Os dois personagens aqui retratados, somente quem os conheceu
pessoalmente pode avaliar o inteiro teor desta crônica.
Balbino de Andrade era um sitiante na divisa de Palma com Miracema. Pai de numerosa família, homem simples, porém de educação esmerada, modo afável, de fino trato. Usava sempre um terno de linho, camisa abotoada no pescoço por uma abotoadura de ouro. Gostava de experimentar uma pinga e um fumo de rolo na venda do Sr. Cícero e do Sr. Aguiar, mas só experimentar, sempre dizendo que ia comprar na próxima vez.
Ao cumprimentar as pessoas, Balbino segurava a mão da mesma, demoradamente, inspirava e expirava entre uma frase e outra, pausadamente, até concluir suas ideias. Tanto assim que, quando se estava com pressa, evitava-se conversar com ele.
Certo dia estava o Balbino no ponto do ônibus que o levaria para a sua propriedade, e chegou o nosso amigo Alberto, apelidado de Formidável, tal seu ar de gozador. Cumprimentou o Balbino, e, segurando-lhe a mão, começou a conversar demoradamente. Chega o ônibus, o Balbino querendo se desvencilhar do Formidável, e este segurou-lhe a mão até o Balbino perder o ônibus. O Balbino, com aquela educação que lhe era peculiar, olhou para o Formidável, inspirou profundamente e lhe disse: “Sr. Formidááável, eu gosto muiiito do senhor, lhe apreciiio muiiito, mas vai me desculpaaar, o senhor é muiiito chato”.
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