segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

ENÉAS: A BREVE PASSAGEM NO FUTEBOL ITALIANO FOI O DIVISOR DE ÁGUAS NA CARREIRA DO ARTILHEIRO

 


ENÉAS de Camargo nasceu na capital paulista em 18 de março de 1954. Foi um atacante altamente técnico, de passadas largas e facilidade nas finalizações. Surgiu como uma grande promessa na Portuguesa de Desportos, marcando muitos gols e tornando-se um ídolo do clube e o seu principal jogador na década de 70. Conquistou o título paulista em 1973 e marcou 179 gols em 376 jogos. É o segundo maior artilheiro da história da Lusa, ficando atrás do artilheiro Pinga, que brilhou nos anos 50.


Depois da Portuguesa jogou por Bologna e Udinese (ambos da Itália), Palmeiras, XV de Piracicaba (SP), Juventude (RS), Desportiva (ES), Operário de Ponta Grossa (PR) e Central Brasileira de Cutia (SP), sua última equipe, da terceira divisão paulista, pela qual atuava quando sofreu o acidente. Em 1980, no auge da carreira, Enéas se transferiu para a Itália. Permaneceu por pouco mais de um ano. Esse período foi o divisor de águas em sua carreira, pois seu futebol caiu de produção e nunca mais foi o mesmo jogador.


Retornou ao Brasil como grande esperança alviverde e teve uma passagem aquém do esperado pela torcida do Palmeiras, entre 1981 e 1983, marcando 28 gols em 93 jogos. Chegou a ser apelidado de “dorminhoco”.


Na noite de 22 de agosto de 1988, Enéas dirigia o seu Monza e perdeu o controle do carro. Bateu na traseira de um caminhão e o veículo ficou totalmente destruído. Ele foi conduzido para o hospital e lá ficou em estado de coma por quatro meses, com o rosto desfigurado e uma grave luxação na coluna cervical.


Em 27 de dezembro do mesmo ano, então com apenas 34 anos, Enéas faleceu vítima de uma broncopneumonia, em São Paulo. 

sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

MIRACEMA E SEUS PERSONAGENS INESQUECÍVEIS...

 


O que seria de uma cidade, principalmente do interior, sem os seus personagens que, ao longo de décadas, fizeram-se presentes marcando o seu território e sendo lembrados, com alegria e saudade, por aqueles bons momentos da nossa infância e adolescência. São nomes que o tempo não consegue apagar da memória. Miracema tem ilustres cidadãos representativos em diferentes segmentos. Os homenageados da vez representaram – o Sr. Tarcísio ainda representa – na mais pura simplicidade, o brasileiro honesto e trabalhador que nunca desiste dos seus ideais. São pessoas que deixam marcas positivas no coração de todos nós. 

 

TARCÍSIO

Um dos homenageados é o Sr. Tarcísio, carinhosamente chamado de Tarcísio Pipoqueiro, que, com o seu tradicional carrinho de pipoca, desde 1974 é presença marcante em nosso jardim, para a alegria das crianças e também dos adultos.

Esse é referência pra todos nós, sempre com um sorriso no rosto, carismático e que marcou a infância e adolescência de muitos miracemenses. Pessoa extremamente do bem, amável e educado. Um exemplo de caráter e dignidade. Merece nota 10 em simpatia e bom humor! Estamos sentindo a sua falta naquele cantinho especial da pracinha...

Porque não dizer que o Sr. Tarcísio é um patrimônio incorporado à nossa Praça.

Não posso deixar de mencionar a sua esposa, D. Maria, sempre sorridente e presente quando necessário. D. Maria, que é minha mãe de leite, e Sr. Tarcísio, que já se encaminham para os sessenta e cinco anos de casados, recebam o meu afetuoso abraço e respeito.

A mesma praça, o mesmo jardim e o mesmo e simpático pipoqueiro...

O amigo e conterrâneo Adilson Dutra, em uma crônica de sua autoria, publicada no seu blog em 22 de novembro de 2017, definiu com muita propriedade a trajetória do Sr. Tarcísio:

“Tarcísio pode não ganhar um busto no jardim, mas aquele lugar, onde ele faz a alegria das crianças da cidade, jamais será esquecido e sempre que um homem ou uma mulher passar por ali se lembrará do grande personagem do lugar. Mas eu queria ouvir dele a resposta que sempre dá quando falo em sua alegria: “Devo tudo isto a minha Maria.”

 

SABINO

Falar do Sabino – que também se chamava Tarcísio – é lembrar com saudade de um amigo do peito, um cidadão do bem e de uma simplicidade fora do comum. Um profissional de excelência na atividade que exerceu – pedreiro.

Não consigo descrever em palavras a sua paixão pelo Vasquinho, time amador que fundou e ao lado de amigos como Joci, Justo e Juca – os três “Jotas” –, nunca mediu esforços e nem o que tirava do bolso (R$) para colocar o time em campo.

Quem teve o privilégio de conhecê-lo mais de perto, através da profissão que exercia ou do esporte, sabe o quanto ele era querido por todos. O Sabino também pode ser lembrado pelo seu “carrinho de pipoca” e a sua participação efetiva nos festejos de emancipação de Miracema, com a tradicional barraca do Sabino, junto com seus familiares. 

