sexta-feira, 2 de setembro de 2016

OS MOREIRAS ESTÃO NAS RUAS: 4ª PARTE / FINAL


CAÇULA AÍRTON ESPEROU MUITO POR SEU SANTOS




A fama que os irmãos tiveram antes, o caçula Aírton Moreira teve que esperar 16 anos, até que surgissem um Mineirão  e um Cruzeiro capaz de disputar a fina da Taça Brasil e ganhar do Santos por 6 a 2. Já tinha desistido de ser técnico, virou administrador da sede campestre do Cruzeiro e dono de uma fábrica de móveis. Agora, 47 anos, três filhos, único avô dos três Moreira, com uma neta, sendo que estava certo quando largou os estudos, pago pelos irmãos, e foi ser zagueiro do Náutico de Recife.

Em casa, em Miracema, Aírton era Totó, muito pequeno quando os irmãos foram embora para o Rio. Viveu meio sozinho, teve mais tempo para estudar que os outros.  No fim do primário, já tinha lugar reservado no Colégio Lafaiete, no Rio. Zezé e Aymoré queriam o caçula advogado ou engenheiro.  

Mas ele queria ser jogador também, e foi ser campeão no Náutico de Recife. Na hora de sair de Pernambuco, precisou de ajuda de Zezé. O Atlético Mineiro ia contratar um zagueiro central, Cachimbo, velho amigo do irmão.  Cachimbo levou Aírton, e acabou dispensado. Aírton ficou, jogou no Atlético por oito anos. Parecia um pouco com Zezé, que trata como um pai, com muito respeito. Num jogo contra o Independiente da Argentina, o Atlético tomou o primeiro gol. Aírton gritou:
- O primeiro gringo que entrar aqui agora eu mato.

Não apareceu mais ninguém perto da área, e o Atlético venceu por 2 a 1. Aírton tem até um pouco de vergonha de falar de seu tempo de jogador:
-  Eu era grosso, só dava botinada.

Mas no Cruzeiro de hoje, que o presidente Felício Brandi o chamou para montar em agosto de 64 e o fez deixar a sede campestre, Aírton não permite que a defesa dê pancada.  Conseguiu trazer os jogadores que queria, mudou as características de alguns, como Tostão, que era meia armador. Seus trabalho continua, contou para Aymoré que o Cruzeiro não tem apenas o time que está jogando:
-  Tenho oito meninos do aspirante e do juvenil para subirem o ano que vem. Estou formando uma dupla de retaguarda que é um fenômeno.

Já recebeu convites do Vasco e do Botafogo, mas agora não quer mais deixar Minas. Só no mês passado ganhou mais de sete milhões com as vitórias do time e acha que não há dinheiro que pague sua vida sossegada. Fala que deve tudo ao Mineirão, sente que o futebol mineiro demorou a crescer, mas ninguém mais o segura.

Sente-se um homem realizado, embora pense que o seu tempo bom está apenas começando. Em Minas, nos próximos quatro ou cinco anos, diz que os outros times vão ter de jogar muito para impedir o Cruzeiro de ser campeão.  



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