quarta-feira, 27 de julho de 2022

PERIVALDO: O PERI DA PITUBA

 


Perivaldo Lúcio Dantas é baiano de Itabuna, onde nasceu em 12 de julho de 1953. O “Peri da Pituba” iniciou sua carreira no Itabuna e em 1975 já estava brilhando no Bahia. Surgiu como uma grande revelação no futebol da Boa Terra e viveu o seu melhor momento com as camisas do Bahia e do Botafogo. O seu estilo de jogo era bastante ofensivo e sempre impondo velocidade. Perivaldo foi um dos jogadores mais idolatrados pela torcida do Botafogo na sua época, mesmo naquele período de jejum. 


Atuando pelo time da Estrela Solitária ele chegou à seleção brasileira em 1981. Vestiu a camisa do Brasil em 3 jogos. Em 1974 foi emprestado pelo Bahia ao Ferroviário (CE).  Jogou também por Palmeiras – 43 jogos e 2 gols, Bangu – 50 jogos e 8 gols, e Yukong Elephants, da Coréia do Sul. Em 1976 (ainda pelo Tricolor baiano) e 1981 (pelo Botafogo) conquistou a Bola de Prata como o melhor lateral-direito do Campeonato Brasileiro. Atuando pelo Palmeiras, em 1983, conseguiu a façanha de ser expulso aos 17 segundos do primeiro tempo em um clássico contra o São Paulo.


Após muitos anos residindo em Portugal, Perivaldo começou a viver uma fase financeira complicada e acabou indo morar na rua, em Lisboa.  Depois de uma matéria do Fantástico em 2013, o Sindicato dos Atletas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro (SAFERJ) se mobilizou e, por iniciativa do presidente Alfredo Sampaio, ajudou a trazer o ex-jogador de volta para o Rio de Janeiro. Posteriormente ele chegou a trabalhar no próprio Sindicato.


Em 27 de julho de 2017, depois de ficar internado por vários dias na capital carioca, morreu em decorrência de uma pneumonia, aos 64 anos.



terça-feira, 12 de julho de 2022

AS MESAS-REDONDAS DE FUTEBOL NA TV

 


Nos anos 70, os programas sobre futebol na televisão tinham mais ação do que muitos filmes e mexiam com paixões bem mais do que as novelas (é bom esclarecer que tudo começou nos anos 60).

 

“Foi impedimento, ou não?” / “O que será que ele disse ao juiz para ser expulso?” / Por que aquele time ganhou, por que aquele perdeu?” 

 

Para o torcedor brasileiro, naquela época, as mesas-redondas sobre futebol que iam ao ar nas noites de domingo e segunda-feira nos canais de televisão, tornaram-se uma tradição e, mais ainda, um importante tira-teima dos lances duvidosos que aconteciam nos fins de semana.

 

A fórmula dos programas eram sempre as mesmas: críticas, análises, exibição dos gols em videotape e entrevistas com dirigentes e jogadores. O sucesso era garantido e os profissionais que faziam parte dos programas, tornaram-se ao lado dos gols e dos craques, atração permanente.

 

Anos 60...

 

Luiz Mendes, ele mesmo – o da “Palavra Fácil” – foi dele que partiu a ideia do formato depois de assistir a um debate político entre comentaristas e imaginar que o futebol também poderia render conversas muito mais interessantes. É a constatação do quanto ele era visionário e se tornou um dos maiores jornalistas esportivos do país, respeitado e querido por todos. A ideia foi levada ao então diretor da TV Rio, Walter Clark, um expert do ramo, que abraçou a causa e surgiu ali o “Grande Revista Esportiva”. Comandada pelo apresentador Luiz Mendes, a mesa-redonda estreou na TV Rio em 1963. Após ganhar o patrocínio da empresa Facit, que fabricava máquinas de escrever, o programa mudou de nome para “Grande Resenha Facit”.

