quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

PELÉ POR AÍ...

 




PELÉ NO VASCO...




Torcedor vascaíno durante a sua infância quis o destino que Pelé, com apenas 16 anos, quase conquistasse seu primeiro título profissional com a camisa do próprio Vasco, em pleno Maracanã.

Tudo aconteceu na disputa do Torneio do Morumbi de 1957, competição amistosa promovida pelo São Paulo para celebrar o início da construção de seu estádio – que foi inaugurado em 1960. Despontando com rara habilidade, a jovem promessa foi “cedida” ao Vasco – juntamente com os santistas Ivan, Urubatão, Brauner, Álvaro, Jair Rosa Pinto e Pepe – para formar uma espécie de combinado, já que o time principal do Vasco excursionava pela Europa. Até então, Pelé havia jogado 30 partidas como profissional vestindo a camisa do Santos.Torcedor vascaíno durante a sua infância quis o destino que Pelé, com apenas 16 anos, quase conquistasse seu primeiro título profissional com a camisa do próprio Vasco, em pleno Maracanã.

Foram três jogos e cinco gols com a camisa do Vasco: Belenenses/Portugal (6 x 1 para o combinado); Dínamo Zagreb/Iugoslávia (1 x 1); Flamengo (1 x 1).

Três partidas do combinado foram no Maracanã. Outros jogos foram realizados no Pacaembu. Inclusive, na fase seguinte o jogo do combinado Vasco/Santos contra o São Paulo foi no Pacaembu, empate de 1 a 1, e o combinado usou a camisa do Santos. O torneio não chegou ao fim, pois não despertou muito interesse do público, e os seus organizadores resolveram suspendê-lo devido aos prejuízos.

Em maio de 1965, no gramado do Maracanã, Pelé recebeu das mãos de Manoel Joaquim Lopes, presidente do Vasco, um escudo de ouro e um título de sócio patrimonial do clube. Pelé nunca negou suas condições de torcedor do Vasco. 

 

PELÉ NO FLUMINENSE...



Isso aconteceu em 1978, numa excursão do Fluminense ao continente africano, mais precisamente na Nigéria. Era um amistoso contra o Racca Rovers. Pelé não foi ali originalmente para jogar pelo Fluminense: ele havia sido convidado apenas para dar o pontapé inicial na partida, mas como as emissoras de rádio e os principais jornais da Nigéria acabaram divulgando o boato de que ele iria jogar e isso foi suficiente para superlotar o Estádio. Para evitar uma possível tragédia, Pelé jogou os primeiros 45 minutos pelo Fluminense, que venceu a partida por 2 x 1 e o Rei não marcou nenhum dos gols. 


PELÉ NO FLAMENGO...


 

Com 39 anos, Pelé vestiu a camisa 10 do Flamengo em 1979, deixando o Zico com a número 9, no confronto contra o Atlético Mineiro, que gerou uma renda de CR$ 8.781.290,00, com um público de 139.953 pagantes. O jogo foi em benefício dos mineiros que sofreram com a enchente naquele ano. Comandado por Zico, que marcou três vezes, e pelo ponta Júlio César, o Uri Geller, o Flamengo goleou o Galo por 5 a 1. Marcelo anotou o gol atleticano.

 

Flamengo: Cantarelli, Toninho, Rondinelli (Nelson), Manguito e Júnior; Andrade, Carpeggiani (Ramirez) e Zico; Tita, Pelé (Luisinho) e Júlio César (Reinaldo). Técnico: Cláudio Coutinho.

Atlético-MG: João Leite, Alves, Osmar, Luizinho e Hilton Bruniz; Cerezo, Marcelo (Carlinhos) e Paulo Isidoro; Serginho (Pedrinho), Dario e Ziza (Vilmar). Técnico: Procópio Cardoso.

 

 

PELÉ NA SELEÇÃO COMEMORANDO SEU CINQUENTENÁRIO...

 


Para comemorar o cinquentenário de vida do Rei Pelé, a CBF organizou para o dia 31 de outubro de 1990 um amistoso entre a Seleção Brasileira, com a participação do Rei do Futebol e o Combinado do Resto do Mundo, uma seleção dos melhores jogadores que disputaram a Copa do Mundo de 1990, ocorrida quatro meses antes. O jogo ocorreu no Estádio Giuseppe Meazza, em Milão (Itália).

Pelé jogou por 43 minutos, substituído por Neto. O Rei poderia ter marcado o último gol de sua carreira se não fosse o atacante Rinaldo, do Fluminense, que protagonizou um lance que entrou para a história. O jogador tricolor partiu pela esquerda contra apenas um zagueiro, enquanto Pelé vinha a seu lado totalmente desmarcado (propositalmente, talvez), só esperando receber a bola para marcar o gol. Rinaldo – infelizmente – não tocou e ainda perdeu o gol.

Neto fez o gol do Brasil, de falta, enquanto o espanhol Michel e o romeno Gheorghe Hagi marcaram os gols do Combinado do Resto do Mundo.

