segunda-feira, 27 de setembro de 2021

RAUL PLASSMANN: UM GOLEIRO MULTICAMPEÃO

 


RAUL Guilherme Plassmann é paranaense de Antonina, onde nasceu em 27 de setembro de 1944. Goleiro frio, boa colocação e, acima de tudo, um vencedor por tantos títulos conquistados. Praticava suas defesas sem grandes acrobacias.

 

Revolucionou a posição de goleiro por utilizar uma camisa amarela, quando todos os jogadores da posição optavam por uniformes em preto ou cinza. Ganhou o apelido de Wanderléa, a estrela loura da Jovem Guarda.  É considerado por muitos o maior goleiro da história do Cruzeiro e do Flamengo. Depois de muitos anos apareceu no Cruzeiro o goleiro Fábio para dividir com o Raul essa honraria.

 

Começou sua carreira no Atlético Paranaense. Profissionalizou-se no Coritiba em 1964, mas logo se transferiu para o São Paulo. No entanto, pouco utilizado no decorrer do ano de 1965 – apenas 9 jogos – após uma rápida passagem no Nacional do Uruguai, chegou ao Cruzeiro em 1966 para entrar na história do clube. De 1966 a 1978 foram 549 jogos e muitos títulos (campeão mineiro em 1966/67/68/69/72/73/74/75 e 77, da Taça Brasil em 1966 e da Taça Libertadores em 1976).

 

Chegou ao Flamengo já perto dos 34 anos, em agosto de 1978, e muitos afirmaram que ele já estava próximo de encerrar a carreira. Assumiu a titularidade e ficou até dezembro de 1983, quando definitivamente encerrou a sua vitoriosa carreira, aos 39 anos. Fez parte do maior time da história do clube, atuando em 228 jogos e sofrendo 209 gols (campeão carioca em 1978/79/79-especial e 81, do brasileiro em 1980/82 e 83, e da Taça Libertadores e do Mundial em 1981).

 

Apesar de toda essa trajetória brilhante em Minas e no Rio, não teve muitas oportunidades na Seleção e disputou apenas 11 jogos, sendo 8 oficiais com 7 gols sofridos. Esteve perto de participar da Copa do Mundo de 1982, mas foi preterido na relação final.  

quinta-feira, 23 de setembro de 2021

SÃO CASTILHO

 


Nascido na capital carioca em 27 de novembro de 1927, Carlos José CASTILHO era um goleiro frio, seguro, um exímio defensor de pênaltis e muitas vezes chamado de “São Castilho”. Recebeu também o apelidado de leiteria devido à sua enorme sorte com a camisa do Fluminense. Numa extrema demonstração de amor ao clube, amputou a ponta de um dedo para se recuperar mais rapidamente de uma contusão. É considerado por muitos o maior goleiro da história do Tricolor e um dos maiores do Brasil de todos os tempos.


Começou no Olaria e logo se transferiu para o Fluminense (campeão carioca em 1951/59 e 64, da Copa Rio em 1952 e do Torneio Rio-São Paulo em 1957 e 1960), onde permaneceu de 1946 a 1965, atuando em 698 jogos e sofrendo 764 gols. De um total de 84 pênaltis contra sua meta, defendeu 24. Teve uma breve passagem pelo Paysandu, de Belém, onde encerrou a carreira em 1965 conquistando o título paraense. Participou das Copas do Mundo de 1950/54/58 e 62, sendo bicampeão em 1958 e 1962, e titular apenas na de 1954.  Fez 29 jogos pela Seleção e sofreu 31 gols, sendo 25 oficias e 29 gols sofridos.


Como técnico trabalhou por muitos anos no mundo árabe. No Brasil o seu título mais importante foi o de campeão paulista de 1984, dirigindo o Santos. Também teve uma passagem de destaque no comando do Operário (MS) no final dos anos 70. Por ironia do destino nunca treinou o seu tão querido Fluminense.


Teve uma morte trágica, em 02 de fevereiro de 1987, no Rio de Janeiro, aos 59 anos. Ele se jogou do sétimo andar do apartamento de sua primeira esposa. Estava de férias e brevemente retornaria ao comando da Seleção da Arábia Saudita.


Assim descreveu a revista Placar após sua morte: “A maioria das religiões reza que o Paraíso não acolhe os suicidas. É de se duvidar que Deus, em sua infinita sabedoria, vá dispensar da Seleção do Céu este tremendo camisa 1. Não é possível que lá no alto não haja lugar para um homem tão bom, nobre e despojado”.


A definição de Castilho sobre o goleiro: “O bom goleiro deixa passar as bolas impossíveis e defende todas as possíveis".   

 

terça-feira, 21 de setembro de 2021

ZÓZIMO: UM NOME DE DESTAQUE NA HISTÓRIA DO BANGU E DO FUTEBOL BRASILEIRO

 


Zózimo foi o jogador banguense que mais sucesso internacional obteve. Nos 11 anos que defendeu o Bangu, participou de 39 partidas com a camisa da Seleção Brasileira – o que é um recorde, superando até mesmo a Zizinho. Menino pobre, nascido no bairro de Plataforma, em Salvador, Zózimo vinha de uma família de dez irmãos que, nos anos 40 se mudou para o Rio de Janeiro, para morar em São Cristóvão.


Curiosamente, não se interessou pelo time do bairro. Aliás, até os 15 anos, pouco pensava em futebol, focado que era nos seus estudos. Seu irmão mais novo – Calazans - já vinha atuando nas categorias de base do Bangu e convenceu Zózimo a ir fazer um teste em Moça Bonita. O rapaz de 19 anos impressionou tanto que logo garantiu vaga entre os juvenis na temporada de 1951. Pode-se dizer que Zózimo foi o primeiro “produto” da bem-sucedida filosofia do clube de revelar grandes jogadores. Depois dele, viriam Décio Esteves, Ubirajara, Ademir da Guia, Mário Tito e Paulo Borges.


Em 1952, ainda como jogador amador, foi convocado para a Seleção Brasileira que disputou os Jogos Olímpicos de Helsinque, no mês de julho. Não ganhou medalha, mas quando retornou, já era titular dos profissionais do Bangu. Rapidamente, o alvirrubro tinha conseguido um centromédio elegante, que jogava de cabeça erguida, olhando o movimento de todos os demais em campo.

 
Ao mesmo tempo, Zózimo podia atuar como quarto-zagueiro e também marcar muitos gols quando ia ao ataque. Foi assim durante a excursão do Bangu ao México, em 1953, quando foi a grande estrela da companhia, aproveitando-se de uma longa contusão do “Mestre Ziza”.


Em 1956, a Seleção Brasileira voltou a convocá-lo para alguns amistosos, Taça Oswaldo Cruz e Taça do Atlântico. No ano seguinte, foi titular durante o Campeonato Sul-Americano de Lima e passou a ter certeza de que, em 1958, estaria na Copa do Mundo da Suécia.


Realmente, foi até a Suécia, mas o técnico Vicente Feola manteve o craque banguense na reserva de Orlando, do Vasco, durante toda a competição. Retornou ao Brasil um pouco amargurado, apesar de ter sido recebido festivamente pela população e até mesmo pelo presidente Juscelino Kubitschek. Afinal, era um dos 22 jogadores campeões do mundo.


Com o status de ter um campeão mundial no elenco, fortemente assediado pelo São Paulo e pelo Santos, o Bangu, além de não vender seu passe, aproveitou a situação para uma vitoriosa excursão às Américas no final do ano. Zózimo ergueu, então, mais duas taças: uma na Venezuela, outra na Costa Rica.


Em 1959, dedicou-se exclusivamente ao Bangu, terminando o ano como vice-campeão carioca. Mas, em 1960, obteria mais uma glória internacional: o título do Torneio de Nova York, atuando em todos os seis jogos que deram ao alvirrubro a conquista histórica.


No mesmo ano, ainda faria a sua melhor partida com a camisa alvirrubra, contra o América, do seu irmão Calazans, no Maracanã. Zózimo marcou o gol da vitória por 1 a 0 e ainda fez um bloqueio defensivo perfeito, que culminou na quebra da invencibilidade do rival.

