segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

ENTREVISTA COM O TREPIDANTE DENI MENEZES, UM DOS GRANDES NOMES DO RÁDIO ESPORTIVO BRASILEIRO


Nota: gostaria de agradecer ao Deni pela atenção e gentileza desde o primeiro contato, quando solicitei uma entrevista para o blog. Foi mais do que solícito e isso só reforçou a minha grande admiração pelo profissional que acompanho desde o final dos anos 70, na época pelas ondas da Rádio Nacional, com a sua participação nos programas diários – No Mundo da Bola, era um deles – e nas transmissões esportivas como um dos “trepidantes”, que o transformou no melhor repórter esportivo do rádio brasileiro.

Posso dizer, Deni, que você é manauara de nascimento e Fluminense (carioca) de coração? Rsss
- Pode. Nasci em Manaus em 14/9/1939 e cheguei ao Rio em 23/1/1958. Em 2018 completarei 60 anos na Cidade Maravilhosa, mas nunca deixei de manter contato com Manaus. Já não são muitos, mas ainda tenho bons amigos na terrinha querida e sempre lembrada. Um deles é Josué Filho, diretor-geral da Rádio Difusora, meu compadre e amigo muito querido.

No seu tempo de juventude na capital amazonense, as transmissões esportivas chegavam através das emissoras do Rio e São Paulo? Quem era o seu ídolo no rádio?   
- Ouvia muito a Rádio Nacional, com Jorge Curi e Antonio Cordeiro. As transmissões de SP eram da Pan-Americana, hoje Jovem Pan, com Pedro Luis, o grande narrador dos anos 50 e 60 do rádio paulista. Edson Leite, de estilo mais lento de narrar para os padrões paulistas, também era bom na Rádio Bandeirantes. Dos que convivi e fiz algumas viagens com a seleção pela Europa, Fiori Giglioti, da Bandeirantes.

A paixão pelo rádio começou ainda criança?
- Aos 14 anos, ouvindo os jogos do Fluminense no torneio de Montevidéu, sempre à noite. Faltava energia na hora em que mais se precisava e eu ia à casa de um amigo que ligava o rádio à bateria do carro e aí não havia mais problema. Ouvi também a Copa de 54 na Suíça e quando o Brasil foi eliminado (4 x 2, em 27/6, no estádio Wankdorf, em Berna), disse a mim mesmo: um dia vou fazer uma Copa. Deus me ajudou muito: fiz oito consecutivas, de 70 a 98. 

Quando chegou ao Rio, no final dos anos 50, depois de já ter trabalhado em rádios no Amazonas, foi com o firme propósito de trabalhar no meio radiofônico e esportivo?
- Vim para o Rio atraído pelo futebol e para conhecer o Maracanã. Na Rio Mar, a rádio em que eu trabalhava no oitavo andar do edifício do Iapetec - construído pelo presidente do Flamengo, Hilton Gonçalves dos Santos, em 1954 -, que também era residencial, morava um amigo, Estácio das Neves, de uma família muito rica. Ele vinha de avião ao Rio na sexta e voltava na segunda, só para ver o Vasco nos grandes clássicos. Ele me estimulou muito a vir e eu, no início de 58, decidi.
Na Rio Mar, conheci André Rosito, locutor paulista, que era da Rádio Mundial, no antigo edifício Cineac Trianon, no Centro do Rio. Vendo meu empenho no trabalho, ele disse que o procurasse se um dia viesse ao Rio porque tentaria me ajudar. Certo final de tarde, saímos a pé a Rio Branco toda e entramos na Mairink Veiga, onde conheci Oduvaldo Cozzi, um dos grandes narradores da época. Não havia vaga. 
Fomos à Nacional, bem perto, no edifício de A Noite, e lá o Rosito me apresentou a Heron Domíngues, locutor do Repórter Esso, noticioso como não houve igual no rádio. Quando havia uma notícia realmente importante, as pessoas perguntavam: Você ouviu no Repórter Esso. E só então acreditavam.
O Heron nos levou ao Antonio Cordeiro, que apresentava No Mundo da Bola, das 19h 15m às 19h30m, quando começava a Voz do Brasil, com apenas 30 minutos de duração. Dividi várias vezes a apresentação do programa com o Antonio Cordeiro, baita profissional.
Entrei na Nacional dia 1/4/58 e até novembro recebia 5 mil cruzeiros de cachê. Em novembro, minha primeira carteira profissional foi assinada. Passei a ganhar 8 mil cruzeiros. Um refrigerante de garrafa custava 40 centavos e o almoço, na pensão da Rua Dom Gerardo - bife, arroz, feijão, ovos fritos e farofa - 5 cruzeiros. 