 

 

quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

DO GUALICHO AO GARRINCHA – POR MÁRCIO SOUZA (JORNALISTA ESPORTIVO)

 


Até meados de 1953 o nome mais famoso das Américas era de um cavalo, o argentino Gualicho. Ele conquistou uma façanha, até hoje não igualada: venceu o Grande Prêmio São Paulo e o Grande Prêmio Brasil em 1952 e repetiu a proeza em 1953. Nenhum outro cavalo sequer igualou essa marca, vencendo os dois maiores prêmios do turfe sul-americano, por duas vezes consecutivas. Ao mesmo tempo, em General Severiano, surgia um jovem, super tímido, quase caipira, trazido pelo zagueiro Arati, após vê-lo barbarizando em jogos regionais, pelo time do Pau Grande FC, em Raiz da Serra, próximo a Magé, Estado do Rio. Ninguém levava fé na descoberta do Arati, principalmente porque o garoto tinha uma deficiência nas pernas, com joelhos visivelmente entortados, da direita para a esquerda, parecendo até dificultar para ficar em pé ou caminhar normalmente. Logo no primeiro treino, atuando pelos reservas, sabe quem o rapazinho teve pela frente? Simplesmente Nilton Santos, maior lateral esquerdo do futebol brasileiro e mundial, de todos os tempos. Em poucos minutos, o pontinha folgado deitou e rolou, dando dribles desconcertantes no famoso "Enciclopédia", a ponto de Nilton Santos pedir ao treinador, Gentil Cardoso, para que tirasse aquele moleque da sua frente, fazendo quase um apelo "nunca mais me bote prá marcar esse pirralho"! Imediatamente, Gentil Cardoso passou o garoto para o time titular e, daí em diante, jamais Nilton Santos enfrentou o rapaz, mesmo durante os treinamentos...

 

Agora, voltando à manchete dessa matéria: o quê tem a ver o Gualicho (cavalo) com o Garrincha (ponta-direita)? Tudo! Ainda em 1953, ao estrear no time principal, em jogo contra o Bonsucesso, o ponta Manoel dos Santos foi chamado, pela maioria dos narradores, pelo nome de Gualicho, achando que o apelido do jogador era uma espécie de homenagem ao cavalo campeão argentino. Eu mesmo, quando trabalhei na Emissora Continental, de 1963 a 1965, nos arquivos carinhosamente organizados pelo Agostinho Olivato Neto, cheguei a ouvir narrações de locutores da época, entre eles o Oduvaldo Cozzi e o Antônio Cordeiro, a maioria descrevendo lances criados pelo Gualicho, enquanto outros locutores, especialmente Waldir Amaral, já identificavam o jogador pelo apelido correto, Garrincha. A dúvida só foi desfeita quando Geraldo Romualdo da Silva, editor do Jornal dos Sports, recebeu o jogador, na redação do "cor de rosa", para uma entrevista esclarecedora. E o próprio Manoel Francisco dos Santos revelou que seu apelido era homenagem a um pássaro, Garrincha, e que não tinha a menor idéia de quem era o cavalo Gualicho. (Acrescento, por minha conta, que o Gualicho deve ter sido o primeiro "João" do Garrincha!)

 

Detalhe: no jogo em que fez sua estréia oficial no Botafogo, dia 19 de julho 1953, no campo do Bonsucesso, contra o time da casa, o alvinegro goleou por 6x3. Dino da Costa fez 2 gols e Vinícius fez um. Esses dois, pouco depois, foram para o futebol italiano, praticamente iniciando o êxodo de jogadores brasileiros para o futebol europeu. Na vitória por 6x3 sabe quem foi o artilheiro? Garrincha, com 3 gols.

 

O primeiro deles cobrando penalty, mostrando desde logo que tinha personalidade. Muita gente, inclusive que trabalha atualmente no meio esportivo, nem passa pela cabeça que, durante algum tempo, Garrincha foi Gualicho... ou que Gualicho foi Garrincha! Os dois até hoje, jamais foram superados, em seus respectivos "templos sagrados", os hipódromos e os estádios de futebol. Entre eles havia uma única diferença: o argentino era um quadrúpede fantástico, espetacular, formidável, garboso, enquanto o brasileiro era um bípede genial, incomparável, apaixonante, inesquecível!

sábado, 23 de dezembro de 2023

SERGINHO: O CHULAPA

 


Sérgio Bernardino nasceu na capital paulista em 23 de dezembro de 1953. Atacante de técnica razoável, mas de boa colocação na área, oportunismo e temperamento polêmico. Durante os anos em que desfilou sua capacidade de fazer gols, Serginho Chulapa também acumulou algumas confusões dentro de campo ao longo de sua trajetória desportiva. Com tudo isso, Serginho foi um artilheiro do nosso futebol. O apelido “Chulapa” foi dado pelo narrador Silvio Luiz, pelo pé tamanho 44. Sua movimentação desengonçada, usando muito os braços, rendeu mais um apelido: “Tamanduá-bandeira”, vindo do narrador Osmar Santos.


Seu nome é obrigatório na relação de grandes atacantes da história do São Paulo. É o artilheiro máximo do clube com 242 gols. Sua passagem pelo Santos também merece destaque. Ficou marcado no coração do torcedor santista ao fazer o gol que garantiu o título paulista de 1984, no jogo final contra o Corinthians.


Atuou no São Paulo – 393 jogos e 242 gols (campeão paulista em 1975/80 e 81, e do brasileiro em 1977), Marília (SP), por empréstimo, em 1973 – 20 gols, Santos, em quatro oportunidades – 202 jogos e 104 gols (campeão paulista em 1984), Corinthians – 38 jogos e 14 gols, Marítimo/Portugal, Malatyaspor/Turquia, Portuguesa Santista – 42 gols, São Caetano (SP) – 37 gols e Atlético Sorocaba (SP), onde encerrou a carreira em 1993.


Era um dos nomes cotados para a Copa de 1978, na Argentina, porém acabou perdendo a chance de jogar quando teve que cumprir um ano de suspensão por agredir um bandeirinha.


