sábado, 24 de setembro de 2016

ENTREVISTA COM O CANDIDATO A PREFEITO IVANY SAMEL


Muito se ouviu que o senhor não voltaria a ser candidato a prefeito após sair derrotado na última eleição. Isso de fato passou pela sua cabeça?
- Nunca me abati com derrotas, não sou político de temporada. Enquanto eu tiver saúde e condições de governar dificilmente pararei. A idade não é um limitador.

Sente-se preparado e motivado para administrar o município mais uma vez?
- Com certeza, ainda mais que as pessoas me procuram e me motivam. Inclusive os funcionários da prefeitura preocupados com a situação da CAPPS e CAMEDS.

Por que o eleitor deve votar no senhor novamente?
- Nesta eleição sou o único candidato com experiência em administração pública. Administrar uma cidade não é como administrar uma empresa, as semelhanças são poucas, e o atual gestor já demonstrou sua incapacidade.

Um grande desafio em Miracema, que não é de hoje, é a criação de postos de trabalho permanentes. Qual é a grande dificuldade do chefe do executivo para solucionar essa questão?  
- Nos meus três mandatos anteriores sempre lutei por esta causa. Os dois polos industriais que existem na cidade foram criados nas minhas gestões, mas nossa localização regional dificulta a escoação de produtos e encarece o preço final.
Acredito muito na educação universitária. Acho que com a criação de universidades e, consequentemente, a vinda de universitários pra nossa cidade, teria um impulso no comércio como um todo, gerando empregos imediatos, e mesmo com todas as dificuldades que o município atravessa tentar trazer empresas ainda é uma solução, quem sabe empresas de serviços.

Como analisa o problema da segurança pública do ponto de vista de ações da administração municipal? A sua gestão 2009/12 também enfrentou sérios problemas com a violência urbana.  Quais ações seriam importantes para a diminuição dessa violência que atormenta os miracemenses?
- Isso é um problema sério. A guarda municipal, como todos sabem, não é armada e, portanto, não tem como fazer esse enfrentamento. Essa ação é estadual e através da polícia militar. Cabe à administração municipal ser parceira e cobrar dos órgãos de segurança uma ação mais enérgica e eficaz. Mas o município tem também que promover ações para resgatar o jovem que está em situação de risco, dar a ele condições de prática de esportes, cultura, educação e profissionalização, para que se sinta integrado na sociedade e veja que existe um futuro pra ele fora da vida que está levando.

Exceto os dois citados nas duas perguntas anteriores, quais seriam os outros principais problemas de Miracema e que ações podem ser tomadas para solucioná-los?
- Saúde: Hoje a demanda judicial por medicamentos é um grande problema. Os recursos são poucos e o gestor tem que ser um conhecedor dos problemas da população para direcionar com acerto as verbas. O PU anexo ao Hospital é também um problema por estar muito distante, acredito que o centro é o melhor lugar pra ele.
- Educação: Existe uma grande queixa atualmente contra a merenda escolar, escola sem manutenção, falta de material didático, uniforme, entre outros. A educação é a única secretaria que possui recursos suficientes para sua manutenção. Ter um gestor eficiente e um bom programa de governo para a Educação resolve.
- Saneamento Básico: Ninguém tem dúvida da importância da obra que está sendo executada. O projeto se iniciou quando rompeu a barragem de produtos químicos em Minas Gerais e contaminou o rio Pomba, de onde vem nossa água. A CEDAE, como forma de compensação contratou uma empresa para fazer o projeto para Miracema, Pádua, Aperibé e Itaocara. Na minha gestão demos continuidade apresentando o projeto à FUNASA, mas foram feitas muitas exigências e só neste governo deu tempo de terminar. O grande problema na minha visão é a execução do projeto. Não sou engenheiro, mas será que se tivesse executando a obra a partir da estação de tratamento e abrindo as ruas uma única vez não seria mais eficiente? A estação de tratamento já estaria funcionando.

Diante da crise que o país atravessa como pretende enfrentar esse problema no município, caso seja eleito?
- Tenho informações que a dívida do município é muito expressiva, talvez o equivalente a mais de um ano de arrecadação total. Mas vejo uma saída. Sempre fui político de muito apoio no Estado do Rio e na União, e sei que o Estado está em situação muito ruim, mas isso vai passar. O Brasil está sendo passado a limpo, acredito em um futuro melhor. Sempre fui conhecido pelos funcionários por ser muito controlado, não gasto o dinheiro da prefeitura à toa, sempre priorizei áreas mais importantes. A primeira coisa a se fazer é auditar todas as contas do município, saber o que se deve realmente, chamar os credores pra conversa e abrir o jogo. Temos hoje, bem o mal, um governo estadual do meu partido. O Presidente da ALERJ é meu grande parceiro na política – todos sabem. No Governo Federal, o Ministro dos Esportes – Leonardo – é meu afilhado de casamento, o Moreira Franco – meu amigo de décadas – trabalha direto com o Presidente da República, que é do PMDB. Vejo claramente condições de governo para Miracema, só depende de nós irmos atrás dessas pessoas e cobrar.  