São quase 40 anos de profissão dentro das Rádios Nacional e Globo, duas das maiores emissoras do nosso país. Tinha alguma diferença da maneira de exercer o seu trabalho de uma para outra?
- Ambas eram muito sérias. Só me permita dizer: quando fui ao Rosito, mostrei uma carta que trouxe de Manaus para Plínio Gesta, discotecário da Rádio Globo. O Rosito me disse apenas: Guarda. Não quero que você comece por baixo, garoto. Vou te levar à Mairink e à Nacional.

O que é para você a objetividade da notícia?
- Heron Domingues fez o decálogo do radio jornalista e o afixou na parede da sala do jornalismo da Nacional, no vigésimo andar. O item 1 superou todos os outros nove e dele nunca mais esqueci: "Informe primeiro, mas primeiro informe certo". No item 2, Heron recomendava: "Ao dar a notícia, diga logo: quando, como, onde e por que. O resto é conversa fiada".

Qual foi a partida ou acontecimento que mais te marcou no meio esportivo?
- Muitos jogos e acontecimentos marcantes: não esqueço da maior vaia da história do Maracanã e até o dia nunca mais esqueci: 13 de maio de 1959. Amistoso, Brasil 2 x 0 Inglaterra. Primeiro jogo da seleção no Brasil, quase um ano depois do 29/6/58, quando ganhou a Copa pela primeira vez. Vitório Gutemberg, que criou "A Suderj informa"... fez uma pausa antes e disse: número 7... Julinho. A vaia se prolongou e quase ele não conseguia anunciar o restante da seleção. Claro, todo mundo queria ver o Garrincha, não o Julio Botelho, que havia saído da Portuguesa de Desportos para o Palmeiras. Resumo: Julinho entrou vaiado, muito vaiado mesmo. Logo no início do jogo, ele - era um ponta notável, maravilhoso - fez fila. Driblou quatro ingleses e deu com açúcar para o Henrique Frade, do Flamengo, fazer 1 x 0. E o próprio Julinho marcou o segundo gol. Os torcedores da arquibancada se levantaram para aplaudi-lo, o que me fez citar na transmissão da Nacional, trecho de uma das poesias do maranhense Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac. Olavo Bilac disse: "A mão que afaga é a mesma que apedreja".
Marcante e inesquecível foi ter visto Pelé!!! Garrincha!!! Nilton Santos!!! Didi!!! Castilho!!!  Hoje, quando me perguntam: o Pelé jogaria no futebol de hoje? Sempre respondo: Claro que não. Teria vergonha. 

O que você pensa sobre os jornalistas que muitas vezes escondem o time de coração, de certa forma, até com receio do relacionamento com as outras torcidas?
- Coisa do passado. Hoje a maioria escancara. Eu, por exemplo, nunca escondi: sou Tricolor porque Castilho, Píndaro e Pinheiro, e o Telê, que até ser técnico era só Telê, sem o Santana, me ensinaram a ser Tricolor. Na noite em que entrei no vestiário do Maracanã pela primeira vez e vi o Castilho de perto, tremi. Um goleirão!
Pinheiro ficou meu amigo. O time treinava sexta de manhã e ia para a concentração. Ele me dava a chave do apartamento dele no edifício Sultana, na Rua Senador Vergueiro 98, no Flamengo, e eu devolvia domingo no Maracanã.  Conheci e me tornei amigo também de outros "monstros" tipo Barbosa, Danilo, Zizinho, Ademir, Jair. Uma geração de ouro, injustiçada na perda da Copa de 50. Eu ligava para a casa do Nilton Santos e ele me atendia. Hoje se você quiser falar com o Negueba e outros medíocres, tem que passar por quatro, cinco assessores...

Como um repórter que sempre teve acesso aos treinos e vestiários após os jogos, você é a favor do modelo adotado pelos clubes a respeito da coletiva de imprensa?
- Entrevista coletiva não existe. Sou do tempo em que o jogador atendia, após o treino e o jogo, o tempo que você quisesse e, depois de fazer ao vivo, ainda gravava para o dia seguinte, atualizado: "No jogo de ontem..."
O Santos, quando vinha jogar no Maracanã, nos anos 60, com aquele "timeco" que tinha Gilmar, Zito, Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe, o vestiário ficava aberto, antes e depois dos jogos, para entrevistas. Faltando meia hora para o jogo começar, o Lula - técnico - pedia "por gentileza" que saíssemos porque estava na hora do aquecimento. A diferença da palavra assessor, escrita no Brasil, para a que se escreve em Portugal - acessor - é porque lá se dá ao acessor, acesso. Aqui, o assessor dificulta o acesso.

O que deixa você mais irritado no mundo que vivemos atualmente?
- Os ladrões com foro privilegiado para roubar o dinheiro do povo que os elege. Cadeia especial, para quem tem curso superior, é outra imoralidade. Tem que criar mais vagas para pôr essa pilantragem na cadeia. O que fazem com os nordestinos, que não têm água, também deveria ser motivo para "trancar" esses pilantras. 

O legado esportivo da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos foi um tiro no pé dos brasileiros?
- Pode até ter sido, mas a mim não surpreendeu. Tenho 77 anos e desde antes dos 10, quando meu pai recebia os amigos em casa, a seca do Nordeste já era tema. Aqui nada mais surpreende. Quando surge a "Lava Jato", os pilantras de Brasília - tipo Renan e Sarney - querem acabar porque vão perder a chance de continuar roubando. Cana neles.

Qual o seu sentimento com relação ao que fizeram com o Maracanã?
- De muita dor interior. O que fizeram com o Maracanã é de estraçalhar o coração. 

Um time inesquecível?
- O primeiro do Fluminense que vi ser campeão carioca em 1959, um ano depois de chegar ao Rio: Castilho, Jair Marinho e Pinheiro; Edmilson, Clóvis e Altair; Maurinho, Paulinho, Waldo, Telê e Escurinho. Mas o do bi, no tri de 83-84-85, com os dois gols do Assis no Fla-Flu de 83 e 84, também me encantou. Quando o Assis entrou no vestiário, após a final de 84, eu já estava lá e anunciei: está chegando o carrasco do Flamengo. Nunca reivindiquei, mas o termo CARRASCO foi criado por mim, então na Rádio Nacional.

Depois de Pelé...
- Nenhum outro casal conseguiu repetir a fórmula do seu Dondinho e da dona Celeste... A fábrica fechou. 
Pelé tem até gol que nunca marcou que é comentado. Hoje, quase 50 anos depois que ele parou, ainda dizem: fulano tentou o gol que o Pelé não fez. O drible no Mazurkiewicz - goleiro uruguaio - e a defesa do inglês Gordon Banks depois da cabeçada são irreais, coisas de filme de ficção.
Já tentaram estabelecer comparação com Puskas,Di Stéfano, Cruyff, Maradona... Junta todos e inclui o Messi, que talvez, na soma, dê meio Pelé... 

Escale o seu time dos sonhos...
- Difícil. O do Fluminense de 59, o do bi do Botafogo 61-62, o do outro bi do Botafogo 67-68, o do Flamengo campeão do mundo de 81, que cobri no Japão, nos 3 x 0 no Liverpool. A seleção de 58-62, a seleção de 70 e a seleção de 82. É difícil não sonhar com tantas equipes que me encantaram.