Essa é uma homenagem que faço ao Sabino, que já não está mais entre nós. Ele faleceu em 2 de julho de 1998. E o futebol amador de Miracema ficou órfão de mais um baluarte...

Nota: foi do Vasquinho, à época eu fazia parte do time, que o ex-zagueiro Célio Silva saiu para o Americano, de Campos (encaminhado pelo Alcyr Fernandes de Oliveira, o Maninho). De lá também saiu o ex-goleiro Arilson, irmão de Célio, para o Botafogo (encaminhado pelo Dr. José Carlos Corrêa).  

 

DELIETE

Quantas crianças, hoje adultos, não comeram a tradicional pipoca do carrinho do Deliete?

Esse paduano de nascimento, mas miracemense de coração, por aqui chegou no final dos anos 70 e logo se fez conhecido em toda Miracema. No bairro Hospital foi a sua primeira moradia e com aquele seu jeito simples e educado de tratar desde a criança até o mais velho, plantou as amizades e colheu o carinho dos amigos da terra que o adotou.

Em 2015, já com a saúde debilitada, sua irmã o levou para Marangatu, distrito de Santo Antônio Pádua, de onde veio e logo depois acabou falecendo, em 3 de dezembro do mesmo ano. Quis o destino que ele passasse seus últimos dias de vida e fosse sepultado em sua terra natal.

São personagens que ficam marcados para sempre em nossa memória. O cantinho da praça em frente ao Colégio Cenecista nunca mais foi o mesmo após a partida do Deliete. Mais uma personalidade que marcou gerações.

Com ou sem dinheiro nenhuma criança ficava sem comer pipoca. Um cidadão de caráter, humilde e de bom coração. Melhor dizendo: UM CORAÇÃO DE OURO

Com a sua morte eu posso afirmar que perdi um amigo fiel e de longa data. E o Fluminense, um torcedor apaixonado.

 

Não posso terminar essa crônica sem deixar de mencionar mais um personagem que está marcando o seu território na esquina da Rua Marechal Floriano com a Francisco Procópio. É o amigo de todos, José Carlos da Silva, mais conhecido e carinhosamente chamado de ZÉ DO DOCE. Pode ser também o Zé do sorriso, da simpatia, do forte trabalhador. O Zé é um exemplo de luta e perseverança para todos nós. É o típico brasileiro que não desiste dos seus ideais. O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em chegar a um objetivo, não importa o quão difícil o caminho pareça.  

Já me falaram que nesse point do Zé tem o bate-papo mais doce e gostoso de Miracema. Virou um ponto de encontro dos amigos, e que nos faz lembrar um passado não tão distante do Bar Pracinha e do Zé Careca, inesquecíveis para quem teve o privilégio de vivenciar aquela época. Falando em Zé Careca, o Zé do doce fez parte do time de secretários, entre outros, que tão bem nos atendia atrás do balcão.

sábado, 27 de novembro de 2021

CAPITÃO COUTINHO

 


CLÁUDIO Pêcego de Moraes COUTINHO nasceu em Dom Pedrito-RS, em 5 de janeiro de 1939. Formado em Educação Física, Cláudio Coutinho seguiu também a carreira militar. Capitão Coutinho teve a primeira chance de trabalhar no esporte em 1970, quando foi preparador físico da Seleção Brasileira na Copa do Mundo do México. Em 1974, foi supervisor do grupo que ficou em quarto lugar na Alemanha. Em 1975 e 1976, teve uma boa passagem pela seleção de amadores. Foi o técnico do Brasil nos Jogos Olímpicos de 1976, em Montreal, no Canadá.  Mas foi só a partir de 1977, ao substituir Oswaldo Brandão na seleção principal, que começou a dividir opiniões, a provocar polêmicas com seus conceitos sofisticados sobre futebol, sua conversa intelectualizada demais para um país de milhões de técnicos.


Dirigiu a Seleção até a Copa de 1978 e entre acertos e alguns equívocos, levou a equipe até o terceiro lugar invicto na competição. Diante dessa situação, Coutinho afirmou que a Seleção Brasileira havia sido a campeã moral, na Copa vencida pela Argentina. Dirigiu o Brasil em 45 jogos, sendo 31 oficias. Quando se fala em Copa do Mundo de 1978 muitos reclamam da ausência de Falcão, preterido por Coutinho, que levou Chicão. O ex-lateral Marinho Chagas é outro nome sempre lembrado, pois o zagueiro Edinho acabou improvisado na lateral. Esse tipo de situação é um fato comum em todas as edições de Copa do Mundo.


Mas os seus melhores momentos foram como técnico do Flamengo, entre 1976 e 1980. Estudioso do futebol apresentou no clube novos conceitos táticos. Foi ele quem montou a base daquele time vencedor do final da década de 70 e início dos anos 80. Sob seu comando o Flamengo foi tricampeão carioca e tricampeão da Taça Guanabara, além do título brasileiro de 1980. Seus números comandando o Flamengo são impressionantes: 268 jogos; 181 vitórias; 59 empates; 28 derrotas; 602 gols pró; 188 gols contra.


Em 1981 estava trabalhando nos Estados Unidos, tirou férias e retornou ao Brasil para ir de encontro ao seu trágico destino. Morreu precocemente, aos 42 anos, vítima de afogamento, quando praticava pesca submarina perto das Ilhas Cagarras, na zona sul da cidade maravilhosa, em 27 de novembro de 1981.

