sábado, 23 de outubro de 2021

REI PELÉ


Escrever sobre o Rei Pelé e falar de sua genialidade e de todos os seus feitos dentro de campo, chega a ser repetitivo, mas convenhamos, sua história de genialidade dentro de campo não pode passar em branco.

Edson Arantes do Nascimento, mineiro de Três Corações, onde nasceu em 23 de outubro de 1940, ainda é o maior gênio que o futebol produziu. Só o tempo dirá se vai aparecer outro com os mesmos números e conquistas. Fazia tudo com perfeição – da cabeçada ao lançamento, do chute ao drible inventado na hora, da tabelinha à proteção da bola. Ninguém marcou tantos gols ou conquistou tantos títulos. Ninguém foi mais completo, mais atleta e mais profissional. Mudou a história do Santos e a própria história da evolução tática do esporte. Foi eleito o Atleta do Século, em 1980, por jornalistas do mundo inteiro.

Atuou no Santos (campeão paulista em 1956/58/60/61/62/64/65/67/68/69 e 73, do Rio-São Paulo em 1959/63/64 e 66, da Taça Brasil em 1961/62/63/64 e 65, da Libertadores e do Mundial em 1962 e 63 e do Roberto G. Pedrosa em 1968) e no Cosmos/Estados Unidos (campeão norte-americano em 1977). Participou das Copas do Mundo de 1958/62/66 e 70, sendo campeão em 1958, 1962 e 1970.

Números pelo Santos: 1.116 jogos e 1.091 gols.
Números pelo Cosmos: 108 jogos e 65 gols.
Números pela Seleção: 114 jogos e 95 gols, sendo 91 oficiais e 77 gols marcados.

Foi artilheiro do Campeonato Paulista em 11 oportunidades: de 1957 a 1965, 1968 e 1973. É dele o recorde de 58 gols marcados no certame de 1958.

sábado, 16 de outubro de 2021

MÁRIO VIANNA: GOOOL LEEEGAL

 


MÁRIO Gonçalves VIANNA nasceu no Rio de Janeiro em 06 de setembro de 1902. Quando jovem foi de tudo um pouco: engraxate, jornaleiro, empacotador de velas, fiscal da guarda civil e também fez parte da polícia especial.


Entrou no meio esportivo como árbitro de futebol e sempre carregou contigo a fama de muito severo e polêmico, desses que não perdem as rédeas da partida, mesmo nas situações mais adversas. Sua interpretação das regras chegava a ser um pouco radical, tudo para provar a sua honestidade.


Em um jogo do Flamengo contra o Botafogo, em General Severiano, depois de expulsar três jogadores rubro-negros, ele passou a ser alvejado por garrafas atiradas por torcedores. Sem a menor cerimônia, ele jogou as garrafas de volta e, não satisfeito, pulou o alambrado para encarar quem aparecesse. Teve que ser contido pela polícia. Esse era o Mário Vianna, com dois “enes”.


Estreou no apito em 1932, comandando um jogo de juvenis entre o São Cristóvão e o Sport Club Girão, de Niterói. Representou a arbitragem brasileira nas Copas do Mundo de 1950 e 1954. Ainda em 1954 foi expulso do quadro da FIFA por fazer críticas de corrupção. Pensando em toda a sujeira que foi descoberta posteriormente na FIFA, Mário Vianna certamente teve suas razões para tais acusações. Depois de criar fama no Rio, transferiu-se para São Paulo em fins de 1953, como o primeiro árbitro de outro Estado contratado pela Federação Paulista.


Ao encerrar a carreira, em 1955, Mário Vianna fez um estágio de preparador físico no Flamengo e em 1957 assumiu o comando técnico da equipe principal do Palmeiras, comandando o time paulista em 14 jogos. Não teve o êxito esperado e o time fracassou totalmente.