Miracema, meu caro Deni, é a terra dos irmãos Aymoré, Airton e Zezé Moreira, três personalidades do futebol brasileiro. Acredito que você tenha tido mais contato com o Aymoré e o Zezé. O que pode nos falar sobre eles?
- Sim, sei que Miracema é a terra dos irmãos Moreira. Tive mais tempo de contato com Zezé. Com Aymoré, só quando cobria os jogos da seleção, depois que ele substituiu o Feola, campeão em 58. Do Airton tenho uma foto, em Montevidéu, 1967, quando ele, com o Cruzeiro na Libertadores, e Aymoré, com a seleção na Copa Rio Branco que o Brasil ganhou no estádio Centenário, estavam no mesmo hotel, o Victoria Plaza, na Plaza Victoria. Airton era um pouco menos introvertido que Zezé, o mais fechado dos três. Aymoré era muito expansivo. Os colegas mais velhos o chamavam de seu biscoito, devido aos biscoitos Aymoré, que eram deliciosos. 
Zezé me atendeu várias vezes, domingo de manhã, na concentração do Fluminense, na Rua das Laranjeiras, onde eu ia gravar Firestone nos Esportes, dois flashes que entravam na programação matinal, falando sobre o jogo principal da tarde, dentro do programa Paulo Gracindo, que lotava o auditório da Praça Mauá. Ele me atendia bem, mas tive que descobrir o certo para chegar para gravar com ele. Quem me deu a dica foi o Pinheiro: "Olha, não vem de 10 às 11, que seu Zezé está ouvindo no radinho as informações sobre as corridas da tarde no Jóquei".  Ele gostava de apostar nos cavalinhos... Fui também amigo do Wilson Moreira, filho do Zezé, atacante que jogou no Vasco e foi dirigido pelo próprio pai.
O Zezé era muito sério e competente, dos técnicos mais capazes que conheci. O primeiro que vi de paletó e gravata na boca do túnel do Maracanã. Nilton Santos me falou algumas vezes muito bem do Zezé Moreira, que o dirigiu no primeiro título, em 1948, no Botafogo: "Com seu Zezé não tinha meu pé me dói, não. Ele sabia exigir e se impor. Ai de quem não cumprisse". Zezé me deu a alegria do título de 1959, o primeiro do Fluminense que acompanhei no Rio. Ele já havia sido campeão de 1951, mas eu ainda não vivia aqui. A Taça Rio de 1952 - sem derrota - foi outra grande conquista dele no clube. Jairzinho também me falou muito bem do Zezé. Ele comandou o Cruzeiro, campeão da Libertadores 75, e na final do Mundial de clubes, 76, com o Bayern. Na neve, em Munique, 2 x 0 Bayern. No Mineirão, 0 x 0, com o Sepp Maier - goleiraço - fazendo defesas inacreditáveis.

Que conselho você daria a alguém que acaba de sair da faculdade e quer se introduzir na profissão?
- Que procure ter aulas práticas e se apoie em boas orientações, sobretudo dos mais experientes. Jornalismo é vocação e observo que hoje boa parte dos que querem ser profissionais, seja em que área for, apenas o fazem por achar que é bonito aparecer na televisão ou falar no rádio.

