Quase a metade dos
professores do ensino médio do País dá aulas de disciplinas para as quais não
tem formação específica. O problema atinge redes públicas e escolas privadas e
é mais grave em algumas matérias, como física. Dos 494 mil docentes que
trabalham no ensino médio, 228 mil (46,3%) atuam em pelo menos uma disciplina
para a qual não têm formação. O número de professores com formação adequada em
todas as aulas dadas representa 53,7% do total.
Quase um terço (32,3%)
só dá aulas em matérias para as quais não tem formação específica. Outros 14%
se desdobram entre a área em que são titulados e outras para as quais não são
habilitados. Os dados são do Censo Escolar de 2015 e foram tabulados pelo
Movimento Todos Pela Educação. Na comparação com 2012, o quadro praticamente
não se alterou.
Esse cenário pode
representar um desafio para a diversificação prevista na reforma do ensino
médio, em trâmite no Congresso Nacional por medida provisória. Pela reforma
proposta, as redes e escolas terão que criar linhas de aprofundamento por área
de conhecimento. Os alunos deverão escolher a área de interesse (entre Ciências
da Natureza, Ciências Humanas, Linguagens, Matemática e ensino técnico). Essa
parte flexível deve responder por 40% da grade. “Essas linhas de aprofundamento
exigem um conhecimento além do trivial, o que vai demandar um professor que
entenda das disciplinas e seja bem formado”, diz a presidente do Todos Pela
Educação, Priscila Cruz.
Sociologia,
filosofia e artes registram os piores resultados. Física e química aparecem na
sequência, com um número maior de docentes sem habilitação para a área. Somente
27% dos professores que lecionam física no Brasil, por exemplo, têm a formação
na área. Há mais licenciados em matemática dando essas aulas: são 29,8%. Em
todo o País, 67,5% dos professores de matemática têm formação na área.
No
ensino fundamental, 41% dos professores dão aulas em matérias para as quais não
têm formação. “É importante ressaltar que essa é uma visão quantitativa, e não
dá conta de explicar a qualidade do docente e das aulas”, completa Priscila
Cruz.
Um
professor recebe até 39% a menos do que a média das pessoas de outras carreiras
com o mesmo nível de escolaridade. A docência atrai, por consequência, os
jovens com os piores desempenhos no ensino médio.
UOL Notícias
Nota do Blog: Como exigir um ensino de excelência com todos esses índices apresentados acima? Sobre o salário da classe, não preciso dizer nada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário