terça-feira, 14 de setembro de 2021

ZIZINHO: A QUEM CHAMAMOS DE MESTRE





Thomaz Soares da Silva nasceu em São Gonçalo-RJ, em 14 de setembro de 1921. Meia de técnica refinada, dribles curtos e desconcertantes, chutes com mais malícia do que força. Armava e concluía com a mesma eficiência e categoria. Zizinho foi um jogador completo. Atuava no meio, no ataque, sabia marcar e era ofensivo. 

É considerado por muitos o mais completo jogador brasileiro depois de Pelé. Por onde jogou deixou o seu nome marcado e foi ídolo. Na galeria dos maiores de todos os tempos há de estar reservado um lugar de honra para Zizinho. Os anos 40 foram férteis para o futebol brasileiro.  Entre os diversos craques que despontaram naquela época, estava um certo Mestre Ziza, o ídolo do Rei Pelé.  Suas qualidades o levaram rapidamente ao time titular do Flamengo e à Seleção Brasileira.

São Gonçalo e Niterói já conheciam a fama do garoto. A notícia de que nascia um craque no modesto Byron cruzou a Baía de Guanabara - alguns olheiros cariocas pegavam a barca para ver Zizinho, comprovar o que diziam. Antecipando-se aos convites, ele foi tentar a sorte no América, time pelo qual torcia. Foi uma grande decepção. A quem foi apresentado, ouviu a resposta que não queria: "Você é muito pequeno e o América tem meias de sobra". No São Cristóvão, foi pior ainda: ao tentar um drible, sofreu uma forte pancada no joelho e saiu de campo carregado. Não voltaria a Figueira de Melo. 

Zizinho jamais imaginaria que o Flamengo seria o seu destino. Não que fosse indiferente ao clube. É que o Flamengo era um time cheio de cobras. Um auxiliar do técnico Flávio Costa foi a Niterói buscar Zizinho. Após as conversas iniciais ficou acertado que ele faria um treino de experiência. Aos 18 anos, no primeiro treino pelo clube da Gávea, ele já mostrava forte personalidade. Escalado pelo técnico Flávio Costa para entrar no lugar do grande Leônidas da Silva, que se contundiu, não se intimidou. Foi para o campo e marcou dois gols. Ele entrou com jeito de quem sabia o que fazer e saiu com jeito de craque. Treinou como um veterano. O fato é que era craque muito antes de chegar à Gávea. Melhor dizendo: um gênio. Teve o contrato assinado imediatamente. A partir daí, Zizinho desfilou o seu talento pelo mundo afora por mais de duas décadas. Só pelo Flamengo, dez anos de sucesso.  Ele foi o grande líder da histórica conquista do tricampeonato carioca de 1942/43/44, o grande nome rubro-negro na década de 40. Dividia com Biguá a condição de ídolo. Ele, pelo virtuosismo, pelo futebol e craque. Biguá porque usava o coração, tinha a força e o entusiasmo da torcida. 

A sua saída do Flamengo para o Bangu o deixou muito magoado, pois achou que a diretoria não foi grata por tudo que ele fez pelo clube. A torcida do Flamengo nunca entendeu aquela negociação. Zizinho ficou sabendo de sua transferência através de um telefonema do presidente do Bangu, Guilherme da Silveira, que estava reunido com Dario de Melo Pinto, presidente do Rubro-Negro. No primeiro jogo contra o seu ex-clube, vingou-se da humilhação: Bangu 6 a 0. Em 1957, depois de oito anos no Bangu, já com 36 anos, foi defender as cores do São Paulo e acabou conquistando o título paulista do mesmo ano. Entre maio e julho de 1959, Zizinho disputou o Campeonato Paulista da 2ª Divisão pelo já extinto clube São Bento, de Marília. Foram 11 jogos e 3 gols marcados. O que também pesou para essa breve passagem pelo interior foi a presença do técnico da equipe, seu amigo Danilo Alvim. Depois, ainda atuou no futebol chileno, encerrando a carreira no Audax Italiano aos 40 anos, em 1962. 

Pela Seleção Brasileira, a sua passagem também foi espetacular. Nem a perda da Copa de 50, no Maracanã, ofuscou o brilho do Mestre Ziza. Foi considerado o melhor jogador do mundial, o único que participou. Com a camisa da Seleção foram duas importantes conquistas: a Copa Roca de 1945, quando o Brasil aplicou a maior goleada da história sobre a Argentina (6 a 2), e o Sul-Americano de 1949.

Em 08 de fevereiro de 2002, morreu em sua casa, em Niterói, vítima de problemas cardíacos. 

Números da carreira:
Flamengo – 328 jogos e 145 gols
Bangu – 274 jogos e 125 gols
São Paulo – 66 jogos e 27 gols
Seleção Brasileira – 54 jogos e 28 gols, sendo 53 oficiais e 27 gols






Nenhum comentário:

Postar um comentário