quinta-feira, 28 de agosto de 2025

ESTÁDIO MUNICIPAL PLÍNIO BASTOS DE BARROS - MIRACEMA-RJ

 


 

 

Em dezembro do corrente ano completará 70 anos. Será que o mesmo estará em condições de jogo? Ao longo dos últimos anos o descaso do poder público com o estádio é uma aberração. Como desportista e miracemense apaixonado por essa terra, procuro e não encontro palavras para expressar minha indignação.

 

As obras para a construção do estádio foram iniciadas em 27 de março de 1954. Quase dois anos depois, em 23 de dezembro de 1955, ocorreu a inauguração do Estádio Municipal Plínio Bastos de Barros, em Miracema. O jogo inaugural foi entre a seleção de Miracema e o Americano, de Campos, que derrotou o time local por 3 a 1.

 

Antes da inauguração do novo estádio, o campo de futebol era cercado por bambus e localizado no terreno onde hoje se encontra instalada a escola Prudente de Moraes.

 

Plínio Bastos de Barros foi prefeito de Miracema entre outubro de 1951 e janeiro de 1955. Dentro desse período, afastou-se do cargo por 10 dias, entre 12 e 22 de dezembro de 1954, sendo substituído por Odilon Barroso Botelho. Quando da inauguração do estádio, o prefeito era o Dr. Moacyr Junqueira.

 

Na gestão do prefeito Jamil Cardoso foi inaugurado os refletores, numa época em que só os grandes centros do país possuíam esse privilégio. Em 03 de maio de 1964, no aniversário de 28 anos de emancipação do município, foi realizada uma grande festa e o primeiro jogo noturno na cidade, entre os rivais Miracema e Tupan, que terminou empatado em 2x2. Há de se registrar que a 1ª Exposição Agropecuária e Industrial foi realizada em maio de 1965, no estádio municipal.

 

Por esse gramado já desfilou diversos craques do futebol brasileiro em partidas amistosas e festivas. Jogadores em início de carreira e outros já aposentados – que nos brindaram com sua presença em Miracema:

Gerson Canhota, Germano, Beirute, entre outros, com o juvenil do Flamengo, em 1960; ainda em 1960, o Canto do Rio, de Niterói, que disputava o campeonato carioca, jogou contra o Flamengo de Miracema e empatou por 3 a 3; Zezé Moreira trouxe um time misto do Fluminense no início dos anos 60; Ademir Menezes, o Queixada, também deixou seus gols; Amaro, ex-América e Corinthians; o artilheiro botafoguense Quarentinha; o gênio Garrincha com a Seleção de Master no final dos anos 70, na cia de Brito, Djalma Dias, Nei Conceição, Afonsinho e o atacante Michey, entre outras feras; o folclórico Fio Maravilha; o artilheiro Bebeto, após a conquista do Mundial de Juniores no México, em 1983, esteve por aqui defendendo a Seleção Carioca da categoria ao lado de Mamão e Clóvis (Vasco), Eduardo e Ricardo Gomes (Fluminense), Hugo e Adalberto (Flamengo), Helinho (Botafogo), Demétrio (Campo Grande); o master do Flamengo com Zé Carlos e País (goleiros), Rondinelli, Andrade, Adílio, Leandro Ávila, Nélio, Beto, Julio César Uri Geller, Nunes, entre outros; a Seleção Carioca Master com Carlos Germano, Pimentel, Mauro Galvão, Odvan, Túlio, Donizete Pantera, Athirson, Sorato, Iranildo, Duílio e etc... Parei por aqui para não ser injusto com outros tantos jogadores.

 

Jogando nesse estádio, no amistoso do Miracema contra o Goytacaz, em 1976, Orlando Fumaça recebeu o convite para treinar no time campista. Célio Silva, antes de se apresentar ao Americano, fez seu último jogo pelo Vasquinho contra o Operário pelo campeonato municipal, em fevereiro de 1986. Não preciso mencionar quantos craques da “Santa Terrinha” – parodiando o amigo e conterrâneo José Maria de Aquino – que também desfilaram por esse gramado fazendo a galera vibrar e cada um escrevendo sua história no futebol miracemense.