 
Em 1962, o Bangu ficou longos meses sem Zózimo. Não por causa de contusão, mas sim porque a Seleção Brasileira mais uma vez precisou dos serviços do camisa 4 alvirrubro. Desta vez, o técnico Aymoré Moreira deu a ele a titularidade. Com 30 anos, no auge da forma, foi bicampeão mundial, desta vez atuando do início ao fim da Copa do Chile. Se quisesse contar o título do Torneio de Nova York em 1960, poderia se orgulhar de ter um tricampeonato mundial particular.

 

A mesma desenvoltura que exibia com a camisa da Seleção, Zózimo começou a perder com a do Bangu. No Campeonato Carioca de 1962, o técnico Gradim ficou decepcionado com Zózimo quando ele marcou um gol contra diante do Fluminense, na derrota alvirrubra por 2 a 0. A partir daí, “sacou” o campeão dos três jogos finais da competição.

 
Sua última chance de ser campeão carioca pelo Bangu ocorreu em 1963. O time do técnico Tim liderou o certame desde a primeira rodada, fracassando justamente nas rodadas finais. E Zózimo foi o maior crucificado. Na penúltima rodada, contra o Fluminense, no Maracanã, Zózimo inexplicavelmente agarrou a bola com as duas mãos dentro da área. Um pênalti estranho, que nem os jogadores do tricolor entenderam bem. Teria o bicampeão mundial se vendido?


Foi o que passou pela cabeça de muita gente. Principalmente do presidente Euzébio de Andrade que, no dia seguinte anunciou que Zózimo estava multado em 60% do salário. O jogador não aceitou a punição. Lamentou seu gesto. Disse achar que a partida estava paralisada e que, inclusive, estaria fora da grande área.

 
Enfim, foi até o escritório do Patrono Guilherme da Silveira conversar. O Bangu até perdoaria Zózimo pelo lance, acreditou-se na sua inocência. Um atleta que já defendia o Bangu há tanto tempo não podia estar “vendido”.

 
Mas não havia mais clima para que ele continuasse em Moça Bonita. Os torcedores mais exaltados já cercavam a sua casa e o xingavam nas ruas, esquecendo-se completamente que era uma das maiores honras da história do clube. Enfim, no início de 1964 foi transferido – quase que como castigo – para a pequena Esportiva Guaratinguetá (SP). Em 1965, foi emprestado ao Flamengo para a disputa do Torneio Rio-São Paulo, mas fez apenas quatro jogos com a camisa rubro-negra. Seus melhores dias no futebol tinham ficado para trás.

 
Desiludido, foi jogar no Sport Boys, do Peru, começando por lá a carreira de técnico. Seria perdoado pelo Bangu em 1973, quando assumiu a direção dos profissionais nos últimos jogos do Campeonato Carioca, em substituição a Vavá.

 
A tragédia maior de Zózimo não seria a acusação de suborno de 1963. Em 21 de setembro de 1977, quando tinha acabado de assinar contrato para treinar o Alianza de Lima, sofreu um fatal acidente automobilístico.


“O acidente ocorreu ontem à tarde, na estrada do Mendanha, em Campo Grande, quando o Volkswagen de placa SO-8649, dirigido por Zózimo, derrapou na pista molhada e chocou-se com um poste. O ex-jogador ainda chegou a saltar do carro e dar dois passos, antes de cair morto. Seu relógio parou na hora exata do acidente: 14h45. Debaixo de chuva, os jogadores juvenis do Campo Grande aguardavam seu técnico, Zózimo, que nas conversas com os amigos costumava dizer que gostaria de ser enterrado com a camisa da Seleção Brasileira” – contou o jornal O Estado de São Paulo. Tinha apenas 45 anos...

 

Fonte: transcrito na íntegra do site bangunet

 

Minhas considerações: Zózimo era um zagueiro elegante, jogava de cabeça erguida, bom na antecipação e dificilmente dava botinadas. Na Copa de 1962, no Chile, encantou o mundo com seu futebol vistoso e de pura técnica. Ao contrário da maioria dos jogadores da época, o seu desenvolvimento não se fazia apenas em relação aos pés: ficava tão alegre ao receber uma aprovação nos diversos cursos que frequentava quanto ao receber os aplausos dos torcedores a cada nova boa jogada. Além de ter sido um craque dentro de campo, Zózimo falava fluentemente outros três idiomas: inglês, francês e espanhol.

