quarta-feira, 26 de novembro de 2025

HÁ COISAS QUE SÓ ACONTECEM AO BOTAFOGO – POR ROBERTO PORTO

 


Nota: transcrito do Jornal dos Sports, ano 2004, na série especial em comemoração ao centenário do Botafogo.

 

Grande injustiça é perpetrada até hoje contra um dos mais folclóricos times de futebol que já adentraram o Maracanã. Trata-se do Botafogo de 1977, apelidado de Time do Camburão pelo repórter Deni Menezes.

Abatido psicologicamente com a venda da histórica sede de General Severiano para a Vale do Rio Doce, em 76, o Botafogo chegou ao ano de 77 carecido de afirmação. O que fazer diante da verdadeira catástrofe? Marechal Hermes, com todo respeito, assemelhava-se a um desterro. Os inimigos do Glorioso babavam de alegria.

Diante do quadro desolador, o presidente Charles Borer, com a mais elogiável das intenções, tentou mudar o medonho quadro de decrepitude reforçando o departamento de futebol. O fato é que, trocando e comprando, de repente o Botafogo virou uma espécie de refúgio de jogadores talentosos e problemáticos. Passaram a desfilar com a camisa da Estrela Solitária: Perivaldo, Manfrini, Mário Sérgio, Renê, Rodrigues Neto, Gil, Dé, Ubirajara Alcântara e Paulo César Lima, que se juntaram a Osmar, Ademir Vicente, Luisinho Rangel e outros. Foi misturar pólvora com fogo. Botafogo.

Foi então que num belo domingo de sol e de clássico no Maracanã, o repórter Deni Menezes encontrava-se à espera do ônibus que conduzia a delegação alvinegra.  Dotado de rara sensibilidade, Deni, em determinado momento, abriu o microfone e chamou o comando da jornada: “Atenção, José Carlos Araújo: acaba de chegar o Time do Camburão...”

Pelo que me recordo, a Rádio Nacional quase saiu do ar, tantas foram as gargalhadas que a informação provocou. Os mais bem dotados de memória ainda podem escalar o time com Ubirajara, Perivaldo, Osmar, Renê e Rodrigues Neto; Luisinho Rangel, Ademir Vicente, Mário Sérgio e Paulo César; Gil e Manfrini. Na verdade, a essa altura do campeonato o que importa não é exatamente o fato e sim a versão. E o Time do Camburão passou à história do Maracanã como o que reuniu o maior número de nômades que o futebol brasileiro já teve notícias. Nômades meio belicosos esclareçam-se.  

Justiça seja feita, Charles Borer, com toda a experiência de dono de empresa de segurança bancária, fez o possível e o impossível para enquadrar o Time do Camburão. Não houve jeito. Zezé Moreira, respeitável e veterano, abandonou o barco. Telê Santana saiu apavorado de Marechal Hermes. Paulistinha, campeão pelo clube em várias oportunidades, não durou mais do que cinco jogos no comando.

Quando a situação parecia incontornável, Charles Borer decidiu enquadrar o Time do Camburão. E simplesmente contratou o delegado Luiz Mariano para técnico e o então Homem de Ouro Hélio Vígio para preparador físico. Mas os jogadores acabaram atraindo os dois integrantes da briosa Polícia Civil para seu lado. Os treinos eram uma festa.  

Mas, a rigor, o que fez de notório o Time do Camburão? Ao que consta, nada. Pelo que estou informado, os ânimos só ficavam ligeiramente exaltados nas enfadonhas viagens de ônibus para Campos e Volta Redonda.  Para matar o tempo, alguns jogadores viajavam armados. E, tal qual nos filmes de caubói, quando a caravana passava por uma cidade, da janela do coletivo os jogadores disparavam seus trabucos para o alto, numa espécie de saudação às comunidades. Qualquer semelhança com o bando de Jesse James ou da dupla Butch Cassidy/Sundance Kid deverá ser debitada na conta da mera coincidência. Mas que era apavorante, isso era. Sinceramente.

Há gente do maior gabarito que garante que o time era festeiro, nada mais do que festeiro. O bando de Lampião era bem pior.




ANTES DO CAMBURÃO, TIMAÇO FEZ HISTÓRIA A BORDO DE UM TRANSATLÂNTICO.