O ápice de sua carreira foi em 1982, quando foi titular da seleção de Telê Santana na Copa do Mundo de 1982, na Espanha, a única que participou. Disputou todas as partidas como titular, tendo marcado dois gols, contra Nova Zelândia e Argentina. Vestiu a camisa do Brasil em 22 jogos e marcou 9 gols, sendo 20 oficiais e 7 gols.

 

quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

O TRÁGICO FIM DE UM TIME

 


Nota: matéria do jornal O Dia de 29 de outubro de 1995, assinada por Elis Regina Nuffer, e fotos de Antônio Cruz.

 

Até o início daquele sábado fatal, o grupo de veteranos do Sanjoanense Futebol Clube, de São João da Barra, tinha um projeto: integrar as famílias no esporte. Foi tudo por água abaixo na viagem da tragédia que nunca sairá da cabeça do povo da cidade. A história do time começou no dia 08 de julho de 1986 com Sidney Moreira, 42 anos; Cileide Moreira, 41, o Leca; e João Batista Vieira, o Robalinho, 40, mas as alegrias nunca mais vão se repetir no grupo. O time acabou no acidente com o ônibus da Auto-Viação Gargaú, que caiu no Rio Macuco, com 55 jogadores e torcedores, após rolar de uma ribanceira de 80 metros.

Os três amigos também estavam no ônibus, mas escaparam. Sidney só quebrou o fêmur, porém, perdeu a mãe, Jurema Mota Moreira, 62. O destino não foi menos cruel com Leca, cuja mulher, Ângela Maria Moreira, também morreu na hora. Só Robalinho e a mulher, Noeli Vieira, tiveram apenas ferimentos leves. O filho de Leca, Everton, de nove anos, também estava no ônibus e é um dos sobreviventes. Ele não consegue falar no assunto, pois viu a mãe morta ao seu lado. Um jogador, Zulício Melo Novas, 57, morreu na hora. Na quinta-feira, às 16h, São João da Barra parou para agradecer pelos sobreviventes, com missa realizada na Igreja Nossa Senhora da Penha, na praia de Atafona.

Na segunda-feira, mais de 800 pessoas acompanharam o enterro das cinco vítimas que foram encontradas logo após o acidente. O time estava com jogos agendados até dezembro, em várias cidades. A viagem para Friburgo foi marcada em junho. “Não sabíamos que estávamos assumindo um compromisso para a morte de nossos familiares”, desabafou José Martinho Sena, 57, um dos responsáveis pelo grupo desde 1989. Se tudo tivesse dado certo, ontem o time teria jogado em Itaocara, como aconteceu no ano passado.

 

‘Deus precisa do que é bonito’

Alexia dormia no colo da mãe, a dona de casa Antônio Ribeiro, 33, quando houve o acidente. O pai se lembra de tudo, desde o primeiro tombo do ônibus. Naquele momento, só gritava por Deus. Na última queda, percebeu as pessoas caindo por cima dele, mas não podia fazer nada. Lutou contra a morte dentro do rio, até conseguir segurar numa moita e subir no barranco. “Acredito que minha filha não era mesmo para este mundo e temos que nos conformar, pois Deus também precisa do que é bonito”, falou, chorando.

A pequena Alexia completou dois anos no último dia quatro. A casa da família está em obra e o quarto dela foi o primeiro cômodo a ficar pronto. Toda contente, a menina não se cansava de olhar na porta e dizer que estava bonito. Vaidosa, Alexia já tinha batom e não gostava de sair de casa sem antes passar perfume. Sentia a falta do pai, a quem chamava de Tutu, até quando ele estava em casa.

 

Uns se foram, outros ficaram...

Havia seis pessoas da família Sena no ônibus, mas só Alexia morreu. Uma das amiguinhas dela, Raísa Beatriz Brandão, de cinco anos, teve o mesmo destino trágico. O seu corpo foi o último a ser encontrado, no final da tarde de terça-feira, pelo avô Cezarino Brandão, um dos jogadores do Sanjoanense. Quando encontrou o corpo da neta, ele o abraçava e beijava o tempo todo. Duas semanas antes do acidente, Raísa foi eleita a garota do Colégio Estadual Alberto Torres, onde estudava. Sempre alegre, ela não perdia uma brincadeira, e nas festas públicas, era a primeira a subir no palanque e não deixava de dançar uma música, sempre ao lado da vovó Ercíria Brandão. Ela fraturou as costelas e ainda não aceita a morte da neta.

Raísa foi enterrada na quarta-feira, após rápido velório na Igreja Nossa Senhora da Boa Morte, onde foi batizada. No acidente também morreu o bebê Jaqueline Melet, a única que foi enterrada no Cemitério Caju, em Campos. Ela era filha de Eliana e Malvino Melet, um dos veteranos do time. Quem sobreviveu, jamais esquecerá aquele dia. Das crianças que ficaram – Everton, filho de Leca e Ângela – vai demorar muito para ter uma vida normal. Ele chora o tempo todo.

Os passageiros garantem que o acidente ocorreu por falha do motorista, Raimundo Augusto, que morreu na hora, e também culpam a Gargaú. Segundo eles, o ônibus estava sem embreagem e o motorista reclamava que estava trabalhando sem dormir há dois dias. No entanto, um dos donos da empresa, Sérgio Paes, garante que o veículo saiu da garagem em perfeitas condições mecânica e o motorista estava de folga há quatro dias. Por enquanto, as famílias não entraram na justiça para receber indenização.