Ainda sobre esse estádio, também foi um dos pioneiros da região na construção do túnel de acesso do vestiário ao campo de jogo, e que durante muitos anos ficou desativado por motivos que desconheço. Após uma ampla reforma, no governo do prefeito Gutemberg Damasceno, o túnel foi reaberto para a alegria de todos.

 

Esse estádio é um patrimônio da cidade e merece todos os cuidados devidos do poder público. Há de se ressaltar que o mesmo vem perdendo parte de sua área. Primeiro para a construção de uma quadra, denominada Jair Nascimento (Jair Polaca), que, convenhamos, é merecedor de uma homenagem bem mais representativa. Recentemente, um espaço muito maior foi designado para a instalação de um cinema. E, por último, um espaço próximo à quadra foi cedido a um grupo de torcedores do Botafogo (como sede), que se reúnem em dias de jogos. Espero que esse desmembramento tenha se encerrado.

 

A bem da verdade, o futebol local, e não é de hoje, praticamente inexiste em nível de competição. O Paraíso Esporte Clube, do 2º distrito de Paraíso do Tobias, ultimamente vem representando o município em competições regionais. Por sinal, o Estádio Francisco Chacour se encontra em boas condições e sob os cuidados de dois ex-jogadores que honraram a camisa do Paraíso Esporte Clube em seus bons tempos: Osni Prudêncio e Marcus Assad.

 

quarta-feira, 27 de agosto de 2025

PARABÉNS AO ESPORTE CLUBE RIBEIRO JUNQUEIRA!

 


Tradicionalíssimo clube de Leopoldina, da Zona da Mata mineira, completa 114 anos de sua fundação neste dia 27 de agosto.

 

O melhor momento do Dragão da Zona da Mata foi no final dos anos 80 e início dos anos 90, quando conquistou a terceira divisão do Campeonato Mineiro e foi vice-campeão da segunda divisão do Estadual.

 

No ano de 1991 o Ribeiro Junqueira chega à elite do futebol mineiro, estando compreendido a chave 2 daquele campeonato. O clube ficou na mesma chave do Atlético Mineiro e o Democrata de Governador Valadares. Mais a fraca campanha fez com que o clube fosse eliminado. Disputou o Grupo da Morte, onde os dois últimos foram rebaixados para o Módulo II do Campeonato Mineiro de 1992.

 

Nota: transcrevo a seguir dois parágrafos exemplificando a forte ligação do Ribeiro Junqueira com um craque miracemense, e a história do clube com Telê Santana.

 

A juventude chegou e com ela Maninho partiu para realizar o sonho de criança. Miracema ficou pequena e a cidade mineira de Leopoldina, na Zona Mata, recebeu de braços abertos o jovem jogador que, aos 21 anos, começou a sua trajetória defendendo as cores do E. C. Ribeiro Junqueira, um time quase imbatível naquela época em toda a região. Até hoje tem o seu nome reverenciado na história do clube, junto aos demais companheiros que formaram, senão o melhor, um dos maiores esquadrões do Ribeiro Junqueira. Em 2011, nas comemorações do centenário, Maninho foi homenageado pelo clube mineiro. Representado pelo seu filho – Celso – foi entregue uma placa comemorativa pela sua atuação no “ESCRETE DE OURO”, na década de 40. São poucos os clubes profissionais do Brasil que reverenciam e prestam homenagens aos seus ídolos. O clube mineiro tem por tradição tratar com muito carinho e respeito seus ex-jogadores.

