sexta-feira, 17 de junho de 2016

ENTREVISTA COM O MIRACEMENSE E EX-GOLEIRO ARILSON


Data de nascimento?
- 30 de janeiro de 1970.
O seu irmão, José Maria, que era goleiro, teve alguma influência na sua escolha para atuar na mesma posição?
- Não é que teve influência, porque já possuía um dom de ser goleiro. Mas teve muita força e ajuda do Zé Maria, que colocava eu, o Milson e o Célio na bicicleta e nos levava pra todo canto de Miracema para jogar.
Com quantos anos saiu de Miracema?
- Saí de Miracema com 16 anos.
Qual foi o seu primeiro time?
- Botafogo. O Sr. José Carlos Correa foi ao Rio para inscrever seu filho e nosso amigo Jairzinho, e sem perguntar nada, fez também a minha inscrição. Chegou lá em casa e perguntou aos meus pais se eles me deixavam ir. Participei de uma peneira com mais de 100 jovens de 13 a 20 anos e passei. Fui mandado para Marechal Hermes para mais uns testes e passei em definitivo.
Todos os seus quatro irmãos – José Maria, César, Milson e Célio Silva – jogaram bola e, por coincidência, tive a oportunidade e o prazer de atuar ao lado de todos eles, igualmente contigo. Todos tinham qualidade, cada um na sua, e gostaria de saber de você qual era o melhor?
- O Zé Maria era um excelente goleiro, e naquela época tinha uma reposição de bola com os pés impressionante. César e Milson possuíam características semelhantes: boa técnica, excelentes lançadores e chutes potentes (chutavam igual ou mais forte que o Célio) e muita força física. O Célio – e o interessante é que quase ninguém sabe – era um meia-direita habilidoso e chutava forte tanto com a direita como a esquerda. Sobre quem foi o melhor, difícil de responder, mas fico com o Zé Maria. rsrsrs 
Nos anos 80 jogamos juntos no Vasquinho, numa época que o futebol amador em Miracema pegava fogo, e o nosso time era comandado pelo saudoso e baluarte Sabino, com o auxílio dos três “J” – Joci (já falecido), Justo e Juca. Gostaria que você falasse um pouco sobre o Sabino.
- O Sabino era sensacional, de uma humildade sem tamanho. Gostaria de lembrar algumas coisas dele, como por exemplo: foi ele quem me deu o material que eu jogava no Vasquinho quando fui fazer o teste no Botafogo - a chuteira quem me deu foi o Saraquino.  Lembro-me também que depois de alguns jogos, por ser muito novo – tinha uns 15 ou 16 anos –, e já jogava com adultos (era reserva do Zé Maria), o Zé machucou o pé e tive que entrar. O Sabino chegava todo feliz, dizendo que eu havia jogado bem e queria me dar um dinheiro para comprar um lanche, e um desses jogos foi contra o Bandeirante, que ficou 0 x 0.  Sou muito grato ao Sabino e também ao Justo, Juca e Joci. Não posso me esquecer do Tica, que perturbava todo mundo pra me deixar jogar. rsss
Nota do blog: Lembro-me desses fatos como se fosse hoje. O Zé machucou em um treino no campo do Colégio Estadual Deodato Linhares, num sábado, na véspera do jogo contra o Bandeirante. Você pegou tudo e segurou o empate. Resultado: não saiu mais do time. Ótimas lembranças! Sobre o Sabino, um cara super do bem e de um coração sem tamanho. Como ele faz falta pro nosso futebol!
O que faltou para que a sua carreira alcançasse um sucesso do nível de seu irmão Célio Silva?
- Oportunidade para dar sequência na minha carreira. Não tive essa sequência por motivo de muitas contusões no joelho direito. Foram duas torções e uma cirurgia em menos de dois anos, e mais duas torções e mais uma cirurgia, isso no começo da carreira. A última torção de joelho foi justamente na primeira oportunidade que tive no profissional do Botafogo, dada pelo saudoso Prof. Paulo Emílio, em um jogo do campeonato carioca do ano de 1993, contra o América, em de Três Rios, na qual ganhamos por 1 x 0. Perdi uns cinco anos de minha carreira lutando contra as contusões.
E a sua passagem pelo Botafogo?
- De muita luta. Na base não tínhamos nenhuma estrutura e morava na concentração de Marechal Hermes.  Alimentação e tudo ruim. Contava com a ajuda dos amigos e familiares para sustentar-se. Quando cheguei ao profissional, que para a prata da casa também não era bom, depois da contusão a diretoria da época me largou de lado. Mas valeu a experiência!  