 

Sena, um ídolo do futebol brasileiro

Esse time que hoje chora, tem muitas alegrias para contar. Uma delas, era a participação de Jorge Luiz Sena, 42 anos, um dos veteranos, que começou a carreira como jogador do Flamengo, em 1972, na época de craques como Zico, Júnior e Rondineli. Sena foi rejeitado pelo Vasco que o taxou de “franzino” – tem 1,72 metros e pesava 66 quilos – mas foi aceito pela equipe rubro-negra e de lá chegou ao profissional do São Cristóvão, sendo o terceiro artilheiro do Campeonato Carioca, em 1975. No mesmo ano, foi vendido para o Atlético de Madrid, da Espanha, e depois emprestado ao Rayo Valecano, ficando um ano e dois meses no futebol espanhol.

Voltou ao Brasil para se casar com Eliene Ribeiro Sena, hoje com 41 anos, mas a saudade apertou tanto que pediu para retornar de vez. Foi então para o América (RJ), Vitória (BA), Santa Cruz, Palmeiras, Bahia, Taquaratinga (SP), Leônico (BA), Flamengo (PI), Uberlândia, Taguatinga, Americano, Goytacaz e Guarapari, onde encerrou a carreira conquistando o título de campeão capixaba de 1987.

 

 

sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

TONINHO: O BAIANO QUE FEZ SUCESSO NO FUTEBOL CARIOCA

 


Antônio Dias dos Santos é baiano de Vera Cruz, onde nasceu em 07 de junho de 1948. Toninho Baiano iniciou sua carreira profissional no Galícia (BA), e depois veio se destacar no futebol carioca defendendo o Fluminense e o Flamengo. Posteriormente jogou no Al Nasser/Arábia Saudita e Bangu, onde encerrou a carreira em 1982, disputando 38 jogos e marcando 5 gols. Lateral-direito de muito fôlego, voluntarioso e ofensivo.  Tinha muita facilidade em chegar à linha de fundo e fazer o cruzamento com perfeição.   


A sua passagem por Fluminense – 248 jogos e 9 gols (campeão da Taça de Prata de 1970 e campeão carioca em 1971/73 e 75) e Flamengo – 241 jogos e 23 gols (tricampeão carioca em 1978/79 e 79-especial e campeão brasileiro em 1980), foi marcada com a conquista de títulos importantes que o levou a disputar a Copa do Mundo de 1978, na Argentina. Na Seleção disputou 26 jogos e marcou 3 gols, sendo 18 oficiais.


Em 1976, o presidente Francisco Horta decidiu movimentar o cenário do futebol carioca anunciando grandes mudanças. Horta ofereceu ao Flamengo, além de Toninho Baiano, Roberto (goleiro) e Zé Roberto, enquanto Rodrigues Neto, Doval e o goleiro Renato desembarcaram nas Laranjeiras.


Toninho Baiano morreu novo, aos 51 anos, vítima de um derrame cerebral na capital baiana, em 08 de dezembro de 1999.  

quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

ROBERTO DINAMITE – O SONHO RUBRO-NEGRO

 

                                                                                                    Fotomontagem 

Nota: transcrito na íntegra da revista FATOS & FOTOS/GENTE, de 1980, com reportagem de Eduardo Lacombe.

 

Junho de 1978. Local: Estádio Mar del Plata, no famoso balneário argentino, horas depois da partida entre Brasil e Áustria, cujo resultado – 1 a 0 pro Brasil – classificou nossa Seleção à segunda fase da Copa do Mundo. As cabines de rádio e TV estão vazias. Nas arquibancadas, apenas o pessoal da limpeza que, com uniformes trazendo a inscrição Mundial de La FIFA, recolhem os restos de papel e cigarros que o vento ajuda a espalhar.

 

No centro do campo, já bastante estragado, dois homens caminham lado a lado, tranquilamente. O mais velho é o médico da delegação, Lídio Toledo. O mais novo está chorando. Trata-se de Roberto Dinamite, que marcou o gol que classificou o time, dando um pouco mais de calma à agitada cúpula da CBD.

 

Roberto chora. Lídio Toledo entende o por quê. Minutos antes conseguira que ele fizesse o antidoping e colocasse, em um vidrinho, um pouco de urina. Foram necessárias duas garrafas de cerveja. Só naquele momento, Roberto estava se descontraindo. As lágrimas corriam calmamente, dando um pouco de alívio a um jogador que chegou a ser desprezado. Dias depois, meio tímido e entre sorrisos, ele confidenciaria:

“Naquele momento, tive vontade de correr para o telefone e dizer à Jurema: ‘Conseguimos! ’ Mas só vim a fazer isso à noite, na concentração. Foi um momento incrível! Inesquecível!”

 

No dia seguinte ao da partida contra a Áustria, o mundo inteiro comentava que Dinamite classificara o Brasil. Dois anos depois, o mesmo grito – Dinamite! – foi ouvido nas arquibancadas do já lendário estádio do Barcelona, o Nou Camp. Roberto, em sua estreia na equipe espanhola, fez dois gols e saiu de campo sob delírio de uma das mais exigentes torcidas da Europa. Entretanto, um mês depois, o mesmo jogador deixava o campo, aos 10 minutos do segundo tempo, debaixo de vaias.

 

Em casa, naquele momento, sua esposa Jurema pensava:

“Aqui, ele vai morrer. Tenho que levá-lo de volta ao Brasil.”

 

A oportunidade surgiu com a proposta feita por Márcio Braga, presidente do Flamengo, que sonhava reunir em sua equipe a dupla de ouro do futebol carioca: Zico e Roberto. No Rio, ele já afirmara: “Com Roberto, seremos campeões dez anos seguidos. E haja taça para comemorar.”