 

Luiz Mendes era o âncora da discussão e, a seu lado, estavam ninguém menos que nomes como Armando Nogueira, Nelson Rodrigues, João Saldanha, José Maria Scassa, Hans Henningsen, Vitorino Vieira e o ex-jogador Ademir Menezes. Se hoje em dia as discussões nos programas às vezes se exaltam um pouco, naquela época os integrantes da mesa abandonavam constantemente a técnica e discutiam com paixão de torcedor e defendiam seus times. Nelson Rodrigues era tricolor; José Maria Scassa, rubro-negro; João Saldanha, botafoguense; e Vitorino Vieira e Ademir, vascaínos. Armando Nogueira, outro botafoguense, disse em entrevistas que era o único que tentava ser isento: inclusive usava terno para tentar passar uma imagem de credibilidade. O programa fez um grande sucesso na época em que foi exibido e é considerado uma das melhores mesas-redondas esportivas da televisão brasileira.  

 

A partir de setembro de 1966 o programa passou a ser exibido pela Rede Globo e ficou no ar até janeiro de 1971. Profissionais como Léo Batista, Mário Vianna, Washington Rodrigues, entre outros, chegaram a fazer parte do time “Grande Resenha Facit”. Há de se destacar que nos últimos três meses, o programa ganhou o nome de “Super Resenha Esportiva”.

 

Anos 70...

 

Na TV Educativa, Canal 2, do Rio de Janeiro, o “Esporte Total” era comandado por Luiz Mendes. A mesa-redonda geralmente era composta de Sérgio Noronha, José Inácio Werneck, Achiles Chirol, Luís Lobo e Luís Orlando. O futebol era discutido mais em tese, menos sobre lances específicos.

 

Na TV Guanabara, Canal 7, do Rio, estação que integrava a Rede Bandeirantes de São Paulo, o programa “Bola na Mesa” tinha Avelino Dias como comandante e contava com a participação de Galvão Bueno – ele mesmo, que era o titular de esportes da emissora -, Márcio Guedes, Paulo Stein, João Saldanha e Oldemário Touguinhó.

 

“Futebol É Com Onze”, da TV Gazeta, Canal 11, de São Paulo, era comandada por Roberto Petri e sua grande equipe era integrada por Peirão de Castro, Dalmo Pessoa, Nilton Reina, Flávio Azetti, Paulo Victor, Barbosa Filho, Sérgio Baclanos, J. Júnior, Sérgio Salrucci, Raul Wagner, Milton Guimil, Geraldo Blota e José Italiano. Eles eram a atração das noites de segunda-feira, na capital paulista.

 

No Rio, quem monopolizava as atenções dos apaixonados do esporte, diariamente, às 13h, era Carlos Lima, na TV Tupi, Canal 6. Seu programa “Operação Esporte”, do qual também participava Geraldo Mazella, tinha um ritmo muito intenso, com muitas entrevistas e informações dos clubes cariocas.

 

Os anos 80 e 90 foram períodos de transição de nomes e o surgimento de novos programas, principalmente nos canais de assinatura, que surgiram a partir da segunda metade dos anos 90. Alguns nomes da “velha guarda da comunicação” viraram o século em plena atividade.

 

Das emissoras citadas acima, não posso deixar de registrar que a TV Gazeta e a TV Educativa – que a partir de dezembro de 2007 passou a se chamar TV Brasil, fruto da fusão das grades da TVE do Rio de Janeiro com a TV Nacional de Brasília – continuam em atividade com seus programas esportivos dominicais. Roberto Avallone assumiu o programa “Mesa Redonda” da TV Gazeta, em 1985 – com aquele seu estilo peculiar e com muita irreverência (Exclamação! Interrogação?) –, e permaneceu até 2003, quando se mudou para a Rede TV. Flávio Prado, vindo da TV Cultura, assumiu em agosto de 2003, a “Mesa Redonda” da TV Gazeta.

