sábado, 8 de abril de 2023

JAGUARÉ: DE ESTIVADOR A ÍDOLO DO FUTEBOL FRANCÊS

 


Jaguaré Bezerra de Vasconcelos nasceu no Rio de Janeiro em 14 de junho de 1905. Antes de se tornar jogador profissional, Jaguaré era estivador no cais do porto. Cada vez que estufava o peito para segurar numa só mão sacos de cinqüenta quilos de farinha de trigo, havia sempre uma enorme assistência para bater palmas. Jaguaré jogava peladas no bairro da Saúde, onde era conhecido como “Dengoso”, quando foi descoberto pelo zagueiro Espanhol, que o levou para um teste em São Januário.

 

Entrou no clube de tamanco e camisa fora da calça e num tempo só acabou com o treino. O ataque titular não o venceu nenhuma vez. Foi imediatamente inscrito na Liga, não sem antes o Vasco empregar um professor particular para lhe ensinar a assinar o próprio nome nas súmulas. A partir daí, teve uma carreira fulminante. No mesmo ano em que estreou no Vasco, em 1928, tornou-se titular da seleção Brasileira. No ano seguinte foi campeão carioca pelo Vasco. Jaguaré gostava de rodar a bola na ponta do indicador após cada defesa, que muitas vezes fazia com uma só mão, inclusive nos pênaltis, segundo a lenda.

 

Em 1931, depois de uma vitoriosa excursão do Vasco a Portugal e Espanha, foi contratado pelo Barcelona, juntamente com Fausto, o “Maravilha Negra”. Retornou ao Brasil em 1934 para defender o Corinthians, onde fez 15 jogos e sofreu 13 gols. Nas temporadas de 1935/36, seu destino foi Portugal, para jogar no Sporting, e de lá para o Olympique Marseille, da França, onde foi campeão nacional em 1937 e da Copa da França em 1938. Deixou em solo francês um rastro luminoso de fama, com o apelido de “Le Jaguar”. Na final da Copa da França de 1938, o jogo estava empatado em 1 a 1, quando, no segundo tempo, foi marcado um pênalti para o Olympique. Jaguaré atravessou o campo e se ofereceu para cobrar o penal que podia valer o título. Bateu e fez o gol da vitória por 2 a 1. Por esse feito é tido como primeiro goleiro a marcar um gol em partida oficial. Em solo europeu aprontou algumas que fazia no Brasil e não eram aceitas por lá. Num jogo pela Copa da França, fez uma defesa de bicicleta. Quase que foi demitido. E outras mais...

 

Ainda jogou no Acadêmico Futebol Clube, de Portugal. Acossado pelo perigo da Segunda Guerra, retornou ao Brasil em definitivo e, em decadência, encerrou tristemente a carreira no São Cristóvão, em 1940. Chegou sem um tostão. Jaguaré gastou todo o dinheiro que ganhou na Europa, e não foi pouco, pelas esquinas da vida. Voltou a ser estivador e quando falava do seu passado, todos riam e não acreditavam no ex-goleiro.

 

É creditado a Jaguaré o pioneirismo, no Brasil, de ser o primeiro goleiro a usar luvas. Ele trouxe a inovação após sua passagem pelo futebol europeu durante os anos 30, conforme conta Paulo Guilherme, autor do livro “Heróis e Anti-Heróis da Camisa 1”: “Na sua estreia na Europa, Jaguaré usou luvas feitas de couro. Só que ele não estava preocupado com a melhora de seu rendimento, apenas não estava acostumado com o frio”. Numa de suas vindas da Europa ao Brasil, Jaguaré apareceu em São Januário e treinou usando luvas, o que foi uma novidade inusitada. Por isso alguns dizem que ele introduziu o uso de luvas para goleiros no Brasil.

 

Há várias versões para a morte de Jaguaré, sabendo-se apenas que sua morte foi precoce, em 27 de agosto de 1946, aos 41 anos. Algumas fontes afirmam que Jaguaré havia se envolvido em uma briga e que foi espancado até a morte por policiais. Em outra versão, diz que após ser preso, acabou batendo a cabeça na parede, sendo transferido para o Manicômio Judiciário de Franco da Rocha (mais conhecido como Juquery), sendo hospitalizado e falecendo pouco depois. Há ainda, uma terceira versão que diz que Jaguaré foi esfaqueado. Porém, nenhuma das fontes é dita como verdadeira.

 

Há divergências também em relação à data de seu nascimento: algumas fontes apontam para 14 de maio, outras para 14 de julho. Diz-se que o próprio jogador ignorava o dia em que nasceu.

 

Fonte: Wikipédia com acréscimos.

 

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