 

Com relação a esse time do Ribeiro Junqueira, o Brasil ficou conhecendo sua fama através dos depoimentos de Telê Santana. Na preparação para a Copa do Mundo de 82, na Espanha, nas páginas da revista Placar, o ex-técnico lembrou aquele time que tanto marcou a vida do menino Telê – com técnica e talento ao lado de tática e preparo físico. Doze anos depois, precisamente em 28 de agosto de 1994, em uma entrevista concedida ao Jornal do Brasil, Telê voltou a citar que foi inspirado nesse time que brilhou no interior de Minas, na década de 40, que ele montou a Seleção de 82 e o São Paulo campeão mundial interclubes de 92: Manganga, MANINHO e Baptista; Itim, Domício e Quadrado; Vicente, Geraldinho, Daher, Caturé e Elair. Assim ele descreveu: “Eu digo que, aos 11 anos de idade, vi um time jogar lá na minha terra, em Itabirito, e nunca mais esqueci a sua escalação. Fiquei abismado ao ver um time jogar tão bem, eles jogavam por música. O time era o Ribeiro Junqueira, de Leopoldina, no interior de Minas Gerais, e tinha a camisa parecida com a do Flamengo. Esse time jogou em todo o interior de Minas e ganhou de todo mundo”. Essa história ficou tão marcante em sua vida, que na sua biografia “Fio de Esperança”, tem um tópico dedicado ao Ribeiro Junqueira.

 

segunda-feira, 11 de agosto de 2025

YASHIN: O ARANHA NEGRA

 


O ex-goleiro Lev Ivanovich YASHIN, mais conhecido pelo apelido de “Aranha Negra”, nasceu na cidade de Moscou, na Rússia, no dia 22 de outubro de 1929. Em 1984 teve uma perna amputada devido a um problema circulatório e em 1986 teve um derrame cerebral. Em 1990, o exagero no cigarro e na vodka o acometeu de um câncer no estômago que acabou levando-o à morte, em 20 de março, aos 60 anos, em Moscou. É considerado por muitos especialistas o maior goleiro de todos os tempos. Tinha ótima colocação e muita segurança na área.

 

Yashin se destacava pela antevisão dos lances. Pela posição do adversário, a maneira como enquadrava o corpo, ou mesmo a forma como batia na bola, Yashin já começava o movimento de defesa. “A maior qualidade de um goleiro é intuir as ações do atacante. Desse modo pode-se destruí-lo psicologicamente”, costumava dizer. Sua colocação também era lendária. Os punhos e as mãos grandes amorteciam os chutes mais potentes, sem espalhafato ou acrobacias. Era ainda favorecido pela boa estatura (1,88 m) e pelos longos braços.

 

Não só pelas roupas pretas que usava que lhe deram o apelido de “Aranha Negra”, mas também porque revolucionou a maneira de jogar no gol. Ele foi o primeiro a sair jogando além da pequena área e às vezes até mesmo fora da área.

 

O lendário goleiro soviético disputou 326 partidas pelo Dínamo de Moscou, seu único clube, de 1951 a 1970. Pela Seleção Russa – estreou em 1952 – atuou em 78 partidas e disputou três Copas do Mundo: 1958, 1962 e 1966.

 

Em 1963, Yashin foi o primeiro jogador soviético a receber o prêmio de Melhor Jogador Europeu, dado pela revista France Football. Em 1998, foi eleito o goleiro da seleção européia de todos os tempos por 130 jornalistas do continente.

 

Por muito pouco o futebol não perdeu Yashin. Antes de jogar futebol, o atleta era goleiro de hóquei no gelo. Fã do futebol brasileiro, em 1965 ele conseguiu uma licença para visitar o país. Escolheu o Rio de Janeiro. Passava as manhãs na praia e as tardes no Flamengo, onde mantinha a forma e treinava os goleiros do clube. Foi chamado para Moscou antes que começasse a pensar bobagens...

 

 

O DESUNIDO E CONFUSO FUTEBOL FLUMINENSE

 


Nota: transcrito da Revista Placar edição nº 270, de 30 de maio/1975. “Garoto do Placar” – Pesquisa Mauro Pinheiro.