 

Na TVE o programa esportivo nas noites de domingo passou por diversas nomenclaturas a partir dos anos 80. O que não se alterou foi o verdadeiro sentido do programa: os debates esportivos. Com nomes fixos e convidados diferentes a cada fim de semana, surgiu como “Esporte Visão” e depois passou a se chamar “Debate Esportivo”. Em um curto período, teve o título de “Ataque”, até que em 2002 volta ao nome original com redação diferente: “EsporTVisão”. A partir de junho de 2013, com mais uma alteração, entra no ar o “No Mundo da Bola”. O programa é comandado por Sergio du Bocage, que desde 1987 faz parte do grupo e, a partir de 2012, assumiu a bancada. Ricardo Mazella, Paulo Stein e Alberto Léo também comandaram até 2011. Outros nomes de destaques com participações frequentes nas noites de domingo: Luiz Mendes, Achilles Chirol, Rui Porto, Gérson Nunes (Canhota), Sérgio Noronha, Washington Rodrigues, Januário de Oliveira, Márcio Guedes, entre muitos outros. Márcio Guedes, então, é praticamente efetivo.

 

O “Cartão Verde”, exibido pela TV Cultura a partir de 1993 – no formato mesa-redonda – foi idealizado por Michel Laurence e comandado por José Trajano até o ano 2000, ao lado de Armando Nogueira, Luiz Alberto Volpe e Flávio Prado, que assumiu após a saída de Trajano e ficou até 2003, na cia de Juca Kfouri, Osmar de Oliveira, Juarez Soares, entre outros. Vladir Lemos apresentou o programa de 2006 até seu término, em 2020. E nesses últimos quatorzes anos, Sócrates, até 2011, Victor Birner, Xico Sá, Celso Unzelte, Roberto Rivellino, entre outros, na bancada de comentarista.

 

Finalizando essa viagem sobre os debates esportivos na TV, não posso deixar de mencionar o nome de Milton Neves, comandante do programa “SuperTécnico” da Rede Bandeirantes, entre os anos de 1999 e 2001. Apesar de ter ficado pouco tempo no ar, marcou época reunindo nas noites de domingo treinadores que foram destaques na semana. Wanderley Luxemburgo, Luiz Felipe Scolari, Abel Braga, Joel Santana, Emerson Leão, Oswaldo de Oliveira, Zagallo, Rubens Minelli, e outros, eram figurinhas carimbadas. De dezembro de 2001 a dezembro de 2007, Milton Neves, em sua nova casa, apresentou na RecorTV, o “Terceiro Tempo”, programa no estilo mesa-redonda. Retornando à Band em 2008, Milton seguiu com o programa na nova emissora.  

 

Formato hoje consagrado quando se fala de futebol, no rádio e na TV, os programas esportivos do gênero na atualidade são repetitivos e muitos dos personagens envolvidos, nem de longe, têm o carisma e o respeito da maioria dos jornalistas citados acima. As exceções existem, é claro, com alguns profissionais que merecem credibilidade.  

 

A partir dos anos 90, com o surgimento dos canais por assinatura, os debates ganharam um espaço ainda maior, preenchendo as grades de programação das emissoras diariamente e em quantidade que os tornaram enfadonhos. Mudam-se os nomes, mas os temas são os mesmos. Esse é um relato pessoal. Nada contra àqueles que gostam e assistem na íntegra.

 

Nota: quando se propõe a descrever um tema tão abrangente, corre-se o risco de esquecer nomes e deixar de mencionar um ou outro programa. Antecipadamente peço desculpas por alguma omissão. Fiz questão de relatar apenas os programas de TV aberta.   

 

domingo, 10 de julho de 2022

GRANIZO DEIXA RASTRO DE DESTRUIÇÃO EM MIRACEMA - JUNHO/1988

 

                                                                          Imagem do telhado destruído do Hospital

Nota: transcrito na íntegra do Jornal do Brasil, edição 16 de junho/1988, matéria assinada por Oscar Valporto e fotos de Chiquito Chaves.

 

Pedras de gelo do tamanho de bolas de tênis destelham casas e arruínam Miracema.

