terça-feira, 2 de maio de 2023

MARRECOS SOBEM À TONA: TIME DE CARDOSO MOREIRA CONSEGUE VAGA INÉDITA NA PRIMEIRA DIVISÃO DO RIO.

 


Nota: matéria assinada por Gian Amato, publicada no jornal O Globo em 09 de dezembro de 2007, com fotos de Jorge William.

 

Sentado diante da entrada do estádio Antonio Ferreira de Medeiros, o técnico Mário Marques dá uma entrevista, mas não tira os olhos de um campinho de terra, onde marrecos batem bola. Aos pés do Morro dos Cabritos, no meio da cidade, e da estátua do Cristo Redentor, que divide opiniões, contava como levou o Cardoso Moreira Futebol Clube à Primeira Divisão, fato inédito que pôs o município no mapa, quando chega um garoto magro dirigindo um velho Gol branco. Ele salta do carro e pega do banco traseiro um pesado pacote embalado em saco plástico:

- É a carne do time, posso deixar aqui? – perguntou ao presidente do clube, Alexandre Cozendey.

 

A contribuição de cada marreco, como os 12.595 habitantes de Cardoso Moreira são conhecidos, foi fundamental, tanto para o voo do time rumo ao topo do futebol carioca quanto para manter a cidade na superfície. Encravada em um vale a 350 km do Rio, à beira do Rio Muriaé, Cardoso só não afundou por um milagre. As constantes enchentes (daí o apelido) estão marcadas nas paredes, que não são pintadas há décadas para provar o nível que a água atingiu. Para não depender dos céus, moradores passaram a construir casas de dois andares.

- Nem imaginava que Cardoso Moreira existia. Vim conhecer a cidade quando a proposta surgiu e acabei ficando. Afinal, uma coisa me intrigava. Por que fazem tantos terraços? Descobri que era para fugir das águas – disse Mário Marques.

 

Marreco ilustre da cidade, o prefeito Renato Jacinto (PMDB) inspira corações e mentes cardosenses. Ninguém admite ser puxa-saco, mas dizem que ele era craque na década de 1980. Jogou o amistoso contra um combinado de ex-campeões mundiais pela seleção brasileira. Entre eles, um craque que também tinha nome de ave: Garrincha.

- O juiz apitou e ele correu para a ponta direita. Passei 90 minutos sem ir até lá. Só assim evitei de levar uma tremenda humilhação.

 

Menos, prefeito. Afinal, Garrincha estava em fim de carreira. E Renato parou pouco tempo depois para seguir o sonho político. Há 18 anos, ele participou do processo pela emancipação de Cardoso Moreira do município de Campos, cidade do rival Americano, principal força na Região Norte. Com a ajuda da fama que fez no futebol, ganhou a admiração e os votos da população, que o elegeu prefeito pela primeira vez em 1992.

 

CIDADE TEM O TERCEIRO PIOR IDH

 

Na elite do futebol, Cardoso Moreira seria rebaixada no Índice de Desenvolvimento Humano. A cidade é a antepenúltima colocada no ranking do Estado, na 89ª posição. Só perde para São Francisco de Itabapoana (90) e Varre-Sai (91). Na classificação nacional, é apenas o 2.895º. Talvez seja por isso que a maioria dos habitantes homens enxergou no Cardoso, em diferentes momentos da existência do clube, a chance para melhorar de vida.

- Comecei em 1955, mas tive que parar e cortar cana e café para sustentar a esposa – recordou Luiz Antônio da Silva, carteirinha de jogador da época nas mãos castigadas pelo trabalho na roça. – Salvei o casamento e a minha vida.

 

O tom de premonição no discurso do ex-lateral fica por conta da lembrança da maior tragédia do clube. No final da década de 50, um caminhão trazia os jogadores de uma partida em Itaperuna quando tombou na estrada que hoje é uma rodovia federal. Parte do time morreu, a outra ficou mutilada e o clube entrou em luto profundo.

 

Foi preciso passar muitos anos e muita água do Rio Muriaé por baixo da Ponte do Outeiro para purificar a equipe, que, em menos de dois anos, venceu a Terceira Divisão e vai chegar entre os quatro primeiros da Segundona, assegurando a classificação. Junta-se ao Mesquita, Macaé e Resende. Os dois últimos também chegam pela primeira vez. O Campeonato Estadual de 2008 será disputado por 16 clubes, sendo seis da capital: o menor percentual em 20 anos. O Olaria disputa, na repescagem, a quinta vaga.

