Carlyle Guimarães Cardoso é mineiro e Almenara, onde
nasceu em 15 de junho de 1926. Carlyle era um típico artilheiro dos anos 50,
rompedor e sem medo de cara feia dos beques. Ainda assim, ele encontrava um
jeito de uma vez ou outra, enfeitar as jogadas e os gols que marcava. Sabe
aquele atacante que sempre dá um toque a mais, quer entrar com bola e tudo e
acaba se complicando? Carlyle era um pouco desse jeito, com uma diferença:
raramente se complicava. Por isso também ficou famoso por marcar gols
inesquecíveis. Se não fosse tão perfeccionista, poderia ter feito muitos mais
gols ao longo de sua carreira.
Começou no Atlético e conquistou o bicampeonato
mineiro em 1946/47. Tornou-se um dos grandes ídolos da massa atleticana e
marcou 51 gols em 131 jogos. Em maio de 1949 fez sua estreia pelo Fluminense e
ficou no time carioca até julho de 1952, marcando 64 gols em 102 jogos. Foi
campeão carioca em 1951 e da Copa Rio de 1952. Também virou ídolo da torcida
Tricolor, a quem alegrava com seu futebol, seus gols e a malícia que
desesperava os adversários. Em 1953 foi para o Santos e logo em seguida para o
Palmeiras, onde em apenas 9 jogos marcou 4 gols.
No entanto, sua paixão era o futebol carioca e ele
voltou em 1954 para defender o Botafogo. Após se desentender com o técnico Zezé
Moreira, em um restaurante da cidade sergipana de Aracaju, onde se encontrava a
delegação do Botafogo, foi afastado do time e posteriormente se desligou
definitivamente do clube. Ainda teve uma breve passagem na Portuguesa carioca e
ali se encerrava a carreira de um dos grandes atacantes do futebol brasileiro.
Carlyle fez parte do grupo convocado por Flávio Costa
para o período de treinamento que antecedeu a Copa do Mundo de 1950. No
entanto, acabou cortado antes de divulgada a lista final para a disputa do
mundial, após uma áspera discussão com o médico da Seleção. Fez apenas um jogo
pelo Brasil, na derrota por 4 a 2 para o Uruguai, em 1948.
Sua carreira ficou marcada por belas jogadas e gols,
mas também de inúmeros desentendimentos. Um detalhe que chamava a atenção é que
ele não tinha um pedaço da orelha esquerda.
Ainda novo, aos 56 aos, uma tragédia acabou com a sua vida.
Nas proximidades da Vila Olímpica do Atlético Mineiro, ele foi atropelado por
um veículo desgovernado, enquanto aguardava, na calçada, o ônibus, em 23 de
novembro de 1982. Foi socorrido, mas chegou morto ao hospital. Ele trabalhava
na Rádio Inconfidência.