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

O MILÉSIMO GOL DE PELÉ – POR VALDIR APPEL

 


Nota: transcrito na íntegra de sua página do Facebook.

VALDIR APPEL era o goleiro suplente de Andrada.

 

19 de novembro de 1969

O “gringo” Andrada não agüentava mais as sacanagens dos colegas Moacir e Buglê, e à medida que se aproximava o jogo contra o Santos pelo campeonato brasileiro (na época, chamado de Roberto Gomes Pedrosa), o coro que agourava a marcação do milésimo gol do Pelé em cima do Vasco engrossava.

Na concentração, nas viagens e após os jogos do Peixe, sempre alguém chegava com um jornal para mostrar a evolução dos gols de Pelé.

Na verdade, esta “previsão” da boleirada não tinha respaldo. O Santos enfrentaria ao longo do campeonato e em confrontos amistosos, equipes teoricamente frágeis, e já chegaria ao jogo contra o Vasco com a fatura liquidada.

Era o que imaginávamos.

Mas o tempo foi passando, e com a proximidade de novembro, o goleiro argentino naturalizado brasileiro começou a ficar preocupado.

Pelé chegou à marca dos 999, num amistoso contra o Botafogo de João Pessoa, na Paraíba. Depois, jogou parte do segundo tempo substituindo o goleiro Agnaldo, que simulou uma providencial contusão, impedindo assim que novas oportunidades de gol surgissem.

Palco pequeno, poucos holofotes...

O gol poderia ter acontecido contra o Bahia, no estádio da Fonte Nova, mas um carrinho milagroso do zagueiro Nildon, do tricolor de aço, impediu que a marca histórica fosse alcançada na boa terra.

Curiosamente, a providencial intervenção do jogador foi contemplada com uma estrepitosa vaia da sua torcida, que estava a fim de fazer a festa do Rei em Salvador.

No mesmo dia, jogamos em São Paulo.

No avião da ponte aérea, Moacir falou pro Andrada:

-Eu não falei que você levaria o milésimo? Tu achas que o Rei vai perder a oportunidade de fazê-lo no Maracanã? Tá tudo arranjado, Milongueiro!

Curtimos uma folga e nos reapresentamos em São Januário na terça-feira, quando realizamos leves preparativos rotineiros para o embate de quarta-feira.

A contusão.

A colina já estava às escuras quando Andrada, inexplicavelmente, caiu no gramado sentindo dores no tornozelo.

Perplexidade total. Minha e dos demais colegas. Pensei: vai sobrar para mim esta encrenca.

Na concentração da Lagoa Rodrigo de Freitas, à noite, na ponta de uma longa mesa de jantar, alguns jogadores iniciaram provocações pra cima do Andrada.

Toda hora alguém chamava o massagista Chico, pra renovar o gelo colocado no tornozelo do goleiro.

Beneti insinuava que ele estava pipocando.

Adilson ia mais longe:

“Hei, gringo! Tá com medo? Não tem problema: o Valdir joga, já entrou pra história mesmo, com aquele gol contra. Este não vai fazer diferença!”.

O jogo.

Quarta-feira à noite, nos vestiários do Maracanã, Andrada submeteu-se a um teste, supervisionado pelo doutor Arnaldo Santiago. Era evidente o seu nervosismo.

Falou mais alto o profissionalismo; ele decidiu jogar. E como jogou! O clima no maior estádio do mundo era de festa: quase 70 mil pagantes. Provavelmente uns 30 mil a mais, entre autoridades e caronas.

Os dois times entraram em campo lado a lado, liderados pelos seus capitães, empunhando a bandeira brasileira.

Perfilados, ouviram o hino nacional.

No banco de reservas, ficamos admirados ao ver o diretor Iraci Brandão disfarçar, embaixo dos braços, uma camisa branca do Vasco com o numero 1.000.

Era mais um que torcia pelo milésimo acontecer naquela noite.

O jogo teve início e desde cedo ficou visível a falta de colaboração dos jogadores vascaínos: primeiro Beneti, abrindo o placar na primeira etapa; e principalmente o goleiro Andrada, que pegou tudo e fez a maior defesa que eu já presenciei no Maracanã.

Pelé limpou a jogada pelo lado direito da grande área do Vasco. Andrada deu dois passos à frente, posicionando-se para defender um possível chute forte. O gênio meteu uma curva de fora para dentro, com o lado externo da chuteira, em direção ao ângulo superior direito da meta do arqueiro.

Com um salto fantástico, Andrada saiu do solo para espalmar de mão trocada a bola que parecia inapelável.

No segundo tempo, o zagueiro René, para impedir o gol de Pelé, não teve dúvidas: antecipou-se ao atacante e fez contra (e de cabeça!) o gol de empate do Santos.

Aqui não!Vibrou.

Jogo que segue.

O pênalti.

O Vasco pressionou e o árbitro pernambucano Manoel Amaro, deixou de marcar um pênalti a nosso favor, gerando protestos de todo o time. Mandou seguir a jogada e, no contra ataque do peixe, não titubeou em marcar uma penalidade máxima, aos 32 minutos, extremamente duvidosa, de Fernando em Pelé.

Bola na marca fatal.

O público emudeceu.

Os jogadores do Santos se posicionaram no centro do gramado.