O Campeonato Carioca de 1954 foi terminar em fevereiro de 1955 e o Botafogo ficara muito mal colocado. E logo após a recontratação de Zezé Moreira, para dar um jeito no departamento de futebol, o clube tinha pela frente um sério compromisso: uma exaustiva excursão à Europa, acertada pelo empresário José da Gama, com nada menos do que 18 jogos a cumprir em curto período. É óbvio que o treinador pouco ou nada pôde fazer. Formou um grupo, convocou alguns reservas imediatos e tomou o rumo do Velho Mundo. A base era a do ano anterior: Gilson (Lugano), Orlando Maia, Gérson dos Santos (Thomé) e Nilton Santos; Pampolini (Danilo) e Juvenal; Garrincha (Neivaldo), Ruarinho, Vinícius, Dino e Hélio (Quarentinha).

A chefia da delegação, estrategicamente, foi entregue ao jornalista e benemérito do clube Sandro Moreyra. Sandro tinha comprovada e amistosa ascendência sobre os jogadores. E a diretoria do Botafogo estava cansada de saber que não bastariam Zezé Moreira e Paulo Amaral, os durões, para controlar um grupo tão heterogêneo.

O avião que conduziu a delegação do Botafogo, um pesado e resfolegante Constelation da Panair, chegou a Madri com horas de atraso. A rigor, pode-se dizer que o Real já estava em campo enquanto os jogadores do Botafogo, no vestiário, tiravam o paletó e a gravata do terno de viagem e vestiam às pressas o uniforme. O resultado: um inesperado empate em 2 a 2 na estréia.

Ao longo das 18 partidas, o Botafogo jogou na Espanha, França, Dinamarca, Holanda, Suíça, Itália e Tchecoslováquia. Mas não havia lógica: o time atuava na Espanha, viajava para a França, regressava novamente para cumprir um compromisso na mesma Espanha e assim por diante. Foram ao todo 12 vitórias, quatro empates e apenas duas derrotas, uma para o Tenerife (2 a 1) e outra para o Racing de Paris (4 a 2).

Na manhã seguinte à vitória por 4 a 0 do Botafogo sobre o combinado Juventus-Torino, um guia turístico teve a infeliz ideia de levar a delegação alvinegra à Basílica de Superga, numa elevação nas proximidades de Turim. Lá, em 1949, o avião do Torino espatifara-se na montanha, depois de bater de raspão com a asa na torre da igreja. Não houve sobreviventes no acidente que entrou para a história do futebol como a “Tragédia de Superga”. Durante a visita, ocorreu uma surpresa desagradabilíssima: em torno da basílica, com a torre já reconstruída, ambulantes vendiam, como recordação turística aos visitantes, pedaços do avião que conduzira o Torino à morte. Aqui era um pneu, ali um pedaço enegrecido de poltrona, mais adiante parte da fuselagem, fotos dos cadáveres carbonizados dos jogadores, objetos pessoais encontrados nos destroços... Enfim, um lúgubre comércio, digno de filme de terror.

O resultado? Pânico nas hostes alvinegras. Os jogadores, ainda com compromissos a cumprir na Tchecoslováquia, tremiam de pavor com a aproximação da viagem aérea de volta. Já no hotel, depois do jantar, uma comissão formada pelos jogadores mais experientes procurou Sandro Moreyra com um apelo: voltar para o Brasil de navio. Com mais quatro partidas para cumprir na Tchecoslováquia, Sandro cedeu. O Botafogo retornaria da Europa singrando, por duas semanas, o Oceano Atlântico.

Conta o folclore – e às vezes a versão é mais deliciosa do que o fato – que a viagem a bordo do Conte Grande foi uma maravilha. Num navio de luxo, alojados em confortáveis camarotes, os jogadores conviveram 14 longos dias com milionários excêntricos, louras frívolas e desfrutáveis, e muitos drinques. Garrincha, por exemplo, estava sempre com uma garrafa de Coca-Cola nas mãos, sorvendo alegremente seu refrigerante. Só que, após subornar o garçom, a Cola-Cola misturada ao rum se transformava numa saborosa Cuba-Libre.

 

DOIS ANOS LONGE DE CASA

 

Lá pelas tantas, perdidos em viagens de trem, ônibus e aviões, sem a mínima ideia de idiomas, países e atormentado com a diferença do fuso horário, o ponteiro-esquerdo Hélio – que tinha o apelido de Boca de Sandália – perdeu a noção de tempo e espaço. Já não sabia quando havia deixado o Brasil. A história, obviamente, foi contada a este repórter pelo brilhante Sandro. E como tal vou passá-la na íntegra.

Um certo dia, cabisbaixo, Hélio aproximou-se de Sandro e perguntou:

- Chefe, há quanto tempo estamos viajando?

