quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

SAUDADE DO TEMPO, DOS BONS MOMENTOS, DAS GRANDES CANÇÕES, DOS ANOS PASSADOS...

 


Permita-se sentir saudades das coisas boas... São recordações que ficaram guardadas com carinho em alguma parte do nosso passado. Afinal de contas, já disse um pensador: “Saudade é a prova de que aquilo que vivemos valeu a pena".

 

Posso dizer que sou um privilegiado por ter vivenciado aquela época inesquecível dos anos 70, 80 e 90. Dentro desse privilégio eu coloco as grandes canções – nacionais e internacionais, de todos os ritmos e preferências – que foram lançadas nesse período. No tocante à música romântica, principalmente a internacional, viveu o seu apogeu na letra e na melodia, com canções que continuam vivas em nossa memória.

 

Essa geração ficou marcada por esses ótimos momentos, de um romantismo com sentimentos verdadeiros e que nos faz recordar das festinhas do colégio com nossos amigos de classe. Éramos todos jovens ao som de músicas que faziam a gente sentir emoções lindíssimas e únicas, naquele período de transição da adolescência para a juventude, no descobrir do primeiro amor e na inocência de um coração apaixonado.

 

Tempo em que freqüentava os bailes – Bola Preta e a Boate do Clube XV dividiam a preferência – e sabia que encontraria meninas para dançar as “músicas lentas” de rostos coladinhos sem nenhuma preocupação de ser acusado de “assédio sexual”, e com a certeza de que voltava pra casa. Os jovens de hoje não sabem o que significa MÚSICA LENTA. Vivenciamos o oposto: o que eles chamam de PANCADÃO. E ainda somos “obrigados” a conviver com letras de músicas totalmente fora de contexto e que agride o cidadão de bem em todos os sentidos.

 

Tenho por princípio respeitar o “gosto individual”, sem exceção, pois o mundo seria muito chato e monótono se todos gostassem das mesmas coisas. Crescemos ouvindo essa frase: “Gosto não se discute”. É fato que o gosto é inerente à personalidade ou à natureza de cada pessoa. Mas convenhamos, algumas letras ultrapassam o limite do bom senso. Não quero dizer com isso que tudo está perdido. Ainda se encontra qualidade numa pesquisa mais aprofundada, até de cantores desconhecidos da mídia.

 

Voltando aos bons tempos, não posso deixar de mencionar aqueles shows maravilhosos com grandes nomes da nossa música no ginásio do Colégio Estadual Deodato Linhares. Acrescente-se a isso o nosso tradicional Festival da Canção, com a participação no júri de personalidades do meio musical e da televisão brasileira. Miracema respirava cultura e inúmeros talentos aqui foram revelados. Festival que era muito aguardado e movimentava a cidade com turistas de várias partes do país.    

 

Ainda dentro do tema “saudade do tempo”, o mês de abril, para nós miracemenses, sempre foi de preparação e contagem regressiva para a Exposição, que geralmente se inicia no fim do mês e vai até o dia 3 de maio, quando é comemorado o aniversário da cidade. Ao longo dos últimos anos a festa vem perdendo o glamour e, principalmente, o verdadeiro sentido do termo “Exposição Agropecuária”.  O carnaval é outro evento “dos bons momentos, dos anos passados”, que era tão esperado e ficamos órfãos de seus baluartes que faziam a festa até o raiar do sol da Quarta-feira de Cinzas.

 

Não tenho nada contra o mundo moderno, muito pelo contrário, sou totalmente favorável a tudo aquilo que vem para nos BENEFICIAR no dia a dia. No entanto, NA ESQUINA DO TEMPO A SAUDADE NÃO TEM IDADE.

 

Finalizando, a história existe para ser contada. Nós, simples mortais, escrevemos um capítulo diário da “nossa história”. A sociedade que vivemos passa por um momento crítico em todos os aspectos. Presenciamos o viver HOJE, sem se preocupar com o AMANHÃ e dane-se o PASSADO. E o FUTURO? A resposta é imediata: “A Deus pertence”. Ledo engano. Se cada um não fizer a sua parte, a estrutura tende a ruir e não haverá as cenas do próximo capítulo. O passado é como se fosse o alicerce de uma construção.