Como surgiu a expressão “Trepidante”?  
- Foi um termo criado pelo Celso Garcia, narrador da Globo, no meu tempo de repórter. O repórter tinha acesso a tudo, inclusive à sala de arrecadação do Maracanã. Eu ia ao vestiário do árbitro, eu ia à entrada do vestiário quando o time chegava ao estádio, eu acompanhava o aquecimento, ao lado do vestiário, eu ia ao estacionamento entrevistar figuras relevantes que chegavam, ia à sala de arrecadação checar a expectativa de renda e público. Como chamava o narrador de diversos lugares, o Celso Garcia criou: fala, trepidante.
Nessa época, tudo era importante para o ouvinte. Muitos que iam de arquibancada levavam radinho e apostavam em tudo. Que time ia entrar primeiro em campo; de que lado o time ia jogar; que time daria a saída; e até os números de7 a 11 eram apostados sobre quem faria o primeiro gol. Apostavam na renda e no público também. Tanto que o Waldir Amaral me dizia: chama assim que sair a renda. Eu passei a substituir "Alô, Waldir" pelo "Renda!!!" . Tinha que dar pausado e repetir.  Justino Soares, coordenador financeiro da Federação, entrava comigo na sexta-feira para dar um panorama da venda antecipada e da provável renda/público.

Muito obrigado pela entrevista e faça suas considerações finais. 
- Tive um grande amigo em Santo Antonio de Pádua, seu Jaime Simão, botafoguense, comerciante de tecidos em São Cristóvão. Ele me chamou muitas vezes para cavalgar com ele em Pádua, mas não havia tempo. Talvez se tivesse ido, tivesse também conhecido Miracema, que é perto e faz parte do noroeste do estado. Ele era dono da J.Simão Tecidos e patrocinava um programa que eu apresentava domingo à noite na Globo. Pelo menos uma vez por semana ele me chamava para almoçar na Saara. Foi um botafoguense dos bons. Tinha uma cobertura no mesmo prédio na Tijuca em que comprei meu segundo apartamento, mas nunca morei.

Gostaria de contar uma breve história para os leitores do blog: Em 1964 - de 10 de maio a 13 de junho - fiz uma volta ao mundo com o Madureira, indicado por Telê Santana, que, em final de carreira, jogava no clube. Eu escrevia cartas para o Telê e ele me respondia, quando eu ainda morava em Manaus. Fizemos amizade.
Ele tinha uma sorveteria, a Telê Sorvex, na Rua Guaporé, em Brás de Pina, bairro da zona norte. E me disse: "Vem aí uma viagem longa e eu não posso ir", mas você - a menos que não queira ou não possa - já está convidado para ser o jornalista da delegação. Na época, por lei do Conselho Nacional de Desportos (CND), o clube era obrigado a levar jornalista na delegação. Eu só estava na Rádio Nacional e o diretor-geral da emissora era supercomuna, Hemílcio Froes. Quando ele soube que o time ia jogar na China, logo me liberou.
Fiz a cobertura - na época era telegrama e nem se pensava em telex - para O Globo, indicado pelo colega Roberto Garófalo. Na volta da viagem, com as matérias que mandei, o editor Ricardo Serran perguntou se eu queria entrar para o quadro de repórteres do jornal. Claro que sim. Um ano depois, Waldir Amaral me chamou para trabalhar com ele. A rádio era no quarto andar e a redação do Esporte do jornal, no segundo andar. Subia e descia de escada.
Fiquei de 1964 a 1976, quando voltei dos Jogos Olímpicos do Canadá, trabalhando em O Globo e aprendendo ainda mais com quem sabia: Argeu Affonso, até hoje presidente do júri do Estandarte de Ouro, Julio De Lamare - nome do parque aquático -, jornalista que sabia tudo de natação e dos demais esportes aquáticos, Jorge Leal, que cobria o Flamengo, e Carlos Alberto Pinheiro, que depois foi assessor o presidente Havelange ainda na CBD.Na época, as resenhas de rádio eram escritas, com cópia com papel carbono (lembra?), e certa vez o redator da resenha da rádio não foi, o Celso Garcia me pediu para escrever e, quando acabei, ele mostrou ao Waldir. Não havia sequer uma rasura na redação. 
Fui o primeiro jornalista esportivo das Américas a entrar na República Popular da China, na época de repressão do Mao-tse-Tung e quando nove chineses estavam presos no Rio pelo governo militar instaurado em 31 de março de 64. Jogamos, sem problema, em Cantão, Pequim e Shangai. Fomos muito bem tratados. Conheci a famosa Muralha da China. 
Antes, em Hong Kong, onde ficamos 15 dias, conheci a montanha onde foi feito o filme Suplício de uma saudade, sucesso dos cinemas nos anos 50/60. Na mesma viagem, na Europa, conheci o estádio do Torino, de onde se podia ver a colina de Superga, onde o avião que trazia o time de volta da Inglaterra, em 49, se espatifou e não se salvou ninguém. Uma viagem realmente sensacional! 
A partir d Copa de 70, fui correspondente no Brasil do ESTO, principal jornal esportivo do México. Durante a mesma Copa, por meu intermédio, João Saldanha escreveu coluna diária no ESTO e ganhou 10 mil dólares. Era a mesma coluna que ele escrevia para O Globo. Na velha máquina de escrever, ele fazia a coluna com papel carbono e eu traduzia. Depois do ESTO, também escrevi para El Heraldo e Excelsior, que é O Globo de lá. Um jornal completo. 