Sandro foi curto na resposta:

- Há dois anos, Hélio.

Simplório ao extremo, o jogador se queixou:

- Olha, seu Sandro, a essa altura minha mulher e meus filhos, lá em Olaria, devem estar pensando que eu morri.

De imediato, o chefe da delegação alvinegra encontrou a solução:

- Escreva uma carta para a família, rapaz...

Foi então que Hélio apresentou um problema insolúvel:

- O caso, seu Sandro, é que nós estamos viajando há tanto tempo que esqueci o endereço lá de casa...

 

 

domingo, 19 de outubro de 2025

DARÍO PEREYRA: RAÇA E TÉCNICA A SERVIÇO DO FUTEBOL

 


Alfonso DARÍO PEREYRA Bueno é uruguaio de Sauce, onde nasceu em 19 de outubro de 1956. Zagueiro voluntarioso, técnica refinada, raça acima da média, forte espírito de liderança. Jogava de cabeça erguida, com muita firmeza e seriedade. Ótimo na cobertura e na antecipação, sempre bem colocado e um gigante no jogo aéreo. Se fosse preciso atuava em outras posições. Um dos mais completos zagueiros que vi jogar.

 

Entrou para a história do São Paulo, sendo considerado um dos seus melhores zagueiros. Chegou ao Tricolor para jogar como apoiador, sua posição de origem, para resolver os problemas do meio-campo do São Paulo. No entanto, acabou como mestre da defesa.

 

Quando o zagueiro Oscar desembarcou no Morumbi, vindo do Cosmos de Nova York, em 1980, estava formada uma das mais perfeitas duplas defensivas de todos os tempos na história do São Paulo. O talento de Darío e a garra de Oscar se completavam, conforme descrito no Almanaque do São Paulo, por Alexandre da Costa, em 2005.

 

Sua adaptação ao futebol brasileiro não foi imediata, e o uruguaio não conseguia repetir as boas atuações que o consagraram pelo Nacional e pela seleção do seu país. O problema foi resolvido quando, numa emergência, o técnico Rubens Minelli decidiu improvisar o apoiador como quarto-zagueiro. Ele se saiu muito bem e não deixou mais a posição até 1988, quando saiu do São Paulo.

Atuou no Nacional (campeão uruguaio em 1976), São Paulo – 451 jogos e 38 gols (campeão paulista em 1980/81, 1985, 1987, e do brasileiro em 1977 e 1986), Flamengo – 12 jogos, Palmeiras – 32 jogos e 1 gol, e Matshushita/Japão (campeão da Copa do Imperador), onde encerrou a carreira em 1992.

 

Disputou a Copa do Mundo de 1986 e vestiu a camisa da Celeste em 34 jogos e marcou 14 gols.

 

 

quarta-feira, 3 de setembro de 2025

DULCE ROSALINA: PRIMEIRA-DAMA DAS ARQUIBANCADAS

 


DULCE ROSALINA Ponce Leon nasceu na capital carioca em 07 de março de 1934. Começou a frequentar os estádios desde nova, e por sua assiduidade, foi convidada, em 1956, para comandar a Torcida Organizada do Vasco (TOV), na época um fato inédito, tornando-se a primeira mulher a chefiar uma torcida. As histórias mostram que Dulce, realmente, cumpriu bem a sua missão no comando de uma organizada. Apesar do preconceito, aceitou o desafio e caracterizou sua participação pela presença nos estádios, independentemente do lugar, e pelas brincadeiras sadias que a faziam sempre respeitada pelos torcedores de outros clubes.


Em 1976, deixou a Torcida Organizada do Vasco, já que o grupo apoiava, na eleição presidencial do clube, o candidato Agathyrno da Silva Gomes, enquanto ela apoiava Medrado Dias, o candidato da oposição. Ao deixar a TOV criou a Renovascão, outra torcida organizada.


Folclórica, uma de suas mais saborosas histórias dava conta de que, seu marido, o ex-jogador Ponce Leon, na época de jogador de Bonsucesso, Botafogo e São Paulo, não poderia vencer o Vasco, sob pena de apanhar quando chegasse em casa. 


A mais antiga chefe de torcida do país, conhecida como a “primeira-dama das arquibancadas”, morreu aos 69 anos, de insuficiência cardíaca, em 19 de janeiro de 2004, no Rio de Janeiro. O Vasco perdeu a sua torcedora símbolo.