 

A festa do interior, promovida pelo presidente da Federação de Futebol, Rubens Lopes, em troca de apoio, não garante a qualidade do espetáculo e obriga os pequenos a disputarem jogos com os grandes em estádios da capital.

 

Pelo menos, as equipes subiram com suas próprias forças. E uma ajudinha das prefeituras. O prefeito de Mesquita, Arthur Messias da Silveira, por exemplo, investiu R$ 80 mil. Renato Jacinto garante que só contribui com R$ 2 mil mensais para a folha salarial de R$ 22 mil. Além do dinheiro, abre as portas do Barracão, seu restaurante, para Mário Marques e a diretoria comerem. Em sua moto, Cozendey costuma carregar até lá o diretor Emerson Papa, que vai ao lado, de bicicleta. Os jogadores comem separados, nas duas casas alugadas que servem como concentração, ansiosos pela hora de fazerem parte do filé mignon do futebol carioca.

                                                                   Uma das casas alugadas pelo clube.

 

Minhas considerações...

 

Na Taça Guanabara de 2008, o Cardoso Moreira ficou em 7º entre os oito do Grupo A, com duas vitórias; um empate; quatro derrotas; nove gols pró; dezenove contra.

Na Taça Rio ficou em 8º (último), com dois empates; seis derrotas; seis gols pró; quatorze contra.

Sendo assim, na sua primeira e única experiência na série A, o time ficou na última colocação e acabou rebaixado à Série B juntamente com o América.

Em 2009, realizou campanha apenas regular, conseguindo se manter na Série B.

Em 2010, se licenciou das disputas profissionais.

Em 2011, o clube negou-se a disputar o Grupo X, também denominado torneio da morte, e acabou punido e rebaixado à terceira divisão pela Federação juntamente com Itaperuna e Aperibeense.  

Desde então, o Cardoso Moreira se licenciou das disputas profissionais.

No ano corrente o Cardoso Moreira disputa a Super Copa Noroeste, torneio amador no Noroeste Fluminense.

segunda-feira, 1 de maio de 2023

CLÁUDIO: O GERENTE

 

                                                                                       Revista Gazeta Esportiva

CLÁUDIO Cristhóvam de Pinho nasceu em Santos, no litoral paulista, em 18 de julho de 1922. Atacante com grande sentido de organização de jogo, excelente chutador e cobrador de faltas e pênaltis. Possuía forte espírito de liderança e não por acaso ganhou o apelido de “Gerente”. Foi um dos poucos jogadores que vestiram a camisa dos quatro grandes de São Paulo. No entanto, deixou o seu nome marcado no Corinthians, sendo o seu artilheiro máximo e um dos maiores jogadores da história do clube.


Foi revelado no Santos – 35 jogos e 10 gols, e teve uma passagem rápida e histórica pelo Verdão, ao marcar, de pênalti, o primeiro gol com o nome Palmeiras, no jogo decisivo do Paulista de 1942, contra o São Paulo – já que antes de 1942 o Palmeiras se chamava Palestra Itália. Atuou em 32 jogos e marcou 9 gols (campeão paulista em 1942). Brilhou mesmo no Corinthians – 549 jogos e 305 gols (campeão do Rio-São Paulo em 1950/53 e 54, e do paulista em 1951/52 e 54), e encerrou a carreira no São Paulo, em 1960 – 35 jogos e 10 gols.


Para alguns torcedores da “velha guarda” do Corinthians, Marcelinho Carioca, outro ídolo corintiano, tinha um estilo de jogo muito parecido com o de Cláudio, que também jogava com a camisa 7.


Vestiu a camisa da Seleção em 12 jogos e marcou 5 gols, todos oficiais. Tinha totais condições de fazer parte do grupo que participou da Copa do Mundo de 1950. Estava voando e foi preterido até no corte do gaúcho Tesourinha, que machucado não disputou o Mundial. Flávio Costa preferiu convocar o meia Maneca ao invés de outro atacante.


Morreu aos 77 anos, em 1º de maio de 2000, vítima de um ataque cardíaco, em Santos.