 

Dinamite, apelido que ganhou de Aparício Pires, no Jornal dos Sports, sempre foi um atacante perigoso.  Não foram poucos, entretanto, que afirmaram: “Mais perigoso que Roberto, só sua esposa, Jurema, no momento de uma renovação de concreto”. Em março do ano passado, em entrevista à Manchete Esportiva, quando o acerto entre Roberto e Vasco estava difícil, ela dizia:

“Hoje, falam de mim. Mas se esquecem que na época da Copa do Mundo, quando ele teve problemas, fui eu quem o ajudou a contorná-los. Coutinho não escondia que Roberto seria sua última opção para o ataque. Tínhamos problemas em casa e tudo isso o perturbava. Mas eu não o deixei desanimar.”

 

Um ano depois, ela justificaria à FATOS & FOTOS/GENTE o porquê de sua conduta, afirmando em alto e bom tom:

“A vida de um jogador não é mole. É preciso que ele tire o máximo em cada contrato. Sei que muitos afirmam que ele não discute nada. É mentira. Tudo é conversado entre Roberto e eu. Não faço nada com o qual ele não esteja de acordo. Luto, apenas, para que ele tenha tudo.”

 

E nesse tudo estaria, com certeza, o retorno ao Rio. Para o Flamengo, mais precisamente, já que no Vasco – para quem o Barcelona tentou devolvê-lo – não há mais ambiente para o jogador. O próprio Márcio Braga, na tentativa de comover os torcedores do Rio da necessidade de trazer Roberto, chegou a comentar:

“No Barcelona ele vai morrer. Será enterrado em caixão de ouro, é verdade. Mas vai morrer.”

 

Durante duas semanas, Roberto e Jurema viveram a expectativa de arrumar as malas e desembarcar no Rio. E nos planos de toda a diretoria do Flamengo, sua estreia estava prevista nos mínimos detalhes: Roberto não posaria com a camisa nove do time. Esse privilégio seria dos torcedores que pagassem o ingresso do jogo cuja renda já estava prevista em torno de Cr$ 20 milhões, incluídos os direitos da televisão (dizem que a Globo já os comprou).

 

Mas o que Márcio e o próprio Roberto não esperavam é que mesmo antes de assinar seu contrato, Roberto já apareceria com a camisa do Flamengo, em uma montagem, nesta página. A imagem é ótima. Faz sonhar todo mundo. O Flamengo paga o que Roberto quer. Márcio e Jurema já acertaram tudo. O Barcelona aceita receber o que o Flamengo quer pagar. Diz Márcio que os detalhes são mínimos. Então, o que falta para Roberto jogar com Zico? Segundo o técnico Cláudio Coutinho, apenas uma coisa: ele desembarcar.




Minhas considerações: Roberto desembarcou no Rio, mas seu destino não foi a Zona Sul. Fez o caminho de sempre e seguiu para a Zona Norte. Sob pressão e revolta de torcedores cruzmaltinos, que já davam como certo o acordo entre Roberto e Flamengo, os mandatários do Vasco, tendo na pessoa de Eurico Miranda, à época assessor especial do presidente Alberto Pires Ribeiro, o clube de São Januário também entrou firme na disputa para trazer o camisa 10 de volta. Eurico foi à Espanha tentar uma última cartada e fazer Dinamite e esposa mudarem de ideia. O esforço foi recompensado e o Vasco conseguiu que a quantia ainda devida pelo Barcelona na negociação fosse fator decisivo no retorno do ídolo.

 

sexta-feira, 24 de novembro de 2023

JOÃO AVELINO: O 71

 


Folclórico, de personalidade forte, o ex-técnico JOÃO AVELINO Gomes - mais conhecido por 71 - teve passagem como treinador em quase trinta times entre os anos 50 até o início dos anos 90. Era o auxiliar técnico de Oswaldo Brandão no título paulista de 1977, pelo Corinthians. Entrou para a história como um dos mais folclóricos treinadores do futebol brasileiro. Tinha uma ligação sentimental com a cidade paulista de São José do Rio Preto, onde comandou por mais de uma vez os rivais América e o Rio Preto.


João Avelino ganhou notoriedade no futebol paulista, trabalhando em diversas equipes do interior do estado. Também foi técnico do Corinthians, Palmeiras, Portuguesa de Desportos, Paysandu, entre outros times.


Mineiro de Diamantina, onde nasceu em 10 de novembro de 1929, seu último trabalho, antes de ter a doença diagnosticada, foi em um projeto da prefeitura de São Paulo para crianças carentes, no centro olímpico do Ibirapuera. No ano de 2000, quase dois anos após sua aposentadoria, João Avelino começou a apresentar sinais evidentes do Mal de Alzheimer, doença essa que, seis anos depois, causou seu falecimento, aos 77 anos, em 24 de novembro de 2006, na capital paulista.


Ainda com 22 anos, João Avelino cursara o SENAI, sendo que seu número de inscrição era o 71. Depois disso, o número acabou se transformando em um carinhoso apelido, com o qual João Avelino ficou conhecido durante toda sua vida, inclusive no futebol.

domingo, 12 de novembro de 2023

SAUDADES DE JAGUARÉ - POR MÁRIO FILHO

 



Nota: Mário Filho foi um jornalista, cronista esportivo e escritor. Era irmão do também jornalista e escritor Nelson Rodrigues. É considerado por especialistas o maior jornalista esportivo que o Brasil já teve. Crônica publicada em sua coluna semanal da revista Manchete Esportiva, em 15/02/1958.