Depois do fracasso no Palmeiras, Mário voltou ao Rio, em 1958. Ainda comandou o São Cristóvão e a Portuguesa da Ilha do Governador. Posteriormente abandonou seus ideais de ser treinador de futebol e o rádio esportivo ganhou um comentarista de arbitragem, quando foi contratado pela Rádio Globo. Ainda teve passagens pelas emissoras Guanabara, Tupi e Continental. Retornou ao time da Globo e fez parte de um quarteto famoso do rádio esportivo ao lado de Waldir Amaral, Jorge Curi e João Saldanha. Equipe essa que deixou muitas saudades aos amantes do rádio.


Titio Mário Vianna morreu na capital carioca, em 16 de outubro de 1989, aos 87 anos, vítima de pneumonia. Sem sombra de dúvidas foi um dos grandes árbitros de sua época e virou um personagem marcante do futebol e do rádio esportivo brasileiro.

 

Criou bordões famosos para relatar os impedimentos. Algumas de suas inesquecíveis frases:


"Mário Vianna com dois enes”;

"Lamano"; 

"Goool Leeegal", que gritava após a marcação dos gols;

“Ele voltava da figura B para a figura A”, lance em que o jogador estava impedido e participava da jogada.

“Banheeeeira”, quando o jogador fazia um gol em posição irregular.

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

OS ANTUNES TOMAM CONTA DO AMÉRICA...

 


Família que joga unida permanece unida. Uma prova: a família Antunes (Zeca, como é chamado familiarmente), Nando, Edu, Tonico e Zico, formam com o “Seu” Antunes e D. Matilde uma família feliz, que foi acrescida por Eliane, esposa de Antunes.  



Os cinco irmãos sempre que podem estão disputando seríssimos “rachas”, num campinho de pelada que eles próprios fizeram, com baliza, rede e até mesmo refletores. Ou então estão todos juntos, vendo Tonico e Zico jogar pelo Juventude ou acompanhando o América, onde são Antunes e Edu os que brilham.  Nando (mais novo apenas que Antunes) assinou seu contrato com o América após o período de recesso dos jogadores, tornando-se, então, o terceiro jogador profissional da família.


Segundo a opinião geral dos Antunes, o “cobra” é o menor, Zico, com 13 anos. Dribla fácil, marca muitos gols e dificilmente perde uma estourada de bola. Antunes (o Zeca) é o mais chorão e Tonico o único que não joga no ataque: é lateral-direito.

 

“Seu” José que foi goleiro do Municipal e levou Batalha para o Flamengo (o convidado fora ele, mas não pode aceitar para não perder o emprego, já que seu patrão era vascaíno), não queria  que os seus garotos fossem jogadores de futebol, mas, como Antunes conseguiu dobrá-lo, através de pedidos à sua mãe, D. Matilde, o caminho ficou mais fácil para Nando e Edu.  Para Tonico e Zico mais fácil ainda. No entanto, não podem abandonar os estudos.

 

Outra particularidade une a família Antunes: o amor ao Flamengo. Todos, sem exceção, são torcedores do clube rubro-negro e na residência do “Seu” José, encontram-se, pelo menos,  três flâmulas, grandes, do “mais querido”.  Isso sem falar em retratos e copos com o escudo do Flamengo.  Até mesmo o cão mais velho, tem o nome de Mengo. Os mais fanáticos são Tonico e Zico, este, aliás, não assistiu ao jogo Flamengo x América para não ter que torcer contra os irmãos. Pois, disse, “contra o Mengo eu não torcia, não”.

 

A família acompanha todos os jogos do América, menos o “Seu” José, que se limita a deixá-los na porta dos estádios e volta para casa, escutando pedaços dos jogos.  Depois, vai apanhá-los, no final das partidas.

 

Os Antunes residem em casa própria, ma Rua Lucinda Barbosa, em Quintino Bocaiúva.  Antunes mora perto, em apartamento alugado.  Porém, todos estão sempre reunidos na casa dos pais, assistindo aos “vídeo-tapes”, ou batendo bola no quintal da casa. Junto com eles está sempre o lateral-direito do América,  Paulo César, amigo de infância.  

