Neste mês de julho começou a campanha política em nosso município, assim como em todo o Brasil, para se eleger prefeitos e vereadores. Esperamos que o clima seja de paz e tranquilidade, que cada candidato venha imbuído do espírito de servir a nossa comunidade e não somente usufruir dos bens materiais e monetários que ela proporciona.
Assistimos em tempos passados cenas que jamais esqueceremos, quando vimos vida sendo ceifadas, confrontos na rua principal entre udenistas e pessedistas, brigas entre irmãos. Vimos um homem enrolado na bandeira do Brasil para não ser espancado pelo adversário, bombas explodindo na Rua das Flores ferindo pessoas e destruindo casas. Miracemenses foram presos na época do integralismo, em 1937, por pertencerem ao partido fundado por Plínio Salgado, cujos participantes usavam camisa verde e gravata preta com um emblema no braço esquerdo (um três ao contrário), desfilavam pela rua e se cumprimentavam levantando o braço e pronunciando a palavra de ordem: anaoê.
Era muito usado naquela época o “curral eleitoral”, onde era servido alimentação para os eleitores e cédulas do partido, levando-os até a urna. Em 1946 tivemos a mudança de quatro prefeitos: Melchíades Cardoso, José Naegle, Homero Padilha e novamente Melchíades. Quando ouvíamos foguetes já sabíamos que o prefeito havia sido trocado.
Tivemos dois candidatos a prefeito que foram eleitos fazendo sua campanha usando bicicleta, que era o meio de locomoção que os mesmos possuíam: José de Carvalho e Olavo Monteiro de Barros.
Somente três mulheres ocuparam o cargo de vereadoras: Maria Nolasco Tostes (Santa), Sotera Cardoso Cruz e Gicelda Coelho de Oliveira, que em pouco tempo renunciou.
Mas também havia a parte cômica, em que Oscarina, mulher do Gamelão, ao discursar por muito tempo, perguntava se não havia uma mulher à-toa para lhe dar um copo d’água; o Rolando ao ler o discurso dizia: “eu perdi a linha”; outro, ao falar de cima de um caminhão, no distrito de Venda das Flores, fazendo referência ao seu oponente, disse: “eu fui afastando, afastando”, e foi se afastando até cair de cima do caminhão. Havia um negro apelidado Brigadeiro, que andava descalço por ter os pés cheios de cravos, e, ao começar o seu discurso, sempre dizia, com sua voz rouca e um pouco cavernosa: “lá em Volllllta Redonnnda!”.
A energia elétrica sempre faltava em nossa cidade. Na época da Companhia Força e Luz Norte Fluminense, sempre ligavam o microfone numa bateria. A luz faltava e o microfone continuava funcionando. Um candidato a vereador, por sinal advogado, não sabendo que o mesmo estava ligado, ao fazer o seu discurso, a luz apagou, e um gaiato qualquer gritou: “desce daí cachaça”. E ele respondeu, de cima do palanque: “Cachaça é a P.Q.P”.
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