Quando a gente pensa num quiper para o escrete brasileiro chega a ter saudades de Jaguaré. Não foi o maior arqueiro do Brasil: Amado era melhor do que ele e também não tremia. Mas Amado, quando era o maior mesmo, de quando em quando largava o futebol. Não é que estivesse saturado, é que sempre tinha um quiper na reserva a quem queria dar uma oportunidade. Quase que fez uma escola de goleiros. Ou um viveiro de goleiros, que talvez fosse melhor chamar de viveiro a criação de goleiros cultivada, carinhosamente, por Amado. O Flamengo, porém, não se conformava com esses caprichos de Amado. Por isso quando Amado acabou, acabou-se o viveiro, e não sobrou um quiper.

 

Jaguaré era de outro tipo. Aparentemente não queria nem jogar. Dava a impressão de um malandro. Jogava com um gorro, de marinheiro, caído para um lado, e a camisa saindo do calção. Se não lhe tirassem um palito da boca entraria em campo assim mesmo, como se tivesse acabado de almoçar. Para ele o palito na boca era um sinal de elegância. Viera da Saúde, de um clube que se tornou famoso, o Pereira Passos. Na Saúde andava de tamancos, não sei se de lenço ao pescoço. Quando entrou para o Vasco largou a Estiva. Era carregador de saco de farinha do Moinho Fluminense. Mas o sonho dele era não fazer nada.

 

Tornara-se quiper porque um dia, ainda garoto, sentara-se no meio-fio, cansado de correr como louco na extrema esquerda. Do meio-fio, ainda botando a alma pela boca, Jaguaré ficou olhando o jogo. Então ele viu que exceto dois jogadores, os goleiros, os outros todos corriam de um lado para o outro, não paravam, se matando em campo, que era o meio da rua, mas que era como se fosse campo, porque no campo era a mesma coisa. Todos os jogadores, foi a conclusão de Jaguaré, eram trouxas, ou otários – a palavra “otário” já aparecia em tangos argentinos – todos eram bobos menos os goleiros que ficavam parados entre dois paralelepípedos, à espera de uma bola.

 

Naquele momento se decidiu a carreira de Jaguaré. Foi assim que ele se tornou quiper, embora não fosse outra coisa. Não tinha nada de extrema-esquerda. Naquele tempo, lá se vão mais de trinta anos, um extrema-esquerda tinha que ser um tico de gente. E Jaguaré era alto, mais de um metro e oitenta. Se não desse para quiper podia dar para beque ou centroavante, porque tinha um chute que só vendo. O chute dele era tão forte que atravessava a arquibancada do Vasco, de trinta metros de altura. Somente dois outros jogadores fizeram o mesmo: Espanhol, que viera do Pereira Passos, como Jaguaré, e Pereira Peixoto, que foi melhor como juiz.

 

Foi por causa de chute, de fura rede, que, jogando no Olimpique de Marselha, depois de engolir um gol, Jaguaré foi para o ataque. Trocou de roupa com o centroavante, ninguém compreendendo direito o que estava acontecendo, foi para frente, pegou uma bola e fuzilou o quiper do outro time. Feito o gol, trocou de novo a roupa, ficou outra vez, já sossegado, debaixo dos três paus. Depois explicou aos jornalistas atônitos que na terra dele era assim. Quando um quiper brasileiro engolia um gol tinha de lavar a honra fazendo um gol do outro lado.  

 

Naturalmente o Olimpique de Marselha, embora encantado com o gol de Jaguaré, que foi a sensação da tarde, avisou-o que não podia mais fazer isso. Jaguaré ainda perguntou pela honra dele, pela honra do quiper. Responderam-lhe que ele não estava no Brasil, que ele estava na França e que na França a honra do quiper tinha que ser defendida era no gol. Jaguaré se conformou e nunca mais se meteu a trocar de camisa com o centroavante do Olimpique. Continuou fazendo outras coisas, que fazia no Brasil e que na França provocavam verdadeiros escândalos, como rodar a bola na ponta do dedo, depois de uma defesa.

 

Foi uma mania que nunca perdeu. O futebol, para ele, só tinha graça por causa dessas coisas. Mas em Londres, quando o Olimpique foi lá, ele teve o grande choque da vida dele. Pegou uma bola, o centroavante inglês foi para cima dele, ele passou a bola por cima da cabeça do inglês, de uma das mãos para outra. O atacante inglês ficou estatelado, mas o juiz, também inglês, parou o jogo e mandou o capitão do time francês avisar Jaguaré: se ele fizesse outra, igual ou parecida, estava fora de campo. Nasceu aí a grande admiração de Jaguaré pelo futebol inglês.

 

Aqui todo mundo ria quando Jaguaré defendia a bola e a jogava na cabeça do atacante que vinha para cima dele para pegá-la de novo. Quando dava certo, e quase sempre dava certo, era uma gargalhada que fazia tremer o estádio. Jaguaré era uma espécie de palhaço do futebol. Parecia que jogava para divertir os outros. Na verdade nem jogava para se divertir, embora se divertisse às vezes. Tinha-se a impressão de que ele, mesmo vindo da Saúde, era um blasé do futebol, que procurava inventar emoções novas para não sucumbir de tédio em meio a uma partida.

 

Se não jogasse futebol tinha de carregar de novo sacos de farinha no Moinho Fluminense. Mas ele gostava do futebol. Chamava a bola de bichinha. Segurava-a nas pontas dos dedos com um carinho de amante, como se não quisesse machucá-la. A bola saía deformada dos pés de um tijoleiro e nas mãos de Jaguaré encontrava a paz num simples toque. Nunca vi ninguém que pegasse uma bola com mais leveza, como se ela fosse um biscuit, ou um filho recém-nascido. Era o Dengoso, o Jaguaré. Mas andou enganando todo mundo. Tanto que Welfare quase levou uma facada dele porque um dia escalou Waldemar Chuca-Chuca no gol.