 

“Seu” José, quando os meninos eram menores, comprava sempre cinco camisas do Flamengo, para que eles usassem. Forte e bem disposto, apesar dos seus 65 anos, “Seu’ José  se diverte vendo as peladas dos filhos e não perde uma oportunidade para “pixar” um deles, seja chamando Antunes de chorão, Zico de perna de pau e Nando de molenga.  “Isto ajuda a esquentar as peladas”, explicou ele.  

 

Dona Matilde, que antes pouco ligava para o futebol, agora se vê numa roda viva nos dias de jogo do América, pois tem que preparar o almoço correndo para que todos possam ir ao campo.  Disse ela que torce pelo América, principalmente por causa dos “bichos’... Acha seus filhos maravilhosos, que sempre estão prontos a um presente como Edu, que lhe ofereceu uma belíssima eletrola “hi-fi”.  

 

NOTA: TEXTO TRANSCRITO NA ÍNTEGRA DE UMA EDIÇÃO DA REVISTA DO ESPORTE DE 1967.




Outras considerações: patriarca da família Coimbra, José Antunes se apaixonou pelo Flamengo de forma irônica. Levado para assistir um jogo contra o América viu o time ser massacrado por 4 a 0. Mas se deixou conquistar pelas cores.  Nascido em Portugal, Seu Antunes chegou ao Brasil em 1911, com 10 anos. Fez de Quintino seu lar.  Embora tenha influenciado os filhos a serem apaixonados por futebol, torcia a cara quando algum dizia que iria seguir careira nos gramados.  

- Papai achava que os filhos tinham que ter faculdade, porque só a cultura não pode ser tirada da gente – contou Maria José, a única filha mulher de Seu Antunes e dona Matilde.  

SER PROFESSOR É...

 


Antes de ser uma profissão, uma das formas mais genuínas do amor. Como já dizia o mestre Paulo Freire: “Eu nunca poderia pensar em educação sem amor. É por isso que me considero um educador, acima de tudo por que sinto amor.”

 

Ser professor é muito mais que ministrar aulas.

Ser professor é ocupar lugar de destaque na vida de muita gente. A responsabilidade é grande, mas não chega aos pés da gratificante certeza de colaborar para a formação de seres humanos.

Porque o verdadeiro mestre não se restringe apenas ao intelectual, ele incentiva o amadurecer, o construir, o viver.

Ser professor é saber ensinar e educar, mas também aprender com seus alunos e constantemente renovar suas aprendizagens.

Ser professor é formar o médico, o dentista, o engenheiro, o advogado. É a única profissão capaz de formar as demais profissões.

Ser professor é sempre ser lembrado por alguém, ainda que se passem muitos anos, será parado na rua e ouvirá: lembra-se de mim? Você foi meu professor! Isso é tão gratificante e bonito, que já vale tudo o que foi passado.

Por acaso você já parou para pensar a falta que ele faz?

Por acaso você já parou para pensar o quanto ele é mal remunerado?

Uma profissão linda e que merece todo o nosso respeito, não somente no dia dedicado ao Mestre, mas em todos os dias do ano.

Uma lembrança especial para minha esposa, Renata Titoneli Assad Rangel, que abraçou essa profissão com muita dedicação e amor.

 

PARABÉNS AOS MESTRES DA ATIVA E AOS QUE JÁ ESTÃO DESCANSANDO!

 

Lembro-me que no tempo de estudante o “respeito pelo mestre” era igual – ou até maior – ao que tínhamos por nossos pais. Hoje, o “respeito” é uma palavra que sumiu de nosso convívio do dia a dia. O respeito permite que as pessoas cultivem o valor da paz, numa convivência saudável em respeitar as opiniões e sugestões dos outros. Somente através do respeito é possível valorizar a qualidade do próximo.

