quinta-feira, 6 de setembro de 2018

LEÔNIDAS DA SILVA: O DIAMANTE NEGRO

Tim, Leônidas da Silva e Romeu Pellicciari 

Mais do que um craque. Mais do que um ídolo. Leônidas da Silva transformou o futebol em arte com a sua magia de artilheiro. Em campo, executava proezas que pareciam impossíveis aos olhos dos torcedores.  E, com elas, transformou-se num mito dos estádios, o primeiro grande astro do futebol brasileiro. Centroavante técnico, veloz, com grande impulsão e elasticidade, ele logo ganhou o apelido de “Homem Borracha”, devido a seus lances acrobáticos. 

Leônidas nasceu no Rio de Janeiro, em 06 de setembro de 1913. Começou no juvenil do São Cristóvão e com 16 anos já se destacava. Marcou 31 gols em 29 jogos. Teve uma passagem pelo Syrio Libanez - 50 gols marcados em 47 jogos -, e chegou ao Bonsucesso em 1930, quando assinou seu primeiro contrato e ficou até 1932, marcando 55 gols em 51 jogos. No ano seguinte atuou pelo Peñarol, do Uruguai, onde marcou 28 gols em 25 jogos. Voltou logo ao Brasil e brilhou por onde passou. Jogou no Vasco – 29 jogos e 27 gols (campeão carioca de 1934), Botafogo - 36 jogos e 23 gols (campeão carioca em 1935), Flamengo – 148 jogos e 151 gols (campeão carioca em 1939) e São Paulo – 210 jogos e 142 gols (campeão paulista em 1943, 1945/46, 1948/49). Foi no time paulista que encerrou a vitoriosa carreira aos 37 anos.

Quando o São Paulo comprou o seu passe, pela quantia recorde de 200 contos de reis, muitos criticaram o clube. O atacante chegou a ser chamado de “Bonde de 200 Contos”, mas não demorou a dar a resposta em campo. Foram cinco títulos paulistas em sete anos de clube, feito que o transformou num dos grandes ídolos da história do Tricolor. 

Graças ao futebol de Leônidas da Silva, o Flamengo, que já era popular, tornou-se ainda maior. Foi o seu carisma que criou uma geração de rubro-negros nas décadas de 30 e 40. Era o “Diamante Negro” – apelido que originou a marca de chocolate – no auge da sua forma, quando brilhou também pela Seleção Brasileira. Essa denominação veio dos franceses, encantados com seu futebol na Copa de 38.

Disputou duas Copas do Mundo. No Mundial de 34, fez o único gol do Brasil, eliminado ao perder na estreia para a França. Em 1938, tornou-se o grande destaque: foi o artilheiro com sete gols e o melhor atacante da competição. Um dos gols foi de bicicleta, a jogada que o marcou para sempre e que muitos o consideram inventor (ele pode até não ter inventado, mas, no mínimo, foi quem apresentou o lance ao mundo). Vestiu a camisa do Brasil em 37 jogos e marcou 37 gols, sendo 18 oficiais e 20 gols. Foi o primeiro brasileiro a brilhar num Mundial e o primeiro a conquistar a artilharia de uma Copa. 

Leônidas da Silva teve pouco de sua obra documentada. Quando surgiu a primeira emissora de TV no Brasil, em 1950, o craque estava pendurando suas chuteiras. Quando iniciou a carreira, nos anos 20, o futebol sequer era profissional, e ainda não se dava, ao esporte, a importância que ele já merecia. Restaram, por isso, poucas imagens. Apenas raros registros de algumas publicações especializadas, e a memória dos que testemunharam o craque desfilar o jogo elegante e marcar gols em profusão. É um personagem de grande importância para o período de transição entre o regime amador e o profissional, e é impossível compreender o futebol brasileiro sem conhecer um pouco da história deste atacante. 

Leônidas foi um dos principais responsáveis pela elevação da popularidade do futebol no Brasil. Primeiro, pela perfeição com que dava uma bicicleta; segundo, por ter sido o maior astro da Seleção Brasileira de 1938, terceira colocada na Copa do Mundo da França. No fim da década de 30, costumava-se dizer que o Brasil tinha três ídolos: Getúlio Vargas, o Presidente da República, que se notabilizou por sua política populista; Orlando Silva, o “Cantor das Multidões”; e Leônidas da Silva, atacante do Flamengo, campeão carioca em 1939. 

Durante muitos anos Leônidas foi comentarista esportivo do rádio paulista. Sofreu por um longo período de mal de Alzheimer. Tinha câncer de próstata e morreu aos 90 anos de insuficiência respiratória numa clínica geriátrica, em Cotia, interior paulista, em 24 de janeiro de 2004.

 

 


Nenhum comentário:

Postar um comentário