domingo, 29 de maio de 2016

A ÁGUIA E SUA PRESA - POR BEBETO ALVIM


Vrummmm! Vrummmm!

Tinha-se a impressão que a motocicleta ia alçar vôo. Mas, que nada! Ela embicou... os dois por baixo e a máquina por cima, a pressioná-los contra o calçamento defronte à gruta, onde o fogo dos círios parecia conclamar Santo Antônio no alto da Igreja Matriz a protegê-los. E os dois audazes jovens sobreviveram... com seqüelas, é verdade.

José Heller Tancredi e Heitor Aversa nunca mais foram os mesmos... fisicamente! O Helinho “Relojoeiro” ficou com a perna dura devido a problemas no joelho. O Heitor precisou de uma prótese (de pau/madeira – de vez em quando ele fazia um “toc-toc”, que impressionava os desavisados).

Num certo carnaval (entre 60 e 62), o Heitor saiu “mascarado de mulher”. Bolou uma fantasia de roupão longo; na altura do busto, duas lâmpadas imitavam os seios e piscavam à medida que ele andava. Provocou curiosidade. Muita. Porém, mamãe, sempre sapiente, confidenciou-me: --Quem não sabe que é o Heitor Aversa? E eu nunca mais me esqueci. Sua mulher já era a minha grande professora e, quando adulto, eu me tornei bancário como ele.

O Helinho (talvez de tanto mexer com as engrenagens dos relógios) resolve enfrentar certos desafios e cria uma das... das... não sei dizer, ao certo. Mas vou descrever.

O público, do Jardim até o Hotel Braga, se assombra com o carro alegórico que apresenta uma gigantesca águia (como a da Portela) movimentando suas asas. Lentamente, e “ao compasso do samba”, percorre os poucos metros da Rua Direita.

Uma gangorra presa ao bico da ave deixava a balouçar sua importante presa. No auge da sua juventude e formosura, lá estava, imponente e majestosa, de biquíni branco (coberto de penas, se me lembro bem), a Ivonete. A sorrir e a sorrir. Linda! Balançava-se assim como nós balançávamos os nossos olhos.

Assim também balançavam outros olhos: os milhares de paralelepípedos. Eles estavam lá e eu também. Os oitis (oitizeiros) sofreram com aqueles que neles subiam para melhor apreciar o espetáculo.

Alguns “olhos” serão cobertos “em vida”, porém, os meus... só a Morte os cobrirá. E eles se lembrarão que o espetáculo foi... MA-GIS-TRAL! ... IM-PER-DÍ-VEL! 



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