 

Professor ou docente é uma pessoa que ensina ciência, arte, técnica ou outros conhecimentos. Para o exercício dessa profissão, requer-se qualificações acadêmicas, pedagógicas e afetivas, para que consiga transmitir/ensinar a matéria de estudo da melhor forma possível ao aluno. É uma das profissões mais importantes, tendo em vista que as demais, na sua maioria, dependem dela. Já Platão, na sua obra “A República”, alertava para a importância do papel do professor na formação do cidadão.

 

A palavra professor vem de “professar”, que, além de lecionar, significa “declarar publicamente uma convicção ou um compromisso de conduta”. É muito difícil definir numa só palavra a importância do professor para a humanidade. Um trabalho nobre, sem o devido reconhecimento em nossa sociedade.

 

MEUS PROFESSORES

 

Não sei se é justo tentar relacionar o maior número possível de nomes dos professores que fizeram parte da minha história escolar, pois certamente deixarei de citar alguns, e farei com isso uma injustiça. Mesmo assim, resolvi arriscar.

Tudo começou com a Dona Ana Maria Siqueira, e por aí adiante todos os demais mestres tiveram participação especial em cada momento de tudo que aprendi na escola.

 

Dando sequência aos nomes: Marília Magalhães, Regina Freitas (de Pádua), Sebastiana Moreira, Geotana Mercante, Gilza Alexandre Alvim, Lucy Pestana, Vera Mota, Vera Alvim, Maria Auxiliadora Cunha, Cilinha Botelho, Maria do Carmo Schueler, Maria do Carmo Tostes, Maria Crisolina Moura, Ribeirinho (de Palma), Maria José Nunes Tostes, Maria Tereza Poly, Maria do Amparo, Mathildes Maria, Yara Tancredi, Geusa Alexandre Alvim, Gilda Tostes, Luiz Delco Junqueira, Hélio Nascimento, José Viana, Oscar de Paula, Afrânio Franco, Edyr Olivier Tostes, João Felicíssimo, Rosane Correa, June Carvalho, Solange Moreira, Solange Amaral, Adilson Cagiano, Luiz Eduardo Amaral (Piazza), Luizão da Ótica, Carlos Rubens Caldas (Lolobe), José Antônio Gualter (Capitão), José Maria de Oliveira, Conceição Garcia, Jorge Garcia, Lucíola Moreira, Pastor Roberto da Silva Carvalho, Célia Azevedo, Bernadete Rizzo, Darcy Aníbal, entre outros...

 

Finalizando, deixo essa mensagem de Albert Einstein: “A suprema arte do professor é despertar a alegria na expressão criativa do conhecimento, dar liberdade para que cada estudante desenvolva sua forma de pensar e entender o mundo, assim criamos pensadores, cientistas e artistas que expressarão em seus trabalhos aquilo que aprenderam com seus mestres".

quinta-feira, 14 de outubro de 2021

COUTINHO: O GRANDE PARCEIRO DE PELÉ

 


Antônio Wilson Vieira Honório é paulista de Piracicaba, onde nasceu em 11 de junho de 1943. Coutinho foi um atacante de técnica genial, dribles curtos e secos, passes precisos, frieza sobre humana dentro da área, o que lhe valeu o apelido de “Gênio da Pequena Área”. Era tão bom que costumava usar esparadrapo no pulso para não ser confundido com o Rei Pelé. Ainda garoto, no XV de Piracicaba, Coutinho já exibia as qualidades que o levariam a titular do Santos com apenas 15 anos. Marcou época defendendo o clube praiano.


Se Pelé foi o Rei do Futebol, Coutinho foi o vice-rei. Ou, no mínimo, o príncipe, o mais perfeito parceiro de Pelé, com quem criou as famosas tabelinhas e atuou regularmente entre 1958 e 1966. A dupla representava um verdadeiro pesadelo para a defesa de qualquer equipe. Juntos, Pelé e Coutinho fizeram a impressionante marca de 1.461 gols pelo Santos, o que o deixa em terceiro lugar na relação de maiores artilheiros santistas, atrás apenas de Pepe (o segundo, com 405 gols) e, naturalmente, do próprio Pelé, com 1.091 gols.


