sexta-feira, 13 de novembro de 2020

FALTANDO MEMÓRIA?

Zezé e Aymoré defendendo o América, em 1933


Aírton no Cruzeiro, em 1966
Existe uma frase que define muito bem o nosso povo: “brasileiro não tem memória”.  Infelizmente, essa é uma verdade que, de fato, ocorre conosco.  Povo sem memória é gente sem história, não é isso que você, amigo leitor, já leu e ouviu muitas vezes?


Miracema tem diversas personalidades que são merecedoras de todas as nossas homenagens. Tenho orgulho de resgatar no meu blog alguns nomes e mostrar um pouco de suas trajetórias nos caminhos que escolheram para trilhar e fazer sucesso, não somente no segmento esportivo, mas em qualquer área.

Falando especificamente sobre os irmãos Moreira, Miracema contribuiu com dois técnicos que já dirigiram a Seleção Brasileira. Como miracemense e colecionador de um vasto material sobre a história deles, tenho muito orgulho dos irmãos AYMORÉ, ZEZÉ E AIRTON MOREIRA. Eles fizeram a nossa cidade conhecida no cenário futebolístico, não só em nível nacional, mas também, internacionalmente.

Portanto, poucas cidades ou até mesmo nenhuma, no interior do nosso imenso Brasil, tiveram a honra de possuir três grandes treinadores, dois deles dirigindo a Seleção Brasileira em Copas do Mundo e, acima de tudo, sendo irmãos, como a nossa. Já ouvi comentários que eles haviam esquecidos de Miracema, pois ficaram muitos anos sem visitar a terra natal, e por essa razão, não são merecedores de receber uma homenagem mais representativa.  Sem querer defendê-los, a profissão que exerciam impedia de ter residência fixa.

Uma coisa eu posso afirmar: eles nunca negaram nas entrevistas e depoimentos ao longo da carreira, a cidade onde nasceram e, principalmente, as suas histórias passadas na infância da pequena Miracema, antes de partirem para o Rio de Janeiro em busca de seus objetivos. 

Zezé Moreira comandou a Seleção no primeiro título conquistado no exterior, o Campeonato Pan-Americano realizado no Chile, em 1952. Dirigiu também a Seleção na Copa do Mundo de 1954, na Suíça. Aymoré Moreira foi o técnico na brilhante conquista da Copa do Mundo de 1962, por coincidência, também realizada no Chile. Os dois se destacaram dirigindo os principais times brasileiros e alguns do exterior. Aírton Moreira, apesar de não ter sido técnico da Seleção, marcou época no futebol mineiro sendo o comandante da excelente equipe do Cruzeiro formada na década de 60, que desbancou o Santos na final da Taça Brasil, em 1966, com duas vitórias nos jogos finais. Equipe essa que revelou Tostão, Dirceu Lopes, entre outros craques.

Zezé morreu em 10 de abril e Aymoré, três meses depois, em 26 de julho. Aírton morreu mais novo, aos 56 anos, em 22 de novembro de 1975. Terminou assim, a última dinastia familiar do futebol brasileiro, que durante muitos anos fez parte da história do esporte nesse país. Zezé, Aymoré e Aírton conseguiram um fato raro mundialmente falando, quando três irmãos, à mesma época, destacaram-se desempenhando a mesma função: técnico de futebol.

Deixo aqui uma mensagem ao Executivo e Legislativo para que se faça uma homenagem concreta a esses cidadãos que tanto fizeram pelo futebol brasileiro. Algumas que já receberam em vida, ainda são pequenas, e os mais jovens precisam conhecer a linda trajetória desses ícones. O tempo não pode apagar o que eles construíram em uma vida dedicada ao esporte. Coloco-me à disposição para o que for necessário na elaboração de algum plano de ação.

Sem querer fazer nenhum tipo de comparação, apenas no sentido ilustrativo, a cidade vizinha de Recreio (MG) homenageou seu filho ilustre e ex-jogador do Fluminense, o atacante Zezé, com um busto em praça pública, em maio de 2014. São reconhecimentos do tipo que mantêm viva a história de um cidadão e também da própria cidade.  


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