O senhor dará continuidade às obras que estão em andamento?  
- Com certeza. Temos que ter em mente que uma obra custeada com recursos públicos pertence ao povo, não é prioridade de prefeito ou de vereador. Não se pode nessa atual situação que atravessamos jogar recursos importantes fora.

Qual será o papel de seu vice em uma possível administração?
- O Gisvaldo é meu companheiro de política há tempos, tenho confiança nele, portanto, é meu vice.  Como disse, terei muitas viagens a Brasília e ao Rio para cobrar recursos para nossa cidade, e a cadeira do prefeito precisa ter alguém nesse tempo de confiança e sério, e o Gisvaldo é a pessoa certa pra isso, ele será fundamental para nossa gestão.  

Dificilmente o vice termina o mandato se dando bem com o prefeito. Pode nos explicar o que acontece nos bastidores para esse total desencontro de ideias?
- O vice normalmente é a pessoa de confiança do prefeito, porém, ele assume funções importantes sempre de auxílio ao prefeito. Tive um governo em que o Dr. Márcio Antunes foi meu vice e terminamos o mandato juntos, e somos amigos até hoje. O vice tem que ter a consciência do seu papel. No meu caso tive um vice que achou que deveria mandar mais que o prefeito, mas quem assina é o prefeito e aí não dá.  

Na questão das dívidas, o atual prefeito disse ter herdado aproximadamente 20 milhões de reais de seu governo.  Quais foram as reais condições que o senhor deixou a prefeitura?
- Paguei todos os funcionários e não deixei folha de pagamento atrasada, não deixei contratados sem receber. Ele veio com essa história, mas nunca provou com documentos, nunca mostrou essa tal dívida. De mentiras estamos cheios.

O senhor não acha que foi um equívoco a tentativa de se fazer um concurso público no final de seu último mandato? Até a presente data o valor pago pelas inscrições não foram devolvidos aos candidatos inscritos.
- O concurso só não saiu porque o atual prefeito foi ao Ministério Público e pediu pra não ser autorizado. Está na justiça e os valores serão devolvidos. Não entendo porque até hoje a justiça não o fez, talvez tenha faltado empenho dessa gestão. Mas se eu for eleito é uma questão de honra resolver esse problema.  

O seu governo deixou alguma dívida com a CAMEDS?
- Sim. Foram os três últimos meses do meu governo, mas apenas da parte Patronal, nunca deixei de repassar o que era descontado dos servidores. Os valores já foram parcelados em uma confissão de dívida, portanto, ela não existe mais.  

O plano de saúde do funcionalismo municipal é viável da maneira como funciona? Como o senhor analisa a situação atual?
- Sempre foi desde a sua criação. Esse plano cumpre uma função social importante no município, retira do SUS 1.300 funcionários e seus dependentes, aliviando um pouco o sistema.  Coloca os mais humildes funcionários em condições de igualdade com qualquer pessoa que tenha dinheiro na nossa cidade, porque ele pode consultar, internar e fazer exames nas melhores clínicas particulares da cidade.  Os consultórios médicos, Casa de Saúde, Hospital e clínicas preferem a CAMEDS a outros planos porque pagava em dia.  Como pode não dar certo? Faremos uma proposta de como funciona a CAC da CEDAE, que é aberto a outras pessoas e os funcionários pagam pouco por isso. O plano da CAMEDS é bom, mas acho que podemos melhorar.

A sede antiga da prefeitura, caso seja eleito, será reaproveitada?
- Nossa intenção é que no início de janeiro já começaremos a reforma. Soube que ela está destruída. E voltaremos pra lá devagar para não atrapalhar os serviços internos.  

A sua história na política miracemense começou em 1972, quando foi eleito vereador, e de lá pra cá já se passaram 44 anos. O que mudou na política do final dos anos 70 e início da década de 80 para os dias atuais?
- Naquela época vereador não tinha salários, era por vocação, e hoje não se faz política sem dinheiro e esse é o maior problema. Quem me conhece sabe que sempre tive dificuldade nas minhas campanhas por causa de financiamento, não aceito ajuda a troco de acordos, porque sou político das antigas, gosto do que faço e não preciso disso pra viver. As últimas campanhas foram inflacionadas, candidatos com muito dinheiro fizeram com que as campanhas ficassem caras, pra mim foi a maior mudança. Com a nova legislação eleitoral, espero que a justiça puna o caixa dois com mais firmeza, isso nos ajudará muito.    