 

O futebol, no antigo Estado do rio, sempre foi complexo. Principalmente pela desorganização e desunião entre as Ligas que dominam o futebol fluminense.

 

Assim, existem campeonatos isolados reunindo clubes de uma mesma cidade ou região. E as principais Ligas estão em Campos, Friburgo, Petrópolis, Volta Redonda, Niterói e Barra do Piraí.

O primeiro campeonato oficial do Estado começou em 1928 como Campeonato Fluminense de Seleções. Mas, a cada ano, perdia ainda mais sua suposta importância. Em 1930, 1932, 1933, 1937, 1946, 1949, 1957 e 1959, não foi disputado. De 1941 as 1945, os municípios foram representados por clubes campeões. Em 1952 surgiu um campeonato paralelo que durou a te 1966. E, a partir de 1962, passou a ser disputado de dois em dois anos.

 

Neste campeonato fluminense de seleções sagraram-se campeões: 1928, 29 e 31, Niterói; 1934, Barra do Piraí; 1935, Niterói; 1936, Campos; 1938, Niterói; 1939, Campos; 1940, Campos e Friburgo; 1941, Niterói (Icaraí); 1942, Barra do Piraí (Royal); 1943, Niterói (Icaraí); 1944 e 45, Petrópolis (Petropolitano e Serrano, respectivamente); 1947, Campos; 1948, Petrópolis; 1950, 51 e 52, Barra do Piraí; 1953 e 54, São Gonçalo; 1955, Três Rios; 1956, Friburgo; 1958, Itaperuna; 1960 e 61, Friburgo; 1962, Barra Mansa; 1964 e 66, Macaé; 1968 e 70, Petrópolis; 1972, Friburgo e 1974, Campos.

 

Em 1952, a Federação organizou um novo campeonato reunindo os principais clubes de cada cidade. O primeiro campeão foi o Adrianino, de Paulo de Frontin. Mas este novo campeonato também não vingou. E, 14 anos depois, ele acabaria para a volta dos campeonatos isolados das Ligas que até hoje imperam no futebol fluminense.

 

No final do ano passado, quando a CBD manifestou a ideia de colocar um clube fluminense no Campeonato Brasileiro, a Federação do Estado do Rio resolveu reorganizar o campeonato estadual de clubes. Abriu inscrições, mas apenas seis agremiações se apresentaram para o torneio: Barbará, de Barra Mansa; Fluminense, de Friburgo; Flamengo, de Volta Redonda; Tiradentes, que é de São Gonçalo, mas joga na Liga de Niterói; e Americano e Sapucaia, de Campos.

 

E o campeonato começou dia 16 de fevereiro deste ano com o objetivo de indicar o representante fluminense no Brasileiro. O segundo turno mal começara e a CBD resolveu convidar o Americano de Campos. O campeonato perdeu a graça e o Sapucaia acabou vencendo-o. Hoje defende seu direito conquistado em campo: representar o Estado do Rio no Brasileiro de 1975.

 

O Americano, convidado pela CBD como campeão da Liga de Campos e que tem como estrela principal o atacante Messias, chegou às finais do campeonato fluminense com o Sapucaia. Ambos com 14 pontos ganhos e 6 perdidos. Partiram, então, para uma série melhor de quatro pontos.

 

Na primeira partida, dia 27 de abril, o Americano perdeu por 1 a 0. Mas ganhou a segunda pelo mesmo resultado, dia 1º de maio. Na terceira, dia 4 de maio, um melancólico empate de 0 a 0 forçou a quarta partida. E, nessa, o Sapucaia venceu por 4 a 2 e conquistou o título. Mesmo assim, o Americano está com sua participação garantida pelo convite no próximo Campeonato Brasileiro.  

 

Minhas considerações: Messias (foto que ilustra a postagem), do Americano, citado no penúltimo parágrafo, é um dos grandes ídolos da história do time campista. Nascido em Porciúncula, na região Noroeste do estado do Rio de Janeiro, Messias já não está mais entre nós.