Pelé deu apenas três passos... e fuzilou, com perfeição, o arco do Andrada, que saltou como um felino para o canto esquerdo, roçando os dedos da luva na bola, que foi se aninhar no fundo do barbante, da baliza à esquerda da tribuna de honra do Maracanã.

Seus punhos socaram o chão, inconformado por levar o gol que o colocaria para sempre na história do futebol mundial.

Logo ele, cujo maior desejo era entrar para o hall da fama como o melhor goleiro a vestir a camisa número 1 vascaína.

Pelé buscou a bola no fundo do arco e a beijou.

O jogo parou. O gramado foi invadido por uma legião de repórteres. Pelé dedicou seu gol às criancinhas, e foi carregado nos ombros dos companheiros. Chico vestiu a camisa do Vasco em Pelé que, com ela, deu a volta olímpica no gramado do Maracanã.

Após uma longa pausa para as comemorações, o jogo chegou ao final com poucas emoções.

Aliás, tivéramos muitas para apenas uma noite.

Conseqüências

Assim, naquela quarta feira, entraram para a história: o milésimo gol de Pelé; e Andrada, que ganhou o título de O Arqueiro do Rei.

O atacante Acilino, do Vasco, mesmo derrotado, comemorou o seu aniversário.

O Dia da Bandeira passou em branco.

E poucos deram importância a Apollo 12, que (dizem!) pousou no Mar das Tempestades, quando mais dois americanos (Paul e Ringo, quem sabe?) pisaram o solo lunar.

O árbitro Manoel Amaro declarou que já podia encerrar a carreira porque apitara o jogo mais importante do Século XX.

Chico conseguiu uma das três bolas usadas no jogo (a do milésimo gol, Pelé guardou!) e uma camisa 10 do Santos dadas pelo Rei, devidamente autografadas.

Hoje, o próprio Pelé ignora onde foi parar a camisa 10 do Vasco com o numero 1.000.

30 anos depois

Na comemoração dos 30 anos do milésimo gol, Pelé e Andrada reviveram no Maracanã aquele duelo. Pelé teve que repetir a cobrança do pênalti porque, na primeira, Andrada pegou.

Pelé se queixou:

“Pô, gringo! É para repetirmos o lance!”.

Andrada, muito sacana, emendou:

“Tá difícil, amigo... Agora, eu já sei o canto que você vai chutar!”.

Naquele mesmo dia, falei pro Andrada, no Rio:

“Gringo, tu devias agradecer todos os dias: não por ter levado o milésimo gol, mas porque tu quase defendeste aquele pênalti!”.

“Como assim, Valdir?”.

“Tchê, aquele gol passa toda hora na televisão... Imagina o teu filho, em casa, lamentando:

Carajo, papá! No saliste en la película... Saltaste para el otro lado, mientras la pelota se fué para el lado opuesto”.

 

Ficha técnica

Santos 2 x 1 Vasco

Data: 19 de novembro de 1969

Local: Estádio do Maracanã

Árbitro: Manoel Amaro de Lima

Gols: Santos - Pelé (pênalti) e Renê (contra); Vasco - Benetti

Santos: Aguinaldo; Carlos Alberto Torres, Ramos Delgado, Djalma Dias (Joel Camargo) e Rildo; Clodoaldo, Lima, Manoel Maria e Edu; Pelé (Jair Bala) e Abel.

Vasco: Andrada; Fidélis, Moacir, Fernando e Eberval; Bougleaux, Renê, Acilino (Raimundinho) e Adílson; Benetti e Danilo Menezes (Silvinho).

 

quarta-feira, 17 de novembro de 2021

ZEQUINHA: MAIS UM CRAQUE DE LEOPOLDINA PARA O MUNDO DA BOLA...

 


Por João Gabriel Baía Meneghite (MEMÓRIA LEOPOLDINENSE)

 

José Márcio Pereira da Silva (Zequinha), ex-jogador de futebol (Ribeiro Junqueira, Flamengo, Botafogo, Grêmio, São Paulo e Seleção Brasileira), Economista (PUC-Rio Grande do Sul), nasceu em Leopoldina-MG no dia 17 de novembro de 1949, na Praça da Bandeira, e passou a infância na Meia Laranja. Filho do Sr. Zé da Antônia e dona Cola, irmão de Adilson, Marilene, Marli e Marcinha. 

 

Como o time do Palmeirinhas se destacava na cidade ao longo dos anos, transformaram-no em time Juvenil do Ribeiro Junqueira. Jovem, Zequinha ia todos os dias ver o time profissional do Ribeiro Junqueira treinar e ficava observando os mais velhos Onalde, Popota, Zé Roberto, Derlei, Roll, Ronaldo França e outros que para Zequinha eram os craques no qual se inspiravam em seus lances e dizia: "Eu quero fazer igual esses caras fazem", referindo-se aos chutes fortes, domínio de bola e outras habilidades que os jogadores do time profissional faziam.

 

Foram essas dentre várias passagens de Zequinha em Leopoldina que foram reveladas em entrevista ao Jornal Leopoldinense no Ar da Rádio Jornal AM. Com emoção nas palavras, ele falou pausadamente a seguinte frase sobre a sua infância: "Desejo o tipo de infância que tive em Leopoldina para qualquer criança no mundo". Após se destacar no time juvenil na década de 60, Zequinha foi convidado pelo então técnico do Ribeiro Junqueira, Getúlio Subirá, para fazer parte da equipe principal do time no qual jogou algumas partidas onde era reserva do ponta direita Arnoldo.