A prefeitura do Rio de Janeiro decidiu homenageá-la ao dar seu nome a uma rua próxima ao Estádio de São Januário. Ela foi um exemplo de pioneirismo na luta das mulheres por espaço e voz dentro do futebol.

quinta-feira, 28 de agosto de 2025

ESTÁDIO MUNICIPAL PLÍNIO BASTOS DE BARROS - MIRACEMA-RJ

 


 

 

Em dezembro do corrente ano completará 70 anos. Será que o mesmo estará em condições de jogo? Ao longo dos últimos anos o descaso do poder público com o estádio é uma aberração. Como desportista e miracemense apaixonado por essa terra, procuro e não encontro palavras para expressar minha indignação.

 

As obras para a construção do estádio foram iniciadas em 27 de março de 1954. Quase dois anos depois, em 23 de dezembro de 1955, ocorreu a inauguração do Estádio Municipal Plínio Bastos de Barros, em Miracema. O jogo inaugural foi entre a seleção de Miracema e o Americano, de Campos, que derrotou o time local por 3 a 1.

 

Antes da inauguração do novo estádio, o campo de futebol era cercado por bambus e localizado no terreno onde hoje se encontra instalada a escola Prudente de Moraes.

 

Plínio Bastos de Barros foi prefeito de Miracema entre outubro de 1951 e janeiro de 1955. Dentro desse período, afastou-se do cargo por 10 dias, entre 12 e 22 de dezembro de 1954, sendo substituído por Odilon Barroso Botelho. Quando da inauguração do estádio, o prefeito era o Dr. Moacyr Junqueira.

 

Na gestão do prefeito Jamil Cardoso foi inaugurado os refletores, numa época em que só os grandes centros do país possuíam esse privilégio. Em 03 de maio de 1964, no aniversário de 28 anos de emancipação do município, foi realizada uma grande festa e o primeiro jogo noturno na cidade, entre os rivais Miracema e Tupan, que terminou empatado em 2x2. Há de se registrar que a 1ª Exposição Agropecuária e Industrial foi realizada em maio de 1965, no estádio municipal.

 

Por esse gramado já desfilou diversos craques do futebol brasileiro em partidas amistosas e festivas. Jogadores em início de carreira e outros já aposentados – que nos brindaram com sua presença em Miracema:

Gerson Canhota, Germano, Beirute, entre outros, com o juvenil do Flamengo, em 1960; ainda em 1960, o Canto do Rio, de Niterói, que disputava o campeonato carioca, jogou contra o Flamengo de Miracema e empatou por 3 a 3; Zezé Moreira trouxe um time misto do Fluminense no início dos anos 60; Ademir Menezes, o Queixada, também deixou seus gols; Amaro, ex-América e Corinthians; o artilheiro botafoguense Quarentinha; o gênio Garrincha com a Seleção de Master no final dos anos 70, na cia de Brito, Djalma Dias, Nei Conceição, Afonsinho e o atacante Michey, entre outras feras; o folclórico Fio Maravilha; o artilheiro Bebeto, após a conquista do Mundial de Juniores no México, em 1983, esteve por aqui defendendo a Seleção Carioca da categoria ao lado de Mamão e Clóvis (Vasco), Eduardo e Ricardo Gomes (Fluminense), Hugo e Adalberto (Flamengo), Helinho (Botafogo), Demétrio (Campo Grande); o master do Flamengo com Zé Carlos e País (goleiros), Rondinelli, Andrade, Adílio, Leandro Ávila, Nélio, Beto, Julio César Uri Geller, Nunes, entre outros; a Seleção Carioca Master com Carlos Germano, Pimentel, Mauro Galvão, Odvan, Túlio, Donizete Pantera, Athirson, Sorato, Iranildo, Duílio e etc... Parei por aqui para não ser injusto com outros tantos jogadores.

 

Jogando nesse estádio, no amistoso do Miracema contra o Goytacaz, em 1976, Orlando Fumaça recebeu o convite para treinar no time campista. Célio Silva, antes de se apresentar ao Americano, fez seu último jogo pelo Vasquinho contra o Operário pelo campeonato municipal, em fevereiro de 1986. Não preciso mencionar quantos craques da “Santa Terrinha” – parodiando o amigo e conterrâneo José Maria de Aquino – que também desfilaram por esse gramado fazendo a galera vibrar e cada um escrevendo sua história no futebol miracemense.

