quinta-feira, 9 de junho de 2016

A CEDAE NÃO VAI! - POR BEBETO ALVIM

O Sr. Antônio Nogueira, pai do Paulo Laezer “BANERJ” e do Fernando “Chaveiro”, era simpático e educado e sempre acionado como o “bam-bam-bam” dos problemas de água e esgoto da cidade. Após ser alfabetizado, eu já podia ler e entender aquelas inscrições das “tampinhas” de ferro que existiam em todas as calçadas das casas que possuíam água encanada: SAE - Serviço de Água e Esgoto, centralizado na cidade de Campos. Elas protegiam as “penas d’água”, que eram abertas e fechadas com um tipo de chave enorme, cujo cabo mais se assemelhava ao do trado de abrir poços.

Na segunda metade da década de setenta, foi criada a CEDAE e a regional Noroeste Fluminense instalada em Miracema. Aí, eu os perdi de vista; tanto o Sr. Antônio quanto o seu parceiro – era calvo, de bigode fino e “fala” apressada.

À época, Miracema contava com os deputados Dr. Bruno e Dr. Campanário. Pádua tentava impor sua força política com Geraldo André, José Kezen e Luiz Braz (deputados estaduais e federais), além do General Odílio Denys, de paz com a ditadura militar.

Pádua movimentou-se para levar a administração regional da CEDAE para os seus domínios. Não admitia qualquer supremacia miracemense. Uma tolice, mas era verdade.

As passeatas, principalmente aquelas lideradas pelo movimento estudantil, eram comuns nos grandes centros do país, a contestar os efeitos da revolução de 64. Entretanto, sua filosofia de defesa da cidadania, por vezes, fazia-se ver em algumas cidades interioranas, de menor expressão, pelo número de habitantes.

Miracema não foi diferente, ou, pode-se dizer que se fez presente. Já pacata, após a libertação dos grilhões que a sufocava, Miracema surpreende-se em certa manhã de um dia ensolarado, quando é sacudida por manifestações imprevistas, mas acaloradas.
A Rua Direita “ferveu”. Tendo à frente os jovens dos movimentos estudantis, uma passeata serpenteava sobre os ardentes paralelepípedos e entre os refrescantes oitis em protesto ao maquiavelismo paduano.

Cantando hinos apropriados e músicas que vinham se transformando em outros hinos, ícones do repúdio ao totalitarismo, os manifestantes eram ovacionados. O tráfego não “rolava” e o comércio parou. Por horas.

Não sei dizer, com certeza, o que foi feito nas esferas superiores, mas a Regional da CEDAE continuou na “terrinha”.

Atualmente, essas posições políticas e administrativas devem ter mudado. Pelo menos, entendo que a relação Pádua/Miracema é mais amistosa.

Talvez seja devida à grande quantidade de oitis (oitizeiros) existente nas duas cidades (Miracema tem mais, por certo).  




Nenhum comentário:

Postar um comentário