Aos 74 anos de idade,
Telê Santana da Silva veio a óbito tendo como causa falência múltipla dos
órgãos, na capital mineira, em 21 de abril de 2006, depois de ficar por
cerca de um mês internado devido a uma infecção intestinal, que desencadeou uma
série de outras complicações.
Telê Santana foi um
guerreiro na luta pela vida, pois desde 1996 estava com a saúde debilitada,
depois de sofrer uma isquemia cerebral durante exames de rotina. No começo de 1997,
chegou a fechar contrato para ser o técnico do Palmeiras, mas seus problemas de
saúde impediram que assumisse o cargo. Teve que abandonar o futebol e viu a sua
saúde debilitar-se bastante, com problemas na fala e na locomoção, entre
outros. Apesar de debilitado, acreditava que poderia voltar a trabalhar e, nos
dias de mau humor, culpava a família por "impedi-lo". Em 2003, teve parte da
perna amputada após uma cirurgia de revascularização.
Nascido em Itabirito-MG,
em 26 de julho de 1931, Telê como jogador marcou época no Fluminense e como
treinador deixou o seu nome na história do nosso futebol. Foi técnico de várias
equipes e também trabalhou no mundo árabe.
Sempre dizia que o seu grande mestre como treinador foi Zezé Moreira,
que foi seu técnico no Fluminense da década de 50, e de quem era amigo íntimo.
Telê era o técnico do
Atlético Mineiro na conquista do Campeonato Brasileiro de 1971. Sempre teve o
respeito do torcedor do Galo. Também virou ídolo do São Paulo, sendo o
comandante do time paulista nas conquistas da Taça Libertadores e do Mundial
Interclubes, na primeira metade dos anos 90. Até hoje tem o seu nome gritado
pela torcida são-paulina.
Iniciou sua carreira no Fluminense sendo campeão de juvenis em 1949 e 1950 e promovido para os profissionais em 1951. A partir daí despontou seu melhor futebol e conseguiu suas maiores conquistas como atleta. Era chamado de “O Fio de Esperança” pela torcida do Fluminense, por ser muito magro e também por decidir partidas nos minutos finais. "Enquanto Telê estivesse em campo, não havia jogo perdido para o Fluminense", escreveu o cronista Nélson Rodrigues.
Atacante polivalente, de boa
técnica, inteligência tática, foi um dos pioneiros em recuar para ajudar o
meio. Talvez tenha sido o primeiro “jogador tático” do futebol brasileiro, pois
tinha uma grande movimentação dentro das quatro linhas. Vestiu a camisa Tricolor em 558 jogos e marcou 163 gols. Foi campeão
carioca em 1951 e 1959, e do Rio-São Paulo em 1957. Entre os anos de 1960 e
1963, atuou por Guarani, de Campinas, Madureira e Vasco, onde encerrou a
carreira.
Como treinador da Seleção na Copa do Mundo de 1982, implantou uma forma de jogo que encantou tanto os torcedores brasileiros como os do resto do mundo, com um futebol bonito e envolvente, aclamado como o melhor da época. Apesar de grande desempenho, foi derrotada pela Itália e eliminada da competição. O Brasil jogava por um empate e não conseguiu segurar o ímpeto do time italiano, comandado por Paolo Rossi.
Na
Copa do Mundo de 1986, no México, buscou valorizar a experiência e montou uma
equipe com jogadores remanescentes de 1982, alguns já em fim de carreira.
Criticado anteriormente por não exigir muita disciplina dos jogadores, retornou
ao comando da Seleção em janeiro de 1986, bem mais vigilante, o que resultou no
corte do ponta-direita gremista Renato Gaúcho, quando este chegou tarde à
concentração. Como consequência, o melhor amigo do jogador, o lateral Leandro,
pediu dispensa da equipe. A Seleção foi eliminada da Copa de forma invicta, em
uma disputa de pênaltis contra a França. Telê ficou marcado com a pecha de
"pé-frio" por parte da imprensa brasileira. Seu retrospecto como
técnico do Brasil em partidas oficiais foi o seguinte: 52 jogos, 37 vitórias,
10 empates e 5 derrotas.
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