Ainda sobre esse estádio, também foi um dos pioneiros da região na construção do túnel de acesso do vestiário ao campo de jogo, e que durante muitos anos ficou desativado por motivos que desconheço. Após uma ampla reforma, no governo do prefeito Gutemberg Damasceno, o túnel foi reaberto para a alegria de todos.

 

Esse estádio é um patrimônio da cidade e merece todos os cuidados devidos do poder público. Há de se ressaltar que o mesmo vem perdendo parte de sua área. Primeiro para a construção de uma quadra, denominada Jair Nascimento (Jair Polaca), que, convenhamos, é merecedor de uma homenagem bem mais representativa. Recentemente, um espaço muito maior foi designado para a instalação de um cinema. E, por último, um espaço próximo à quadra foi cedido a um grupo de torcedores do Botafogo (como sede), que se reúnem em dias de jogos. Espero que esse desmembramento tenha se encerrado.

 

A bem da verdade, o futebol local, e não é de hoje, praticamente inexiste em nível de competição. O Paraíso Esporte Clube, do 2º distrito de Paraíso do Tobias, ultimamente vem representando o município em competições regionais. Por sinal, o Estádio Francisco Chacour se encontra em boas condições e sob os cuidados de dois ex-jogadores que honraram a camisa do Paraíso Esporte Clube em seus bons tempos: Osni Prudêncio e Marcus Assad.

 

quarta-feira, 27 de agosto de 2025

PARABÉNS AO ESPORTE CLUBE RIBEIRO JUNQUEIRA!

 


Tradicionalíssimo clube de Leopoldina, da Zona da Mata mineira, completa 114 anos de sua fundação neste dia 27 de agosto.

 

O melhor momento do Dragão da Zona da Mata foi no final dos anos 80 e início dos anos 90, quando conquistou a terceira divisão do Campeonato Mineiro e foi vice-campeão da segunda divisão do Estadual.

 

No ano de 1991 o Ribeiro Junqueira chega à elite do futebol mineiro, estando compreendido a chave 2 daquele campeonato. O clube ficou na mesma chave do Atlético Mineiro e o Democrata de Governador Valadares. Mais a fraca campanha fez com que o clube fosse eliminado. Disputou o Grupo da Morte, onde os dois últimos foram rebaixados para o Módulo II do Campeonato Mineiro de 1992.

 

Nota: transcrevo a seguir dois parágrafos exemplificando a forte ligação do Ribeiro Junqueira com um craque miracemense, e a história do clube com Telê Santana.

 

A juventude chegou e com ela Maninho partiu para realizar o sonho de criança. Miracema ficou pequena e a cidade mineira de Leopoldina, na Zona Mata, recebeu de braços abertos o jovem jogador que, aos 21 anos, começou a sua trajetória defendendo as cores do E. C. Ribeiro Junqueira, um time quase imbatível naquela época em toda a região. Até hoje tem o seu nome reverenciado na história do clube, junto aos demais companheiros que formaram, senão o melhor, um dos maiores esquadrões do Ribeiro Junqueira. Em 2011, nas comemorações do centenário, Maninho foi homenageado pelo clube mineiro. Representado pelo seu filho – Celso – foi entregue uma placa comemorativa pela sua atuação no “ESCRETE DE OURO”, na década de 40. São poucos os clubes profissionais do Brasil que reverenciam e prestam homenagens aos seus ídolos. O clube mineiro tem por tradição tratar com muito carinho e respeito seus ex-jogadores.

 

Com relação a esse time do Ribeiro Junqueira, o Brasil ficou conhecendo sua fama através dos depoimentos de Telê Santana. Na preparação para a Copa do Mundo de 82, na Espanha, nas páginas da revista Placar, o ex-técnico lembrou aquele time que tanto marcou a vida do menino Telê – com técnica e talento ao lado de tática e preparo físico. Doze anos depois, precisamente em 28 de agosto de 1994, em uma entrevista concedida ao Jornal do Brasil, Telê voltou a citar que foi inspirado nesse time que brilhou no interior de Minas, na década de 40, que ele montou a Seleção de 82 e o São Paulo campeão mundial interclubes de 92: Manganga, MANINHO e Baptista; Itim, Domício e Quadrado; Vicente, Geraldinho, Daher, Caturé e Elair. Assim ele descreveu: “Eu digo que, aos 11 anos de idade, vi um time jogar lá na minha terra, em Itabirito, e nunca mais esqueci a sua escalação. Fiquei abismado ao ver um time jogar tão bem, eles jogavam por música. O time era o Ribeiro Junqueira, de Leopoldina, no interior de Minas Gerais, e tinha a camisa parecida com a do Flamengo. Esse time jogou em todo o interior de Minas e ganhou de todo mundo”. Essa história ficou tão marcante em sua vida, que na sua biografia “Fio de Esperança”, tem um tópico dedicado ao Ribeiro Junqueira.

