O
Sr. Antônio Nogueira, pai do Paulo Laezer “BANERJ” e
do Fernando “Chaveiro”, era simpático e educado e sempre acionado como o “bam-bam-bam” dos
problemas de água e esgoto da cidade. Após ser alfabetizado, eu já podia ler e
entender aquelas inscrições das “tampinhas” de ferro que existiam em todas as
calçadas das casas que possuíam água encanada: SAE - Serviço de Água e Esgoto,
centralizado na cidade de Campos. Elas protegiam as “penas d’água”, que eram
abertas e fechadas com um tipo de chave enorme, cujo cabo mais se assemelhava
ao do trado de abrir poços.
Na
segunda metade da década de setenta, foi criada a CEDAE e a regional Noroeste
Fluminense instalada em Miracema. Aí, eu os perdi de vista; tanto o Sr. Antônio
quanto o seu parceiro – era calvo, de bigode fino e “fala” apressada.
À
época, Miracema contava com os deputados Dr. Bruno e Dr. Campanário. Pádua
tentava impor sua força política com Geraldo André, José Kezen e Luiz Braz
(deputados estaduais e federais), além do General Odílio Denys, de paz com a
ditadura militar.
Pádua
movimentou-se para levar a administração regional da CEDAE para os seus
domínios. Não admitia qualquer supremacia miracemense. Uma tolice, mas era
verdade.
As
passeatas, principalmente aquelas lideradas pelo movimento estudantil, eram
comuns nos grandes centros do país, a contestar os efeitos da revolução de 64.
Entretanto, sua filosofia de defesa da cidadania, por vezes, fazia-se ver em
algumas cidades interioranas, de menor expressão, pelo número de habitantes.
Miracema
não foi diferente, ou, pode-se dizer que se fez presente. Já pacata, após a
libertação dos grilhões que a sufocava, Miracema surpreende-se em certa manhã
de um dia ensolarado, quando é sacudida por manifestações imprevistas, mas
acaloradas.
A
Rua Direita “ferveu”. Tendo à frente os jovens dos movimentos estudantis, uma
passeata serpenteava sobre os ardentes paralelepípedos e entre os refrescantes
oitis em protesto ao maquiavelismo paduano.
Cantando
hinos apropriados e músicas que vinham se transformando em outros hinos, ícones
do repúdio ao totalitarismo, os manifestantes eram ovacionados. O tráfego não
“rolava” e o comércio parou. Por horas.
Não
sei dizer, com certeza, o que foi feito nas esferas superiores, mas a Regional
da CEDAE continuou na “terrinha”.
Atualmente,
essas posições políticas e administrativas devem ter mudado. Pelo menos,
entendo que a relação Pádua/Miracema é mais amistosa.
Talvez
seja devida à grande quantidade de oitis (oitizeiros) existente nas duas
cidades (Miracema tem mais, por certo).
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