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| Aírton, Zezé e Aymoré Moreira |
Foi na chamada “Boa Terra” Salvador, Bahia, que Aymoré
Moreira escolheu para descansar depois de uma vida tumultuada, percorrendo três
continentes, vivendo intensas emoções como jogador e técnico de futebol. Daqui
saiu muito cedo, seguindo os passos do irmão mais velho, Zezé Moreira, no Rio de
Janeiro. Começou como goleiro do Miracema F. C., depois no Esporte Clube
Brasil, Olaria, Botafogo, Palmeiras, chegando à Seleção Brasileira, na sua fase
de atleta. Depois, passou a cursar a Escola de Educação Física e passa a
dirigir o Olaria.
Foi como técnico do Olaria que esteve em Miracema e
levou alguns jogadores para o Rio, entre eles, José Souto e Lauro, o Lauro
Cândido de Carvalho – o clássico – que encantou o treinador com o seu futebol
vistoso e elegante, e que abrilhantava as tardes de domingo em Miracema,
defendendo as cores do Tupan, ao lado de Cyro e Cleto, nos tantos outros
craques do passado
Quando promovi a fusão do Esportivo com o Tupan, no que
resultou a Associação Atlética Miracema, era o desejo do Dalton Moreira, Nilson
e Luiz Carlos e do Jamil Cardoso, homenagear o antigo campo do América, com o
nome de “Irmãos Moreira” pelo muito que fizeram pelo futebol e nosso país. Mais
do que isto, o Jofre Geraldo Salim, após a conquista do bicampeonato do Chile,
em 1962, chegou a manter entendimentos com o prefeito Altivo Linhares no
sentido de dar nome a uma das principais artérias da cidade, de Irmãos Moreira.
Mas logo a seguir, Aymoré foi para a Grécia treinar o Panatinaikos e não pode vir
até Miracema.
A vida de um treinador de futebol não tem parada, está
sempre em movimento, é domingo a domingo. Mas o certo, é que logo após a fusão
dos clubes, fui ao Rio encontrar-me com Zezé que na época dirigia o Fluminense.
Mantive contatos com ele e, dois dias após, estávamos no Palácio do Ingá, junto
ao governador Raymundo Padilha que autorizou a instalação dos refletores no
estádio que leva o nome da família.
Já no acaso da vida, Zezé Moreira passou a freqüentar
mais a sua cidade natal e juntos, passamos a percorrer o seu pequeno grande
mundo da infância, da adolescência, percorrendo as mesmas ruas e visitando o
campo de futebol.
A casa onde nasceram na fazenda Lagoa Preta, hoje não
existe mais. Depois fomos a Paraoquena, junto com o Aderbal e o Aymoré para
visitar a escola onde estudaram. Pela mesma estrada, no antigo leito da Estrada
de ferro da Leopoldina, passando por Campelo até chegar ao mais importante
entroncamento, Paraoquena. Foi ali que nos idos de 1920, a chegada do trem, com
os seus apitos, longos e fundos, anunciava a sua chegada provocando alvoroço no
povoado. Uma vez por mês lia a “Gazeta Paduana” e, semanalmente, o “Monitor
Campista” com as notícias de Campos.
Ficaram por ali, olhando, olhando, a procura do tempo
morto, indagando a um e a outro, o que foi feito de fulano, de sicrano, tudo
sepultado na marcha interminável do tempo.
A casa onde nasceram, na Rua Direita – porque não
Irmãos Moreira? – deveria ter se transformado em Museu de Futebol abrigando
todas as suas faixas, taças e condecorações que receberam ao longo da
existência.


Muito bom o texto, história de grandes homens!
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