terça-feira, 27 de outubro de 2020

LUIZ MENDES: O SILÊNCIO DA PALAVRA FÁCIL

 


Ele será lembrado pelo vasto conhecimento, pela memória que dispensava consultas a livros, pela opinião centrada e pela gentileza que o impediu, por toda a vida profissional, de cruzar a fronteira entre a crítica construtiva e pessoal. Luiz Pineda Mendes, por mais de 70 anos de profissão, cobriu 16 Copas do Mundo – 13 delas no local.

 

Batizado como “Comentarista da Palavra Fácil”, nasceu em 9 de junho de 1924, em Palmeira das Missões (RS). Aos 15 anos, conseguiu o primeiro emprego, em Ijuí: locutor de alto-falante da praça da cidade. Depois, trabalhou na Rádio Missioneiro e na Rádio Farroupilha.

 

Em 1944, enviado a São Paulo, não recebeu a passagem de volta e, após trabalhar, quis visitar o Rio de Janeiro. Ao chegar, no dia 1º de dezembro, soube que a Rádio Globo iniciaria, 24 horas depois, suas transmissões. Entrou na equipe e tornou-se um dos fundadores da emissora, onde atuou como apresentador, locutor comercial, narrador titular e comentarista.

 

Na Rádio Globo, conheceu Daisy Lúcidi. Em dezembro de 1947, casou-se com aquela que seria sua companheira por 64 anos. Entre momentos memoráveis que presenciou, o gol de Ghiggia que, em 1950, calou o Maracanã. Em 1958, esteve na primeira conquista brasileira, na Suécia.  A final, vencida sobre os donos da casa, foi eleita por Mendes como seu jogo inesquecível.

 

Luiz Mendes não ficou a vida toda na Rádio Globo. Em 1972, participou da primeira transmissão de TV colorida no país, pela TV Rio. Na emissora, fez parte da “Grande Resenha Facit”, com nomes como João Saldanha, Armando Nogueira e Nelson Rodrigues. Passou ainda pela TV Educativa e pelas Rádios Nacional, Tupi e Continental. Luiz Mendes cobriu 16 Copas do Mundo, sendo 13 no local.

 


Aos 87 anos, vítima de complicações causadas por leucemia, Mendes faleceu na capital carioca. Esse gaúcho de fino trato foi ícone de gerações de jornalistas e atletas. Uma unanimidade no jornalismo esportivo por sua simplicidade e humildade. O velório foi na sede do Botafogo, em General Severiano.

 

Nota: transcrito da edição do jornal Extra (página de esportes), de 28 de outubro de 2011. Texto assinado por Carlos Eduardo Mansur.

 

Minhas considerações: mesmo já acometido dos problemas de saúde, Luiz Mendes continuou participando das transmissões esportivas, direto de sua residência. A lacuna que esse profissional do rádio esportivo deixou é muito difícil de ser preenchida. A denominação “Palavra Fácil” resume o quanto era prazeroso ouvir seus comentários sempre bem colocados e pertinentes. Era torcedor do Botafogo e nunca deixou transparecer essa paixão para quem estava do outro lado com o radinho colado no ouvido, atento aos detalhes de um jogo ou em sua participação diária nos programas esportivos. No Sul, torcia pelo Grêmio.

 

 

 

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