Atuou no Santos – 457 jogos e 370 gols (campeão do Rio-São Paulo em 1959/63/64 e 66, do paulista em 1960/61/62/64/65 e 67, da Taça Brasil em 1961/62/63/64 e 65, da Libertadores e do Mundial em 1962 e 63, e do Roberto G. Pedrosa em 1968), Vitória (BA), Portuguesa de Desportos, Bangu (6 jogos e 3 gols), Atlas/México e Saad (SP), onde encerrou a carreira em 1973, aos 30 anos. Teve uma carreira curta devido a sucessivas contusões no joelho e sua tendência para engordar.


Participou da Copa do Mundo de 1962, sendo campeão da mesma. Era o titular, mas acabou se machucando na véspera da competição. Porém, mesmo com problemas, viajou com a delegação para o Chile. Atuou em 15 jogos e marcou 6 gols, todos oficiais.


Faleceu em 11 de março de 2019, aos 75 anos, em Santos, em decorrência de complicações da diabetes, que já havia causado a amputação de três dedos do seu pé esquerdo.

domingo, 10 de outubro de 2021

RENATO MERCANTE: CALOU-SE UMA VOZ INCONFUNDÍVEL...

 


José Renato Martins Mercante nasceu em Miracema-RJ, em 18 de julho de 1956. A sua morte, ocorrida em 11 de outubro de 2017, na cidade vizinha de Itaperuna, vítima de um acidente vascular cerebral hemorrágico, deixou uma lacuna na imprensa miracemense e de toda a região.

 

Renato foi um jornalista de excelência e grande comunicador do rádio e televisão, de uma voz inconfundível. Um mestre de cerimônia de alto nível, que conduzia os eventos de maneira assertiva, garantindo a atenção do público com uma linguagem dinâmica. Sempre demonstrou competência naquilo que se propunha a fazer. Um nome que marcou época na comunicação. Acrescenta-se a isso o seu lado de compositor e poeta.

 

Filho de Rosário Mercante e Irene Martins Mercante, Renato era o primogênito de uma família de quatro irmãos: Larry, Fábio e Gustavo, sendo que os dois últimos já faleceram, em 2016 e 2017, respectivamente. Casado com a capixaba e professora Cintia Lara Ribeiro Mercante, Renato deixou três filhas: Camila (turismóloga); Larissa (jornalista); Marcela (pedagoga) e netos.

 

Formando em Comunicação Social (com habilitação em Jornalismo) pela faculdade Hélio Alonso, em Niterói-RJ, foi um dos fundadores da Rádio Princesinha do Norte (inaugurada em 23 de dezembro de 1982) e do jornal “O Tempo”, ambos em Miracema. Foi secretário de imprensa da prefeitura de Araruama, diretor de comunicação da prefeitura de Miracema, na gestão de Ivany Samel no período 2008/2012, editor do jornal “Folha da Manhã”, de Campos dos Goytacazes, correspondente do Jornal do Brasil e por cerca de três décadas, foi uma das vozes de apuração eleitoral na Rádio Muriaé e presidente da Associação Comercial de Miracema, entre outras atividades.

 

Nota: com informação do jornalista Carlos Ferreira e acréscimos.

 

sexta-feira, 1 de outubro de 2021

ESTÁDIO JAIR SIQUEIRA BITTENCOURT, DO ITAPERUNA: PALCO DE GRANDES EMOÇÕES NOS ANOS 80 E 90




Longe de ser um Maracanã... mas quem vivenciou esses momentos compreenderá o título do post. O interior do estado está órfão de "emoçoes" desse tipo. A grande massa de torcedores acompanha o seu time apenas pela TV. Aquele contato de proximidade do torcedor com o seu ídolo é coisa do passado. É uma triste constatação! 

