quarta-feira, 8 de junho de 2016

HOMENS-GOL, QUEM SÃO, ONDE VIVEM? POR JULIANO RAVANELLI


Desde que acompanho futebol, o camisa 10 sempre foi referência de craque, aquela camisa que todos os meninos queriam usar. Mas no meu caso, eu sempre gostei mesmo era da camisa 9. Aquele sujeito que aos 48 minutos do segundo tempo de um 0 a 0 nervoso e truncado, iria aparecer sei lá de onde, matar a bola no peito e fuzilar o goleiro adversário. Aquele herói que iria garantir a vitória, a classificação, ou melhor, ainda, aquele título que não era conquistado há muito tempo.

E que privilegiado fui a viver a década de 90 e seus camisas 9 sensacionais. Quando digo camisa 9, é o cara do gol, o salvador, não importa se ele seja o 10, 18, ou o 11 (Romário foi um dos maiores 9 que vi). Romário, Ronaldo, Túlio Maravilha, Evair, Viola, Valdir Bigode, Amoroso, Luizão, Élber, Guilherme, com esse caras você tinha certeza que a rede iria balançar. Nos anos 2000, Luis Fabiano, Ricardo Oliveira, Fred, Washington. Era engraçado ouvir as transmissões de rádio e quando o plantão anunciava "tem gol", você já sabia que era do artilheiro. 

Mas o tempo foi passando, o futebol mudando muito taticamente e a figura do homem-gol perdendo um pouco o espaço. Sou adepto das inovações e mudanças táticas. Também compartilho da idéia de que um homem paradão lá dentro da área acaba se tornando uma presa fácil pra marcação e uma peça quase nula em campo. Mas na minha opinião, não é esse o motivo da quase extinção dos artilheiros implacáveis. Observando os jogos e principalmente a tabela de artilheiros é fácil notar que está em falta o "matador".

Os últimos dois Campeonatos Brasileiros tiveram Fred e Ricardo Oliveira como artilheiros. Na atual edição Grafite lidera o elenco dos que mais marcaram, ou seja, jogadores veteranos e ai que está o "x" da questão. Independente de esquemas táticos modernos e tal falta qualidade, falta o finalizador nato. Hoje desde as categorias de base se dá maior atenção aos atletas taticamente aplicados, atacantes que recompõem e ajudam na parte defensiva. Também se privilegia treinos táticos e físicos em detrimento aos fundamentos.

Lendo e ouvindo entrevistas antigas de artilheiros consagrados, por exemplo, Túlio Maravilha, percebe-se que eles passavam horas praticando as finalizações. Assistindo jogos atuais, é impressionante o "caminhão" de gols perdidos em frente ao goleiro. Times como o Corinthians que mantém percentual gigantesco de posse de bola, padecem da falta de artilheiros e tem uma enorme dificuldade em fazer gols.

Zagueiros, laterais, volantes e atacantes de beiradas continuam surgindo nas bases dos grande clubes. Agora "fazedores de gols" é cada vez mais raro. Mesmo sendo um fã incondicional das evoluções táticas, penso que o principal objetivo do futebol ainda seja jogar a bola pra dentro do "barbante". E ninguém melhor pra realizar essa tarefa do aquele super-herói que salvará a torcida aos 48 minutos do segundo tempo.

Nota do blog: um texto mais do que atual e que retrata com muita propriedade a realidade do futebol brasileiro. Obrigado, Juliano! 


Um comentário:

  1. Excelente o artigo do JULIANO RAVANELLI, concordo plenamente. Acrescentaria aos chamados homens gol, artilheiros, camisa 9 ou coisa parecida, os seguintes nomes entre inúmeros outros: o miracemense Genuíno, o Paduano Peixinho, os campistas Evaldo e Chico, os são joanenses Beirute e Eliacir e sem sombra de dúvidas um dos grandes do Brasil, Roberto Dinamite, o maior ídolo do Vasco de todos os tempos. Parabéns.

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