 

Welfare achava, como todo mundo, que Jaguaré só jogava porque não havia outro jeito. E Jaguaré, no fundo, queria era jogar e dava a vida para jogar. E não admitia outro quiper no Vasco. Bastava aparecer um pretendente ao gol do Vasco, Jaguaré fazia-se de amigo dele, levava-o para treinar, mandava-o para debaixo dos três paus e enchia o pé e para cima do novato. Eram chutes de matar. No dia seguinte o pretendente ao gol do Vasco não aparecia mais, que não era louco. E Jaguaré passava uns tempos livres de preocupações, o lugar era dele e de mais ninguém.  

 

Pode-se dizer que era um irresponsável. Mas dessa irresponsabilidade que não acredita em perigo de espécie alguma, boa para um jogador de escrete. O mal do jogador brasileiro tem sido o de tremer, o de não agüentar a responsabilidade na hora da decisão. O jogador brasileiro pensa no Brasil, nos sessenta milhões de brasileiros e treme: Jaguaré não pensava não pensava nem no jogo até a hora de entrar em campo. No célebre Vasco x América, a última da melhor de três em 1929, os jogadores do Vasco e América estavam que nem pilhas. Fausto parecia uma fera enjaulada, de um lado para o outro. Enquanto isso, na mesa de massagens, Jaguaré ressonava, roncava, como se nem fosse haver o jogo.  

 

 

sábado, 4 de novembro de 2023

O FIM DA GERAL NO MARACANÃ

 


Nota: crônica publicada no jornal O Globo, em 04 de abril de 2005, com redação de Felippe Awi e fotos de Jorge William. Na véspera, o Fluminense derrotou o Flamengo por 4 a 1, conquistando a Taça Rio e o direito de disputar a final do Campeonato Carioca, contra o Volta Redonda, vencedor da Taça Guanabara.

 

Angustiados, porém de pé, na hora da despedida. Geraldinos folclóricos assistem ali ao último clássico no Maracanã. A área ganhará cadeiras após o Estadual.   

 

A torcida ainda comemora o segundo gol do Fluminense quando quatro bombeiros surgem do meio da multidão carregando na maca uma senhora inconsciente. Sua aparência é frágil, apesar de estar vestida com uma roupa de super-herói. Em meio à alegria tricolor, as pessoas a acompanham com fisionomia tensa, mas geraldino que é geraldino já viu esta cena outras vezes. Trata-se de Maria de Lourdes da Silva, 63 anos, conhecida na geral do Maracanã como a Vovó Tricolor. Ali naquela maca sua pressão está a 18 por 10.

- A emoção de ver o Fluminense aqui na geral é muito grande. Meus filhos e netos ficam preocupados porque já cansei de passar mal. Aí entro na ambulância, vou ao posto médico e depois volto para o jogo – contava ela pouco antes de a bola rolar

 

Foi o último clássico em que Maria de Lourdes cumpriu esta rotina. Depois dos dois jogos da final do Estadual, a área mais popular do Maracanã será extinta para que sejam instaladas cadeiras. Ficará apenas a lembrança dos personagens que a geral criou.

A geral era diferente quando a Vovó Tricolor começou a freqüentá-la há 25 anos. As torcidas se misturavam e mal havia espaço em decisões como a de ontem. Anos de violência, arrastões e até uma certa promoção que deixou a área três vezes mais cara que a arquibancada serviram para deixá-la menos cheia. O charme, porém, não se perdeu.

Que o digam os geraldinos fiéis que estiveram lá ontem. Havia o gorila, o cabelo duro, o homem que chora. Mas havia também famílias sem fantasias e com filhos, levadas por uma constatação: a geral tornou-se mais segura que a arquibancada. Apenas 12 policiais e 12 cães cuidam da área.

- Há mais de um ano não vejo briga por aqui. Aqui não tem torcida organizada – lembra o sargento Lenildo, responsável pela geral.

 


O geraldino moderno vai até lá para ver e ser visto. Como as transmissões de TV valorizam cada vez mais as figuras exóticas, vale tudo para aparecer. O rubro-negro Aquino de Lima levou a sério o ditado e chegou a botar uma melancia na cabeça. Outros fazem propaganda, mas a maioria aderiu aos cartazes com textos engraçados, de incentivo aos times ou com recados para a TV Globo. Ontem, as campeãs foram as mensagens para o Papa, mas houve quem se lembrasse que, daqui a uma semana, não tem mais nada disso: “Adeus geral. O meu amor por você será eterno”.

- O geraldino tem o privilégio de participar da festa – diz o autor do cartaz, o contador tricolor Celso Lima.

 

Participa mesmo. Onde mais o torcedor pode xingar e ser ouvido pelo xingado? Há outros gritos curiosos:

- Ô, repórter! Deixa o Junior descer logo para o vestiário. Ele precisa descansar.

 

A velha guarda da geral já está saudosa de tudo isso. Há 30 anos por ali, Samuca se lembra do dia em que ajudou o ladrilheiro a pular o gramado e ajudar o Flamengo a ser campeão em 1981. Ontem, ele estava de terno e gravata, com uma máscara do presidente Lula.

- Vim assim para pedir ao Chiquinho de Carvalho (presidente da Suderj) para não acabar com geral. Eles têm de ouvir um pedido do presidente.

- Se acabarem com a geral, vou entrar com uma liminar – arrisca o rubro-negro Sidney Alves, que andava de bicicleta por ali até ter o brinquedo confiscado pela polícia.