A partir da segunda metade dos anos 80, até o final dos anos 90, as regiões Noroeste do estado do Rio, Sul do Espírito Santo e Zona da Mata de Minas Gerais, participaram ativamente dos jogos do Porto Alegre/Itaperuna contra os “chamados“ grandes da capital em diversos confrontos pelo certame estadual. Caravanas de todas as cidades se exprimiam no acanhado estádio com capacidade aproximada de 10 mil pessoas. Se contarmos o público que ficava no morro ao lado, em uma posição até privilegiada, o total chegava a 15 mil. Era uma verdadeira festa!

Independente do tamanho do estádio passou por aquele gramado grandes nomes  do futebol brasileiro: Zico, Leandro, Roberto Dinamite, Sócrates, Renato Gaúcho, Júnior, Romerito, Assis, Mauro Galvão, Aldair, Josimar, Romário, Bebeto, Edmundo, Túlio, Felipe, Zinho, Juninho Pernambucano e muitos outros craques, desfilando seus talentos e fazendo a alegria do torcedor, ávido por ver seu ídolo tão próximo.

Ronaldo Perereca
O Porto Alegre/Itaperuna também têm seus ídolos, como Adãozinho, Alexandre, Alcer, Pestana, Pacato, o miracemense Ronaldo Perereca, Déo, Cacaio, Claudio Gomes, Chicão, Januário, Jair, Zé Carlos, Almir e tantos outros que vestiram e honraram essa camisa e são reverenciados até hoje pelos torcedores itaperunenses. Nas redes sociais, em qualquer foto publicada do time, são emocionantes os depoimentos daqueles que tiveram a felicidade de vivenciar aquela época.

E por muito pouco o velho e tradicional estádio não foi demolido. Em 2015, com as dívidas só aumentando, o estádio foi vendido por R$ 15 milhões para uma construtora. Desse total, R$ 4 milhões seriam destinados ao pagamento de dívidas e o restante investido na construção de um novo estádio, no Vale da Seringueira, no bairro Aeroporto. No entanto, através do decreto municipal nº 4764, de 3 de novembro de 2015, foi determinado como área de utilidade/necessidade pública o complexo do estádio, com uma área aproximada de 12.534 m2. O documento ressalta, para fins de desapropriação, todos os imóveis que fazem parte do estádio. Isso impede qualquer leilão sem a anuência do poder público municipal. O negócio foi suspenso e a demolição, que já havia se iniciado, interrompida. Posteriormente os reparos da demolição foram feitos e o estádio, muito aquém do desejado, continua de pé.

Em entrevista ao meu blog, os ex-jogadores Alcer e Alexandre lamentaram o fato e expressaram toda a tristeza com a situação do clube. Esse é mais um exemplo concreto da falência dos times considerados pequenos do interior do nosso imenso Brasil.

Voltando aos bons momentos do estádio, presenciei inúmeras partidas ao longo desses anos, de todos os clubes, e em algumas delas os apuros também se fizeram presentes. Relato um fato ocorrido em outubro de 1992: junto com mais três amigos saímos para assistir ao jogo do Vasco em uma quarta-feira à noite. Próximo ao distrito de Venâncio, debaixo de um forte temporal, o carro apresentou problemas e ficamos pela estrada. A chuva continuava intermitente e pelo rádio veio a informação que a partida havia sido adiada para o dia seguinte. Depois de arrumar um mecânico –  que não resolveu o problema – empurramos o carro e deixamos próximo a uma residência para no dia seguinte buscá-lo. Retornamos à estrada para esperar o ônibus, que não passava. O que nos salvou foi uma carona com amigos de Miracema, que retornavam de Itaperuna após o adiamento do jogo, e não sei como colocamos a turma toda – nove marmanjos – dentro do carro. 

No dia seguinte, com o mesmo carro e o "time" de amigos da noite anterior, partimos novamente para o jogo, que foi às 17h. O Vasco fez uma homenagem muito bonita ao Friaça, à época residindo em Porciúncula - sua cidade natal e próxima a Itaperuna - que recebeu uma placa das mãos do Roberto e deu o pontapé inicial do jogo. O Vasco venceu por 3 a 0, com Edmundo, Bismarck e Roberto marcando os gols.  

