sexta-feira, 1 de abril de 2022

FESTIVAL DA CANÇÃO DE MIRACEMA: A SEMENTE FOI PLANTADA NO FINAL DOS ANOS 60 – POR GILSON COIMBRA

 




Nota: transcrito do Blog O Vagalume, publicado em 25 de abril de 2009.

 

Porque fui o escolhido? Pelo que disse na outra comunidade? Agradeço pela distinção e pela oportunidade que estou tendo pra contar um pouco da esquecida história deste Festival. Como começou, no fundo... no fundo... eu não sei embora tenha participado ativamente da realização de pelo menos 4 deles (1969, 1970, 1971 e 1972). Acontece que o Grêmio Estudantil Alberto de Oliveira, do antigo Colégio Nossa Senhora das Graças, foi o responsável pelo nascimento do Festival em 1969. Se você me permite, preciso fazer aqui uma introdução que acho necessária para resgatar os acontecimentos que culminaram com a criação do Festival.

 

O GEAO, como nós o chamávamos carinhosamente (eu, o Luciano Mercante, o Guilherme Mercante, o Reginaldo Rizzo (grande presidente), o Afonso Leitão, o Mauro do Prof. Manuel Soutinho, a Natércia Rossi, a Bebel e muitos outros amigos) foi reestruturado na esteira dos grandes movimentos estudantis em meados da década de 60, para, juntamente com o GLERB, Grêmio Lítero Esportivo Rui Barbosa, do Colégio Miracemense, comandado por nosso amigo Carlos Luiz, revolucionar a juventude miracemense com brincadeiras dançantes, concursos de Rainha dos Estudantes, torneios de futebol de salão, etc. Nessa época, revolucionamos o Colégio N. S. das Graças, dirigido pela Profª Oraide Alves e pelo Prof. Darcy Anibal, com a transformação de seu auditório em nosso QG. Lá fizemos uma reforma... um grande mural numa das paredes (aquilo era meu orgulho)... uma colagem de fotos idealizada pelo Luciano (grande amigo que tive...) que causou alguma polêmica mas que foi um sucesso. Existia uma porta lateral, de madeira, onde fiz 4 desenhos em cartolina para cobri-la. Não tínhamos grana e a criatividade teria que ser exercitada. Um dos quatro desenhos era a figura legendária do Che Guevara (este desenho que se encontra nas camisetas hoje em dia... ele fumando um charuto). Veja só minha pretensão... tivemos que tirá-lo.

 

Os outros 3 desenhos nem me lembro quais eram (infelizmente não tenho nenhuma foto). Pois bem, o Grêmio, durante os anos em que fui diretor juntamente com esses amigos, transformou os nossos finais de semana... montamos uma excelente discoteca, fizemos muitos concursos, palestras, movimentando a vida cultural de nossa Miracema. Cabe aqui dizer do apoio TOTAL E IRRESTRITO da direção da escola. Eles traçaram para nós apenas, em linhas gerais, o pensamento da direção e nunca tivemos um atrito sequer... nem no caso do desenho do Che pois entendemos perfeitamente o posicionamento dos diretores. Foi um período riquíssimo para nós, posso afirmar... pelo menos pra mim foi.


Em 1968, com o término do Científico, me mudei pra Niterói e deixei para trás minha paixão, estruturada e mais viva do que nunca.

 
Na esteira de tudo isso, em 1969, recebi o convite dos meus amigos que ficaram em Miracema (não me lembro quais eram os diretores do Grêmio na época, infelizmente), em ajudar na organização do I FESTIVAL ESTUDANTIL DA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA DE MIRACEMA. Não fiz muito, pois naquela época estudava pra fazer vestibular, mas ainda pude contribuir com alguns desenhos para que fosse confeccionado o logotipo do Festival (aquele que aparece naquela foto de jornal onde se encontram o Carlos Gualter e Zilda Santos um tanto velha, mas que guardo com carinho). Aquele time do Grêmio era vencedor... nem eu acreditava que pudesse dar em algo mais importante aquele Festival. E deu no que deu... sucesso absoluto. Aliás, ainda se usa o Hino de Abertura original escrito pelo Josemar Tostes Poly? ("Miracema canta... na voz do seu povo as mais lindas canções...")

 
Fala-se muito no Carlinhos Gualter, com razão, mas não podemos nos esquecer do Zé Cristóvão, o Josemar, o Adilson "Penacho", a Maria do Carmo, Flávio Ney Macedo, Fernando Nascimento, e muitos outros participantes daquele que foi o primeiro de uma série vitoriosa. Na organização, além da chefia do Prof. Darcy e dos que já citei acima, tinha ainda a Pingo, o Dua, o Júlio, o João do Ulisses, amigos saudosos.


No segundo ano, 1970, já sucesso absoluto, participei ativamente da realização já que havia perdido o vestibular... voltado pra Miracema pra esperar o concurso da metade do ano (naquela época não existia a proliferação de Faculdades que existe hoje... sempre havia um vestibular de meio de ano pra preencher as vagas que sobravam) e, aí sim... mergulhei de cabeça na organização. Aqui entra o Fernando Miguel, jornalista de Miracema que trabalhava em Niterói e que nos abriu as portas dos jornais do Rio. Aí sim, foi quando o Festival cresceu... a música vencedora, "Apostasia", de um rapaz de Bom Jesus – Raul Travassos – participou do Festival Estadual no Caio Martins interpretada por Maria Creusa. O festival ficou mais conhecido e aí deslanchou... outro nome a ser mencionado é de José Itamar de Freitas, que nos ajudava no contato com os artistas para convidar essa galera pro júri do Festival.

Participei ainda das edições de 1971 (IIIº) e 1972 (IVº) e depois não sei por que acabou... acho que foi por falta de apelo já que os Festivais de Música estavam em declínio. 
Pra mim foi muito importante ter participado de tudo isso, pois além das pessoas das quais já era amigo pude fazer outras amizades como a Pingo (que não vejo há muito tempo), companheira de idas e vindas pelo Rio de Janeiro atrás de artistas e personalidades da música. Guardo com carinho um recorte do Jornal Última Hora, onde aparecemos (eu, ela e Tânia) dando uma entrevista para o IVº Festival, onde deram um grande destaque... página inteira... Jorge Ben (hoje Benjor) de um lado e nós do outro. Bons tempos. 



 

Um comentário:

  1. Muito obrigado pela postagem Tadeu !!! Fiquei emocionado com ela !!! Como é bom a gente ser lembrado/reconhecido/homenageado !!! Abração !!!

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