 

Primeiro foi a ventania, depois a tempestade de granizo com pedras de gelo do tamanho de bolas de tênis e, finalmente, a chuva rápida. Tudo isso durou menos de meia hora, no final da tarde de terça-feira, dia 14 de junho, mas bastou para transtornar a vida da pequena cidade de Miracema, no noroeste do estado. Os 130 pacientes do agora destelhado Hospital de Miracema foram transferidos para outras clínicas da região. Mais de 80% da lavoura de jiló, tomate e pimentão foi destruída e 3 mil e 500 pessoas – 10% da população local – tiveram suas casas atingidas.

 

“Parecia o fim do mundo”, disse Maria Dolores da Silva, 67 anos, uma das últimas pacientes transferidas do hospital. Além de perder as telhas, o hospital teve as enfermarias, o centro cirúrgico e o depósito de remédios completamente alagados. A violência da tempestade de granizo destruiu também tetos e paredes das casas que estão sendo construídas pela prefeitura em convênio a SEAC (Secretaria Especial de Ação Comunitária). “Boa parte da cidade vai precisar de um longo trabalho de reconstrução”, afirma o prefeito Ivany Samel (PMDB), que decretou estado de calamidade pública.

 

Após uma noite sem energia elétrica e com muita gente ainda em pânico, o sol apareceu ontem para alívio dos moradores, que fizeram mutirão para consertar casas e tentar salvar as coisas atingidas pela tempestade. A área do hospital e o morro da Cehab foram as regiões da cidade mais atingidas pelo granizo.  Nas ruas José Monteiro de Barros e Melquíades Picanço – duas longas avenidas que levam ao hospital – os moradores colocaram móveis, eletrodomésticos, colchões e roupas para secar. “O pior são os buracos que o granizo fez no teto. Ainda bem que ninguém se machucou”, disse o representante comercial José Carlos Aguiar, que trocava telhas quebradas.  

 

As casas de telhas francesas (as mais comuns) foram menos afetadas que as telhas de amianto. O balconista Robson José da Silva teve o telhado de casa totalmente destruído. Não sobrou nenhuma telha de amianto inteira. Quando a chuva de granizo começou e as pedras e pedaços de telha caiam dentro da casa, Robson colocou a mesa sobre a cama para se proteger com a avó e a esposa. “Foi uma loucura, parecia que o céu ao desabar”, contou. Os moradores do morro da Cehab passaram a noite no Ciep de Miracema e depois voltaram à escola para receber comida e remédios distribuídos aos desabrigados.  A prefeitura distribuiu telhas para a reconstrução das casas, mas o número era insuficiente para tantos tetos destruídos.

 

Os estragos, porém, não ficaram restritos a essa parte da cidade. O telhado do galpão do campo de pouso de Miracema foi arrancado pela tempestade e o monomotor PP-RHQ foi bastante danificado nas asas.  Um ultraleve também foi atingido. A cobertura da Praça de Esportes Gerson Alvim Coimbra – de zinco, como o telhado do galpão – também foi parcialmente destruída. O granizo não chegou a afetar a Biblioteca Municipal, mas a chuva alagou as salas, e os funcionários foram obrigados a retirar parte dos livros, colocados na grama na tentativa que o sol os salvasse.

 

“O prejuízo total deve passar de CZ$ 500 milhões”, calcula o prefeito, que espera a ajuda do governo do estado. Além das lavouras de tomate, jiló e pimentão, o município perdeu 30%  de sua safra de arroz, cerca de 120 mil sacas que ainda não tinham sido colhidas.

 

Os campos passaram a noite cobertos de gelo, que só desapareceu com o sol da manhã. “Para os outros pode parecer bonito, mas, para nós, o gelo representa a morte”, disse o lavrador Antônio José de Souza.  

 

Hospital virou pandemônio   

 

O teto estava como se fosse desabar. Algumas janelas quebraram. A luz acabou. A água começou a descer pelas paredes. Os pacientes entraram em pânico e começaram a gritar e chamar pelos enfermeiros. Os funcionários tentavam em vão dar ordem à confusão e acalmar os doentes. Os bebês choravam no berçário. “Foi um pandemônio. Eu nunca tinha visto uma tempestade de granizo igual em anos e anos nesta região”, desabafou o provedor do Hospital, Darcy Aníbal, que calculava o prejuízo da instituição  em mais de CZ$ 100 milhões.