 

 

terça-feira, 14 de setembro de 2021

ZIZINHO: A QUEM CHAMAMOS DE MESTRE





Thomaz Soares da Silva nasceu em São Gonçalo-RJ, em 14 de setembro de 1921. Meia de técnica refinada, dribles curtos e desconcertantes, chutes com mais malícia do que força. Armava e concluía com a mesma eficiência e categoria. Zizinho foi um jogador completo. Atuava no meio, no ataque, sabia marcar e era ofensivo. 

É considerado por muitos o mais completo jogador brasileiro depois de Pelé. Por onde jogou deixou o seu nome marcado e foi ídolo. Na galeria dos maiores de todos os tempos há de estar reservado um lugar de honra para Zizinho. Os anos 40 foram férteis para o futebol brasileiro.  Entre os diversos craques que despontaram naquela época, estava um certo Mestre Ziza, o ídolo do Rei Pelé.  Suas qualidades o levaram rapidamente ao time titular do Flamengo e à Seleção Brasileira.

São Gonçalo e Niterói já conheciam a fama do garoto. A notícia de que nascia um craque no modesto Byron cruzou a Baía de Guanabara - alguns olheiros cariocas pegavam a barca para ver Zizinho, comprovar o que diziam. Antecipando-se aos convites, ele foi tentar a sorte no América, time pelo qual torcia. Foi uma grande decepção. A quem foi apresentado, ouviu a resposta que não queria: "Você é muito pequeno e o América tem meias de sobra". No São Cristóvão, foi pior ainda: ao tentar um drible, sofreu uma forte pancada no joelho e saiu de campo carregado. Não voltaria a Figueira de Melo. 

Zizinho jamais imaginaria que o Flamengo seria o seu destino. Não que fosse indiferente ao clube. É que o Flamengo era um time cheio de cobras. Um auxiliar do técnico Flávio Costa foi a Niterói buscar Zizinho. Após as conversas iniciais ficou acertado que ele faria um treino de experiência. Aos 18 anos, no primeiro treino pelo clube da Gávea, ele já mostrava forte personalidade. Escalado pelo técnico Flávio Costa para entrar no lugar do grande Leônidas da Silva, que se contundiu, não se intimidou. Foi para o campo e marcou dois gols. Ele entrou com jeito de quem sabia o que fazer e saiu com jeito de craque. Treinou como um veterano. O fato é que era craque muito antes de chegar à Gávea. Melhor dizendo: um gênio. Teve o contrato assinado imediatamente. A partir daí, Zizinho desfilou o seu talento pelo mundo afora por mais de duas décadas. Só pelo Flamengo, dez anos de sucesso.  Ele foi o grande líder da histórica conquista do tricampeonato carioca de 1942/43/44, o grande nome rubro-negro na década de 40. Dividia com Biguá a condição de ídolo. Ele, pelo virtuosismo, pelo futebol e craque. Biguá porque usava o coração, tinha a força e o entusiasmo da torcida. 

A sua saída do Flamengo para o Bangu o deixou muito magoado, pois achou que a diretoria não foi grata por tudo que ele fez pelo clube. A torcida do Flamengo nunca entendeu aquela negociação. Zizinho ficou sabendo de sua transferência através de um telefonema do presidente do Bangu, Guilherme da Silveira, que estava reunido com Dario de Melo Pinto, presidente do Rubro-Negro. No primeiro jogo contra o seu ex-clube, vingou-se da humilhação: Bangu 6 a 0. Em 1957, depois de oito anos no Bangu, já com 36 anos, foi defender as cores do São Paulo e acabou conquistando o título paulista do mesmo ano. Entre maio e julho de 1959, Zizinho disputou o Campeonato Paulista da 2ª Divisão pelo já extinto clube São Bento, de Marília. Foram 11 jogos e 3 gols marcados. O que também pesou para essa breve passagem pelo interior foi a presença do técnico da equipe, seu amigo Danilo Alvim. Depois, ainda atuou no futebol chileno, encerrando a carreira no Audax Italiano aos 40 anos, em 1962. 

