sábado, 30 de julho de 2016

RIO OLÍMPICO PRA QUEM?


Promessas de melhorias que os moradores de favela não viram na zona norte do Rio.

Eles se negam a reconhecer o Rio de Janeiro como uma cidade olímpica. As melhorias provocadas pelo evento passam longe de suas casas. Anfitriões, sentem-se excluídos dos Jogos.

“Olimpíadas, que Olimpíadas? Nunca teve nada disso por aqui, não”, diz Turia Matos, 62, da favela de Manguinhos. “A única coisa que mudou foi a fachada das vias expressas que eles tamparam para que as pessoas de fora não possam ver”, diz Liliane de França, 35, do Complexo da Maré. “Existem duas áreas que são de concentração olímpica. E essas áreas não são o Rio de Janeiro”, reflete Mariluce de Souza, 34, do Complexo do Alemão.

O Rio foi eleito para sediar os Jogos em 2009, com a promessa de que entregaria uma cidade “nova e melhor” para a população. Sete anos depois, a zona oeste ganhou faixas exclusivas de ônibus, no centro o VLT chama a atenção de turistas e moradores e até setembro o metrô deve abrir um prolongamento ligando a região à zona sul. Também foi erguido um Parque Olímpico, que deve ser entregue à iniciativa privada, e a zona portuária teve parte de sua estrutura remodelada.

No início de julho, o prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes, declarou ser “loucura dizer que não foram feitos investimentos nas áreas mais pobres da cidade”.

No entanto, dentre os 161 bairros em que se dividem os mais de 6 milhões de moradores, são poucos os que podem ostentar mudanças dignas do título de legado. E é justo nas áreas mais pobres, especialmente na zona norte da cidade, que a palavra tem menos eco.

Foi pensando no Rio que passa longe da televisão e dos roteiros tanto dos Jogos quanto dos turistas que devem lotar a capital fluminense a partir da próxima semana que o UOL visitou três das áreas com menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do município a fim de entender até que ponto a cidade merece o adjetivo "olímpica".


UOL Notícias 

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