A seguir, faço um breve resumo da trajetória do representante itaperunense no futebol profissional:

O ano de estreia foi 1984, no Campeonato Carioca da Terceira Divisão. A temporada serviu como experiência para tentar o acesso no ano seguinte. Fazendo de seu estádio um alçapão, o Porto Alegre atropelou seus adversários e conseguiu o título da Terceira Divisão de 1985. O primeiro passo foi alcançado e chegar à divisão principal já não era um sonho tão distante. Na Segunda Divisão de 1986, enfrentou times tradicionais da capital e do interior. Fez uma campanha brilhante e sofreu apenas 3 derrotas em 22 jogos: Serrano, Madureira e Volta Redonda. Números suficientes para conseguir o acesso junto com a Cabofriense, que venceu a competição. A ascensão tão rápida despertou o interesse da imprensa nacional e o Porto Alegre foi matéria da Revista Placar, ainda em 1986, sob o título: UMA APOSTA FELIZ - Com orações e dinheiro do jogo de bicho, sobe o pequeno Porto Alegre, que em 1987 irá enfrentar os grandes do futebol carioca.

Na elite do certame, o Porto Alegre teve ótimos momentos e conseguiu se manter por um bom tempo entre os grandes, sem aquele sobe e desce muito frequente com os times considerados pequenos. Em 11 de março de 1987, num jogo histórico contra o Flamengo de Jorginho, Leandro, Mozer, Andrade, Adílio, Sócrates, Renato Gaúcho, Zinho, entre outros, em Itaperuna, conseguiu a façanha de uma vitória improvável por 2 x 0, com os artilheiros Alexandre e Adãozinho ofuscando os craques rubro-negros. O jogo foi numa quarta-feira à tarde e a cidade parou. 

Após a fusão do Porto Alegre com o Unidos e o Comércio Indústria - clubes amadores, mas velhos rivais - nasceu em 21 de julho de 1989 o Itaperuna Esporte Clube. Nos anos de 1989 e 1996, conquistou o quinto lugar na Taça Guanabara. Ainda em 1996, em sua melhor participação no Estadual, na classificação final ocupou a quinta colocação geral. O ano de 1999 foi o último em que o Itaperuna enfrentou os quatro grandes do estado no certame regional. Em 2000 e 2001, disputou uma fase preliminar do Campeonato e não se classificou para a fase final. Nesse período o clube já apresentava sinais de um processo de decadência. 

Em 2002, com sérios problemas financeiros, não teve condições de disputar a Segunda Divisão. Retorna em 2004 e, desde então, ausentando-se em alguns anos das competições promovidas pela FERJ, atualmente se encontra na Série C, a Quinta Divisão do futebol carioca. 

Em 1988, estreando em competição nacional - na Série C - conseguiu a 11ª  colocação entre 43 participantes. Entre os anos de 1989 e 1992, o clube disputou o Campeonato Brasileiro da Série B. Em 1989, fez uma ótima campanha e foi eliminado pelo Remo nas quartas de final, ficando na sétima colocação geral. Em 1995, quando participou de sua última competição nacional - Série C - ficou na 78ª posição entre 107 equipes.

Fiz um levantamento de todos os confrontos do Porto Alegre/Itaperuna contra os quatro grandes da capital. Os dados correspondem aos jogos a partir de 1987. O Vasco é o único que tem 100% de aproveitamento. 

Botafogo - 21 jogos; 14 vitórias; 6 empates; 1 derrota; 40 gols pró; 15 gols contra
Flamengo - 19 jogos; 13 vitórias; 4 empates; 2 derrotas; 39 gols pró; 11 gols contra
Fluminense - 20 jogos; 16 vitórias; 2 empates; 2 derrotas; 43 gols pró; 13 gols contra
Vasco - 22 jogos; 22 vitórias; 49 gols pró; 10 gols contra