 

Conveniado com o INAMPS, o Hospital de Miracema é um dos melhores do noroeste e tem 200 leitos e um centro cirúrgico. Atende por mês cerca de 7 mil pessoas. Toda essa gente – pobres na maior parte – vai ficar sem atendimento, pois o hospital ficou desativado. Todos os pacientes foram transferidos e a direção ainda não sabe quando (e como) vai consertar os danos.


                                                               Marcos Aníbal mostra o gelo acumulado na tempestade.
 

“Foi uma madrugada horrível”, contou o estudante Marcos Aníbal. Durante a madrugada, enfermeiros, médicos e funcionários prepararam a transferência dos pacientes internados para a Casa de Saúde São Sebastião, para o Hospital Manuel Ferreira, em Pádua, e para o Hospital Maria Elói, em Palma. O enfermeiro-chefe Ronald Siqueira foi atingido na cabeça por uma pedra de gelo.

 

Ontem de manhã, as marcas da tempestade no hospital eram as mais fortes de toda a cidade. Os funcionários tiravam água do centro cirúrgico e das enfermarias. As instalações elétricas estavam danificadas. Todos os pavilhões ficaram com poucas telhas. Gazes, algodão, gesso, comprimidos, enfim, boa parte do depósito de medicamentos ficou imprestável. No meio de tanta confusão, a pessoa mais tranquila do hospital era a pequena Tamires, de apenas um ano, internada por subnutrição. “Ela não chorou nem um segundo, nem mesmo na hora da tempestade, quando todas as crianças começaram a chorar”, contou a enfermeira Rosilene César da Silva.  

 


quinta-feira, 7 de julho de 2022

FALCÃO: O REI DE ROMA

 


Paulo Roberto FALCÃO é catarinense de Abelardo Luz, onde nasceu em 16 de outubro de 1953, mas foi criado em Canoas, no Rio Grande do Sul, a partir dos dois anos. Volante com passadas largas, técnica brilhante, grande visão de jogo, sempre de cabeça erguida, habilidade acima da média, foi um jogador cerebral. É o maior ídolo da história do Internacional, clube que iniciou a carreira nos infantis, em 1968.

 

Sua estreia nos profissionais aconteceu em 1973 e Falcão marcou 78 gols durante sua trajetória vitoriosa pelo Colorado. Os títulos vieram em profusão (campeão gaúcho em 1973/74/75/76 e 78, e do brasileiro em 1975/76 e 79). Não conseguiu dar um título continental ao Internacional e se despediu com o vice da Taça Libertadores, em 1980, na derrota para o Nacional, do Uruguai.

 

Foi negociado com a Roma, da Itália, clube que almejava pro um título nacional desde 1942. Logo na sua primeira temporada, Falcão ajudou a conquistar a Copa da Itália em 1981 (ganhou outra em 1984), e dois anos depois o tão sonhado “Scudetto”, em 1983. Por sua passagem brilhante pelos gramados italiano, foi coroado o “Rei de Roma”. O jogador foi tão festejado na Itália que uma história correu pela cidade tempos depois. Um cardeal levou a notícia para o Papa João Paulo II: Falcão estava trocando a Roma pela Internazionale. O último recurso seria a intervenção direta de Sua Santidade. Isso aconteceu e Falcão acabou ficando na Roma.

 

Retornou ao Brasil em 1985 como nome certo para completar com talento o belo elenco dos Menudos do Morumbi. A contratação foi cercada de algumas polêmicas e o técnico Cilinho não pareceu muito satisfeito com o desfecho da negociação. Dentro de campo não saiu como o esperado e Falcão acabou ficando mais na reserva, sendo substituído por Márcio Araújo. Jogou no São Paulo até 1986 e os números comprovam que a passagem foi muito aquém do esperado. Marcou 1 gol em 15 jogos e foi campeão paulista em 1985.

