quinta-feira, 22 de abril de 2021

GARRINCHA NO CRUZEIRO...

 


Em um desses jogos Brasil afora, no ano de 1973, Garrincha vestiu a camisa de um dos maiores clubes do país, o Cruzeiro, em uma história que é pouco conhecida e lembrada nos dias de hoje e, como quase tudo na vida de Mané, repleta de aspectos curiosos.

O Cruzeiro disputava a Taça Minas Gerais com o time principal. Convidado para um jogo festivo contra o Democrata-MG, em comemoração aos 35 anos de emancipação política de Governador Valadares, mandou para a cidade um time misto, reforçado por nomes como Evaldo, que se recuperava de contusão, e Joãozinho, que se tornaria o maior ponta-esquerda da história do clube, então com 18 anos. O expressinho cruzeirense foi comando por Benecy Queiroz, preparador físico na época e atual supervisor de futebol da Raposa.

A principal atração da festa era a presença de Mané Garrincha, que jogaria pelo Democrata-MG. Isso, somado à popularidade do Cruzeiro no leste de Minas, lotou o estádio e encheu a torcida local de expectativa. Acontece, porém, que o técnico da Pantera, no dia anterior ao jogo, anunciou que não escalaria Garrincha em seu time, sob a alegação de que Mané não havia feito sequer um treino com os companheiros. Dirigentes do clube teriam dito que o Democrata-MG não pagaria um centavo para ter o jogador em seu time, e que ele é quem deveria pagar se quisesse jogar pela Pantera.

Com o bicampeão mundial barrado, os organizadores do evento se viram enrascados, já que os torcedores estavam ansiosos para ver Garrincha. A solução, então, foi tentar encaixá-lo no Cruzeiro. Uma pequena comitiva foi até o hotel do time da capital, para tentar resolver o impasse.

Na verdade, não houve impasse nenhum. O Cruzeiro aceitou prontamente ter Garrincha no time.

- Garrincha me perguntou o que era para fazer em campo. Disse pra ele jogar tranquilamente. Dei a camisa do Cruzeiro para ele, que atuou bem. Ele era muito humilde, tanto que veio perguntar o que tinha que fazer - disse o então técnico Benecy Queiroz.

Garrincha jogou apenas o primeiro tempo e, mesmo longe de ser brilhante, encantou companheiros de time, adversários e torcedores presentes ao estádio, simplesmente por ter participado da partida. 


Fonte: globo.com/ge (matéria assinada por Marco Antônio Astoni e Diego Souza). 

 

DEMOCRATA 0 x 3 CRUZEIRO

Data: 30/1/1973

Local: Mamudão, em Governador Valadares-MG

Gols: Evaldo (2) e Aender.

Democrata: Juvenal, Zelito (Hélio), Bentinho, França e Jairo (Cotinha); Luizinho (Mauricio), Roberto Felipe (Paulo Mariante) e Wellington; Zeca (Carlinhos), Dé e Piolho.

Cruzeiro: Vitor; Pedro Paulo, Camilo (William), Misael e Geraldo Galvão; Toninho Almeida, Pirulito e Aender; Garrincha (Alexandre), Evaldo e Joãozinho.


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