 

Em diversas viagens pela região, Zequinha demonstrou o seu futebol arte e foi em um jogo contra a Seleção do Rio de Janeiro, no dia 03 de Janeiro de 1965, na cidade de Leopoldina, que se deu início a brilhante carreira do "Zeca Diabo". A Seleção Carioca trouxe à cidade os jogadores de seleção como Barbosa, Calazans, Quarentinha, Brito e outros.

 

Após a belíssima apresentação de Zequinha num jogo em que o Ribeiro Junqueira ganhou de 3 x 1, um olheiro chamado Mineiro, aproximou-se de Zequinha e perguntou: -Ei garoto, quem é seu pai? Ele está por aqui? - Meu Pai é o Sr. Zé da Antônia, é aquele ali chupando laranja. Mineiro, que observava a garotada no interior para os clubes do Rio de Janeiro e que também era massagista do Flamengo, foi conversar com o Sr. Zé da Antônia para levar Zequinha ao Botafogo. Como a família Pereira Silva era toda flamenguista, Zeca partiu para o juvenil do Flamengo.

 

No Flamengo, Zequinha encontrou os então desconhecidos craques que viriam a jogar assim como Zeca pela Seleção Canarinho: Rodrigues Neto, Dionísio, Luiz Carlos, Arilson e outros. Conquistaram o campeonato Carioca de Juvenis com duas rodadas de antecipação e foi aí que resolveram promover diversos jogadores do juvenil do Flamengo para o time principal fazendo uma mescla de jogadores jovens e experientes.Naquela época, o treinador do time juvenil do Flamengo era Valter Miraglia, de quem Zequinha recebeu uma proposta para subir ao time principal. Proposta essa que recusou, pois naquele momento se algo acontecesse de errado poderia voltar novamente para o time juvenil e ele não queria isto.

 

Zequinha acabou sendo emprestado ao Palmeiras por um período de três meses em troca de um goleiro chamado Donar. Não se acostumando, Zequinha abandonou a cidade de São Paulo, ficando somente um mês no Palmeiras. Não cumprindo o contrato, Valter Miraglia, que foi o responsável pela negociação de Zeca, ficou bravo com ele. Deprimido, Zequinha volta para Leopoldina e no impasse de não saber se estava mais no Flamengo ou Palmeiras, o craque leopoldinense pensou em parar por estar muito chateado com aquilo tudo que estava acontecendo.

 

Chegando a Leopoldina ele é questionado pelo pai Sr. Zé da Antônia:

- O que está acontecendo?

- Eu tô de férias, pai.

- Mas que férias são essas se está todo mundo jogando?

Esperto e homem firme como o Sr. Zé da Antônia, Zequinha não consegue tapear o Pai que retrucou na mesma hora e disse:

- Antes de você sair daqui eu te falei. Se der com a cabeça na pedra vai ser você que vai ter que se virar sozinho. Arruma essa mala e volta para o Rio de Janeiro.

 

Chegando ao Rio de Janeiro em 1968, Zequinha volta para o juvenil do Flamengo e uma semana depois recebe a proposta de ir para o Botafogo que queria a qualquer custo o menino Zequinha em seu time profissional, já que o técnico Mário Lobo Zagalo recorria sempre às categorias de base dos clubes, revelando talentos como Zequinha. Valter Miraglia então fez a contraproposta solicitando o atacante Zélio do Botafogo a troco de Zequinha.

 

Troca feita, no Botafogo Zequinha deslanchou a sua carreira; porém, ao chegar ao alvinegro carioca ele foi reserva do então titular da Seleção Brasileira e do Botafogo, Rogério. Quando Zequinha chegou ao Botafogo em 1968, Zagalo cantou a pedra para o menino de Leopoldina "Olha garoto, o negócio é o seguinte: O Rogério é o titular, porém, ele está sempre se machucando e você terá a sua oportunidade". Assim feito, após a primeira oportunidade dada a Zequinha, o filho de Dona Cola e do Sr. Zé da Antônia agarrou-a e ficou como titular absoluto do Botafogo. Garrincha até chegou a dizer em uma entrevista que tinha orgulho de ver a sua camisa 7 com o habilidoso Zequinha.

 

Quem imaginou que dos campinhos de pelada do Cocotá iria sair um ídolo da torcida botafoguense? Pois o José Márcio Pereira da Silva cumpriu a difícil missão dada pelo Sr. Zé da Antônia e foi para o Rio de Janeiro conquistando o auge de sua carreira como jogador de futebol, chegando pelo Botafogo à Seleção Brasileira, jogando ao lado de Pelé, Gerson, Rivelino e outros. A convocação para a Seleção Brasileira começou a se desenhar quando a equipe estava jogando a Copa do Mundo de 1970.

 

No Brasil, Zequinha disputava o campeonato carioca pelo Botafogo, em um ano em que o Zeca Diabo dava muito trabalho aos zagueiros e com uma campanha espetacular pelo alvinegro carioca. Logo após a Copa do Mundo, Rogério, que era titular da Seleção Brasileira, estava machucado e Zequinha assume a vaga jogando vários amistosos pela Seleção Canarinho. A emoção tomava conta de Zeca quando o time seguia de ônibus para os estádios. Ele olhava para os lados e só enxergava Deuses do futebol e se perguntava: O que é que eu estou fazendo aqui? Ele vivia um sonho de criança e não queria mais acordar. Zequinha, ficou marcado na história da Seleção Brasileira devido ao cruzamento para o último gol de Pelé pela Seleção.