 

Pela Seleção disputou as Copas do Mundo de 1982 e 1986, e foi preterido por Cláudio Coutinho na Copa de 1978, na Argentina, que preferiu levar o volante Chicão. É um fato constantemente lembrado por parte da imprensa e torcedores. Na Copa de 86, às voltas com uma lesão no joelho, pouco fez no México. Mas em 1982 estava no auge e foi um dos destaques de um time cheio de craques. Fez três belos gols. Disputou 34 jogos, sendo 28 oficiais e 8 gols.

 

Mesmo não conquistando a tão almejada Copa do Mundo, deixou seu nome marcado na galeria de craques do futebol do futebol mundial.

 

terça-feira, 5 de julho de 2022

O AMIGO DO RÁDIO ESPORTIVO: POR LÉDIO CARMONA

 


Nota: em 28 de abril de 2015, o comentarista do SporTV, Lédio Carmona, escreveu em sua página pessoal no Facebook um belíssimo texto de exaltação, enaltecimento e declaração de amor ao rádio esportivo e a grandes nomes da latinha. É um texto significativo que nos faz voltar num tempo em que o rádio era nosso companheiro inseparável. A grande maioria das casas não tinha TV, mas, o rádio, seja qual for o modelo, era sagrado.  

 

Segue o texto transcrito na íntegra...

 

Não tenho o menor constrangimento em dizer que, entre infância e adolescência, meu melhor amigo foi o rádio. Acordava, almoçava, jantava, brincava e dormia com o meu de pilhas. Ouvia Nacional, Globo, Tupi e Continental/Guanabara (onde Orlando Baptista estivesse). Éramos inseparáveis, eu e meus rádios - eram muitos, pois se meu time perdia algum jogo importante eu o espatifava longe e obrigava meu pai, pobre de marré, a comprar outro no dia seguinte.

 

Ainda ouço muito rádio. Hoje tenho menos tempo. Os canais esportivos de TV a cabo fazem o papel que era do rádio ontem. Fico ligado na TV o dia inteiro. E, nos horários dos programas, ouço rádio. Gosto da CBN, ouço o "Globo Esportivo" e não perco o "Sala de Redação", da Gaúcha. Acompanho algumas jornadas também, principalmente na ida e na volta aos estádios. Nunca deixei de ouvir rádio. Jamais deixarei. É meu amigo, sempre será.

 

Já escrevi aqui que fiz jornalismo porque queria ser radialista. Meu sonho era ser igual ao Loureiro Neto. Gostava da voz do Loureiro, do jeito calmo que dava as notícias, por ser português... Certa vez, fui ver um jogo insignificante no Caio Martins (não lembro qual era). Sentei na arquibancada coberta, olhei para o gramado e vi que Loureiro estava encostado no alambrado, fumando, com uns dois beirinhas batendo papo com ele. Desci e encostei. Entrei no papo e, durante os 90 minutos daquela pelada, Loureiro fazia suas intervenções e conversava conosco. Foi um dos dias mais felizes da minha vida. E um dos mais tristes foi no ano passado, quando Loureiro morreu.

 

Também fiquei mal quando perdemos Luiz Mendes, Waldir Amaral, Jorge Curi, Doalcei Bueno de Camargo, Antônio Porto, Carlos Marcondes, João Saldanha, Danilo Bahia, Orlandão, etc. E como sinto falta de Maurício Torres, um amigo de verdade, que entrevistei em 1996 para uma matéria do Jornal do Brasil sobre plantonistas e que, anos depois, virou um ombro-amigo. Maurício era outro que migrou para a TV, mas nunca abandonou o carinho pela latinha.

 

A ida de José Carlos Araújo para a Tupi será ótima para o rádio. Garotinho e Apolinho juntos. Luta pela audiência. Globo forte, com Luiz Penido, que ouço desde 1974. Eraldo Leite, outro ícone, voz que me acompanha desde 1977. Dé, Rafael Marques, Felippe Cardoso, Edson Mauro, outro parceiro inseparável nesses 40 anos em que eu e o rádio estabelecemos essa relação.

