Autismo
é hoje considerado uma síndrome comportamental com etiologias múltiplas e curso
de um distúrbio de desenvolvimento. Ele é caracterizado por um déficit social
visualizado pela inabilidade em relacionar-se com o outro, usualmente combinado
com déficits de linguagem e alterações de comportamento. O DSM III-R é relatado
como um quadro iniciado antes dos três anos de idade, com prevalência de quatro
a cinco crianças em cada 10.000, com predomínio mais em indivíduos do sexo
masculino (3:1 ou 4:1) e decorrente de uma vasta gama de condições pré e
pós-natais.
Podemos para fins
didáticos, listar os seguintes problemas, de ordem genética e neurológica,
envolvidos no autismo infantil:
Infecções
pré-natais – Rubéola congênita, sífilis congênita, toxoplasmose, outras
(citomegaloviroses);
Hipoxia
neonatal;
Infecções
pós-natais – Herpes simplex;
Déficits
sensoriais;
Espasmos
infantis – síndrome de West;
Doença
de Tay- Sachs;
Síndrome
de Rett;
Fenilcetonúria;
Esclerose
tuberosa;
Neurofibromatose;
Síndrome
de Cornelia De Lange;
Síndrome
de Willians;
Síndrome
de Moebius;
Mucopolissacaridoses;
Síndrome
de Down;
Síndrome
de Turner;
Síndrome
do X frágil;
Outras
alterações cromossômicas;
Hipomelanose
de Ito;
Síndrome
de Zunich;
Intoxicações diversas.
A pesquisa diagnóstica
dos quadros de autismo depende, portanto, de uma avaliação que pode ser
sistematizada da seguinte maneira, de acordo com aquilo que expusemos até o
presente momento:
História
cuidadosa com fatores hereditários, pré e pós-natais, bem como de problemas
associados;
Estudo
neuropsiquiátrico envolvendo estudo do desenvolvimento, exames neurológicos,
psiquiátricos e físicos (pele, coluna, genitais), anomalias físicas bem como
avaliação psicométrica;
Testes
de audição;
Exame
oftalmológico;
Cultura
cromossômica, inclusive em meio adequado para pesquisa de X frágil;
TAC
ou ressonância magnética;
EEG;
Potenciais
evocados;
LCR;
Cálcio
urinário;
Ácido
úrico;
TORCH;
Exclusão, através de
testes específicos, de fenilcetonúria e mucopolissacaridoses, bem como de
outros erros inatos do metabolismo. Essa avaliação clínico-laboratorial
possibilita a pesquisa das etiologias citadas até o presente, após ter sido
estabelecida a suspeita clínica, considerando-se a complexidade dos quadros
autísticos e a impossibilidade de estabelecermos um diagnóstico etiológico
exclusivamente através de uma abordagem clínica.
Tratamento
Não se pode falar em
cura para o autismo. O indivíduo autista pode ser tratado e desenvolver suas
habilidades de uma forma muito mais intensiva do que outra pessoa que não tenha
o diagnóstico e então se assemelhar muito a essa pessoa em alguns aspectos de
seu comportamento, mas sempre existirá sua dificuldade nas áreas
caracteristicamente atingidas pela síndrome, como comunicação, interação
social, etc. De acordo com o grau de comprometimento, a possibilidade de o
autista desenvolver comunicação verbal, interação social, alfabetização e
outras habilidades relacionadas, dependerá da intensidade e adequação do
tratamento. Mas é intrínseco à sua condição de autista que ele tenha maior
dificuldade nestas áreas do que uma pessoa “normal”.
No entanto, superar a
barreira que isola o indivíduo autista do “nosso mundo” não é um trabalho
impossível. Apesar de manter suas dificuldades, o indivíduo autista, dependendo
do grau de comprometimento, pode aprender os padrões “normais” de
comportamento, exercitar sua cidadania, adquirir conhecimento e integra-se de
maneira bastante satisfatória à sociedade.
Fonte: Casa de David
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