 

No auge de sua carreira no time de General Severiano, o Botafogo vive um momento de crise e é obrigado a vender o craque da camisa 7 para o Grêmio em 1974. Na terra dos Gaúchos o simples leopoldinense vira ídolo da torcida gremista e quebra a chamada hegemonia do Internacional que há mais de 17 grenais não perdia para o Grêmio, e em um jogo emocionante Zequinha marca os três gols da partida em que o Grêmio venceu o Internacional por 3x1.

 

No Grêmio, Zequinha foi campeão gaúcho de 1977 num time dirigido pelo técnico Telê Santana. Até hoje o jogador é lembrado carinhosamente no Sul pela sua marca, que talvez possa ser o único jogador a marcar três gols em clássicos Grenais.

 

Em 1977 Zequinha vai para o São Paulo, jogando ao lado de Waldir Peres, Getúlio Chicão, Estevam, Neca, Milton Cruz, Dário Pereira e Zé Sérgio. No tricolor paulista foi campeão Brasileiro de 1977, e marcou com a camisa do São Paulo apenas dois gols, ajudando a conquistar 30 vitórias, 13 empates e 15 derrotas.

 

Em 2001, Zequinha se mudou para os Estados Unidos, em Dallas, no Texas e chegou a jogar em alguns times como o Dallas, Tampa Bay, Tulsa e outros. Z como é chamado carinhosamente pelos alunos, trabalha como treinador de futebol infantil (masculino e feminino) e acumula o trabalho de treinador com o de diretor de desenvolvimento do Clube "A To Z Soccer".

 

 

terça-feira, 16 de novembro de 2021

NESTE DIA INTERNACIONAL DA TOLERÂNCIA, 16 DE NOVEMBRO, APROVEITE PARA FAZER UMA BREVE REVISÃO DE VIDA


Quando comentamos, discutimos e criticamos o que acontece ao nosso redor entram em ação princípios, valores e conceitos que guiam a nossa vida. Assim, quando alguém julga uma notícia, o faz a partir do que acredita ser certo ou errado. Quem tem valores diferentes, chegará a outras conclusões. Fazer, pois, a mais simples observação é revelar quem somos, o que queremos e em que acreditamos.

A vida é marcada por surpresas. Não raramente nos coloca diante de situações para as quais não temos tempo de nos preparar. Assim, quem não se guia por princípios ou não tem motivações profundas, acaba sendo um joguete nas mãos da opinião pública (televisão, jornais, revistas, redes sociais).

Para termos personalidade, há necessidade de uma vez ou outra fazer uma revisão de vida, no sentido de uma crítica às nossas atitudes e às ideias que nos conduzem. Fazendo uma comparação, ao ver um jogo de futebol pela televisão, agrada-nos ver o gol repetido sob vários ângulos. Assim, captamos detalhes que nem havíamos percebido. O mesmo vale para determinados acontecimentos da vida. Revendo-os, percebemos melhor nossos acertos, podendo repeti-los; ou constatarmos erros, podendo evitá-los. 

Nossos julgamentos, feitos a partir de um determinado ponto de vista, são, portanto, parciais, incompletos e, geralmente, superficiais e injustos.  


sexta-feira, 12 de novembro de 2021

ÊNIO ANDRADE: COMPETÊNCIA E SERIEDADE MARCARAM SUA TRAJETÓRIA NO FUTEBOL

 


ÊNIO Vargas de ANDRADE nasceu na capital gaúcha em 31 de janeiro de 1928. Como jogador foi um meia inteligente, de passes precisos, bons recursos técnicos e ótima colocação em campo. Atuou no São José (RS), Internacional (campeão gaúcho em 1950/51), Renner (campeão gaúcho em 1954), Palmeiras – 138 jogos e 35 gols (campeão paulista em 1959 e da Taça Brasil em 1960), e Náutico. Retornou ao São José para encerrar a carreira em 1961.


Ênio tornou-se técnico e conseguiu trazer para a nova função todo o conhecimento e categoria que tinha na época de jogador. Ele foi considerado um mestre e referência para muitos treinadores. Apesar de ter dirigido vários clubes brasileiros (Náutico, Esportivo-RS, Novo Hamburgo-RS, Pelotas-RS, Grêmio, Santa Cruz, Sport Recife, Juventude-RS, Coritiba, Internacional, Palmeiras, Corinthians, Cruzeiro e Bragantino, sendo que em alguns teve mais de uma passagem), conquistou seus principais títulos por equipes do sul, como os brasileiros de 1979 (Internacional), 1981 (Grêmio) e 1985 (Coritiba), além de campeonatos estaduais por Cruzeiro, Santa Cruz e Náutico.


Foi diversas vezes cogitado pela imprensa para dirigir a Seleção Brasileira, mas nunca foi convidado. Se tivesse conquistado algum título de expressão no eixo Rio-São Paulo, certamente seu nome seria lembrado para assumir o comando técnico do Brasil. 


Faz parte da galeria dos grandes treinadores do futebol brasileiro. No Sul era chamado de “Santo Milagreiro”. A seriedade na fisionomia era uma marca registrada de sua personalidade. 


