN) e Harlekin/Alemanha, onde encerrou a carreira em 1988.

 

Participou da Copa do Mundo de 1974 e foi preterido por Cláudio Coutinho na Copa de 78, que preferiu levar o ex-zagueiro Edinho deslocado para a lateral. Pela Seleção foram 36 jogos e 4 gols, sendo 27 oficiais e 4 gols.

 

Morreu aos 62 anos, na capital paraibana, em 1º de junho de 2014, quando participava de um evento de colecionadores de álbuns de figurinhas, antes de iniciar a Copa do Mundo. Passou mal e não resistiu a uma hemorragia digestiva que o fez ser internado às pressas. Marinho já vinha sofrendo com problemas de saúde há algum tempo. Ele era diabético e tinha problemas pulmonares.