Desculpa aí por te tomar tanto tempo. Abraços e saudações tricolores. DM

Nota do blog: Recomendo aos amigos e leitores a visitar o site www.denimenezes.com.br


11 comentários:

  1. Excelente material para um apaixonado por rádio e que curtiu muito essa época de ouro. Parabéns pela entrevista e também pelas perguntas pontuais. Esse é fera! O seu blog é muito legal de se ler. Meu nome é Carlos Antônio e resido em Itaperuna.

    ResponderExcluir
  2. Tadeu Miracema, esta entrevista é para ser guardada.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Com toda certeza, meu amigo. Foi um breve resumo de sua carreira. Ele foi de uma gentileza fora do comum, não foi preciso de nenhum assessor. rsss

      Excluir
    2. o maior repórter de campo da história do rádio.

      Excluir
  3. Simplesmente SENSACIONAL, Deni Menezes faz parte, sem ele saber, da minha vida juntamente com o outro trepidante Apolinho, com a cabeça branca ainda jovem, era facilmente identificado por nós no gramado do Maracanã, das gerais das arquibancadas ou das azuis, quando partia em disparada para entrevistar o autor do gol no intervalo ou no final do jogo, quando havia uma expulsão partia a mil por hora, com um radio transmissor maior que ele. Nunca deixou que sua torcida pelo Fluminense interferisse em sua conduta profissional. Parabéns pela matéria Tadeu. Obrigado pelo Blog.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Agradeço também pelas suas considerações e por mais esse complemento sobre os trepidantes. Duas grandes figuras do rádio esportivo brasileiro.

      Excluir
  4. Deni Menezes junto com Washington Rodrigues são "monstros" da comunicação esportiva. Existia um slogan, que dizia :Veja o jogo ouvindo a Rádio Globo, em que todos nós, íamos ao Maracanã com o radinho de pilhas. Chegar no estádio, saindo do túnel arrepiava. Saudades. Saúde Deni Menezes. Hoje, conheço o Fábio que nos mata a saudade do grande profissional que você é/foi.

    ResponderExcluir
  5. Esse tem o carinho de muitos ex atletas , pois além de ser um craque na sua área, nos tratava com respeito .
    Muita saúde ao amigo Deni !!

    ResponderExcluir
  6. Excelente entrevista. Deni Menezes é um gênio do rádio esportivo. Sou ouvido em Miracema, através da Rádio Cidade FM 104,3 de Leopoldina. Abraço, Emanuel Azevedo.

    ResponderExcluir
  7. Parabéns a esse super e talentosíssimo profissional, que está entre os quatro melhores repórteres esportivos de todos tempos!
    Fico feliz em ver esse cartaz da Rádio Nacional ilustrando a matéria. Ele foi criado por mim na época em que criei a Comunidade do ORKUT chamada AS FERAS DO RÁDIO ESPORTIVO.
    Parabéns a vocêes por essa ótima lembrança de honenagear ao grande 'trepidante'.
    Valeu Dênis, Saudações Tricolores!

    ResponderExcluir