 

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE MIRACEMA: HISTÓRICO DO EDUCANDÁRIO CENTENÁRIO

 


TEXTO DA PROF.ª KELLY RIGUES

DISCIPLINAS PEDAGÓGICAS

 

Em 1921, José Paulino Alves Junior instalou o Instituto Afrânio Peixoto, com verba pública e matriculava alunos pobres como retribuição da ajuda governamental. Nos idos de 1922, o Instituto foi absorvido pelo Ginásio de Miracema (Gymnasio de Miracema), logo após ser adquirido pelo ilustre educador Alberto Lontra. O seu trabalho só seria reconhecido muitos anos depois que os seus alunos passaram a brilhar no cenário estadual e federal. O seu busto foi inaugurado quarenta anos após uma iniciativa do Rotary Club de Miracema, sob a presidência de Edson Monteiro de Barros. Enquanto diretor, Alberto Lontra ficou marcado na história do Colégio, assim como seu excelente quadro de professores, que prepara os alunos para as escolas superiores de todo Brasil. Já nessa época, o colégio possuía completos laboratórios de Física, Química e Biologia e, já em 1924, introduziu carteiras individuais, do tipo americana, que dificilmente eram encontradas em estabelecimentos escolares do governo.

 

Durante o recesso escolar era promovido o curso de férias com o objetivo de preparar alunos para o curso de admissão. O colégio funcionava no sistema de internato, semi-internato e externato mistos. Em 30/11/1924, foi fundado o Grêmio Lítero Esportivo Ruy Barbosa tendo como seu primeiro presidente o Dr. Theophilo Junqueira. Em 1929, foi criada e anexada ao Ginásio de Miracema pela Lei nº 2298 de 07/01 a Escola Normal de Miracema (a terceira criada no Estado).

Em 1936, através do presidente da Campanha Separatista, Ventura Lopes, que era ligado ao governador Manoel Duarte, conseguiu junto ao presidente da República Getúlio Vargas e o ministro da educação Gustavo Capanema, em 04 de maio, conceder inspeção permanente ao Curso Fundamental no estabelecimento de ensino.

 

Na década de 40, já denominado Colégio Miracemense, foi adquirido pelo Dr. Sylvio de Campos Freire, que também foi seu Diretor até 1961. Uma de suas maiores contribuições foi a construção de dois pavimentos para o auditório em terreno cedido pelo Cel. Armando Monteiro Ribeiro da Silva. Nessa mesma época oferecia os cursos Clássico, Científico, Comercial Básico, Técnico em Contabilidade e Datilografia.

 

Posteriormente, o colégio foi adquirido pelo professor Eli Combat, passou a ser dirigido pelo Sr. Rubem Pereira, uma vez que o proprietário possuía outro estabelecimento escolar em Duque de Caxias.

 

Em 23/09/1973, foi criada a Associação Cultural e Educacional de Miracema – ACEM, com o objetivo de manter o Colégio em atividade, já que o proprietário não demonstrava mais interesse em manter o tradicional Colégio Miracemense. Durante este período, foram criados o Centro Cívico José Pereira Neto e o Clube de Saúde Dr. Luiz Paulo Pinto Moreira. Em 1975, registrou-se 1.928 alunos matriculados, representando o recorde desde a fundação do Colégio. A ACEM permaneceu em atividade até 1987, época em que o Colégio Miracemense foi arrematado em leilão pelo Governo do Estado, passando a denominar-se Colégio Estadual de Miracema, criado pelo Decreto nº 9.977, de 28/05/1987.

 

O Colégio rendeu frutos como Maurício José Correia que terminou sua vida como presidente do Supremo Tribunal Federal depois de ser Ministro da Justiça e Senador da República. “Se cheguei onde cheguei, credito grande parte aos sólidos conceitos morais e conhecimentos formais que recebi dos professores, diretores, funcionários e à amizade dos muitos companheiros com os quais tive a oportunidade de conviver nessa instituição de ensino” – palavras de Maurício em carta encaminhada à ex-diretora Kátia Simen.

 

Outro aluno que se destacou foi José Danir Siqueira do Nascimento, que começou a discursar em campanhas para a rainha dos estudantes, depois formou-se em Direito, tornando-se advogado, presidente da OAB/ RJ e membro do Conselho Federal da OAB. Marcus Faver atuou como advogado e professor no Município de Miracema, onde exerceu o cargo de vereador, Juiz do Tribunal de Alçada Cível, e posteriormente promovido, ao cargo de Desembargador. Exerceu a Presidência do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro no biênio 2001/2002; presidiu o Tribunal de Justiça Eleitoral na gestão 2003/2005 e foi membro do Conselho Nacional de Justiça no biênio 2005/2007.

 

Essas são apenas algumas das personalidades que passaram pelos bancos escolares do então Colégio Miracemense e brilharam em sua vida profissional, ganhando destaque no cenário nacional.

 

A instituição, ao longo dos anos, acompanhando o progresso dos tempos, passou por mudanças. Do nome original Gymnasio de Miracema, passou a Colégio Miracemense, Colégio Estadual de Miracema e, por fim, recebeu a denominação Instituto de Educação de Miracema, que permanece até os dias atuais. Em 2 de janeiro de 1995, foi tombado através do Decreto Municipal nº 249, como patrimônio histórico de Miracema.