Pela Seleção Brasileira, a sua passagem também foi espetacular. Nem a perda da Copa de 50, no Maracanã, ofuscou o brilho do Mestre Ziza. Foi considerado o melhor jogador do mundial, o único que participou. Com a camisa da Seleção foram duas importantes conquistas: a Copa Roca de 1945, quando o Brasil aplicou a maior goleada da história sobre a Argentina (6 a 2), e o Sul-Americano de 1949.

Em 08 de fevereiro de 2002, morreu em sua casa, em Niterói, vítima de problemas cardíacos. 

Números da carreira:
Flamengo – 328 jogos e 145 gols
Bangu – 274 jogos e 125 gols
São Paulo – 66 jogos e 27 gols
Seleção Brasileira – 54 jogos e 28 gols, sendo 53 oficiais e 27 gols






sábado, 11 de setembro de 2021

A CARTA QUE JUREMA DINAMITE NUNCA VAI RECEBER – POR CARLOS LIMA

 


Nota: o jornalista Carlos Lima escreveu essa crônica que foi publicada no Jornal dos Sports.  


Dona Jurema:

Todos nós lamentamos a sua ida. Paciência, moça. Vontade do Senhor. Nada somos ante os Seus desígnios. Nem os grandes nomes podem evitar que se cumpra a Sua vontade. Sei que a senhora está em um bom lugar. Se for verdade que a dor purifica, não tenho dúvidas em afirmar que a pranteada amiga está mais do que purificada. E posso dizer que a senhora sabia da gravidade do seu estado de saúde. Guerreira, forte, lutadora, gladiadora, decidida, sabia sim que o que lhe restava era lutar, nos momentos finais de sua existência para não deixar Roberto baquear. E a senhora lutou heroicamente. Não fora a sua fibra e a imagem que se teria da senhora era a de uma mulher doente, combalida pelo mal, que se deixara carregar para um leito de dor, entregando-se à doença e deixando que a vida de esvaísse em cada gotícula de seu sangue. Pelo contrário, a senhora se levantava. Bastava uma trégua e lá estava a saudosa amiga ao lado do Roberto, junte dele, discutindo o seu último contrato.

 

Uma brava guerreira, minha amiga. Agora a senhora se foi. Deixou suas filhas, seu menino, e deixou Roberto. Nada disso poderá passar em brancas nuvens, dona Jurema. O futebol tem muitas histórias. Há assuntos vários e incontáveis. Só que na página desse grande futebol aquela que ser referir ao AMOR só terá dois personagens – JUREMA & ROBERTO. E não será uma história como Romeu & Julieta, Marília & Dirceu. Não. É uma história diferente. Exclusiva. Inédita. Roberto é aquele escravo do amor que se apaixonou por Jurema, a sua ama e senhora. Nunca será a história de JUREMA DE ROBERTO e sempre de ROBERTO DE JUREMA. Por isso peço que a senhora, onde quer que esteja, continue a ajudar, com sua memória e espírito forte, a esse menino de 30 e poucos anos, Roberto. Que ele volte logo, correndo, aos campos de futebol. Que ele reassuma a sua função de líder, de artilheiro, de ídolo de um povo inteiro. Que ele se transforme em uma fera, nos jogos, lutando mais ainda nos noventa minutos, caminhando para os gols, chutando com raiva a bola – sim, que ele faça da bola sua inimiga e a chute com mais força para desabafar no pontapé certeiro, toda a mágoa que a sua ausência causou – que ele faça do jogo da bola um meio de extravasar seu sentimento, sua dor, sua saudade. E o povo saberá respeitar Roberto quando a bola entrar nas redes e ele, em lugar de pular de alegria, ele vai apenas olhar para o céu e deixar rolar uma lágrima, dona Jurema. É que ele estará procurando a senhora, como fazia nos tempos de Maracanã, São Januário, etc. Cada gol lhe permitirá uma espiada para o lugar onde a senhora estava, ali, firme, pegando junto, ao lado dele, brigando por seu Roberto.