Ênio Andrade morreu na capital gaúcha, aos 69 anos, vítima de complicações pulmonares, em 22 de janeiro de 1997.

 

sábado, 6 de novembro de 2021

LARA: O CRAQUE IMORTAL

 


Eurico LARA é gaúcho de Uruguaiana, onde nasceu em 24 de janeiro de 1897. Goleiro do Grêmio entre 1920 e 1935, virou lenda. Mais do que isso: entrou para a história e para o próprio hino do clube, que em um de seus versos faz referência a ele como “o craque imortal”.


O início de sua carreira foi no Esperança de Uruguaiana, sua cidade natal, onde jogou de 1918 a 1920. Alto, forte, de mãos enormes, ágil como um gato, era quase inútil tentar vencê-lo com chutes de longa distância, pois estava sempre bem colocado. Fazia defesas impressionantes, embora não era muito de segurar a bola, preferindo socá-la. Conquistou cinco títulos gaúchos (1921/22/26/31 e 32) em quinze anos como titular, entre os anos de 1920 e 1935. Vestiu a camisa do Grêmio em 217 jogos, com um aproveitamento de 76,8%. 


Em 22 de setembro de 1935, já doente de tuberculose e com ordem dos médicos para não mais atuar, Lara decidiu entrar em campo para o Gre-Nal decisivo do campeonato portalegrense daquele ano, chamado de "Campeonato Farroupilha" por coincidir com os festejos do centenário da Revolução Farroupilha. O Grêmio, com um ponto a menos, precisava vencer o Internacional para levar o troféu. Foi uma de suas maiores atuações com a camisa do Grêmio perante uma torcida maravilhada e sabedora do esforço realizado pelo atleta para poder participar da partida. Vitória do Grêmio por 2 a 0. Lara jogou o primeiro tempo. Foi substituído no intervalo e levado de ambulância para o Hospital Beneficência Portuguesa.


No dia 06 de novembro, dois meses depois do Gre-Nal Farroupilha, o herói gremista morria ainda jovem, aos 38 anos, na capital gaúcha. Uma multidão foi às ruas para chorar a perda de um dos maiores desportistas do país. O enterro de Lara parou Porto Alegre e o atleta entrou para sempre na história do Grêmio e no coração de quem teve o prazer de vê-lo atuar.

 

quinta-feira, 4 de novembro de 2021

ENTREVISTA COM O EX-ZAGUEIRO ALEX, UM CRAQUE QUE MARCOU ÉPOCA NO AMÉRICA-RJ

 


Filho de ucranianos e nascido em Hanover, na Alemanha, em 9 de dezembro de 1945, Alexandre Kammianek veio para o Brasil em 1948 e naturalizou-se brasileiro em 1970, quando fez parte da lista dos 40 pré-convocados para a fase de preparação da Copa do Mundo daquele ano, mas acabou cortado sem chegar a vestir a camisa canarinho, sob o comando do técnico João Saldanha. Por que o Alex nunca mais foi lembrado em uma convocação?

- Em 1970 estava na lista entre os 40 convocados com o técnico João Saldanha e Zagallo. Foi um privilégio ser lembrado, mas como eu era naturalizado e não havia esse intercambio no futebol como o de hoje, acabei não sendo mais lembrado.

 

A paixão pelo futebol começou ainda na adolescência? Aproveitando o gancho, um ídolo e o time de coração de sua juventude?

- Sempre gostei de jogar futebol, mas meus pais eram contra, pois queriam que eu terminasse o curso de mecânico ajustador no SENAI. E somente após o término é que fui liberado por eles para treinar no Aimoré de São Leopoldo-RS. Meus ídolos na adolescência: zagueiro Airton (Grêmio) e Turuca (Aimoré). Desde criança torcia pelo Grêmio.

 

Você iniciou a carreira no interior do futebol gaúcho (Clube Esportivo Aimoré, de São Leopoldo). Chegando ao Rio, em 1967, treinou no Vasco antes de ingressar em definitivo no América. Por que não ficou em São Januário?

- Cheguei ao Vasco devido ao zagueiro Brito estar se transferindo para o Santos, mas não houve acerto e ele retornou. Como eu estava me destacando nos treinos sob o comando do técnico Zizinho, este me indicou ao America-RJ.

 

                                   Alex treinando no Vasco ao lado de Brito e Valdir Appel, entre outros


O time do América da primeira metade dos anos 70 marcou uma geração. Com toda certeza aquele grupo merecia mais do que apenas a conquista da Taça Guanabara de 1974. Ficou alguma frustração por um título de maior expressão que não veio?

- Sim, teve frustrações, a maior delas foi a derrota na Taça Guanabara de 1967.

 

Jogando pelo América você recebeu o Troféu Belfort Duarte por atuar 10 anos sem ser expulso. Um prêmio raro para qualquer jogador de futebol, ainda mais difícil para um zagueiro. Qual era o segredo?

- O meu segredo sempre foi a lealdade e o respeito ao adversário e não reclamar dos árbitros através de gestos.

 

Alex, Edu Antunes, Luisinho Tombo, entre outros, são nomes que fazem parte da história do América. O Alex protegia a retaguarda; Edu era o mestre da criação; e Luisinho o homem-gol. Fale um pouco sobre esses dois companheiros.

- O Edu foi nosso ídolo maior; Luisinho sabia fazer gols.