 

É uma relação de admiração, respeito e agradecimento. Ainda fico meio tímido quando entro no mesmo elevador do Garotinho no Maracanã. Sempre tenho vontade de tirar uma foto, de mostrar que continuo fã, apesar de agora sermos colegas. Vivo repetindo para Eraldo que o levei para dar palestra para minha turma na PUC, em 1985. Gargalho como Ronaldo Castro, outro personagem que nunca esquecerei, na entrada e saída dos estádios. É a força do rádio. As vozes são eternas. As lembranças, mais ainda.

 

Nunca fui radialista. Na faculdade, arrumei emprego no JB – jamais pensei em escrever para jornal e revista. Fiz isso durante 20 anos, sei lá. Nunca pensei em trabalhar em TV. Sou ogro, anti-social, feio, careca, míope, desajeitado. Parei na TV, quase sem querer. E no rádio nunca trabalhei. Talvez porque nossa relação seja mesmo de paixão, de amizade, de estar sempre perto um do outro. Não é um compromisso, um dever, uma finalidade. Sempre será um prazer. Meu melhor amigo.

 

sexta-feira, 1 de julho de 2022

JOSÉ ITAMAR DE FREITAS: MIRACEMA PERDEU MAIS UM FILHO ILUSTRE

 


José Itamar de Freitas, ex-diretor do programa Fantástico, da Rede Globo, morreu no Rio de Janeiro em 1º de julho de 2020. Ele tinha 85 anos e estava internado no Hospital São Lucas, na Zona Sul, desde o dia 21 de maio. Segundo os parentes, ele teve complicações decorrentes de uma insuficiência renal que causou falência múltipla dos órgãos.

 

Há de se lamentar, no entanto, a perda de mais um miracemense que amava a sua terra como poucos. José Itamar nasceu em 4 de agosto de 1934 e fez questão de ser enterrado em Miracema, fato que ocorreu no dia seguinte, sem que os familiares e amigos pudessem prestar as últimas homenagens – em decorrência do quadro de pandemia. Vale ressaltar que José Itamar é descendente de duas famílias tradicionais de nossa cidade: FREITAS E MOREIRA.

 

Após se aposentar veio cuidar pessoalmente de sua propriedade rural na cidade natal, propriedade essa que fica na estrada Miracema/Paraíso do Tobias. Vinha sofrendo com limitações físicas em decorrência de um grave AVC (acidente vascular cerebral).

 

Sob a direção de José Itamar de Freitas, o Fantástico passou a ser um programa mais voltado para variedades e música. Por muitos anos, o nome dele se confundiu com o “show da vida”. O programa se tornou a principal vitrine da canção brasileira e de atrações internacionais no Brasil, com a exibição de videoclipes exclusivos todos os domingos. Foram 16 anos de uma parceria vitoriosa, quase sempre na direção geral do programa.

 

“Quando você passa 16 aos num programa, tudo de marca. Acabou sendo a minha vida. Um amor enorme, convivência, amizade, tudo. Eu olho o Fantástico como sendo da família”, disse Zé Itamar, como era chamado, em entrevista à jornalista Glória Maria para os 30 anos do Fantástico, em 2003.

 

José Itamar de Freitas classificava as reportagens apresentadas todos os domingos como “um meio-termo entre o Globo Repórter e os telejornais diários”.

 

Para ele, era importante aliar a capacidade de emocionar com a informação precisa. José Itamar deixou a direção-geral do programa, em junho de 1991, para ser o diretor de reportagens da Central Globo de Jornalismo.

 

O Fantástico prestou uma homenagem ao seu mestre José Itamar de Freitas na semana de sua morte, e a repórter Glória Maria resumiu em poucas palavras a sua importância para o programa: “Ele vai continuar vivo enquanto o Fantástico existir”.

 

Fonte: G1 com acréscimos