Tem muito traíra no meio do futebol?
- Bastante! Como diz o meu amigo Fábio Menezes.
Torce pra que time?
- No qual trabalho.
Um ídolo?  
- No futebol, os meus irmãos.
Um goleiro inquestionável?
- Citarei dois: Jeferson e Martin Silva.
Quais seriam os seus três goleiros para compor o grupo da Seleção?
- Jeferson, Paulo Vítor e Gomes.
Um técnico que você também pode chamar de “professor”?
- Todos, sem exceção, foram ótimos.



O melhor treinador de goleiros que você já trabalhou?  
- Só tive feras, mas para representar todos, Ubirajara Mota, que foi meu treinador no Madureira e Ubirajara (Bira), que foi meu treinador no Botafogo do juvenil ao profissional.
Um grande companheiro no futebol?
- Tenho muitos que são amigos até hoje.
Uma defesa inesquecível?
- Muitas. Mas para não deixar passar em branco, no jogo Flamengo x Madureira em 1995, na Gávea, o placar estava 1 a 1 e, no finalzinho, uma cabeçada do então zagueiro Gelson Baresi à queima roupa.

O racismo no futebol existe?
- Já sofri quando disputava a segundona no Ceará, em dois jogos.  
Teve alguma decepção no meio esportivo que deixou marcas?
- Quando estava no Botafogo, diziam que eu era uma promessa – enchiam minha bola – mas quando tive as contusões, me abandonaram.  
O dirigente brasileiro deveria ser um profissional remunerado?
- Não saberia responder. Dependendo da função que exerça, acho que sim.
Uma coisa que você não abre mão?  
- Servia a Jesus e a família.
É a favor de recursos de imagens para lances duvidosos no futebol?
- Não tenho uma resposta definitiva sobre esse assunto.
A crise técnica do atual momento do futebol brasileiro é passageira?
- Creio que sim.
Um canal esportivo que você gosta?
- Não gosto muito de acompanhar esporte em alguns canais, porque tem muita gente que nunca jogou e fica dizendo o que o treinador e o jogador devem fazer. Além de ficar cornetando o profissional que já jogou, como se eles também nunca tivessem errado.  
Um narrador e um comentarista?
- Jorge Curi e Mário Viana.
Qual o atacante que tirava o seu sono?
‑ Os meus defensores me deixavam dormir tranquilo. Não tinha essa preocupação. 
Uma cidade?
- Miracema
Um estádio?
- Junco, do Guarany de Sobral, no Ceará.
Estilo musical?
- Gospel.
Uma personalidade brasileira ou mundial que merece o seu respeito?
- Missionário R. R. Soares.
Quem mandaria pra Lua somente com passagem de ida?
- Aquele que não ama a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ele mesmo.
Você continua no meio do futebol como treinador de goleiros. Está trabalhando em qual equipe?
- Escolinha Oficial Fut 7 Boa Vista S.C.
Uma palavra que define o seu presente?
- Determinação.
Faça um resumo de sua carreira. Por quais times você jogou?
- Botafogo, do juvenil ao profissional, Madureira, Olaria, Portuguesa (RJ), Boa Vista, Americano, Goytacaz, Rio Branco, de Campos, Botafogo de Sobradinho (DF), Moto Clube (MA), Guarany de Sobral (CE), São Benedito (CE), Ceres (RJ) e Angra dos Reis.
Na Portuguesa 
Gostaria de agradecer pela entrevista, porque nos meus 30 anos de carreira é a primeira vez que alguém da minha região me dá uma oportunidade de falar da minha trajetória no futebol para os meus conterrâneos, pois muitos não conhecem um pouco dela. 

Agradeço aos meus pais por tudo que fizeram e aos meus irmãos e familiares, pela amizade, amor e carinho. Aos amigos que me ajudaram indiretamente e ao Sr. José Carlos Correa e família, ao Sabino – pelo uniforme, ao Saraquino – pela chuteira, e minhas tias e primos aqui do Rio, que me receberam com cuidado e carinho. Minha esposa Andréa e ao meu filho Andrey. Não posso deixar de agradecer aos familiares de minha esposa, que me acolheu em momentos difíceis da carreira. Ao autor e consumidor de nossa Fé, nosso Único Salvador Jesus Cristo, toda honra e toda glória, Amém!!!! 

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