Chiquinho conta que já ouviu vários pedidos como estes. A eles, responde que o Maracanã deve seguir as normas da FIFA, que obriga todos os torcedores a verem o jogo sentado. Os geraldinos preferem assistir a tudo de pé, com placas publicitárias atrapalhando a visão e com boas possibilidades de levar um copo de urina na cabeça. Ninguém sabe como vai ser daqui para frente, como resumiu o tricolor Gilberto Pereira.

- Não sei se vou me acostumar àquele grito da arquibancada: “Senta! Senta!”.

 

 

sexta-feira, 3 de novembro de 2023

SERÁ QUE NUNCA MAIS TEREMOS PAZ NO FUTEBOL?


Entra ano, sai ano, e tudo continua na mesma...

O nosso futebol, dentro de campo, já não anda bem das pernas faz algum tempo, mas a violência das torcidas cresce em escala e proporções inimagináveis. Os marginais, pois não podemos chamar de torcedores, provocam arruaças e crimes, não só matando os adversários – que deveriam ser rivais somente dentro das quatro linhas – mas destruindo tudo que encontram pela frente. Por que tamanha dificuldade do ser humano em aceitar e respeitar uma opinião, uma escolha, ou um caminho diferente de outra pessoa?

Matar no Brasil, não só no futebol, é corriqueiro e está virando uma coisa normal, pois a impunidade é quase certa e isso acaba estimulando a violência, que se encontra instalada dentro e fora de nossas casas. No Brasil se mata por qualquer coisa. O futebol é mais um segmento na triste estatística de crimes que ficam impunes. Os senhores “dirigentes” têm uma parcela de culpa muito grande nessa questão, pois diversos deles, até para se perpetuarem no poder, subsidiam grande parte das torcidas organizadas. Aí você, meu amigo leitor, pergunta: organizadas? Sim, respondo. Organizadas para grupos de facções criminosas.  

Vivemos a mais profunda crise moral e ética no Brasil, em meio à falência das instituições. E o resultado de tudo isso está em nosso dia a dia, em que a sociedade é o reflexo de tudo.  O que nos resta é uma profunda reflexão. A mudança está em cada um de nós! Nunca é demais repetir que a FAMÍLIA é o berço e a primeira escola do ser humano.

Algo precisa ser feito para que se torne viável sair de casa com a família para assistir a uma partida de futebol ou outro qualquer tipo de diversão.

terça-feira, 31 de outubro de 2023

OLDAIR: UM LATERAL ARTILHEIRO



Oldair Barchi nasceu na capital paulista, no dia 1º de julho de 1939. O ex-lateral-esquerdo iniciou a carreira como volante. Era duro na marcação, de chute forte e bom passe. Não tinha muita técnica, mas compensava como um excelente marcador.


Começou nas categorias de base do Palmeiras e logo se transferiu para o Fluminense – 135 jogos e 22 gols (campeão carioca em 1964), onde permaneceu de 1961 até o início de 1965. Depois foi para o Vasco – 138 jogos e 15 gols, e ficou por três anos no time cruzmaltino. No final da década de 60, já atuando como lateral-esquerdo, ele foi para o Atlético-MG.


Oldair é muito lembrado pelo gol que marcou diante do São Paulo, na vitória por 1 a 0, no triangular final do Campeonato Brasileiro de 1971. O triunfo abriu o caminho para o time alvinegro chegar à conquista nacional. Antes de se sagrar campeão brasileiro pelo Galo, o lateral também esteve na campanha vitoriosa do título mineiro de 1970. Com a camisa do Galo foram 281 jogos e 61 gols.


Em 1973, Oldair deixou o Atlético para defender o Ceub, de Brasília (DF), e encerrou a carreira jogando pelo Esab da Cidade Industrial de Contagem, da Grande Belo Horizonte.


Oldair lutou contra um câncer no pulmão e acabou derrotado pela doença. Morreu na capital mineira, aos 75 anos, em 31 de outubro de 2014.

 

sexta-feira, 27 de outubro de 2023

EVERALDO: O CRAQUE DA ESTRELA DOURADA

 


EVERALDO Marques da Silva nasceu em Porto Alegre-RS, em 11 de setembro de 1944. Lateral-esquerdo com forte poder de marcação, que jogava duro e sabia se impor, ótimo no desarme e um grande poder de apoio ao ataque. Já possuía naquela época características dos famosos alas.


Começou no Grêmio, depois foi para o Juventude, de Caxias, por empréstimo, retornando ao Grêmio para se firmar no futebol gaúcho e brasileiro. Foi campeão gaúcho em 1964/66/67 e 68.


Em 1972, numa partida contra o Cruzeiro, Everaldo deu um soco no árbitro José Faville Neto e foi suspenso por um ano do futebol, pena essa que foi reduzida posteriormente para seis meses. Retornou aos gramados e jogou por pouco tempo, até acontecer o fatídico acidente.


Participou da Copa do Mundo de 1970, sendo campeão da mesma. Atuou pela Seleção em 28 jogos, sendo 22 oficiais. Essa conquista rendeu uma homenagem marcante ao Everaldo. Desde 1970 a Bandeira do Grêmio tem uma estrela dourada pela glória do tricampeonato mundial, transformando-se em um atleta laureado do clube.

Morreu prematuramente e de forma trágica quando voltava de um jogo amistoso dos veteranos do Grêmio e dava seguimento à campanha para deputado estadual. Seu carro entrou embaixo de uma carreta, onde também morreram sua mulher e a filha, em 27 de outubro de 1974, aos 30 anos, em Cachoeira do Sul, interior gaúcho.