 

segunda-feira, 18 de agosto de 2025

O DIA SERÁ PEQUENO PARA HOMENAGEAR O MESTRE JOSÉ MARIA DE AQUINO

 

                                                                             Na redação da Revista Placar em 1980

Neste dia 18 de agosto é o aniversário de uma pessoa muito especial, que, além de ser conterrâneo e amigo, é um profissional de alto nível e que honra como poucos a profissão de Jornalista Esportivo. Sem sombra de dúvidas, é um dos mais importantes e respeitados do nosso país, com atuação de destaque no jornal, televisão e repórter – de 1970 a 1982 – da Revista Placar, quando se afastou para trabalhar na Rede Globo e logo foi designado para ser um dos comentaristas da emissora na Copa do Mundo de 1982, na Espanha.

 

Em um país manchado por um mar de corrupção e de pessoas públicas que só nos envergonham, José Maria de Aquino – também formado em Direito – é o oposto de tudo isso. Um jornalista de reputação ilibada, que construiu uma linda história dentro do meio esportivo. História essa que está viva na memória de todos com uma trajetória extremamente profissional e exemplar, pautada na ética, credibilidade e transparência, praticando o bem e ajudando na formação de diversos profissionais da área. É uma grande referência no meio esportivo.

 

Uma das grandes bênçãos da vida é a experiência que os anos vividos nos concedem. Aniversariar é uma amostra das oportunidades que temos de aprender a contar os nossos dias. Que a sabedoria conquistada no passar dos anos, seja apenas um incentivo para futuras vitórias. Hoje e sempre, merece muitos abraços e homenagens. Que Deus, nosso Pai, ilumine ainda mais seu caminho, com muita saúde e paz, e que continue com essa força interior que é um exemplo para todos nós.

segunda-feira, 11 de agosto de 2025

YASHIN: O ARANHA NEGRA

 


O ex-goleiro Lev Ivanovich YASHIN, mais conhecido pelo apelido de “Aranha Negra”, nasceu na cidade de Moscou, na Rússia, no dia 22 de outubro de 1929. Em 1984 teve uma perna amputada devido a um problema circulatório e em 1986 teve um derrame cerebral. Em 1990, o exagero no cigarro e na vodka o acometeu de um câncer no estômago que acabou levando-o à morte, em 20 de março, aos 60 anos, em Moscou. É considerado por muitos especialistas o maior goleiro de todos os tempos. Tinha ótima colocação e muita segurança na área.

 

Yashin se destacava pela antevisão dos lances. Pela posição do adversário, a maneira como enquadrava o corpo, ou mesmo a forma como batia na bola, Yashin já começava o movimento de defesa. “A maior qualidade de um goleiro é intuir as ações do atacante. Desse modo pode-se destruí-lo psicologicamente”, costumava dizer. Sua colocação também era lendária. Os punhos e as mãos grandes amorteciam os chutes mais potentes, sem espalhafato ou acrobacias. Era ainda favorecido pela boa estatura (1,88 m) e pelos longos braços.

 

Não só pelas roupas pretas que usava que lhe deram o apelido de “Aranha Negra”, mas também porque revolucionou a maneira de jogar no gol. Ele foi o primeiro a sair jogando além da pequena área e às vezes até mesmo fora da área.

 

O lendário goleiro soviético disputou 326 partidas pelo Dínamo de Moscou, seu único clube, de 1951 a 1970. Pela Seleção Russa – estreou em 1952 – atuou em 78 partidas e disputou três Copas do Mundo: 1958, 1962 e 1966.

 

Em 1963, Yashin foi o primeiro jogador soviético a receber o prêmio de Melhor Jogador Europeu, dado pela revista France Football. Em 1998, foi eleito o goleiro da seleção européia de todos os tempos por 130 jornalistas do continente.

 

Por muito pouco o futebol não perdeu Yashin. Antes de jogar futebol, o atleta era goleiro de hóquei no gelo. Fã do futebol brasileiro, em 1965 ele conseguiu uma licença para visitar o país. Escolheu o Rio de Janeiro. Passava as manhãs na praia e as tardes no Flamengo, onde mantinha a forma e treinava os goleiros do clube. Foi chamado para Moscou antes que começasse a pensar bobagens...