quinta-feira, 13 de outubro de 2016

QUAL O BRASIL QUE QUEREMOS? POR GABRIEL ROSTEY


Jamais pensei que viveria um tempo que veria pessoas comuns - como eu e você - criticando punição a políticos poderosos, e dizendo que "é preciso colocar um freio na polícia e no judiciário". Também nunca acreditaria que veria as mesmas pessoas comuns atacando uma medida de um governo (que passa a valer para ele próprio, inclusive) que impõe um limite para os gastos públicos. É simplesmente surreal! 

E o pior é ver os argumentos que usam, do tipo "isso não garante a qualidade dos gastos". Ora, e gastar muito garante? Pode-se gastar bem ou mal, gastando pouco ou muito, é indiferente. Mas se a pessoa gasta mal, dentro do que pode, não compromete o futuro, "só" deixa de melhorar; já se gasta mal, e além do que pode, condena o futuro. Não é difícil de entender isso, né?

Mas o mais assustador para mim é que se colocam contra uma medida que coloca um limite para os políticos. Ou acham que algum governante não gostaria de torrar o que pudesse e o que não pudesse na sua gestão? Até outro dia, o governo anterior falava em aumento de impostos e volta da CPMF, justamente porque era fácil: torrava à vontade e depois jogava a conta para "os trouxas aqui".

Independentemente de apoiar ou ser oposição ao atual governo, o fato é que é uma questão tão básica controlar o gasto público, que não deveria haver polêmica quanto a isso. Mas usam as papagaiadas de sempre de "saúde e educação" como escudo. Não há nenhum corte em saúde e educação. Se o governante quiser cortar, sei lá, da publicidade, para aumentar os investimentos em saúde, ele tem total autonomia. Só vai precisar tirar de algum lugar, e não gastar ao bel prazer para depois aumentar as dívidas ou os impostos (em um dos países com mais alta carga tributária do mundo).

O irônico é que quando são divulgados estudos e rankings que mostram que a nossa educação é um das piores do mundo, e só vem piorando ainda mais, essas mesmas pessoas que usam a educação como argumentos não se indignam.

E este é só o começo. Essas mesmas pessoas continuarão atuando contra outras questões determinantes para o futuro do País, como a Reforma da Previdência (o sistema de hoje é insustentável e garante uma quantidade enorme de privilégios a determinados grupos) e a Trabalhista. Mentirão ou espalharão mentiras a rodo, inclusive. Por isso, quem quer que o Brasil corrija seus rumos, deve pensar duas vezes antes de acreditar ou ajudar a divulgar ataques às reformas. Que procure mais fontes e tente se informar primeiro. Porque, infelizmente, essas pessoas hoje representam o atraso, e em nome de suas ideologias, defendem posições que prejudicam o Brasil e elas próprias.

Nota do blog: A crônica é muito pertinente e, como bem frisou acima, "independentemente de apoiar ou ser oposição ao atual governo", algo tem que ser feito para tirar o país do caos que se encontra. A população continuará pagando um alto custo por tantos desmandos e incompetência de gestão.

Gabriel Rostey é sócio fundador do Site No Ângulo e possui Mestrado em Planejamento Urbano e Regional, MBA em Gestão Estratégica e estudou Turismo com Especialização em Planejamento e Gestão Turística.


2 comentários:

  1. Tinha um professor que gostava de um escritor e um aluno tinha a mesma predileção. Parodiando o escritor o professor falava para o aluno: Nós, os bons, somos poucos! No caso, são poucos os que criticam a atuação da PF e do judiciário. A imensa maioria da população está com a Lava Jato e contra os desmandos dos políticos.

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  2. Curiosamente eu tive um professor de Lógica na Gama Filho, esqueci o nome da peça, que sempre cantarolava uma canção chamada "O Conteúdo" de Caetano Veloso, uma canção pouco conhecida mas para quem era ou é uma especie de Caetanólogo como eu, também a conhecia, o fato é que ele cantava e eu sorrateiramente assobiava no fundo da sala, mas nunca dava oportunidade dele descobrir quem emitia aquele som. E os meses se passavam e nada de descobrir. Num determinado dia, quase no final do período, desesperado pra saber quem emitia aquele som, disse algo assim: Nós, eu e o assobiante, e só nós dois, sabemos do "conteúdo" mas só eu tenho a coragem de aparecer enquanto o seu "conteúdo" o sopro leva. Aprendi a lição, "não importa apenas ter o "conteúdo" temos que demonstra-lo.

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