 

Após receber passe livre do América e ao se transferir para o Sport Recife, em 1979, é verídico o fato que você fez questão de incluir em seu novo contrato uma cláusula para não jogar contra seu ex-clube?

- Foi a maneira que encontrei para demonstrar meu respeito e amor ao clube e à sua torcida ao qual defendi por 13 anos em 673 jogos.

 

Depois de 13 anos jogando no América – entre 1967 e 1979, com 673 jogos disputados – Sport Recife (campeão pernambucano em 1980, onde disputou dois dos três turnos da competição), América (campeão potiguar em 1980), e Moto Clube (campeão maranhense em 1981), você retornou ao futebol carioca e encerrou a carreira no São Cristóvão, em 1982. Chegou a pensar em encerrar a carreira no América?

- Nunca pensei em voltar, pois já havia cumprido a minha missão junto ao America. Encerrei pelo São Cristóvão a pedido do técnico Daniel Pinto, que pretendia subir o São Cristóvão para a 1ª divisão. Atingido esse objetivo, encerrei minha carreira sem despedidas, exatamente como eu queria, sem alarde.

 

Qual foi o acontecimento que mais te marcou no meio esportivo?

- O jogo da despedida do Garrincha e, tive o privilegio de fazer parte dessa história no Maracanã lotado de emoções.

 

Um atacante que tirava o seu sono?

- Meu amigo Dé (era veloz, esperto e sabia cavar faltas e também torcia pelo America).

 

Um técnico que você trabalhou e que merece o seu respeito?

- Comecei a carreira com o Carlos Froner no Aimoré e no America teve o Evaristo de Macedo, Flavio Costa, Zezé Moreira, Otto Gloria, Danilo Alvim, Zizinho, Tim e Amaro. Todos eram feras e, merecem meu respeito, pois a minha disciplina estava em primeiro lugar.

 

Depois de Pelé e Garrincha...

- Depois desses craques o futebol arte foi acabando aos poucos, hoje é futebol força com o preparo físico superando a habilidade.

 

Teve alguma decepção no futebol que deixou cicatrizes?

- A maior decepção foi perder as Taças Guanabara de 1967 e de 1975.

 

O preconceito no futebol existia em sua época de jogador?

- Se existiu eu nem percebi. Enquanto eu atuava pelo America iniciei e conclui minha graduação em Administração de Empresa junto com outros atletas e companheiros como: Badeco, Paulo César, Tadeu, Antunes, dentre outros.

 

Você teve o privilégio de desfilar o seu talento por muitos anos no gramado do maior estádio do mundo. Qual o seu sentimento com relação ao que fizeram com o velho Maracanã?

- Tive o privilegio de jogar por 303 jogos no Maracanã. Em 2007, coloquei meus pés na Calçada da Fama, mas com as mudanças não sei se ainda continua por lá.

 

A perda de jogadores de boa qualidade para o futebol do exterior, muitos saindo ainda jovens, pode ser uma das causas da fragilidade técnica praticada no futebol brasileiro?

- Com certeza contribuiu e também a escassez de campinho de peladas que sumiram com o crescimento das cidades.

 

Como um ex-jogador e profundo conhecedor do nosso futebol, você acredita em um desempenho satisfatório do Brasil na Copa de 2022? 

- Sim, acredito sempre na nossa Seleção.

 

Os campeonatos regionais são viáveis na atual conjuntura do calendário brasileiro?

- Sim, são importantes para dar visibilidade aos novos atletas que, em geral, surgem nos campeonatos estaduais.

 

O VAR veio para ficar?  

- Espero que sim. Se o VAR existisse no período em que eu atuava, o America teria conquistado, no mínimo, quatro campeonatos regionais.

 

Como definir o Neymar em uma palavra?

- Craque.

 

Qual é o jogador que enche seus olhos no futebol brasileiro na atualidade?

- No momento não tenho. Fico muito indignado com tantas simulações e teatros.

 

O que deixa você mais irritado no mundo que vivemos?

- A cara de pau dos políticos que só se preocupam com a reeleição e legislar em causa própria e, infelizmente, quem sofre é o povo.

 

Uma personalidade histórica, de qualquer segmento?

- Sem dúvidas, Pelé.

 

O América perdeu representatividade no cenário estadual há muitos anos. Isso machuca muitos os jogadores que vivenciaram os bons tempos do clube. Você ainda acredita em tempos melhores em curto prazo?

- Minha esperança é de que o America se torne uma empresa. Com investimento grande em categorias de base, somente assim, poderá retornar ao cenário nacional.

 

O que faz atualmente o Alex?

- Hoje estou curtindo a vida. Faço minhas caminhadas e freqüento a academia para manter a forma. Uma vez atleta, sempre atleta!

 

Muito obrigado pela entrevista e faça suas considerações finais.

- Obrigado pelo carinho das torcidas, inclusive adversárias, que mesmo após mais de 40 anos que deixei o futebol como atleta e ainda ser lembrado pela minha conduta profissional. Não fiz mais que minha obrigação, a disciplina e a lealdade sempre fizeram parte da minha vida.

 

Nota do blog: aproveito a oportunidade para fazer um agradecimento por toda atenção desde o primeiro contato solicitando a entrevista. Apenas confirmei tudo o que já imaginava do cidadão Alex: um verdadeiro gentleman.