O Brasil precisa de uma reforma política com urgência? O senhor é a favor ou contra o Voto Distrital?
- Sou totalmente a favor da reforma política e ela é urgente. Cansamos de ver deputados federais com 1 milhão de votos levarem com eles candidatos com 100 votos, deixando de fora candidatos com 100 mil votos – caso do Enéas e Tiririca. Totalmente injusto! Já vi também vereador que se candidatou em uma boa coligação entrar com poucos votos e outros com mais votos ficarem de fora.

Nota do blog: o entrevistado acabou não respondendo sobre o Voto Distrital.

O descrédito da classe política nunca esteve com um índice tão elevado. O que fazer para reverter esse quadro lamentável e vergonhoso?
- É verdade. Em todo esse tempo como político nunca vi nada igual. Primeiro tem que acabar com a impunidade, roubou tem que ser penalizado. Outra coisa é acabar com tanta mordomia. A Lava Jato tem que ser concluída e todos os envolvidos punidos. Já está caminhando pra isso. Quem diria que grandes empresários e políticos seriam presos neste país? Hoje eu acredito nessa limpeza.  

Falando agora sobre os contratados, que é uma doença incurável de todo governo, e nos mandatos que o senhor esteve à frente da administração municipal eles também se faziam presentes, para o bom entendedor de política é um verdadeiro cabide eleitoral. Será que não vai aparecer um político que consiga reverter esse quadro e estancar essa sangria? Qual é a sua opinião sobre esse assunto?
- Sim. Sempre tive contratos nos meus governos, mas nunca em número tão alto a ponto de não conseguir pagá-los. Quando terminei meu último governo não deixei dívidas com eles, nunca atrasei seus salários. Mas os tempos são outros, e hoje sei que a folha de pagamento está inchada e não permite tal prática. Veja há quanto tempo os atuais contratados não recebem, não tem recolhimento dos seus direitos trabalhistas. Dificilmente o próximo prefeito conseguirá manter essas contratações.  

Outro assunto que intriga o eleitor é o abandono que fica a cidade nos últimos três meses do ano quando o prefeito não consegue se reeleger. O seu último mandato não foi diferente e a população e os funcionários acabam sofrendo as maiores consequências. Com relação ao funcionalismo, o pagamento da progressão – que é um direito adquirido da classe – foi tema até de música em sua campanha de 2012. No entanto, a suspensão do pagamento das parcelas foi determinada logo após a perda da reeleição. O senhor não acha que deveria ter cumprido com suas obrigações até o mês de dezembro, deixando para o prefeito eleito o pagamento das parcelas restantes?
- O único prefeito que olhou pelos funcionários e nunca deixou de dar os seus direitos fui eu. Quando assumi o governo em 2009, todos os funcionários reclamaram que seus direitos estavam sendo violados.  Então, foi determinada uma averiguação e constatado que era verdade. Começamos a corrigir todos os problemas encontrados, e logo após os funcionários começaram a pedir o pagamento de parcelas retroativas, que eram justas, porém os valores eram exorbitantes e difíceis de pagar. Nunca me neguei a pagar, só que a dívida com os funcionários era da prefeitura e não foi meu governo que causou, foram os governos anteriores, e nunca fui para os meios de comunicação ficar difamando ninguém, pelo contrário, meu governo começou a aceitar, e era obrigação da atual administração dar continuidade nesses acertos com os funcionários, o que não foi feito.  

Foi feita a “transição” de seu governo para o atual? O prefeito já expressou em diversas oportunidades que foi proibido de entrar na prefeitura com sua equipe entre os meses de outubro e dezembro. Explica-nos nesta entrevista o que de fato ocorreu.
- O atual prefeito nunca foi proibido de entrar na prefeitura, como ninguém pode ser. A prefeitura é do povo e não minha. O grande problema é quando alguém deseja assumir antes da hora, e aí coloquei regras para a transição que ele não aceitou e não se dispôs a voltar a conversar. Mesmo assim a maioria dos secretários fez a transição. 

Dê uma nota de 1 a 10 para o seu governo no quadriênio 2009/2012?
- Todo governo tem falhas, ninguém é perfeito, mas existe aquele ditado que diz que se erramos foi porque tentamos acertar, ninguém erra por querer errar. Mesmo com toda a dificuldade enfrentada, ainda acho que foi um governo, posso dar um 9.

Muito obrigado pela entrevista e boa sorte em sua caminhada. Faça as suas considerações finais. 
- Sempre disse para meus eleitores fieis que tenham confiança. Vim do povo e sou do povo. Nunca me apropriei de nada que não fosse meu, sempre tratei a prefeitura e os funcionários com o devido respeito, é claro que não conseguimos agradar a todos, mas sempre tentei. Mais uma vez me lanço a candidato a prefeito com a certeza que posso contribuir para o desenvolvimento de nossa cidade. Boa intenção tem que estar aliada a força política e isso posso dizer que tenho mais que meus adversários. Sou conhecedor dos problemas de nosso município e vou enfrentá-los de cabeça erguida, junto com o meu povo, e esse povo sabe que pode contar comigo sempre porque nunca os abandonei. 

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