terça-feira, 12 de julho de 2016

OS MOREIRAS, UMA LEGENDA NO FUTEBOL: POR MAURÍCIO MONTEIRO

Aírton, Zezé e Aymoré Moreira

Foi na chamada “Boa Terra” Salvador, Bahia, que Aymoré Moreira escolheu para descansar depois de uma vida tumultuada, percorrendo três continentes, vivendo intensas emoções como jogador e técnico de futebol. Daqui saiu muito cedo, seguindo os passos do irmão mais velho, Zezé Moreira, no Rio de Janeiro. Começou como goleiro do Miracema F. C., depois no Esporte Clube Brasil, Olaria, Botafogo, Palmeiras, chegando à Seleção Brasileira, na sua fase de atleta. Depois, passou a cursar a Escola de Educação Física e passa a dirigir o Olaria.

Foi como técnico do Olaria que esteve em Miracema e levou alguns jogadores para o Rio, entre eles, José Souto e Lauro, o Lauro Cândido de Carvalho – o clássico – que encantou o treinador com o seu futebol vistoso e elegante, e que abrilhantava as tardes de domingo em Miracema, defendendo as cores do Tupan, ao lado de Cyro e Cleto, nos tantos outros craques do passado

Quando promovi a fusão do Esportivo com o Tupan, no que resultou a Associação Atlética Miracema, era o desejo do Dalton Moreira, Nilson e Luiz Carlos e do Jamil Cardoso, homenagear o antigo campo do América, com o nome de “Irmãos Moreira” pelo muito que fizeram pelo futebol e nosso país. Mais do que isto, o Jofre Geraldo Salim, após a conquista do bicampeonato do Chile, em 1962, chegou a manter entendimentos com o prefeito Altivo Linhares no sentido de dar nome a uma das principais artérias da cidade, de Irmãos Moreira. Mas logo a seguir, Aymoré foi para a Grécia treinar o Panatinaikos e não pode vir até Miracema.

A vida de um treinador de futebol não tem parada, está sempre em movimento, é domingo a domingo. Mas o certo, é que logo após a fusão dos clubes, fui ao Rio encontrar-me com Zezé que na época dirigia o Fluminense. Mantive contatos com ele e, dois dias após, estávamos no Palácio do Ingá, junto ao governador Raymundo Padilha que autorizou a instalação dos refletores no estádio que leva o nome da família.

Já no acaso da vida, Zezé Moreira passou a freqüentar mais a sua cidade natal e juntos, passamos a percorrer o seu pequeno grande mundo da infância, da adolescência, percorrendo as mesmas ruas e visitando o campo de futebol.

Foto do ano de 1995, quando os irmãos receberam o
título de Cidadão Miracemense. Essa foto me foi
presenteada pelo senhor Maurício Monteiro, o
penúltimo em pé a partir da direita, ao lado de
Zezé Moreira. 

A casa onde nasceram na fazenda Lagoa Preta, hoje não existe mais. Depois fomos a Paraoquena, junto com o Aderbal e o Aymoré para visitar a escola onde estudaram. Pela mesma estrada, no antigo leito da Estrada de ferro da Leopoldina, passando por Campelo até chegar ao mais importante entroncamento, Paraoquena. Foi ali que nos idos de 1920, a chegada do trem, com os seus apitos, longos e fundos, anunciava a sua chegada provocando alvoroço no povoado. Uma vez por mês lia a “Gazeta Paduana” e, semanalmente, o “Monitor Campista” com as notícias de Campos.

Ficaram por ali, olhando, olhando, a procura do tempo morto, indagando a um e a outro, o que foi feito de fulano, de sicrano, tudo sepultado na marcha interminável do tempo.

A casa onde nasceram, na Rua Direita – porque não Irmãos Moreira? – deveria ter se transformado em Museu de Futebol abrigando todas as suas faixas, taças e condecorações que receberam ao longo da existência.



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