segunda-feira, 19 de abril de 2021

TESOURINHA: UM CRAQUE MUITO ALÉM DOS PAMPAS


 

TESOURINHA E ADEMIR MENEZES


Osmar Fortes Barcelos, o popular Tesourinha, nasceu na capital gaúcha em 3 de dezembro de 1921. Atacante hábil, perfeito domínio de bola e precisão nos passes e cruzamentos. Driblava, chutava, criava jogadas e fazia muitos gols, tudo com muita perfeição e com os dois pés.


Foi um jogador de muitas qualidades técnicas e com passagens marcantes por Internacional, Vasco, Grêmio e Nacional, de Porto Alegre, onde encerrou a carreira em 1957. Após se retirar dos gramados ele explicou sobre o seu apelido em uma reportagem da extinta revista Manchete Esportiva, de 1958.

- Começa que eu não era o Tesourinha. Esse apelido herdei do meu falecido irmão. Um garoto cheio de vida e futebol. Sofreu uma contusão, o negócio arruinou, não havia penicilina e o mano morreu mesmo. Para espanto dos meninos da pelada e da vizinhança inteira. Ficaram comigo, talvez marca da fábrica, as pernas esquisitas. Quando voltei às peladas sobrava-me a homenagem, coisa mesmo de garoto – eu seria o Tesourinha, o responsável pelo passado de bom futebol do meu irmão 


Tesourinha quando jogou no Grêmio, acabou com o racismo no clube, que não aceitava negros até a sua chegada. É considerado por muitos o melhor atacante da história do futebol gaúcho. Na condição de um dos maiores jogadores da história do Internacional, conquistou pelo Colorado os títulos gaúcho de 1940/41/42/43/44/45/47 e 48).


A sua ida para o Vasco, em 1949, foi considerada uma fortuna na época. Teve bons momentos em São Januário, mas sua passagem foi marcada por algumas contusões que o impediu de mostrar o seu verdadeiro futebol. Mesmo assim, participou da conquista do campeonato carioca de 1950. Marcou 21 gols em 50 jogos pelo Vasco.


Em 1952, Tesourinha foi contratado pelo Grêmio e ficou conhecido por quebrar um tabu de ter sido o primeiro atleta negro da história a jogar no clube.


Em janeiro de 1949, Tesourinha venceu o concurso nacional “Melhoral dos Craques do Brasil de 1948”, com a participação das torcidas. Ele recebeu a notícia através da Rádio Nacional do Rio de Janeiro que tinha sido eleito com 3.888.440 votos. Seu prêmio foi um apartamento, no bairro carioca da Tijuca, oferta da Cibrasil, avaliado em 215.000 cruzeiros. A primeira colocação nesse concurso retrata a importância de Tesourinha para o futebol. Naquela época, um jogador fora do eixo Rio-São Paulo ganhar um concurso com uma votação tão expressiva, foi surpreendente.


Na seleção, foi titular absoluto por cinco anos seguidos. Tinha participação certa na Copa do Mundo de 1950, formando o ataque titular ao lado de Zizinho, Ademir, Jair e Chico, mas sofreu uma grave lesão nos meniscos na véspera que o deixou de fora da competição. Acompanhou a Copa numa cama de hospital. Pela Seleção foram 23 jogos e 10 gols, todos oficiais.


Morreu novo, aos 57 anos, vitimado por um câncer no estômago, na capital gaúcha, em 17 de junho de 1979.

 

 

3 comentários:

  1. Interessante é o fato dos principais goleadores do Internacional em uma década,serem os ponteiros direito e esquerdo. Carlitos, o esquerdo, fez 450 gols e é o maior artilheiro do time.

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  2. Jogadores como Tesourinha não existem mais. Hoje estes pernas de pau só jogam por dinheiro, e tem uns jornalistas sem conhecimento de causa que dizem que o futebol brasileiro evoluiu. Que lamentável.

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