 

É preciso que a senhora influencie, espiritualmente, para que Roberto supere esse drama com a sua saída do cenário para sempre, dona Jurema. E o futebol será a sua válvula de escape, até a consumação dos tempos e, em conseqüência, o passar, o caminhar, a marcha dos dias, meses e anos, todos esses fatores irão dando maior tranqüilidade a senhora, já edificada em granito firme no coração do craque, será sua deusa na lembrança eterna. Não pode abandonar Roberto agora que a senhora se foi. A senhora marcou sua vida no futebol dos homens como a grande mulher. Esse futebol já teve nomes que hoje são saudade. Que falta fez uma Jurema para Mané Garrincha, heim, minha amiga?

 

Nada posso fazer pela senhora a não ser incluí-la em minhas orações, como já fiz. Roberto precisa da senhora. Não se preocupe com seus amigos. No primeiro dia em que Roberto voltar a jogar pode estar certa que tricolores, vascaínos, botafoguenses, americanos, do Bahia, do Corinthians, etc. todos estarão de pé, aplaudindo freneticamente a entrada de Roberto em campo. Saiba, porém, que os aplausos são para Jurema. Será a nossa homenagem póstuma. Maior que missas, cultos, discursos, luto, etc. Roberto era seu: ROBERTO DE JUREMA. Hoje ele é do povo todo que vai tratá-lo procurando lhe dar o mesmo carinho, o mesmo afeto, o mesmo amor, dona Jurema. Precisamos, porém, que a senhora continue a ajudar. Que sua memória fique viva nos dias vindouros de Roberto. Aí, sim, ele será outra vez o grande Roberto que ganhou de Deus o presente raro de ser um ídolo e de ter tido, na vida, uma grande mulher. Hoje ele não falará mais com a senhora. Terá, porém, o direito inigualável de pedir, em oração, que a senhora jamais o abandone. Tenho certeza que atenderá as suas preces. Repouse em paz, cabocla guerreira, exemplo invulgar de amor... Saudades botafoguenses.  

 

sexta-feira, 10 de setembro de 2021

PETKOVIC: ESSE GRINGO MARCOU A SUA PASSAGEM NO FUTEBOL BRASILEIRO

 


Todas as reverências da torcida são justas e merecidas para esse jogador de fino trato com a bola, um dos poucos europeus que aqui fez sucesso e conquistou títulos importantes. Nascido em Majdanpek/Sérvia, na antiga Iugoslávia, em 10 de setembro de 1972, Dejan Petkovic, esse gringo especialista em cobrança de faltas, escanteios e de passes precisos, chegou ao Brasil em 1997, para defender o Vitória, da Bahia, e de lá pra cá fez muito sucesso, principalmente no Flamengo, clube pelo qual ganhou títulos e virou ídolo da galera rubro negra, principalmente depois do gol de falta do tricampeonato carioca de 2001, já nos acréscimos, contra o rival Vasco da Gama.


De volta ao Flamengo, em 2009, foi um dos responsáveis pela conquista do brasileiro daquele ano, sendo uma peça importantíssima no esquema adotado pelo técnico Andrade.


Pet, como carinhosamente é chamado, jogou nas seguintes equipes: RadinickiNis,  Estrela Vermelha – 140 jogos e 39 gols (campeão iugoslavo em 1995) , Real Madrid (campeão espanhol em 1997), Sevilla, Racing Santander, Vitória – 90 jogos e 59 gols (campeão baiano em 1997 e 1999, e da Copa do Nordeste em 1999),  Venezia/Itália, Flamengo – 197 jogos  e 57 gols (bicampeão carioca em 2000/01 e campeão brasileiro em 2009), Vasco – 66 jogos e 29 gols (campeão carioca em 2003), Shanghai (campeão chinês em 2003),  Al-Ittihad/Arábia Saudita, Fluminense – 61 jogos e 18 gols, Goiás – 8 jogos, Santos – 21 jogos e 1 gol, e Atlético Mineiro – 2 jogos e 5 gols.


Pela antiga Seleção da Iugoslávia fez seis jogos e marcou um gol. Encerrou a sua carreira profissional no Flamengo, em 2011.